terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Na Linha Da Utopia

O FÓRUM ALIANÇA DE CIVILIZAÇÕES

1. Está a decorrer em Madrid o 1º Fórum da Aliança das Civilizações. Na sua linha programática procura-se a “apresentação de iniciativas e projectos de alto nível para fomentar o diálogo intercultural”. Mas, mesmo com a presença de diversos prémios Nobel da Paz e do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, a primeira nota de destaque é a generalizada indiferença da imprensa espanhola. Sinal dos Tempos?! O projecto Aliança das Civilizações foi iniciativa lançada em Agosto de 2005 por Kofi Annan e com o co-patrocínio da Espanha e Turquia, tendo sido nomeado Jorge Sampaio como Alto-Representante da ONU (14 Julho 2007). Para o país fundador, o relativo desinteresse não deixa de surpreender…
2. Destaque-se os alcances do trabalho em realização em Madrid, com personalidades da sociedade civil, política, religiões, cinema. Entende-se que a juventude e a comunicação social são eixos estruturantes nos quais apostar para o entendimento entre culturas; procura-se criar plataforma de troca de informação relacionada com o “diálogo de civilizações, religiões e culturas”; será elaborada bolsa de personalidades e peritos disponíveis para intervir sobre estas matérias, especialmente em tempos de crise; dá-se destaque às parcerias entre organizações internacionais e a Aliança, aguardando-se, da parte de diversos países, as estratégias nacionais para o diálogo cultural. Se todo este conteúdo não chega para despertar a máxima atenção, então…?
3. A lacuna da generalizada indiferença continua a confirmar que (infelizmente) se prefere o choque estridente de um atentado à verdadeira e profunda formação da consciência para a coexistência pacífica das nações. Tal como a água ou a saúde, só apreciamos devidamente quando nos faz falta. Que limitação humana (d)a ausência de memória! Já agora, para que não se perca, registemos também que a Aliança procura a criação de um espaço político “multipolar e global” com o fim de lutar contra a “falta de entendimento e de comunicação” entre as diversas concepções de mundo, destacando-se o papel dos agentes internacionais, a educação e formação, a função da comunicação social e do papel dos líderes e religiões.
4. Estamos no Ano Europeu para o Diálogo Intercultural. Uma oportunidade privilegiada de aprofundar a essência dos intervenientes e das autênticas condições do diálogo. Não chega uma visão simplista, mas uma ideia desenvolvida inclusiva do todo (do mundo). É nesta linha que, entre as temáticas, o Fórum aborda “a gestão da diversidade na era da globalização” procurando entrever os “desafios políticos no Diálogo de Culturas”. Eis o perfil do que está a acontecer; importante demais para “passar” num minuto de informação. Jorge Sampaio, optimista, reconhece que o caminho é longo, que exige “persistência e paciência”. Mesmo (na atenção) sem limites!


Alexandre Cruz

FUMADORES RESSACADOS

Gostei de ler no Diário de Notícias
"Nunca tive tanta noção de o tabaco ser uma droga como nos últimos 15 dias, após ler textos alucinados por parte de colunistas habitualmente respeitáveis como Vasco Pulido Valente ou Miguel Sousa Tavares. O que eles têm escrito sobre a nova lei do tabaco, deitando mão a comparações que deviam envergonhar qualquer pessoa que tenha lido dois livros de História, é de tal modo inconcebível que só se explica pela carência de nicotina. Eles fingem que um café inundado de fumo é coisa que não incomoda ninguém. Eles chamam fascismo a uma decisão que chateia dois milhões de portugueses e protege oito milhões. E Sousa Tavares conseguiu mesmo a proeza de afirmar no Expresso, sem corar de vergonha, que a lei faz "lembrar, irresistivelmente, os primeiros decretos antijudeus da Alemanha nazi". Ora, isto não é texto de um colunista prestigiado - isto é conversa de um junkie a quem o dealer cortou na dose. Faço, pois, votos que os fumadores descompensados acabem de ressacar rapidamente, para o bom senso regressar e nós podermos voltar a lê-los com gosto."
João Miguel Tavares

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É um gosto oriental que a Bíblia herdou: o gosto pela aritmética simbólica, a paixão pelo jogo de números, cifras e códigos. Por exemplo, o Evangelho de Mateus abre com uma “brincadeira” (chamemos assim a essa coisa muito séria) em torno ao número 14, que se repete três vezes. Como em hebraico os algarismos eram expressos por letras, Mateus, mesmo escrevendo em grego, sabe que os seus leitores decifrarão que o 14 corresponde ao nome David (4+6+4, se tomarmos apenas as consoantes). O evangelista quer enaltecer Jesus atribuindo-lhe três vezes a realeza de David... Para não falar do Apocali-pse que faz desta linguagem dos números uma autêntica gramática para a sua empenhada teologia da história e da esperança...
As nossas sociedades contemporâneas lidam massivamente com números, mas sem a aura simbólica de um tempo. A sua função tornou-se sobretudo utilitária, estatística. Cada um de nós tem uma série de números, engrossa gráficos e percentagens. Neste labirinto quotidiano, os números parecem ter perdido a carga profética que tinham. Quantificam a realidade, e basta. Esquecemo-nos que o barro precisa do sopro vital, que a superfície respira em profundidades que não se vêem, que a quantidade se torna um acumular inútil se não nos encaminha para a qualidade do ser. Os números sucedem-se, em velocidade, no rodapé dos dias. Que significam verdadeiramente? Que pedem de nós?
Disto me recordo, lendo um texto de um especialista em questões de desenvolvimento acerca do número 32. Calcula-se que o bilião de pessoas que vive nos chamados Países do “primeiro mundo” tenha uma taxa relativa de consumo per capita de 32, enquanto que a maior parte dos outros 5,5 biliões de habitantes do planeta viva com uma mísera taxa que ronda quase sempre o 1. Dito brutalmente: o número 32 expressa neste momento a diferença de estilos de vida e de possibilidades entre o mundo desenvolvido e abastado, e o resto da humanidade. No cristianismo das origens os números eram interpretados simbolicamente como desafios concretos. E nós agora?

José Tolentino Mendonça

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Na Linha Da Utopia




O FOSSO

1. Um desenvolvimento justo e harmonioso garantirá o equilíbrio dos vencimentos dos que gerem em relação aos empregados. Nos países democráticos chama-dos “desenvolvidos”, esse equilíbrio salarial dará o sinal do caminho certo; em países que ainda não assumiram integralmente essa concepção de justiça diária, as distâncias são exorbitantes. Nestes, “subdesenvolvidos” em relação ao ideal, o fosso é gigantesco, a ponto de em muitos países (do chamado, sabe-se lá porquê…, “terceiro-mundo”) assistirmos a líderes ditadores riquíssimos estando o seu povo mergulhado nas maiores indignidades humanas.
2. Consequentemente, quanto maior for o fosso dos reconhecimentos salariais (do patrão em relação ao empregado), maior é o atraso da ideia e do concreto da sociedade civil de um país. Há dias a revista Visão (nº 775, 10 Janeiro) trouxe a público alguns resultados, estudando os vencimentos de 25 grandes empresas. Destacava-se, entre tantíssimos casos exorbitantes, que, por exemplo, o vencimento mensal de um administrador da PT daria para pagar 128 salários/mês aos trabalhadores da empresa. Diferenças abissais, de um património empresarial que, se alguns têm o privilégio de liderar vivendo folgadamente, outros, a grande maioria (que o constroem), vivem no fio da navalha da gestão da vida mensal.
3. No Portugal que, como dizem os estudiosos, não fez uma Revolução Industrial, ainda se vê muito a empresa mais como uma regalia (de quem a consegue erguer) do que como uma transversal responsabilidade social. Não está em causa o mérito da gestão daqueles que têm a arte e o engenho de “arriscar” e que, tantas vezes, sofrem no silêncio as incertezas das apostas; aqui, seja reconhecido o mérito. Mas estará, sim, em causa, toda a distância gritante de salários (entre o topo e a base) que espelha a distância (do novo-riquismo) de concepções entre quem gere e quem trabalha na obra. Afinal, que seria de uns sem os outros?
4. Este é um assunto que nos países democráticos, que querem crescer harmoniosamente na base da justiça social, está no mapa das preocupações. Pelo próprio George W. Bush dos EUA, potência mundial, esta desigualdade tem sido denunciada. Entre nós, na mensagem de ano novo, o presidente da República tocou no assunto, referindo-se aos “salários imorais (?)”. Está em causa o equilíbrio da sociedade e a consciencialização da identidade de cada pessoa na pertença à comunidade, mas onde os próprios líderes haverão de liderar pela simplicidade. O “lucro pelo lucro” e às custas da injustiça sempre foi raiz de instabilidade social. É certo que este “fosso” não é algo que se resolva de um dia para o outro, e que na sua resolução estará a responsabilidade, tanto da base como do topo. Tudo depende da sociedade que queremos, mesmo para os descendentes dos senhores do topo…

