sábado, 17 de maio de 2008

Dia Internacional dos Museus – 18 de Maio


Amanhã, 18 de Maio, celebra-se o Dia Internacional dos Museus. Será um dia especialmente preparado para receber muitos visitantes. Há dias abertos, que são sempre boas razões para acordarmos, alguns, da nossa indiferença, face às ofertas constantes dos Museus.
O Museu Marítimo de Ílhavo, um dos mais significativos espaços museológicos ligados ao mar, vai também ter o seu Dia Aberto, das 10 às 23.30 horas. E durante o dia haverá Ateliês e a inauguração de uma exposição, com o título, bem expressivo e desafiante, “Rostos da pesca”.
Aproveite, então, o Dia Internacional dos Museus, visitando o nosso museu.

Ministério da Saúde: o pior cego é aquele que não quer ver


As listas de espera nos hospitais para as intervenções cirúrgicas às cataratas estavam demasiado elevadas e o Ministério da Saúde não sabia. O caso deu nas vistas, porque as pessoas não gostam de ficar cegas. Vai daí, algumas autarquias, não vendo solução para os seus munícipes mais pobres, procuraram ajuda em Cuba. Claro que isto é um escândalo de bradar aos céus.
Agora, que a comunicação social deu os alertas, o Governo vai tentar resolver o assunto, disponibilizando milhões de euros para tratar os portugueses que não podem recorrer aos hospitais privados.
Estranha-se que o Ministério da Saúde não tenha alertado o Governo para esta situação. Lamenta-se que em Portugal os problemas só encontrem solução quando denunciados pela comunicação social. Também se lamenta que o Governo não tenha estruturas capazes de o alertar a tempo e horas. Em suma, no Ministério, o pior cego é aquele que não quer ver.

NOTÍCIAS DE DEUS


Jesus é o arauto e mensageiro. Traz-nos boas notícias. E as primeiras são a respeito de Deus. Estas notícias têm uma repercussão enorme em nós e em toda a realidade envolvente. Nicodemos, levado pelas exigências intelectuais da sua razão, quer saber mais e procura Jesus, dispõe-se a ouvir, a pôr questões a fim de ficar esclarecido.
Jesus afirma claramente que Deus é amor e ama a humanidade toda. É uma notícia enternecedora! Ficam assim, excluídos os “contos” funestos de um deus distante, vingativo, apático e fiscalizador. Ama tudo o que cria e deixa-o confiado à responsabilidade de cada pessoa e do conjunto universal.
Outra boa notícia é que Deus tem um Filho que envia ao mundo, se faz humano e assume tudo o que em nós há de bom, de justo e de belo. Deste modo, pode ajudar-nos a vencer as inclinações más e o próprio pecado que nos oprime e desumaniza. E numa atitude de inexcedível generosidade, dá-nos o exemplo máximo do que é ser humano, amando sem medida, lutando com todas as forças para mostrar a nossa verdadeira grandeza, aceitando livremente a cruz da incompreensão, da calúnia e da morte.
Deus em quem Jesus confia revela-se como Pai, ressuscitando-o, dando-lhe uma vida nova, definitivamente feliz, plenamente realizada. Esta é a notícia que enche de alegria o mundo inteiro: Em Jesus, Deus Pai vem ao nosso encontro, faz-se nosso companheiro, partilha connosco a sua solicitude pelo mundo, apontando-nos o caminho do futuro que nos aguarda em plenitude.
Esta presença amiga e solícita do Pai e do Filho manifesta a existência do Espírito Santo que por eles nos é enviado. Esta é a notícia mais entusiasmante. O Espírito fica em nós, age por meio da nossa consciência que quer bem formada, faz-nos apreciar quem nos rodeia e amar quem está longe, mas constitui o nosso próximo. É ele que nos recorda o que Jesus ensina e nos conduz para a Verdade.
As notícias de Deus surgem continuamente. Precisamos de estar atentos à sua voz que nos chega de muitos modos, especialmente no silêncio e no gemido de milhões de vítimas e na vozearia dos algozes. Está é a notícia mais surpreendente: o silêncio de Deus que se faz denúncia das atrocidades humanas e anúncio de que a justiça há-de triunfar.
Deus, trindade santa, é família original donde provém, ainda que de modo especial, a verdade da família humana, chamada a ser fonte de vida e esperança da humanidade.

