sexta-feira, 25 de julho de 2008

HUMANAE VITAE

Alguns aplausos e um lamento
A encíclica Humanae Vitae é um caso de popularidade, por bons e por maus motivos. Entre as razões que justificam esta popularidade está o facto de dizer respeito a uma matéria, a chamada "regulação dos nascimentos", que concerne a vida de quase todas as famílias em todo o mundo. Além disso, o ano 1968, em que foi publicada, é um ano charneira a muitos títulos: a nova mentalidade relativa ao sexo depois da comercialização da pílula contraceptiva, a conhecida turbulência de Maio, o auge dos gloriosos trinta anos de desenvolvimento europeu, o momento em que a televisão começa a globalizar o mundo, o entusiasmo do programa espacial, a reforma do Concílio Vaticano II que prosseguia nos vários sectores da Igreja. O texto caiu como um duche gelado sobre as costas da geração de sessenta! A história de efeitos que desencadeou, desde a primeira hora, com discussões mediáticas e teológicas, pronunciamentos amortecedores de Conferências Episcopais, tem que ver com o confronto doloroso que se joga no seu interior entre dois modelos de justificar a moral cristã. Jorge Teixeira da Cunha, Director-Adjunto Faculdade de Teologia da UCP NOTA: Um comentário (ver post A RIA DE AVEIRO) levou-me a ler este texto, na Ecclesia. Aqui o partilho com os meus leitores, na certeza de que há quem concorde e quem discorde. Como sempre, em qualquer sector da vida.

A RIA DE AVEIRO

Ao falar de férias, alguém me dizia ontem, com convicção, que não há nada como a nossa zona. Temos grandes praias e mar chão, onde se pode andar à vontade, sem perigo, por tão bonançoso ser ele quando se confronta com a areia branca, e logo a seguir, se lhe virarmos as costas, com apetência por outros horizontes, deparamos com a ria de águas límpidas e mornas, com espaços e desafios para toda a gente. É verdade. Porém, nós, os da beira-ria, nem sempre nos damos conta das riquezas que temos. Como esta, está bem de ver, de acordar ao som do mar, que rola e rola, e da ria que nos atira cheiros salgados, como que a convidarem-nos para que a apreciemos e desfrutemos. Todo o ano, mas sobretudo nas férias.

Ainda o caso Meddie

A TELENOVELA VAI CONTINUAR...
A telenovela vai continuar, pelos vistos. Quando tudo fazia prever que o caso estava arrumado, por falta de provas, eis que um simples livro vem acordar toda a gente para a história dramática da menina desaparecida há mais de um ano sem deixar rasto. A comunicação social, ávida de temas de cartaz, aí está a reconstruir todo o drama. São precisos temas escaldantes para o Verão arrancar em grande, agora que o sol chegou, com assuntos que envolvam as pessoas. Claro que é o Caso Meddie, a menina inglesa. Os casos, que os há, de muitos outros meninos e meninas desaparecidos continuarão no silêncio dos gabinetes policiais. Ninguém repara neles. Ninguém sabe se foram assassinados ou envolvidos pelas redes pedófilas. Não interessa. Só interessa o Caso Meddie. Não me canso de magicar sobre o porquê de tudo isto. Mas sempre vou pensando que, afinal, a “virtude” desta situação está, simplesmente, nos “negócios” de muita comunicação social. Sem casos, não se vendem notícias… No fundo, quer fazer-se passar a ideia de que houve erros graves que dificultaram a descoberta do crime, se é que houve crime. O espectáculo das acusações mútuas, mesmo entre polícias, vai marcar esta época estival. Cá para mim, os erros foram protagonizados por toda a gente: pais que abandonaram os filhos para jantar com os amigos; polícias e demais autoridades que não terão agido com perspicácia e prontidão necessários; comunicação social que apostou friamente em ganhar notoriedade e dinheiro com um drama, alimentando a “telenovela” com capítulos e mais capítulos da história e com repetições de cenas e de coisa nenhuma, até à exaustão; e nós todos que fomos na onda dos manipuladores de opinião. É triste que, de dramas familiares, que envolvem pessoas e sentimentos, se alimentem juízos temerários, enquanto, porventura, se descura o trabalho de investigação, que deve ser feito em silêncio, muito longe dos holofotes dos industriais e comerciantes de notícias. FM

ABBA: Chiquitita

Aqui está Chiquitita, dos ABBA, que ainda ontem ouvi, recordando melodias de sempre. Boas férias com boa música.