Alexandre Cruz

OS CRICOS DA RIA DE AVEIRO

Ria de Aveiro: povo apanha os cricos

Quando eu era miúdo, a Ria de Aveiro era do povo. Livremente, cada um podia apanhar na Ria o que lhe apetecesse, para sustento próprio e até para vender. Os cricos, os mexilhões, as amêijoas e tudo o mais que a laguna oferecia era de quem quisesse arregaçar as calças e dobrar a espinha. Era um regalo andar na Ria!... Agora chia mais fino… A ria é de quem a arrenda para nela “semear” marisco, onde fica a crescer. Dizem que depois dá bom dinheiro…
Também quando eu era mais novo, houve luta entre o povo e o Estado por causa dos baldios, nas zonas serranas, sobretudo. Os baldios eram do povo e deles viviam os mais pobres, apascentando por ali os seus rebanhos. Depois, o Estado entendeu florestar esses terrenos que o povo usufruía. Venceu quem tinha forças e armas. Mas os povos da Ria não são pessoas de guerras e lá foram ficando isoladas, sem poderem apanhar, à vontade, os cricos que tanto apreciavam. Agora nem sei bem como é. Sei que de vez em quando há pessoas que mexem e remexem na laguna, em maré baixa, à cata dos cricos. Mas sei, também, que há zonas proibidas. São as tais que foram arrendadas aos produtores de marisco. Os tempos, agora, são outros!
FM

domingo, 13 de janeiro de 2008

Na Linha Da Utopia


PRESERVAR
A RAIZ = FAMÍLIA

1. Quando do nascimento do Estado Mo-derno (séc. XVI-XVII), dava à luz uma identificação absoluta entre as ideias do rei e do seu povo súbdito. O dita-do “cuius regio eius religio” obrigava a uma unidade de uniformidade, na qual o pensamento dos donos do poder (rei e príncipe) teria de ser religiosamente seguido pelas sociedades do antigo regime. Dessa forma, as diversidades e diferenças (especialmente na Europa fracturada das reformas) eram anuladas e, muitas vezes, combatidas até à exaustão.
2. Esse espírito subiu até à razão de estado que trouxe a liberdade da Revolução Francesa (1789). Um Estado de Direito que, benéfico na organização da “casa” da diferenciação dos poderes, cedo viria a revelar incapacidade de gerar a coexistência das diversidades e das autonomias das pessoas, das famílias, das mulheres,... Os nacionalismos decorrentes da Revolução Francesa espelham bem que essa Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) não trazia consigo a abertura à dignidade humana, vindo a colidir nas guerras do séc. XX.
3. Toda esta reflexão que apresentamos pretende sugerir que hoje estamos num tempo (humano) novo. Neste, os Estados, em democracia, têm de ser relativizados em função das Pessoas concretas na sua situação, sendo a liberdade (claro, responsável, na verdade digna) a fronteira do entendimento de todas as razões. Quanto à célula-raiz da sociedade, a FAMÍLIA, a Declaração dos Direitos Humanos (1948), que constitui uma aquisição de civilização jurídica de valor essencial, afirma que «a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito a ser protegida pela sociedade e pelo Estado» (artigo XVI, nº 3).
4. Do dito anteriormente, consequentemente, tudo muda de cenário. Os estados (entidade sempre anónima) não são absolutos, mas sim as pessoas (“entidade” sempre real). O preâmbulo (1º) da Declaração dos Direitos Humanos considera «que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo». Assim, a construção da paz, por isso, só é possível na base da dignidade humana comum. Nos contextos sociais que atravessamos, é neste sentido que Bento XVI alerta que «a negação ou mesmo a restrição dos direitos da família, obscurecendo a verdade sobre o homem, ameaça os próprios alicerces da paz» (nº 4 da Mensagem do Dia Mundial da Paz – 1 Janeiro 2008, com o tema Família Humana, Comunidade de Paz).
5. O desapreciar sucessivo da comunidade familiar (em paradigmas de vida e mesmo em liberdades sem referenciais de legislações europeias e entre nós), vai trazendo consigo águas inquinadas quanto ao futuro. Já os Direitos Humanos sublinham que «ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar… » (artigo XII). Bento XVI complementa destacando que, assim, «quem, mesmo inconscientemente, combate a instituição familiar debilita a paz na comunidade inteira, nacional e internacional, porque enfraquece aquela que é efectivamente a principal “agência” da paz» (nº 5 da Mensagem - Dia Mundial da Paz 2008). Sem a FAMÍLIA de sempre não haverá futuro sensível e humano. É claro, como sugere Agostinho da Silva, “o tempo que vivemos se for mesquinho, amesquinha o eterno”. Há uma classe pensante, e que sabe do valor insubstituível da família, mas que…vai deixando correr a água.

Alexandre Cruz

Imagens de Aveiro: Estátuas no Olho da Cidade


























































Fotos, de cima para baixo, da esquerda para a direita: Peixeira, Fogueteiro, Marnoto e Parceira do Ramo. Clique na foto para ampliar.

ÍLHAVO celebra aniversário

Marina da Costa Nova

Jardim 31 de Agosto, na Gafanha da Nazaré



Gafanhoas de há 60 anos




Jardim Henriqueta Maia, em Ílhavo




ILHAVENSES E GAFANHÕES DE MÃOS DADAS

Com um conjunto de actividades diversificadas, o Município de Ílhavo celebrou hoje o 110.º aniversário da sua restauração. É já velhinho, mas mantém, com altivez, uma juventude plena de vitalidade. A esperança num futuro marcado pelo progresso, a todos os níveis, e pela sã convivência continuará a ser uma aposta em que todos temos de acreditar.
Para trás, ficam algumas guerrinhas, alimentadas, há décadas, pela idiossincrasia dos povos que por terras de Ílhavo se juntaram. Ilhavenses por um lado, gafanhões pelo outro. Uns olhando o mar, outros fixando a terra. Uns enfrentando as ondas alterosas, para delas extraírem riqueza e se abrirem a novos horizontes; outros dominando as dunas esbranquiçadas e improdutivas, que transformaram em terra fértil.
Ilhavenses e gafanhões deixaram-se envolver, aceitando, por quantos de outras paragens vieram e se aconchegaram, dando o seu trabalho e os seus usos e costumes, ao ponto de todos possuirmos sangue, suor e lágrimas de recantos, nunca imaginados, do País e até do estrangeiro. Uns partiram em demanda de sonhos que a terra-natal lhes negava ou por simples aventura. Outros saíram por motivos profissionais. Todos mantêm, pelo que sei, um amor acrisolado à terra-mãe.
A celebração do 110.º aniversário, que vai ser um cântico ao passado e ao presente, que todos moldámos com a nossa tenacidade e amor ao solo que nos viu nascer, não deixará de ser, também, um apelo à unidade, dentro das nossas diversidades, para que, de mãos dadas, saibamos construir um futuro de mais justiça, de mais paz e de mais progresso social, sem nunca descurarmos a solidariedade, mãe da fraternidade.
Que todos, neste dia, queiramos, ainda, sorrir uns para os outros. O Concelho de Ílhavo não é monopólio de ninguém. Todos nele temos uma parcela do passado e do presente. E todos queremos prosseguir na caminhada, assumindo, com a nossa quota-parte, as responsabilidades inerentes à construção de uma terra melhor.
FM.

Nem os Belenenses escapam… com a cruz de Cristo ao peito?





Imaginem um desafio de futebol, em Lisboa, integrado na Liga dos Campeões, com uma equipa turca. E que os jogadores dessa equipa – como é óbvio – têm no equipamento o emblema do clube, com um crescente.
“Normal”, achamos nós. “Eles são turcos. O crescente faz parte da sua identidade muçulmana”...
Não nos passaria pela cabeça exigir que os jogadores retirassem o crescente do seu emblema, alegando ofensa religiosa. Pois bem, isto mesmo aconteceu ao contrário.Um advogado turco apresentou uma denúncia à UEFA pedindo sanções contra o Inter de Milão porque – num desafio em Istambul contra o Fenerbahce – a equipa italiana vestiu uma camisola branca com uma cruz vermelha à frente…”Uma ofensa”, diz o advogado, que recorda “as cruzadas e manifesta a superioridade racista de uma religião”.
Por causa disto o “Barça” decidiu disfarçar o seu emblema. A pequena cruz que, há mais de 100 anos, se vê no canto superior esquerdo do escudo oficial do Barcelona Futebol Clube, desapareceu dos equipamentos à venda nos países muçulmanos, “para não ferir susceptibilidades”…
Por esta lógica, nem os Belenenses escapam… com a cruz de Cristo no peito.Por favor, “Belenenses”, não percam a identidade!