Georgino Rocha

DEUS E A MORAL ALGURES NO CÉREBRO?


Em todas as culturas, na tentativa de compreender o Homem, predominou uma concepção dualista: o Homem é um composto de corpo e alma, matéria e espírito.
Mas, como escrevi aqui na semana passada, o dualismo parece cada vez mais insustentável. Pode, por exemplo, perguntar-se: nessa concepção, uma vez que a alma viria de fora, os pais ainda seriam verdadeiramente pais dos seus filhos? Depois, não se percebe muito bem como é que o espírito finito pode agir sobre a matéria e esta sobre aquele.
Mas, se o dualismo não responde à pergunta pela constituição do Homem, a solução também não pode ser o materialismo crasso. Hoje, já dificilmente alguém defende o materialismo mecanicista. Mas também o biologismo não é solução. Há, para isso, uma razão de fundo: o Homem é certamente um ser biológico, mas é igualmente um ser cultural. Enquanto o animal vem ao mundo já feito, o Homem chega ao mundo por fazer e tem de receber por cultura o que a natureza lhe não deu. É, pois, o resultado de uma herança genética e de uma história. Não tem propriamente natureza: a sua natureza é histórico-cultural. É um ser simbólico e simbolizante.
Aí está a razão por que a antropologia em toda a sua abrangência não pode reduzir-se a um mero capítulo da zoologia. E, no que se refere à moral, reconhece-se que ela tem uma base biológica, sendo até possível uma certa "anatomia da moral", mas não é redutível à biologia. Como escreveu o filósofo E. Cassirer, "a capacidade de responder a si mesmo e aos outros (é que) torna o Homem um ser responsável" e, portanto, moral.
É certo que, mediante a tomografia de emissão de positrões e a ressonância magnética nuclear funcional, se pode observar o que se passa no cérebro, concretamente as zonas activadas em presença das diferentes emoções e actividades, de tal modo que surge a tentação do reducionismo neuronal, não faltando quem defenda que os acontecimentos espirituais não passam de processos físicos.
Deste modo, porém, o cientista esqueceria que está perante uma realidade que envolve biologia e cultura e que os seus métodos só lhe dão o lado biológico. Para a compreensão e esclarecimento da dimensão cultural, precisa de interpretação, para a qual não há métodos físico-naturais. Como escreveu o filósofo K. Köchy, sem essa interpretação, "os resultados da investigação cerebral não expõem senão imagens coloridas".
É neste contexto que vários neurocientistas se propõem encontrar o que alguns chamam o "ponto de Deus" ou "módulo de Deus", que ficaria na junção temporo-parietal do cérebro.
Neste quadro, em teoria, deveria ser possível, mediante a estimulação desse "ponto de Deus", fazer uma experiência religiosa. O famoso biólogo R. Dawkins, um apóstolo exaltado do ateísmo e do materialismo, sujeitou-se a esse ensaio, sob controlo do canadiano M. Persinger. Sentiu-se, porém, frustrado, pois nada aconteceu, apesar de, como refere o número de Janeiro-Fevereiro de Le Monde des Religions, dedicado ao tema, o neurocientista garantir que ele permite a 80% das pessoas, crentes ou ateias, viver uma experiência espiritual.
Para M. Persinger, a religião é "um artefacto do cérebro" e a experiência espiritual não passa de uma "adaptação brilhante", que permite acalmar os nossos medos. Neste sentido, não tinha já o geneticista Dean Hamer defendido o "gene de Deus"?
Pergunta-se, porém: não estamos perante conclusões apressadas? Deus está no cérebro? A liberdade está no cérebro? O eu está no cérebro? É claro que há uma correlação entre as diferentes actividades espirituais e o cérebro, mas será legítimo partir daí para a tese da identidade? O americano A. Newberg, que popularizou a chamada neuroteologia, previne: "Se observo o cérebro de uma monja franciscana que vive a experiência da presença de Deus, vejo o que se passa no cérebro, mas não posso dizer se Deus está lá e se existe ou não." Na mesma linha se pronunciou outro neurocientista, Mario Beauregard: "Os correlatos da experiência mística não significam que exista uma relação causal. Este tipo de investigação não permite confirmar nem infirmar a realidade externa de Deus."

Anselmo Borges

In DN

PONTES DE ENCONTRO


As doenças do homem e os males do mundo!