FÉRIAS

Uma boa leitura… Uma boa música
Dei conta, há dias, neste meu espaço, do prazer que senti ao ouvir velhos discos de vinil, encontrados no meu sótão. Por ali estavam há anos, sem ninguém os ouvir. E ao ouvi-los, levando outros, cá em casa, a ouvi-los também, dei comigo a pensar que tudo isto foi possível por estar eu de alguma forma livre de responsabilidades profissionais ou outras, que foram, para mim, sempre muito absorventes. Frequentemente dou comigo, ainda, a pegar em livros que estão arrumados e até perdidos nas estantes. Pego neles e recuo às épocas em que os adquiri e li, e não resisto, então, à força que me leva a reler algumas passagens. Gosto disto. Penso que em férias podemos muito bem viver estas pequenas ou grandes emoções sem gastar um cêntimo. Temos tudo à mão, tempo e objectos que nos fazem reviver vivências passadas, que nos ajudaram a construir o nosso futuro, que é o nosso presente. Férias não têm de ser, necessariamente, tempos de correrias, de desgaste físico e mental, de canseiras enervantes, de sacos cheios de futilidades. Férias podem ser momentos de encontro com os nossos gostos nem sempre usufruídos, com leituras repousantes. Se possível, ao som, tranquilo, de melodias que foram, porventura, abafadas, nem sabemos porquê. Boas Férias para todos.
FM

PONTES DE ENCONTRO

A verdade da fome e a mentira da fartura!
“Estamos no século XXI. Devemos e podemos alimentar o planeta e não o fazemos. A cada 30 segundos, há uma criança que morre de fome, a cada dia há 25 000 seres humanos que perdem a vida porque têm fome. E há 850 milhões que sofrem com a fome. Esta é a situação. Ninguém, seja do Norte ou do Sul, pode aceitar esta situação. Ninguém. É preciso, portanto, agir e agir imediatamente. Agir significa o quê? Significa um objectivo simples: dobrar a produção alimentar mundial até 2050. Esta é a condição. E nós devemos dobrar a produção alimentar mundial preservando ao mesmo tempo o planeta.” Já há algum tempo que não escrevia sobre a falta de alimentos e da fome que daí resulta, neste espaço do Pela Positiva. De quando em quando, na vida, há a necessidade de deixarmos assentar as coisas, para que elas se tornem mais perceptíveis e óbvias, a fim de se evitar cair num nível de incompreensão, desorientação e de saturação pessoal e colectiva, que acabam por nos tirar o discernimento necessário para compreender o que nos rodeia e torna-nos insensíveis e indiferentes, mesmo perante os mais horríveis e cruéis problemas humanos de que falamos ou ouvimos falar. Tudo passa a ser banal! O ser humano, em regra e numa primeira fase, perante os factos negativos, tende a funcionar por impulsos momentâneos, passageiros e inconsequentes, recusando, negando ou até manipulando a sua existência e realidade. Procura, assim, mesmo que o possa fazer de uma forma não programada, não se comprometer com aquilo que verdadeiramente o incomoda e aflige. Por outro lado, quando não consegue abstrair-se das situações negativas ou estas se tornam uma presença constante, tende a resignar-se e a aceitá-las como naturais e inevitáveis, pelo que deixa de lutar contra elas, ou melhor, deixa de lutar por aquilo que é ou já desistiu de ser. Já não vale a pena. A excepção passou a ser a normalidade. Basta-nos recordar quando alguém é atingido por uma doença grave, para compreender melhor este tipo de comportamentos. No caso da fome, ela contínua aí, e em força! E para que não se diga que eu sou o mensageiro das desgraças, comecei este texto com uma citação do discurso do Presidente francês, Nicolas Sarkosy, proferida em Roma, em 3 de Junho, durante a Conferência de Alto Nível Sobre Segurança Alimentar da FAO (Organização da ONU Para a Agricultura e Alimentação), onde 181 países, durante três dias, procuram encontrar respostas e soluções para o drama humanitário e civilizacional da fome. Não se está, pois, perante um perigoso pacifista, um simples idealista ou um lunático de causas perdidas, rótulos que alguns não se coíbem de colocar, muito facilmente, em quem defende e luta por algumas das causas do sofrimento humano e das injustiças que lhes estão subjacentes. Nicolas Sarkozy, durante o seu discurso, reconheceu que as políticas alimentares do passado recente fracassaram. Diz ele: “Essa estratégia [dar subsídios aos países pobres] não deu certo. Ela era generosa, mas fracassou. A segunda estratégia, a do futuro, deve repousar no desenvolvimento das agriculturas locais. Esta é a única solução.” Mas, como diz o provérbio da sabedoria popular, “de boas intenções está o inferno cheio” e esta reunião da FAO veio, mais uma vez a confirmá-lo, já que nada de concreto saiu dela, assim como foram bem visíveis os múltiplos interesses em confronto, por parte dos países desenvolvidos que estiveram representados em Roma. Nós somos assim: complicados e pouco dados a querer perceber, ou a fazer que não percebemos, a verdadeira razão das coisas, sejam as nossas ou a dos outros. Sarkozy sabe disso. Por isso, ele fez o discurso que fez: correcto nos princípios e na análise, mas sem consequências práticas. Nada disto é fruto do acaso ou do infortúnio. É, antes, próprio de uma sociedade que vai preferindo uma boa mentira do que uma má verdade e onde poucos são os que se querem incomodar com o que realmente conta para um futuro melhor para todos. Até quando, ainda, é possível manter tudo isto?
Vítor Amorim