Aura Miguel, da RR

NA RUA COMPRIDA


Na rua comprida
Há gente que passa
e pára
Há gente que corre
e conversa
Há gente de olhares distantes
e frios

Na rua comprida
Há gente sozinha
e acompanhada
Há gente que procura
no murmúrio
a paz há tanto perdida

Na rua comprida
Há gente triste
e alegre
Há gente que sonha
e acredita
que a vida
com alguém
é sempre mais bonita

FM

Ao Compasso do Tempo



1. Interrogo-me diante da memória cultural de imensas pessoas ao lembrarem vultos, obra feita, exemplos (às vezes, até momentos desedificantes) em contraste com os silêncios do esquecimento. A morte mais dolorosa ocorre quase sempre após a biológica.
Como é que, no nosso meio, autores “malditos” (assim foram julgados) como Simone de Beauvoir, que o mundo literário festeja no primeiro centenário de nascimento, são postos em cena, e no caso em apreço, pela defesa da mulher, ao invectivar opressões, ao descolonizar a dependência, ao promover a dignidade de direitos iguais? Ainda bem.
Numa certa altura da trajectória da minha geração, citar Simone ou o “seu” Sartre, era diabolizar o tê-los trazido ao convívio da mente e da palavra. Dei-me conta de que foram muito poucas as pessoas que se deram ao trabalho de os conhecer, estudando-os em depuração crítica.
Há longos meses chegou ao meu conhecimento a descoberta de um escrito póstumo de Simone, polvilhado de referências auto-biográficas, desde a meninice à adolescência, e onde, sem agressividade, recorda a educação cristã do colégio que frequentou, e, mais tarde, a ruptura com as perspectivas da Igreja Católica. Tornou-se descrente. Socorrendo-me do arquivo da memória, destaco o elogio que presta às pessoas com quem teve a dita de contactar, e na ambiência de um colégio orientado por valores cristãos, os quais ela aponta a dedo, enquanto vivos na arte de viver de uma comunidade. Dai o retrato de uma geração corajosa e consistente, que ela traça!
Ninguém nasce humano; torna-se humano…, glosando o dito de Simone, a respeito da Mulher.
Ouvi esta semana uma mulher afirmar que as mulheres (ou um certo número delas) guardam dentro de si uma certa raiva, uma recusa aberta contra muita gente. Será mesmo assim? E continuava: são efeitos de uma educação que sempre inferiorizou, longe de promover a auto-estima e a admiração. Resultado? O arrastar, ao longo do tempo, a sensação da insignificância, da incapacidade, da falta de estatuto... Venham essas amputações donde vierem, são decretos de morte. Por isso muitos (as) não se tornaram humanos (as).

Januário Torgal Ferreira,

Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança

Leia todo o artigo em Jornal de Opinião

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 60



DE COMO OS RAPAZES
ABANDONAVAM A ESCOLA

Caríssima/o:

Há coisas que têm tanta graça e tanta lógica como aquela anedota de almanaque:
- Senhora Professora, uma pessoa pode ser castigada por uma coisa que não fez?
- É claro que não, Teresinha!
- Sabe, é que não fiz o trabalho de casa...

E foi o caso.
O Olívio, que contava com a presença e o apoio do irmão mais velho que iria frequentar a 4.ª classe, sentiu-se, de um momento para o outro, como órfão: o Artur resolveu abandonar a Escola!
Era lá possível? Mas porquê? Não vês que uma pessoa sem estudos não vale nada? Anda, homem, faz ao menos a 4.ª classe!
Não... e não... e não!
Ai sim?! Então toma, e toma, e toma!, e amanhã voltas à Escola que a Senhora Professora já te mandou chamar!
Mas, no dia seguinte, o Artur levantou-se cedo e, quando o Pai chegou ao trabalho, já ele lá estava: percorreu a pé, sozinho, os quilómetros até à obra que andava em reparação...
- Ó Pai, eu quero trabalhar!
- Filho, eu preferia que voltasses para a Escola. Sabes, olha para mim que não sei ler nem escrever... e vês a falta que me faz.
- Mas eu já fiz o exame da 3.ª classe!... Agora quero trabalhar!
- Vais-te arrepender... Hás-de torcer a orelha mas ela não deita sangue...Mas pronto, não se fala mais nisso... Traz-me tijolos e depois a massa.

A Mãe até chorou “de raiva”... o rapaz não queria mas ele não sabia o que queria...

Reparou então o Olívio que também outros rapazes não tinham regressado à Escola para a 4.ª classe e todos andavam a trabalhar. E ele não compreendia!
O “aeiou” depressa o fez esquecer esta falta e os companheiros eram como se outros irmãos não só nas brincadeiras mas também no apoio dentro da sala.

Manuel

sábado, 12 de janeiro de 2008

Imagens de Coimbra



Passei hoje por Coimbra. A correr, que não havia tempo para mais. Pela Coimbra da velha universidade e dos doutores, dos estudantes e dos futricas. Pela Coimbra dos fados e das baladas, do Mondego e dos poetas. Pela Coimbra das saudades e da Académica, das capas negras e das guitarradas. Pela Coimbra das tascas e das serenatas, dos amores e das paixões. Com o Sol a afundar-se no horizonte e a cair no mar, ainda longe, pude registar estas imagens, que ofereço aos meus leitores.

REPENSAR DEUS: O ATEÍSMO DE DEUS



Repensar Deus e O Ateísmo de Deus foram os títulos que dois jornalistas deram a declarações minhas na quadra natalícia. E, claro, não faltou quem se escandalizasse.
Não é Deus sempre o mesmo? Então, porquê e como repensá-lo? Cá está! Realmente, Deus não muda, é sempre o mesmo. Mas quem o pensa somos nós e sempre a partir de um lugar e de um tempo. Como escreveu Mestre Eckhart, "o facto de Deus ser imutável faz com que todas as coisas se movam". Deus transforma-se na sua história com os homens e as mulheres, como as mulheres e os homens se transformam na sua história com Deus ou sem Deus - o ateísmo também faz parte da história religiosa da Humanidade.
Depois, a afirmação do "ateísmo de Deus" é menos provocatória do que se julga. Deus não põe a questão de Deus, precisamente porque é Deus e não há Deus acima de Deus.
Mas, para lá da provocação, a afirmação é mais exigente e pode ter consequências inesperadas. Deus é plenitude e excesso, não precisando do culto dos homens. Assim, pelo menos na perspectiva cristã, Deus revelou-se não por causa dele mesmo, mas por causa dos homens e das mulheres. Deus não criou os seres humanos por causa da sua glória, mas exclusivamente por causa da felicidade deles, seres humanos. O único interesse de Deus na criação é a realização plena dos homens e das mulheres. Santo Ireneu disse-o de modo pregnante: "A glória de Deus é o Homem vivo."
Ao contrário do Enuma Elish, poema épico da Babilónia sobre o mito da criação, no qual os homens aparecem para servirem os deuses, no livro do Génesis, os homens não são servos de Deus - a criação é por causa dos homens e não por causa de Deus. Mais tarde, Jesus explicitará, dizendo aos discípulos que os não chama servos, mas amigos, pois revelou-lhes quem é e o que é Deus para os homens: Deus é amor. Aí está a razão por que, nos casamentos, por exemplo, se não deveria referir os noivos como servos: eles, de facto, não são servos, mas amigos de Deus.
Esta é com certeza a revolução mais extraordinária da história religiosa da Humanidade, sendo preciso tirar daí as devidas consequências. A maior talvez seja a autonomia nos diferentes domínios: político, científico, económico, filosófico, moral... As realidades terrestres devem ser pensadas e conduzidas segundo a sua racionalidade própria.
O ponto mais sensível será a ética. As religiões não ditam como específicos os conteúdos morais universalmente exigíveis. Crentes e não crentes, a partir dos avanços que a História foi alcançando no domínio das diferentes gerações de direitos humanos - certamente também por acolhimento de muita inspiração religiosa -, deverão chegar, com argumentação racional-prática, àquele consenso de um mínimo ético decente sem o qual os seres humanos ficariam abaixo da possibilidade de realizarem a sua humanidade. Trata-se daquilo que alguns, como Adela Cortina, chamam uma "ética de mínimos", referente à justiça e àquele nível básico de condições que permitirá, depois, que, em sociedades pluralistas, convivam diferentes "éticas de máximos", isto é, grupos com distintas propostas de sentido, felicidade e vida plena.
Então, Deus é inútil? Deus não se encontra na lógica da necessidade, mas do excesso e da graça. Assim, também no campo ético, pode ser inspirador de uma atitude nova e de uma nova esperança. E os crentes, no quadro de uma sociedade pluralista - o Estado deve ser laico; as sociedades não são laicas, mas plurais -, podem e devem participar no debate público, sem terem de pôr de lado a sua inspiração religiosa. Como escreveu o filósofo agnóstico Jürgen Habermas, "a garantia de liberdades éticas iguais exige a secularização do poder do Estado, mas proíbe a universalização política da concepção secularista do mundo. Os cidadãos secularizados, na assunção do seu papel de cidadãos, não devem negar liminarmente um potencial de verdade às concepções religiosas nem pôr em causa o direito de os concidadãos crentes oferecerem contributos, em linguagem religiosa, para as discussões públicas".