Ontem, dia 16, tive que ir com uma pessoa de família, que sofre de diabetes tipo I, hereditário, a uma consulta de controle num médico endocrinologista (especialista em doenças de diabetes, obesidade, alterações hormonais…). Durante a consulta, tive a possibilidade de conversar com o clínico sobre uma notícia publicada, no jornal “Diário de Notícias”, no dia 15, com o título “Esperança média de vida vai baixar devido à diabetes”.
Durante o desenvolvimento desta notícia, podia-se ler que “A diabetes, actualmente a quarta principal causa de morte, na maioria dos países desenvolvidos, deverá conduzir, segundo previsões da Organização Mundial de Saúde (OMS), a uma redução da esperança média de vida, já na próxima década, fenómeno que ocorrerá, pela primeira vez, em 200 anos.”
Não conhecendo ainda a notícia, o médico acabou por me dizer que todos os estudos apontam, infelizmente, nesse sentido e que no seu consultório é cada vez mais frequente aparecerem crianças em situações pré-diabéticas ou mesmo já com diabetes tipo II (não insulino-dependentes), uma realidade impensável ainda não há muitos anos.
Acrescentou que é nos meios urbanos que a obesidade infantil é mais frequente. No entanto, as zonas rurais também começam a mostrar um cenário semelhante. As estatísticas dizem que, a nível nacional, 31,5% das crianças e adolescentes entre os 9 e os 16 anos são obesas ou sofrem de excesso de peso. E daqui sobressai uma conclusão: é preciso agir depressa e bem. Caso contrário, a já ameaçada esperança média de vida destes miúdos vai ser ainda mais curta, já que criança obesa representa um adolescente e um adulto doente.
A informação que foi disponibilizada, até agora, – continuou o doutor – talvez não tenha resultado numa sensibilização eficaz da população, em geral, para este problema, que parece passar despercebido aos pais e ao Estado, com consequências nefastas, a longo prazo. Ainda deu tempo para eu escutar que a alimentação incorrecta (muito calórica e com gorduras) e a escassa prática de actividade física estão na base desta situação, não só nos adultos, mas, particularmente, na população infantil e adolescente.
Saí do consultório a pensar em que raio de mundo vivemos, onde as contradições surgem de todo o lado, quase em avalanche diária, e ninguém parece ser capaz de as atenuar, pelo menos. De um lado, temos os países pobres, com as suas populações a morrerem, diariamente, aos milhares, por falta de alimentos básicos, como sejam, por exemplo, o arroz ou o milho. No lado oposto, temos os países desenvolvidos, onde, à custa da fartura alimentar existente, os seus habitantes, a começar pelas crianças, estão a ter hábitos alimentares que lhes podem trazer graves problemas de saúde, com a consequente morte precoce como muito possível.
Se é inquestionável que nada disto faz sentido, não deixa de ser ao mesmo tempo um reflexo cruel da sociedade e do mundo que estamos e insistimos em criar.
Vivemos num mundo em que se fazem demasiados relatórios, diagnósticos, estudos e previsões e muito poucas obras concretas e não me admiro nada que esta situação se vá alastrando, silenciosamente, se as famílias e o Estado não assumirem, por inteiro, as suas responsabilidades. Ainda por cima, e isto é que me custa ainda mais, muitas das correcções destas situações patológicas são simples de fazer e estão ao alcance dos hábitos de cada um, enquanto o evitar morrer por falta de comida não resulta da vontade de quem morre, mas da vontade daqueles que, vivendo nos reinos do consumo e da abundância, muito deixam a desejar no que fazem, para que uns não morram por não terem comida e outros não se tornem doentes por a terem em excesso.

Vítor Amorim

sexta-feira, 16 de maio de 2008

PARLAMENTO APROVA ACORDO ORTOGRÁFICO

Segundo a comunicação social desta tarde, a Assembleia da República aprovou hoje, com os votos favoráveis do PS, PSD, Bloco de Esquerda e sete deputados do CDS, o Segundo Protocolo do Acordo Ortográfico. Manuel Alegre (PS), dois deputados do PP e Luísa Mesquita votaram contra.
Isto significa que, a partir de agora, temos de nos habituar à nova ortografia, quando escrevemos em português. Não é situação inédita em Portugal. Antes da nossa geração, muitas vezes houve alterações à forma de escrever a Língua Portuguesa e, que eu saiba, não morreu ninguém por causa disso. E não é verdade que os computadores, quando actualizados, nos vão dar uma ajudazinha? Julgo que sim.
Quando foi do euro, muitos puseram as mãos à cabeça, como se fosse o fim do mundo. E também, que me lembre, não morreu ninguém. Em pouco tempo, adaptámo-nos à nova moeda. O único problema é que há poucos euros para gastar...

