Quando visitei, com certo interesse, o projeto da Câmara de Aveiro, “Artes no Canal”, notei que alguns jovens tiravam “retratos”, desenhando, ao ambiente que ali se vivia. Não foi a primeira vez que vi artistas em pleno trabalho nas ruas e praças de diversas zonas do país, procurando deixar para a posteridade marcas das suas sensibilidades. Aqui perto, foi assim na Costa Nova, na Barra e em vários locais de Aveiro, nomeadamente no Jardim Infante D. Pedro e junto ao Canal Central. Contudo, talvez por descuido meu, não tenho deparado com artistas plásticos na rua, mas sabe-se que músicos, por exemplo, usam muito essa tática de partilharem as suas artes com quem passa. E depois, naturalmente, acabam por dar nas vistas e seguem, profissionalmente, a via da música.
Na Praça Melo Freitas, porém, vi um artista ali à mão, não resistindo eu à vontade de o interpelar. Amavelmente, o João Tiago dispôs-se a elucidar-me. Faz parte de um grupo — ASK – AVEIRO SKETCHERS — que se reúne para desenhar, partilhando, posteriormente, nas redes sociais, os seus desenhos.
A lição que recebi, para além de um exemplo de paixão pela arte de desenhar, foi o nome adotado pelo grupo, referido acima. Desconhecia completamente, mas percebe-se que a sua origem não será portuguesa, nem isso agora importará. O que se torna relevante é o prazer do encontro de pessoas que cultivam e partilham expressões artísticas, neste caso o desenho, convivendo e, decerto, trocando experiências, que só enriquecem.
João Tiago sublinhou o espírito de partilha que os une, em vez de ficarem por casa, sem nada fazerem de concreto, neste âmbito.
Li que não circunscrevem a sua ação apenas à cidade de Aveiro, mas saem em busca de novas inspirações noutras regiões do país. E para quando uma exposição dos seus trabalhos em Aveiro? Aqui fica o desafio.
Fernando Martins