Anselmo Borges

In Diário de Notícias

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

JANEIRAS À CHUVA




AS TRADIÇÕES TÊM DE CONTINUAR

Recebi esta noite, em minha casa, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré. Mesmo em noite de chuva e frio, caras e vozes que conheço, há anos, vieram mais uma vez cantar as Janeiras, para manter a tradição. Pais e filhos, todos entusiasmados, tocando e cantando melodias que permanecem, indelevelmente, na minha memória. O Grupo Etnográfico desenvolve esta acção há mais de 20 anos, pegando numa experiência de um outro grupo popular que a tinha iniciado uma dúzia de anos antes. De casa em casa, o Grupo é acolhido, normalmente, por cerca de 300 famílias. Também participa num ou noutro festival de Cantares das Janeiras, organizado por um Rancho ligado à Federação do Folclore Português.
Canta as Janeiras, presentemente, para não deixar morrer a tradição e para angariar fundos para o Grupo Etnográfico, sempre à procura de contribuições para custear as suas multiplas despesas. Como é conhecido de muitos, na Gafanha da Nazaré, organiza, anualmente, três Festivais de Folclore: o da Gafanha da Nazaré propriamente dito; o da Praia da Barra; e o da Festa de Nossa Senhora dos Navegantes.
Se tudo correr como o Grupo deseja, talvez seja possível participar num Festival de Folclore, em Palermo, Itália, ainda este ano. Mas as suas actividades continuam, já que a recolha, o estudo e o ensaio de novos Cantares, acompanhados de danças, recolhidos na tradição popular, são uma exigência constante.
Daqui endereço os meus parabéns ao Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré e a todos os seus dirigentes e restantes membros, gente que vive com muito entusiasmo a etnografia ligada a esta região das Gafanhas.

FM
DEUS NOS DÊ FESTAS ALEGRES

Deus nos dê festas alegres
Com seu divino amor
A Virgem Nossa Senhora
Deu à luz o Redentor
Cantaremos nossas canções
Para visitar Jesus
Vamos ver sua lapinha
Cheia da divina luz

A Gafanha da Nazaré
É esta a sedutora
Damos graças ao Menino
E à Virgem Nossa Senhora

O presépio enfeitado
Nos espera e nos seduz
Para prestar homenagem
Ao que a Virgem deu à luz
Vamos indo pastorinhos
Com toda a nossa alegria
Visitar o Deus Menino
Filho da Virgem Maria

Vamos indo piedosos
Cada qual com sua oferta
Oferecer ao Menino
Que é dia da sua festa
É o nosso Deus Menino
É o rei dos pobrezinhos
Oferecer-lhe as ofertas
Dos humildes pastorinhos

CÂMARA DE ÍLHAVO COM ASSESSOR CULTURAL




Soube, pela comunicação social, que Ílhavo já tem um assessor cultural, que ficará responsável pela programação do Município, nessa área. É ele José Pina, que se apresenta credenciado por larga experiência na programação cultural em Santa Maria da Feira, um dos maiores municípios do país.
Promete que vai trabalhar com o meio associativo local, “estimulando a sua produção artística”, enquanto procurará dinamizar “uma programação diversi-ficada, regular e de reconhecido valor artístico, em áreas como a música, a dança, o teatro e o cinema”.
Boa vontade e entusiasmo não faltarão, sendo certo que todos os ílhavos ficarão a alimentar a esperança de que algo de bom seja feito por todos.
Numa primeira reacção, poderíamos ser levados a perguntar se não haveria pelo concelho de Ílhavo alguém com capacidade para tais funções. Acho, no entanto, que não vale a pena perder tempo com essas questões. Hoje em dia, os trabalhos e os trabalhadores, os técnicos e os dirigentes não podem ter fronteiras. O importante é que as coisas se façam para as pessoas e com as pessoas, valorizando-se sempre as melhoras apostas, aquelas que elevam e engrandecem as populações.
Da minha humilde pessoa, os projectos do Município, sobretudo os destas áreas, tão abrangentes quanto possível, poderão contar com o meu aplauso.

FM

Aeroporto em Alcochete



E OS PORTUGUESES À ESPERA
DE VEZ NOS HOSPITAIS?


Tenho para mim que, se não fosse o Presidente Cavaco Silva a apelar à calma, aconselhando uma reflexão mais profunda sobre outras hipóteses possíveis para a loca-lização do novo aeroporto, ainda agora estaríamos na teimosa discussão sobre qual seria o melhor sítio. Com o seu apelo, o Governo deixou a teimosia, tornou-se mais humilde e aceitou a análise de outras sugestões.
Agora decidiu com base em estudos do LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil), entidade cuja credibilidade é sobejamente conhecida. Em 2017, Portugal terá um grande aeroporto, com capacidade para responder a necessidades de toda a Ibéria. E até lá, estão garantidos entre 40 e 60 mil postos de trabalho, directa ou indirectamente ligados ao novo aeroporto.
Aqui está, mais uma vez, a importância do magistério de influência do Presidente da República.
Um problema muito grave fica, no entanto, por resolver: Durão Barroso declarou há tempos que não haveria nenhum novo aeroporto em Portugal, enquanto houvesse crianças em lista de espera para poderem ser intervencionadas cirurgicamente nos hospitais portugueses. Que eu saiba, crianças e idosos, portugueses de todas as idades, sobretudo os mais pobres, continuam e continuarão à espera de serem atendidos, atempadamente, nos nossos hospitais. Aqui é que está outro grande e grave problema. Ou não é verdade?

FM

ESTADOS MODERNOS NÃO RESPEITAM A FAMÍLIA



Uma análise feita e publicada há meses, na Inglaterra, denunciava o Estado por estar em guerra contra a família, ser elemento perturbador da vida conjugal e familiar e se ter tornado o maior inimigo das famílias que o querem ser, sempre e em todas as circunstâncias. Isto tudo em virtude das políticas sociais que favorecem a separação, a instabilidade e formas estranhas de ser família, que se vão multiplicando com os favores da lei. Tudo isto atinge profundamente as famílias assentes em valores humanos e morais, a que, displicentemente, chamam “famílias tradicionais”, como se a tradição fosse sempre um conjunto de velharias incómodas e para deitar fora.
Não passou despercebida a grande manifestação em Madrid, no dia 30 de Dezembro, com mais de um milhão de pessoas na rua a denunciar o Estado pelo atropelo contínuo às famílias, nomeadamente às famílias cristãs. Apesar da campanha negativa das leis e dos meios de comunicação social, todos quanto fizeram e fazem uma experiência rica e enriquecedora, no seio da sua família, resistem, denunciam e clamam pela justiça que lhes é negada. O Cardeal de Madrid encabeçou a manifestação, porque o tema era sério.
A dissolução e destruição da família, todos o sabemos, não resulta de grupos espontâneos, mas é, essencialmente, fruto de políticas governamentais, traduzidas em leis e em favores sociais a uns, que a outros se negam ou dificultam. Assim, a pretexto de modernidade, se vai, pressurosamente, ao encontro de poucos e de suas apetências, com efeitos destrutivos do património social e instituições básicas da sociedade civil.
Trata-se de uma manifesta contra cultura que é preciso denunciar e contrariar com coragem, acompanhada de propostas alternativas válidas, claras e praticáveis.
Não se trata de um caminho impossível, e muitos assim o têm manifestado pela sua lucidez, luta organizada e contínua, choque numa sociedade que se deixa anestesiar ou embarca sonolenta nas palavras bonitas de quem parece procurar mais simpatias e êxitos, que soluções válidas para os problemas humanos e sociais do país.
Não digo que o Estado descuide a obrigação de procurar, para as minorias, respostas enquadradas no contexto social em que vivemos, respeitando e não agredindo as maiorias que, por sê-lo, não terão de ceder dos seus direitos e valores.
Não se pode aceitar, no caso da família, que o conjunto da população, constituído por famílias normais, fieis à lei fundamental do país e respeitando o património cultural e religioso que o sustenta, seja um conjunto descriminado e depreciado, ante as investidas de quem incarna a ditadura do efémero e do vazio moral e não respeita ninguém.
Todos sabemos como é difícil, por vezes impossível, proteger a estabilidade da família, quando o exemplo da não estabilidade vem, ostensivamente, de cima, de quem tem o poder mas também o dever de servir a comunidade nacional, como ela é e quer ser, e com o testemunho da sua vida e a demonstração pública dos valores que a norteiam.
As leis do divórcio, entre nós cada vez mais facilitado e agilizado, o embuste programado que levou muitos incautos a votar a facilitação do aborto, as crescentes dificuldades sociais para muitos casais que desejam procriar, mas não vislumbram como concretizar esse desejo normal, a maneira de resolver problemas graves que fazem de crianças objecto de discussões, lutas e trocas, as distorções da chamada educação social obrigatória, o hedonismo reinante acessível a todos, o retirar aos pais tarefas que lhes são próprias por parte do Estado que se arvora em dono e pai dos filhos dos outros, a morosidade de leis sociais que protejam e acautelam direitos e deveres familiares… Tudo isto, e não se esgota a lista dos problemas, mostra que não se respeita nem aprecia a família, nem se está disposto a promovê-la, se ela teima em ser família normal, onde o amor é lei, a vida e a relação familiar escola de valores, o lar, espaço e ambiente de humanização e capacitação para se agir em sociedade, de modo digno e responsável.