GOVERNO TEM DE RESPEITAR AS INTITUIÇÕES SOCIAIS


A CNIS, Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, convocou as IPSS de todo o país para um Plenário, esta Sexta-feira, às 15 horas, no Grande Auditório do Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima.
O encontro serve para aprovar formas de pressão ao governo para que respeite o ATL, Actividades de Tempos Livres, das mais de mil e duzentas instituições com essa valência.
Quem conhece o mundo da solidariedade social do nosso país sabe bem que as grandes e principais respostas aos problemas das famílias e pessoas foram dadas pela sociedade civil, concretamente, pelas Misericórdias e IPSS. O Estado, incapaz de fazer esse serviço, por ser uma entidade sem alma nem sentimentos, foi-se adaptando a essa realidade, passando a contribuir com comparticipações, mediante acordos, com as instituições. Estas, naturalmente, criaram espaços, contrataram pessoal e assim se tornaram agentes indispensáveis nas respostas sociais que ao longo dos tempos foram emergindo nas comunidades.
Quer agora o Governo, a todo o custo, assumir esse papel, quando se sabe que não é capaz de ser a entidade próxima das pessoas. Não tem espírito solidário nem caritativo, porque nunca o cultivou. Sempre foi pregando, politicamente falando, de justiça social, mas não passou daí. A justiça é, de facto, importantíssima, mas não é suficiente. De qualquer forma, será bom que passe a ter essas preocupações.
Porém, uma coisa é certa: o Estado não pode esquecer as instituições que nunca viraram a cara às dificuldades e necessidades das pessoas e famílias. As instituições investiram em edifícios e em pessoal, criaram escolas de bem-fazer, educaram as pessoas para a solidariedade. Agora o Governo não pode dar-lhes um pontapé, como quem pretende atirar para longe quem sempre serviu. Mas se teimar nessa bizarra atitude, então que assuma, em plenitude, todos os custos sociais, económicos e políticos. E depois o povo julgará, se não tiver memória curta.
Estou, obviamente, ao lado da CNIS, em luta pela justiça para com as instituições de solidariedade social.

FM

AVEIRO: Sensibilização ambiental nas escolas



O autocarro da Lexicoteca, do grupo SUMA, anda a visitar as escolas do ensino Básico do concelho de Aveiro, para que as crianças dos 3.º e 4.º anos façam uma “Misteriosa Viagem à Lixolândia”.A iniciativa do grupo responsável pela recolha e tratamento de resíduos e limpeza urbana pretende fazer “sensibilização e educação para a preservação do Meio Ambiente” e “incentivar as crianças para uma postura de participação cívica”, afirma Alexandra Pericão, coordenadora da Área de Sensibilização e Educação Ambiental do Grupo SUMA, noticia o Correio do Vouga. Aqui está uma iniciativa importante, dentro da máxima que garante que de pequenino se torce o pepino.
Frequentemente, caímos no exagero de falar, falar, atirando conversa para o ar que ninguém escuta. Nas escolas, junto dos mais novos, estas iniciativas têm mais impacto. A novidade sempre foi bem aceite nas escolas. Por isso, é certo e sabido que os alunos assimilarão muito melhor os ensinamentos práticos que lhes chegam. E pode ser que na vida nunca mais se esqueçam disso.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

