Após a consagração do pão e do vinho, a assembleia aclama Jesus eucaristia dizendo: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte. Proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus”. O futuro, de que a eucaristia é penhor, irrompe no presente e abre-lhe novos horizontes.
A esperança cristã converte-se em grande esperança como nos lembra Bento XVI:
“Precisamos das esperanças – menores ou maiores – que, dia após dia, nos mantêm a caminho. Mas, sem a grande esperança que deve superar tudo o resto, aquelas não bastam. Esta grande esperança só pode ser Deus, que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir. Precisamente o ser gratificado com um dom faz parte da esperança. Deus é o fundamento da esperança – não um deus qualquer, mas aquele Deus que possui um rosto humano e que nos amou até ao fim: cada indivíduo e a humanidade no seu conjunto. O seu reino não é um além imaginário, colocado num futuro que nunca mais chega; o seu reino está presente onde Ele é amado e onde o seu amor nos alcança.
Somente o seu amor nos dá a possibilidade de perseverar com toda a sobriedade dia após dia, sem perder o ardor da esperança, num mundo que, por sua natureza, é imperfeito. E, ao mesmo tempo, o seu amor é para nós a garantia de que existe aquilo que intuímos só vagamente e, contudo, no íntimo esperamos: a vida que é «verdadeiramente» vida. Procuremos concretizar ainda mais esta ideia na última parte, dirigindo a nossa atenção para alguns «lugares» de aprendizagem prática e de exercício da esperança”. (Salvos na Esperança, 31).
E destaca como suas escolas a oração, o agir e o sofrer, o juízo final enquanto esperança na justiça de Deus: “A fé em Cristo nunca se limitou a olhar só para trás nem só para o alto, mas olhou sempre também para a frente para a hora da justiça que o Senhor repetidas vezes preanunciara. Este olhar para diante conferiu ao cristianismo a sua importância para o presente”. (Salvos na Esperança 34). Que grande virtude é a esperança. Sobretudo robustecida com a perspectiva e a energia que lhe advêm de Jesus ressuscitado.
“A esperança manifesta-se praticamente nas virtudes da paciência, que não esmorece no bem nem sequer diante de um aparente insucesso, e da humildade, que aceita o mistério e confia n’Ele mesmo no meio da escuridão” (António Moiteiro, Dai-lhes vós mesmos de comer, Carta Pastoral, Diocese de Aveiro, p. 7).
E surge uma certeza que é apelo convite: “Há uma leveza que precisamos de aprender: uma transparência que dilata a alma. Que é , no fundo, aquilo que nos permite atravessar a noite a adversidade e a contradição ligados à chama pequenina da esperança”. Tolentino de Mendonça: O pequeno caminho das grandes perguntas, p. 36.
Georgino Rocha