António Marcelino

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Na Linha Da Utopia




A TRIAGEM DAS IDEIAS


1. No mundo da liberdade de mil e uma opiniões, visões, perspectivas, sugestões, convites, publicitações, é a cada pessoa que cabe a determinante opção. Péssimo seria o tempo, já ido, em que não existisse liberdade de opinião e de manifestação de suas ideias. Todavia, o reverso da medalha da liberdade exigirá uma capacidade de triagem que se afirme como valor fundamental na formação humana, onde existam razões conscientes que verdadeiramente iluminem as opções. É diante dos mundos-e-fundos de ideias, que se vêm na televisão ou se escrevem nos jornais e revistas, que importa não acreditar em tudo, mas possuir uma visão crítica do que nos entra pela porta dentro…e ajudar os novos nesta tarefa.
2. Pelo panorama da recente quadra festiva, neste particular, não estamos muito bem. Num país com dificuldades sócio-económicas, somos dos primeiros do mundo no embarque das novidades das comunicações móveis e no envio desmesurado de milhões e milhões de mensagens. Bom, sejam elas sempre manifestação dos melhores sentimentos para todo o ano!... Mas, confrontando com os países europeus, uma generalizada sedução fácil pelas “últimas modas” diz-nos que “algo” está por ajustar, um sentido crítico do essencial continua por apurar, uma capacidade de triagem de tudo o que se publicita (ferreamente, Lipovetsky) vai faltando, estando as novas gerações na encruzilhada de uma necessária (mas difícil) mudança de mentalidade.
3. Quer no âmbito, muitas vezes, dos debates políticos onde um contraditório discursivo vem à luz do dia, dependendo do lado em que se está (oposições versus governos), quer nos mediáticos colunistas de opinião dos variados órgãos de informação (daqueles que muitos criticam porque falam sobre tudo… mas se falarem só da sua especialidade são na mesma criticados que mais nada sabem além de sua área…!), será às pessoas, aos cidadãos, que cabe a essencial missão de discernir entre todo o alarido confuso aquilo que se afirmará como “o caminho” a seguir. Tarefa esta tanto mais difícil quando, muitas vezes, às próprias instâncias de comunicação, falta uma isenção informativa que forme na autocrítica as pessoas da opinião pública social.
4. Talvez, numa sociedade adulta, este seja um dos valores fundamentais: a capacidade de, com espírito crítico, discernir para diferenciar o prato certo no meio de tantas ementas que nos querem servir... Não falamos do criticismo descomprometido; e numa visão superior de liberdade social como acolhimento da opinião de cada pessoa, nada haverá a obstar para essa visão personalizada… Destaque-se é que “a faca e o queijo” está do lado dos cidadãos; se estes vão (vamos) pelo último grito da moda quase imposto pela publicidade é porque falta (re)formarmos as virtudes pessoais para o essencial de cada dia que não deixará naufragar o Ser em tantos supérfluo que atrapalham um saudável sentido de vida com os outros. É verdade, cada vez será mais difícil ser pessoa, e ao mesmo tempo mais fascinante. O que é preciso é fazer opções na triagem do essencial.


Alexandre Cruz

Pensões de reforma miseráveis



A propósito das pensões de reforma miseráveis, que muitos compatriotas nossos recebem mês a mês, já nem sei o que hei-de dizer, tal é o sentimento de revolta que me domina. O Presidente da República, Cavaco Silva, lembrou, na sua Mensagem de Ano Novo, que é inconcebível a relação entre o que recebem certos gestores e alguns trabalhadores de muitas empresas. O mesmo se pode dizer das pensões de reforma: uns com milhares e milhares de euros por mês, outros com duas ou três centenas de euros. Entretanto, o Governo decretou alguns aumentos, ao mesmo tempo que decidiu pagar os retroactivos em dívida, cabendo, por mês, a cada um, 68 cêntimos. Agora, pressionado, e bem, pela oposição, resolveu pagar tudo duma só vez. Não estava para falar no assunto, mas não posso conter a indignação. Sei que o Governo não pode fazer filhós d’água, mas a sociedade, nomeadamente os políticos, tem de repensar a questão dos salários e das pensões de reforma.
Há dias, soube que uma idosa, que sofre imenso, não pôde ir para a Fisioterapia por falta de dinheiro para pagar a parte que lhe cabe. A sua pensão é tão baixa que nem para os mediamentos dá. E tem de sofrer.
Um comentador político, António Vitorino, disse que é verdade que os gestores ganham muito, mas, mesmo que lhe reduzam os vencimentos e as regalias, nada se resolveria. Tudo ficaria na mesma. É verdade, concordo eu. Mas ao menos ganharíamos em dignidade. O que choca e escandaliza é essa diferença abissal entre uns portugueses e outros. Todos filhos da mesma Pátria. Todos com família para sustentar. Todos com direito a viver os últimos anos de vida sem precisarem de esmolas.
Se não há dinheiro para aumentar os simples trabalhadores e reformados por que motivo há sempre para os grandes salários e para as grandes reformas?

FM

MAIS PRÉMIOS DO TURISMO

Museu Marítimo de Ílhavo



A Região de Turismo Rota da Luz distinguiu agentes ligados ao crescimento de oferta turística regional. O Museu Marítimo de Ílhavo e as Câmaras Municipais de Oliveira de Azeméis e São João da Madeira, a Fábrica de Ciência Viva, o Projecto BioRia e o Porto de Aveiro estão entre os galardoados. A entrega dos prémios está marcada para hoje, às 18 horas, no Mélia Ria Hotel & SPA.

SÃO GONÇALINHO, EM AVEIRO

Ilustração de Jeremias Bandarra para a capa do livro "Confraria de S. Gonçalo"


Um exemplo para muitas comissões de festas

Em torno da veneração que o São Gonçalinho suscita, em Aveiro, sinto vontade de partilhar com os meus leitores o bem que pode ser feito com as festas em honra dos santos.
Sendo certo que as festas que se vivem pelas nossas paróquias, na sua maioria, se ficam muito pelo banal, sem inovações significativas, acho que São Gonçalinho está a dar um mote de mudança.
Ao olhar para o programa, vejo que, entre a tradição das cavacas, atiradas do cimo da igreja em cumprimento de promessas, há acções que alinham noutro sentido: Lançamento de um CD-Rom, “São Gonçalinho contado às Crianças”; Exposição de Fotografia, na Galeria dos Paços do Concelho, dedicada ao santo da Beira-Mar, patente até 3 de Fevereiro; e uma Oficina Didáctica, de 15 de Janeiro a 7 de Fevereiro, no Museu da Cidade de Aveiro, denominada “São Gonçalinho Pés de Barro”, promovida pela Câmara Municipal, contando com a colaboração da artesã Alberta.Cultura, arte, movimentação de pessoas de todas as idades, história, tradição e devoção, tudo à volta de São Gonçalinho. Exemplo, afinal, para muitas comunidades, que se ficam, quase sempre, por banalidades.
FM

Prémio “Entidade Pública” para o Porto de Aveiro




O Porto de Aveiro recebe hoje, quinta-feira, dia 10 de Janeiro, pelas 18 horas, no Meliá Ria Hotel & Spa, em Aveiro, o Prémio “ENTIDADE PÚBLICA” que lhe foi atribuído pela Região de Turismo Rota da Luz. O galardão é justificado pela or-ganização como o “reconhecimento do mérito da actividade desenvolvida pelo PORTO DE AVEIRO ao longo de 2007 em prol do Turismo da Região”.
A atribuição dos prémios preten-de “manifestar público apreço a quem se distingue, anualmente, na valorização do Turismo na Região”.

Fonte: Porto de Aveiro
Foto: Paquete Athena

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

UMA PEDRADA POR SEMANA


Quem ficou de fora
da multidão solidária?

Um mundo de gente sentiu, mais uma vez, o coração mais voltado para os outros no tempo de Natal. Um outro mundo de gente, diariamente esquecida, humilhada e sofredora, sentiu, mais uma vez, que, afinal, apesar de tudo ainda está viva, porque outros, que nem conhece, se lembraram dela e tiveram para com ela gestos de carinho, de amor e de partilha.
No fim, fez mais e maior bem a si próprio quem fez bem aos outros, deles se lembrou e com eles partilhou amor, tempo, pão e algo mais. E, quem sabe, se esta sensação de fazer bem não vai mesmo deixar o coração para aí inclinado e para prosseguir…Numa sociedade que parece e aparece cada dia mais interesseira e menos gratuita, é consolador e positivo verificar quanta gente, neste tempo de graça, se movimenta a favor dos outros. É verdade que ainda fica muita outra de fora e sem se aperceber do que perdeu. Uns acham que não têm obrigação, outros que o seu natal tem programas mais aliciantes, outros ainda porque ninguém os ajudou a olhar para dentro de si e para lugares e pessoas para os quais nunca olham.
No fundo, as omissões dos que fazem alguma coisa podem ter sido ocasião para que outros tenham ainda desta vez ficado fora da cadeia longa do bem-fazer.
Pode ser de interesse que cada um de nós se examine sobre o que fez ou não fez neste Natal. Pobre não é só aquele a que falta muita coisa. Pobre é, também, o que só se preocupa consigo e precisa de ser acordado e incomodado. Por fim até agradece.

António Marcelino
Fonte: Correio do Vouga

Imagens da Gafanha da Nazaré









JARDIM 31 DE AGOSTO
Há dias passei pelo Jardim 31 de Agosto, no centro da cidade da Gafanha da Nazaré. Olhei à volta e registei algumas imagens para partilhar com os meus amigos. Em especial com os que, longe da terra, têm saudades desta região, que o mar e a ria tornam mais apetecível. Hoje, recebi um e.mail do Canadá, de alguém que não esquece a Gafanha da Nazaré, cidade que um dia a marcou, quando veio de férias com o marido. Quer ver imagens desta região. Aqui vão elas, com muito gosto.