EMERGÊNCIA EDUCATIVA OU BECO SEM SAÍDA


"Ninguém pode dispensar um governo, nem ele próprio se pode dispensar, de se orientar por princípios éticos e de ter, no seu horizonte diário, realismo, vontade e decisão de lutar pelo melhor bem do povo a que serve. A fidelidade é às pessoas e ao seu bem, presente e futuro, não é a projectos ou ideias meramente pessoais, ao seguidismo empobrecedor de estranhos, ainda que pintados da mesma cor e fazendo alarde e propaganda dos seus pretensos êxitos. E, sem menosprezar o orçamento, ele não é tudo.
Os problemas que implicam comportamentos pessoais e sociais com maior repercussão, exigem sempre um juízo objectivo e sereno sobre as suas causas, as capacidades dos atingidos, a envolvência pessoal e ambiental com as suas ajudas e desajudas, a preparação qualificada dos intervenientes activos para que sejam educadores e não meros funcionários e realizadores de tarefas, pouco preocupados com os resultados finais. E, se tais problemas são objecto de leis ou de normas, não dispensam uma visão acertada daqueles que as produzem, legisladores ou governantes, para que não caiam na ingenuidade de querer atingir aviões a jacto com fisgas de crianças, pensarem que, feita a lei ou a norma, tudo fica resolvido, ou fazerem do seu posto jeito a grupos e a amigos."

António Marcelino
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Na Linha Da Utopia


Dos interesses à via dos princípios


1. Ainda nestes dias, comentadores da viagem do executivo à Venezuela, vinha à ribalta a discussão sobre os procedimentos a ter na gestão das relações diplomáticas. Com frieza, alguém dizia que só há duas vias: ou seguir a óptica prática dos interesses e pactuar mesmo com as multiplicadas indignidades; ou assumir corajosamente o caminho dos princípios, tidos como valores inalienáveis no zelo do bem comum. Infelizmente as circunstâncias concretas muitas vezes colocam estes dilemas, diante dos quais a opção acaba por ditar a alma do verdadeiro líder. O lugar relativo dados aos princípios, ainda que estes não sejam lineares mas plurais, acaba por ser sinal da qualidade (ou não) das próprias lideranças.
2. Os efeitos multiplicadores da lógica dos interesses, mesmo quando se apresentam como impulsionadores despertadores necessários, terão sempre o seu reverso da medalha. É verdade que muitos projectos, mesmo continentais, partiram da conjugação de interesses comuns. Por exemplo o projecto da hoje considerada União Europeia começou na partilha de carvão e aço dos países fundadores. Mas, rapidamente uma consciência mais alargada obrigaria a ver acima dos interesses próprios ou comuns, para as visões se irem abrindo na estrada dos princípios de uma Europa social e mais capaz de conduzir um projecto humano, pois acima dos recursos materiais…
3. Quando os interesses são a única plataforma em que se norteiam as relações internacionais ou nacionais, locais ou regionais, institucionais ou pessoais, é porque está ainda por esboçar uma grandeza de humanidade que faça prevalecer a lógica existencial que supere o «venha a nós». O horizonte dos princípios e valores, e não há que ter medo deles pois na sua essência são ricos de sentido e abrangência plural, é a via da verdadeira convivência humana. Não se trata de utopia sequer, trata-se de autêntica realização humana: acreditamos que ninguém se realiza como pessoa unicamente pensando nos seus interesses próprios.
4. Pouco interessam e, no fundo, pouco valem as dicotomias (ou uma coisa, ou outra), somente para o apurar do sentido das coisas, e poderemos mesmo dizer que a conjugação de interesses comuns pode ser um valor a assumir como princípio. Mas quando claramente esse interesse implica a indignidade de outrem (como em ditaduras ou sistemas de exploração desumana) então trata-se de pactuar com a miséria humana. Muitas vezes, e não só nos discursos internacionais, o porreiro «relativismo» alastrante, longe de significar efectiva inclusão das diversidades, vai afastando a humanidade dos humanos. Seja dito: não há petróleo que compense a digna honradez! Ainda que de quando em quando «na mó de baixo», a via do futuro será sempre dos princípios e valores!

Os calções do Nené

Um dia destes falou-se, num concurso da RTP, do que caracterizou o Nené, um jogador do Benfica. Recordo-me dele. Era um jogador que fazia questão de se apresentar em jogo sempre com o equipamento limpo. E quando calhava de sujar os calções, em luta com os adversários, era certo e sabido que no intervalo, se fosse altura disso, se apresentava com outros. Mas ainda consigo recordar outra faceta do Nené. Gostava de jogar de calções limpos, mas também era limpo no jogo. Quando hoje assistimos a uma partida de futebol, nas bancadas onde há muito não vou ou pela televisão, não é verdade que há jogadores que agridem, propositadamente, os seus adversários? Não fazem esses, descaradamente, jogo sujo?

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