Ria de Aveiro: povo apanha os cricos
Quando eu era miúdo, a Ria de Aveiro era do povo. Livremente, cada um podia apanhar na Ria o que lhe apetecesse, para sustento próprio e até para vender. Os cricos, os mexilhões, as amêijoas e tudo o mais que a laguna oferecia era de quem quisesse arregaçar as calças e dobrar a espinha. Era um regalo andar na Ria!... Agora chia mais fino… A ria é de quem a arrenda para nela “semear” marisco, onde fica a crescer. Dizem que depois dá bom dinheiro…
Também quando eu era mais novo, houve luta entre o povo e o Estado por causa dos baldios, nas zonas serranas, sobretudo. Os baldios eram do povo e deles viviam os mais pobres, apascentando por ali os seus rebanhos. Depois, o Estado entendeu florestar esses terrenos que o povo usufruía. Venceu quem tinha forças e armas. Mas os povos da Ria não são pessoas de guerras e lá foram ficando isoladas, sem poderem apanhar, à vontade, os cricos que tanto apreciavam. Agora nem sei bem como é. Sei que de vez em quando há pessoas que mexem e remexem na laguna, em maré baixa, à cata dos cricos. Mas sei, também, que há zonas proibidas. São as tais que foram arrendadas aos produtores de marisco. Os tempos, agora, são outros!
Quando eu era miúdo, a Ria de Aveiro era do povo. Livremente, cada um podia apanhar na Ria o que lhe apetecesse, para sustento próprio e até para vender. Os cricos, os mexilhões, as amêijoas e tudo o mais que a laguna oferecia era de quem quisesse arregaçar as calças e dobrar a espinha. Era um regalo andar na Ria!... Agora chia mais fino… A ria é de quem a arrenda para nela “semear” marisco, onde fica a crescer. Dizem que depois dá bom dinheiro…
Também quando eu era mais novo, houve luta entre o povo e o Estado por causa dos baldios, nas zonas serranas, sobretudo. Os baldios eram do povo e deles viviam os mais pobres, apascentando por ali os seus rebanhos. Depois, o Estado entendeu florestar esses terrenos que o povo usufruía. Venceu quem tinha forças e armas. Mas os povos da Ria não são pessoas de guerras e lá foram ficando isoladas, sem poderem apanhar, à vontade, os cricos que tanto apreciavam. Agora nem sei bem como é. Sei que de vez em quando há pessoas que mexem e remexem na laguna, em maré baixa, à cata dos cricos. Mas sei, também, que há zonas proibidas. São as tais que foram arrendadas aos produtores de marisco. Os tempos, agora, são outros!
FM