Na Linha Da Utopia




EUA, mais que uma eleição

1. Já foi dado o arranque para as eleições americanas. Um acontecimento que encherá as páginas dos jornais mundiais mais para o final do ano. Há dias alguns comentadores diziam que 2008 já será um ano bom só pelo facto de W. Bush sair do poder. Efectivamente, a conjuntura dos mandatos do presidente republicano, a dúvida milimétrica da sua reeleição, o avanço do unilateralismo impulsivo sem “ligar” à comunidade internacional como resposta ao 11 de Setembro, a despreocupação ambiental, faz com que o seu nome fique registado na história não pelos melhores motivos.
2. Também ninguém duvida que os dias seguintes ao lunático atentado de Nova Iorque, para qualquer presidente que fosse de qualquer nação, representam um choque a que, inicialmente, o pragmatismo socorrista de Bush revelou alguma lucidez, mas que, todavia, mais a frio, não seria consequente... No final do seu mandato, restará perguntar como teria sido Bush sem o 11 de Setembro? Mesmo para além das ideias e dos tempos de seu pai, teria assinalado o seu mandato com esta impressão digital da “força”, de forma precipitada e despreocupada em actuar sem sentido de comunidade?
3. Como a história não é feita de “ses”, daqui a 20 anos este será recordado como o presidente da potência ferida, o presidente do 11 de Setembro 2001 que deixará por longas décadas essa espinha cravada na garganta americana em que nada fora como dantes; será também o “presidente do Iraque”, o comandante do “atoleiro” americano dos inícios do séc. XXI. Em toda a conjuntura do tempo histórico vivido nesta década, e quer se queira quer não, esta eleição que se prepara em 2008 é muito mais que uma eleição americana. Todos os candidatos falam da “mudança”, o grito de apelo do mesmo povo “guerreiro” que depois dos atentados pediu uma resposta condigna a Bin Laden…
4. De uma forma ou de outra, a mudança virá. Mas se ela consegue recolocar os Estados Unidos num diálogo parcelar com as outras nações na base do direito internacional e no papel determinante das Nações Unidas, é tarefa que pelos “anos perdidos” levará tempo a recompor. A herança é pesada, e, nem que não queira, o próximo(a) presidente dos EUA tem que “carregar” o peso de erradas decisões da administração Bush. Enquanto isso, o mundo vai mudando, o seu centro já é a Ásia. A geopolítica do futuro diz-nos que (historicamente, ganhe Barack Obama, ganhe a mulher Clinton) os contrapesos políticos em oito anos mudaram, e ainda, há que contar novamente com a sedenta Rússia.
5. Uma coisa é certa, como em todas as encruzilhadas, a SABEDORIA será o caminho... Será que também aqui o chamado mundo rico Ocidental está a perder terreno?!

Alexandre Cruz

Não vai haver referendo



O Tratado de Lisboa não será referendado, garantiu o primeiro-ministro, José Sócrates. A Assembleia da República, numa democracia representativa como a nossa, terá, a meu ver, capacidade e liberdade para aprovar tratados entre Portugal e os demais países do mundo. Penso que nunca foi preciso referendar qualquer tratado. Por que motivo teria este de ser aprovado por referendo, quando se sabe que esta via democrática não tem vingado no nosso País?
Andam alguns partidos aflitos a reclamar o referendo. Gostaria de saber para quê. Será que querem a saída da UE?
Uns dizem que o referendo é uma promessa eleitoral. Mas não é verdade que toda a gente sabe que as promessas eleitorais não passam de promessas, nem sempre exequíveis? Não tem sido assim com todos os partidos que passaram pelo Governo?
Claro que eu defendo a honestidade, na política como em tudo, como fundamental na vida de todos. Mas não sei se seria bom que os partidos cumprissem tudo o que prometem. Eu não concordo com muito do que é prometido, mesmo quando os políticos garantem que se trata do progresso civilizacional, como disse o primeiro-ministro, há dias, ao referir-se à lei do aborto.
Neste caso do Tratado de Lisboa, estou contra o referendo, como já disse neste meu espaço. Se não referendámos a entrada na Comunidade Europeia nem a adesão à moeda única, por que carga d’água haveríamos de referendar este tratado?
Será que alguns partidos advogam a saída da UE? Se é isso, que o assumam e que sejam claros. Eu cá prefiro continuar no rol dos 27. O que seria de nós, se estivéssemos de fora?

FM

Na Linha Da Utopia




Os reversos do pragmatismo

1. É bem verdade que, em determinadas circunstâncias, há que agarrar as problemáticas com o espírito de decisão e determinação. Quanto maiores forem as vicissitudes mais o apuramento do sentido prático ganhará revelo. Mas não será neste aspecto prático das resoluções que estará o “busílis” das questões fundamentais. O povo, da sua sabedoria demonstradamente longínqua, concluiu que “depressa e bem há pouco quem”. Apela-nos este chavão a uma leitura contextual, ampla, abrangente das realidades e complexidades, contrariando assim a visão simplista e afunilada das coisas.
2. Saliente-se que o necessário sentido prático (sempre reconstrutivo) como finalidade de todos os conhecimentos não exclui, na sua essência, a profundidade levada até à existência reflexiva para decisões globais e mais servidoras. Assim, não há incompatibilidades entre o ser-se prático e o ser-se reflexivo, aliás quanto mais este pendor pensante progredir mais a qualidade (em quantidade) triunfará. Aspectos bem diferentes, que valerá a pena destacar, são os pragmatismos apressados, menos bem pensados, inconsistentes, de pés de barro, que mais representam impulsos voluntaristas que, com o passar dos dias, significarão o andar para trás…
3. Muito do pragmatismo precipitado que, qual novo empirismo (da imagem), vemos em muitos dos impulsos mediáticos têm esses pés de barro a desmoronar-se. A “coisificação” da vida, o ser-se não reflexivo e não pensante, a despreocupação pela profundidade das culturas, das razões e do sentido da vida, vão reduzindo cada vez mais os alcances dos ideais, fazendo baixar, drasticamente, a fasquia dos “objectivos de vida”. É neste pântano empírico, pragmático (da exaltação do prático, é barato e dá milhões!) ilusório que se sente o hiato da inexistência de pontes (de sentido) com futuro.
4. À medida que os pragmatismos vão subindo aos múltiplos tempos e lugares, as sensibilidades transformam-se em números, no ter nos números, e nas incapacidades de se construir um desígnio comum participado, onde o “outro” diferente tenha lugar. Poder-se-á dizer que, da raiz do ocidente (Platão), a meta continua a ser a “felicidade”. Pelo pragmatismo, atingiremos a felicidade? Na resposta da história, não. Se épocas existiram em que o empirismo floresceu, ele representa só o “caminho”, não a meta final. Os tempos que vivemos vão transformando o “meio” das coisas no “fim” da vida, por isso estamos “no meio da ponte”.
5. As pragmáticas lideranças que só olham para a frente, também, desafiam os cidadãos humanos a pensar nisto. Para que não andemos aos solavancos, mas nos construamos mais e melhor nos consensos fundamentais.

Alexandre Cruz

Liberdade sindical




A liberdade sindical faz parte da democracia, mas a manipulação partidária dos sindicatos já é discutível. Não sei até que ponto é legítimo os partidos políticos interferirem na vida dos sindicatos. Eu gostaria mais que os sindicatos fossem independentes dos partidos, agindo em conformidade com os interesses dos seus membros. O problema, real, é que não tem sido assim, sobretudo nas grandes centrais sindicais. Todos sabemos que é assim.
Carvalho da Silva, líder há anos da CGTP, não estará disposto a aceitar a intromissão do PCP na vida daquela central sindical, com imposições a nível da constituição das listas directivas e da estratégia programática, conforme denuncia o PÚBLICO. “A novidade é que Carvalho da Silva não está disponível para ver cerceada a autonomia de acção da CGTP, ao nível quer da sua actuação quer do colectivo da sua direcção. Alguns responsáveis sindicais contactados pelo PÚBLICO sustentaram mesmo que não faz sentido ter sido seguido todo um caminho de autonomização da CGTP em relação ao PCP, que se concretizou, por exemplo, no facto de não só a direcção mas o próprio secretário-geral serem eleitos em lista pelo congresso, para agora aquele partido vir tentar minar essa autonomia impondo nomes e condições. E salientam que se o líder da CGTP é eleito, encabeçando uma lista, e não apenas cooptado como foi no passado, isso significa que ele tem uma legitimidade que não pode ser questionada por nenhum partido, nem nenhuma organização sindical”, acrescenta aquele diário.
FM

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Ainda as excepções à lei do tabaco

A luta pelos privilégios continua. Sempre estou (estamos) para ver. Já agora, gostaria de saber se somos uma república das bananas, onde o estado de direito não existe, ou uma democracia que trata de forma igual todos os seus cidadãos. Para já, leiam o que pensa o constitucionalista Jorge Miranda, no PÚBLICO on-line.

O ETERNO PROBLEMA DAS EXCEPÇÕES




No nosso País, vivemos sempre o problema das ex-cepções. É um mal ancestral. Qualquer lei até parece que carrega o fardo das excepções. Normalmente ligado a pri-vilégios e regalias, de que alguns se aproveitam. Anti-gamente (e ainda hoje, infelizmente), havia os monopólios e outros benefícios.
Vem esta arenga a propósito do tabaco e na sequência da transgressão do presidente da ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica), apanhado a fumar, na passagem de ano, num casino. Alegou depois que os casinos não estavam abrangidos pela lei recentemente publicada sobre a proibição de fumar em estabelecimentos públicos fechados.
Logo a seguir surgiram as complicações da praxe. Se calhar, os casinos, pela natureza do seu negócio, não podiam nem deviam ficar abrangidos pela lei antitabágica. Reuniões, reportagens, comunicados, entrevistas, artigos e nem sei que mais movimentaram o País, já de si cheio de problemas, como a fome de muitos, por exemplo. Mas precisaremos destas questiúnculas para viver? Haverá mesmo, por aí, quem admita excepções às leis portuguesas? A polícia não podia fazer cumprir a lei, castigando quem a transgride? As leis não são mesmo para todos?Eu penso que sim, mas, se calhar, não!

FM

EM BUSCA DA COERÊNCIA



Rui Marques, Alto Comissário para a Imigração e o Diálogo Intercultural, aborda questões relacionadas com a mobilidade humana, no contexto europeu, e com a necessidade de repartir a riqueza. Em artigo que tem por título "Em busca da coerência", alerta-nos para a reflexão que se impõe, entre nós e na Europa, sobre a emigração e a imigração, num país, como o nosso, que vive essa experiência de quem sai e de quem entra.

Quando a caravana não passa

A gente nunca sabe tudo quando surge um caso surpreendente saído por inteiro das mãos dos homens. A primeira versão parece evidente e muitas vezes ganha terreno e encerra o assunto. Mas há, depois, aspectos insólitos que são chamados de políticos, com manipulações, interesses escondidos, razões que o não são.
O rally não começou. Ficou reduzido a um título: o terrorismo venceu o rally Lisboa-Dakar. Depois começam a surgir rastos, sequências, jogos, esconderijos, desconfianças, efeitos colaterais.África, com tudo isto, parece ficar mais longe depois das cimeiras e querelas para extracção de dividendos ligadas ao desenvolvimento, aproximação política, diálogo de culturas.
Nos últimos dez anos assistiu-se a uma regressão em alguns países de África que eram plataforma de acolhimento internacional, assumida e eficaz. Veja-se o caso do Quénia, da Costa do Marfim ou do Zimbabwe, por exemplo. Eram uma espécie de modelo de países onde o poder do povo se expressava mesmo dentro das concepções culturais de poder associado a pessoas, idades, tribos e culturas. Sem se pretender impor uma concepção de "democracia ocidental" foram dados passos importantes na aproximação da África com outros Continentes.
Os sobressaltos recentes onde se inclui a suspensão dum rally projectado para atravessar a Mauritânia e, segundo parece, sem grandes alternativas para chegar ao Senegal, puseram o mundo outra vez de sobreaviso, numa relação com o terrorismo internacional organizado que pode, na sequência de Nova Iorque, Londres, Madrid, Bali, deixar o medo mais visível que o diálogo. É o terror. O rally é o menos.
Como se percebe, cada um destes temas e lugares se reveste duma enorme complexidade para serem analisados de relance. Mas o todo volta a questionar-nos sobre aquilo que estamos a construir. Associado ao preço do petróleo, à forma de vivermos melhor com ou sem ele, ao agravamento da pobreza dos pobres, ao isolamento dos que já estão mais sós e a tantas questões a que, nestes dias se tem referido o Papa Bento XVI.
Não abre em beleza este novo ano.
E à Igreja pergunta pelos seus missionários, pelo lugar que desempenham em diferentes países onde o estrangeiro é simplesmente indesejado e onde, todavia, é imperioso dar a Boa Nova libertadora de Jesus. Honra e louvor aos heróis que partem e ficam nos momentos de grande complexidade e interrogação como o que vivemos. A verdade é que não podemos andar por cá como se nada se passasse no outro lado do mundo que, afinal, está mesmo aqui à porta.

António Rego

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Rede de apoio jurídico para reclusos



Sem colocar em causa o trabalho dos advogados oficiosos, o coordenador da Pastoral Prisional, Padre João Gonçalves, defendeu hoje em Fátima, no encontro nacional do sector, a criação de uma rede de apoio jurídico para os reclusos, esclarecendo as suas dúvidas e procurando encaminhá-los na sua integração social.

Petição da CNIS pela escolha livre dos pais

Foi lançada, no dia 1 de Janeiro, a Petição Nacional pela consagração da liberdade de escolha para as famílias, relativamente aos tempos livres dos seus filhos. Da responsabilidade da CNIS (Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade), esta manifestação será levada ao Plenário da Assembleia da República, de forma a que o Governo assegure a componente de apoio à família, em prolongamento do horário escolar.

Na Linha Da Utopia



O Labirinto da Saúde

1. Talvez estejamos mesmo na fronteira das ideias e do tempo. O novo ano entrou de bandeiras no ar a pedir a “esmola” da saúde. Na fronteira da preocupação, as vozes democráticas têm recorrido à constituição da república portuguesa, relembrando a urgência da saúde de proximidade que garanta (ao menos) esta segurança à população; as vozes da tutela dizem que daqui a um ano já estamos todos habituados ao novo regime…(!). As contradições sucedem-se no tentar acalmar as águas da tempestade, a contagem das horas de espera nas urgências tem dois ritmos, os “porquês” defraudados de uma distância crescente de Lisboa ao país real assinala esse desencanto de um povo (de todo o país) para quem os novos aumentos (também na saúde!) do ano novo são uma verdadeira aflição.
2. Sempre assim foi e sempre será nas sociedades humanas: o lugar que se dá aos mais desprotegidos é o “sinal” do que se tem no horizonte das ideias. Em múltiplas áreas, como no esforço da reinserção qualificada, tem sido dado oportuno lugar à formação e rigor como alavancas do futuro. Mas esse peixe acaba por morrer fora de água quando a sensação do abandono cresce, todas as distâncias aumentam, as desertificações (do interior do país, um verdadeiro drama adiado) dão a entender que, desequilibrados na nossa geografia, caminhamos para um desequilíbrio nas “periferias” sem fim à vista. Como pode a comunidade nacional ser consequente na exigência e presença quando a ordem da gestão proclamada social vai tendo na palavra “fechar” a sua chave mestra?! Delicada questão (que as pessoas vivem).
3. Ao mesmo tempo, já muito do povo deste país quase que sente (e diz, ou já nem sequer diz), implorando: fechem-nos tudo, mas não nos fechem a saúde e nesta deixem-nos abertas as urgências! Neste labirinto (não linear, em que, é certo, haverá muitas áreas de reforma) torna-se difícil vislumbrar a saída… É comovente e ao mesmo tempo interpelante ver populações a dar a resposta de generosidade, disponíveis para a aquisição de equipamentos que faltam nos serviços; alarma um certo desportivismo nas visões que dizem que “o povo daqui a um ano habitua-se!”; interpela gente a testemunhar que se fosse há uns meses… já teriam falecido. É a realidade!
4. O assunto da saúde (e nesta o das urgências) é sério demais para ser uma questão de números contabilizados até para fechar serviços que há breve tempo tiveram obras de fundo com dinheiros públicos. Ou será que nesta visão social que preside interessa bem mais dizer daqui a dois anos que endireitámos as contas (à custa desta desagregação social), e assim já podemos fazer as obras de regime (no litoral)? A inquietude, embora silenciosa, atravessa o pensamento também dos que pertencem à mesma casa das ideias. Afinal, que filosofia, valores e referencias presidem a tantas destas manifestações de despreocupação com a realidade social concreta das pessoas? Há uma grande insegurança no “ar”, a crescente multidão sofrida das “periferias” sai sempre vencedora; o labirinto terá saída!

Alexandre Cruz

O SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE QUE (NÃO) TEMOS



O caso da morte de uma idosa no Hos-pital de Aveiro, enquanto aguardava a sua vez de ser assistida, deve levar-nos a reflectir sobre o Serviço Nacional de Saúde que (não) temos. Depois de pas-sar pela triagem, ali ficou à espera de ser observada, acabando por falecer. Depois disso, e bem ao nosso estilo do desenrasca, o Hospital de Aveiro re-solveu reforçar, com um médico de clínica geral, contratado para o efeito, a equipa que recebe os doentes nas urgências. Também ao estilo português, depois de casa assaltada, trancas na porta. A idosa faleceu e para sempre ficará a terrível interrogação: se fosse observada atempadamente, teria morrido?
Todos sabemos que o Serviço Nacional de Saúde, decerto com muita coisa boa, com profissionais competentes, precisa de uma reforma profunda que lhe permita responder ao crescente número de utentes, a grande maioria, penso eu, já na terceira idade, com acrescidas necessidades de assistência médica personalizada.
Já estive internado várias vezes e sempre fui bem tratado, é certo. Mas não deixo de reconhecer que, nas urgências, alguns doentes ficam horas intermináveis à espera de serem atendidos. Tantas vezes até altas horas da madrugada, como já sucedeu com familiares meus. Nos tempos que correm, com tanta tecnologia, é inadmissível o que está a acontecer nesta área tão sensível, como é a Saúde.
Veja-se o que número infindo de protestos por causa das alterações ao Serviço Nacional de Saúde. Talvez o ministro esteja a agir em nome das reformas precisas no sector. Mas será que o povo português já foi esclarecido, cabalmente, sobre o que se pretende? Os nossos governantes estarão no caminho certo, ao agirem com tanta arrogância, como denunciou, há dias, Ferro Rodrigues, ex-líder do PS?

FM

Papa defende desenvolvimento sustentado


Bento XVI deixou este Domingo um apelo em favor de um desenvolvimento sustentável em todo o mundo, numa intervenção marcada por críticas à globalização. A comunidade internacional, defendeu, deve construir uma "ordem de desenvolvimento justa e sustentável".
"Não se pode dizer que a globalização seja sinónimo de ordem mundial, bem pelo contrário", atirou o Papa, para quem "os conflitos pela supremacia económica e a açambarcamento dos recursos energéticos, hídricos e das matérias-primas tornam difícil o trabalho de todos os que, a todos os níveis, se esforçam por construir um mundo justo e solidário”.
Leia mais em Ecclesia

domingo, 6 de janeiro de 2008

Na Linha Da Utopia



O Mundo em Aveiro

1. A quadra das festas natalícias e de ano novo também nos ajudam a conhecer e reconhecer os horizontes alargados de Aveiro. Do Natal de 25 de Dezembro ao de 6 de Janeiro (Natal neste dia Celebrado entre nós na Comunidade Ortodoxa de Aveiro), a mobilidade humana trouxe até nós, pelas variadas razões, gentes de todo o mundo. Todo o ano estão connosco, mas nas alturas das festas damos por isso de forma mais clara. Uma cidade e região cosmopolita que muito deve aos que foram e vão rasgando o horizonte da história. Por vezes falamos com pessoas que foram acompanhando o progresso de Aveiro das últimas décadas e quão diferente (de há 40, 30 e 15 anos) que hoje se afirmam os ares aveirenses. Uma multiplicidade de gentes do mundo, todos os dias, estudam, trabalham, vivem entre nós. Facto a que um povo acolhedor não tem sido indiferente, mas tem procurado adaptar-se no melhor possível.
2. Todavia, nesta adaptação intercultural, a fasquia do ideal está sempre acima das realizações. O viver em “rede” obriga aos momentos insubstituíveis de encontro, conhecimento da diversidade cultural, num espírito de admiração e fascínio, como, vencendo a neutralidade dos vazios, de aprendizagem recíproca (quando não seremos vizinhos estranhos!). Nesta reciprocidade tão exigente, diríamos, valorize-se tudo o que é bom e que nos fortalece nos laços de unidade e paz, e relativize-se aquilo que é relativo, que divide, que distancia. Também aqui, o espírito de verdadeiro Natal que nos ergue de esperança para um novo ano 2008, deseja ser ponte sem fronteiras no apreço pelo dom do tempo (sempre único e irrepetível) de vida que estamos e aprendemos uns com os outros. De “todos os nomes”, todos os votos partilhados de um bom ano, espelham essa vontade ancestral da esperança comum que nos habita as entranhas!
3. Pontualizemos na Ceia de Natal Universitária. De há longos anos que para os membros da Comunidade Universitária que nesta quadra ficam em Aveiro (Estudantes e Professores), realiza-se a Ceia de Natal Universitária. Numa parceria de entidades da vida universitária diária, e com a presença natalícia de seus máximos responsáveis, destacamos que este ano a Ceia contou com cerca de 110 participantes, de 25 países (que vivem U_Aveiro connosco), que nomeamos: Angola, Benin, Brasil, Cabo Verde, China, Cuba, Espanha, Etiópia, França, Guiné-Bissau, Índia, Irão, Malásia, Moçambique, Nigéria, Paquistão, Polónia, Portugal, Rússia, São Tomé e Príncipe, Sérvia, Tailândia, Timor, Uganda, Estados Unidos da América. Estes “nomes” à mesa, da raiz da sua diversidade cultural, dizem tudo! Se cada vez mais o mundo está em Aveiro, todas as aberturas de sensibilidade múltipla só se podem abrir ao mundo! Seja 2008 uma “Ceia de Natal”! Ela só se “põe” no “sonho” diário…
(4. Após a pausa natalícia, regressámos à Linha da Utopia. Amanhã com “O Labirinto da Saúde”.)

Alexandre Cruz

A NOITE ESPECIAL: 24 de Dezembro, no CUFC


Ceia de Natal
com Universitários

1. Inscrito na vocação do Centro Uni-versitário Fé e Cultura (CUFC), desde há 20 anos, o ideal acolhedor de todas as diversidades e sensibilidades presentes na Comunidade Universitária de Aveiro, como todos os dias e só nesta base diária tal é possível, também em épocas especiais como esta a parceria que “faz a força” (pro)põe a mesa de Natal para aqueles que passam esta quadra festiva a milhares de quilómetros de suas famílias.
2. Assim, vencendo todas as distâncias, desde há muitos anos que é levada a efeito uma Ceia de Natal para estudantes, professores e membros da Comunidade Universitária que, desta forma, são a “família universitária” em Natal. É a noite de 24 de Dezembro, com a Ceia de Natal e, depois, na medida das sensibilidades de cada diversidade, o convite aberto à participação na Missa de Natal, na Sé de Aveiro à meia-noite.
3. Se esta proposta da Pastoral Universitária diocesana é longínqua, de há seis anos para cá ela é levada a efeito em parceria com os Serviços de Acção Social da Universidade de Aveiro. É a noite especial, sempre com a presença de dezenas de estudantes de várias partes do mundo, e com a palavra natalícia acolhedora do Bispo da Diocese (D. António Francisco), da Reitora da Universidade (Helena Nazaré) e do Administrador da Acção Social UA (Hélder Castanheira).
4. Neste 24 de Dezembro 2007, cumpriu-se a tradição (sempre nova)! Este ano, e como tem sido sempre crescente a adesão para a qual os vários Serviços da UA cooperam, contámos no CUFC, nessa noite da Ceia, com cerca de 110 participantes, de 25 países que nomeamos: Angola, Benin, Brasil, Cabo Verde, China, Cuba, Espanha, Etiópia, França, Guiné-Bissau, Índia, Irão, Malásia, Moçambique, Nigéria, Paquistão, Polónia, Portugal, Rússia, São Tomé e Príncipe, Sérvia, Tailândia, Timor, Uganda, Estados Unidos da América.
5. Estes “nomes” de nacionalidades, à mesma mesa, dizem tudo! As diversidades de línguas, culturas, filosofias e religiões presentes (todos os dias) na comunidade universitária dizem-nos que (a Universidade de) Aveiro cada vez mais é terreno cosmopolita e que o Natal gera o verdadeiro “milagre” do encontro de uns com os outros. Ninguém perde nada, todos ganham(os) o essencial apelo do desígnio natalício para todos os dias de vida! No calor dessa noite especial de cada ano, também novas proximidades se aprofundam que são raiz de esperança para um óptimo novo ano (2008)!

A Equipa CUFC 2007-2008

GAFANHA DA NAZARÉ: Cortejo dos Reis


Como manda a tradição, realizou-se hoje, na Gafanha da Nazaré, o Cortejo dos Reis, apesar do tempo de chuva que se fez sentir. É assim há muitos anos. No dia 6 de Janeiro ou no domingo mais próximo, para condizer com a Epifania.
Uns tempos antes, as pessoas associam-se nos seus lugares ou por iniciativa das comissões dos diversos Centros de Culto, para prepararem a sua participação no Cortejo. Alguns movimentos, obras, serviços ou instituições, ligados directa ou indirectamente à paróquia, procedem do mesmo modo. Outros ensaiam os Autos dos Reis que hão-de ser apresentados durante o Cortejo, que parte do lugar de Remelha (ou Romelha?) e termina na igreja matriz. O grupo das cantoras ensaia os cânticos. E todos, sempre com entusiasmo, se envolvem nesta festa colectiva do povo da Gafanha da Nazaré. No final, haverá o beijar do Menino, sempre ao som dos cânticos melodiosos que ocupam a minha memória desde que nasci. O leilão das ofertas será no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, durante a tarde, destinando-se a receita para as muitas despesas da paróquia. Uma palavra ainda, como sugestão: seria bom que houvesse algum rigor nos trajes usados no Cortejo. Acho que todos ganharíamos se as pessoas se vestissem à moda antiga, com algum cuidado. É que há participantes que têm pouco esmero no que apresentam e como se apresentam. O Cortejo dos Reis poderia muito bem ser um grande momento etnográfico, se houvesse orientações mais completas para isso.
As ilustrações que hoje partilho com os meus leitores são da autoria do artista Manuel Correia e fazem parte do livro “Cortejo dos Reis – Um apontamento histórico”, da autoria do Padre José Fidalgo e de Fernando Martins.

Fernando Martins

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