quinta-feira, 24 de julho de 2008

POR UM MUNDO MELHOR…

Ana Teresa Silva
O Pela Positiva nasceu com o propósito de apostar no que a vida nos oferece de bom. O projecto, embora muito simples, continua a fazer-me crer de que é possível e necessário ir por aí… Porém, nem sempre terei cumprido com rigor esse objectivo. Obviamente, por incapacidade minha. Depois de férias, quero dar mais um passo, convidando mais amigos para me ajudarem nessa tarefa de contribuir para um mundo mais harmonioso, de gente mais feliz. Hoje, contudo, fui alertado para mais uma aposta, nessa linha, de acreditar que há acções e projectos que reflectem o bom que a vida nos dá. Chama-se IM Magazine, de Ana Teresa Silva, jornalista, que se fez reunir de muitos amigos e colaboradores com ideias positivas, no sentido de oferecer “O melhor que se faz no mundo para um mundo melhor”. Aqui ao lado, em CULTURA, pode consultar o IM MAGAZINE todos os dias.

UM PROJECTO QUE PAROU OU UM PROPÓSITO ESQUECIDO?

Num documento que pretendeu marcar o ritmo da Igreja para o terceiro milénio, João Paulo II, ao falar da ne-cessidade e das exigências de uma espiritualidade de co-munhão, disse textualmente: “Depois do Vaticano II já muito se fez nomeadamente quanto à reforma da Cúria Romana, à organização dos Sínodos, ao funcionamento das Conferências Episcopais; mas certamente há ainda muito que fazer para valorizar o melhor possível as poten-cialidades destes instrumentos de comunhão, hoje parti-cularmente necessários, tendo em vista a exigência de dar resposta pronta e eficaz aos problemas que a Igreja tem de enfrentar nas rápidas mudanças do nosso tempo” (NMI 44). A justeza destas palavras parece estar a esquecer-se ou, então, o projecto parou, não se sabe se por inércia, se por interferência de quem parece não ter entendido ainda nem a razão de ser da Igreja, como serviço ao Povo de Deus e ao mundo a evangelizar, nem os sinais dos tempos, tão eloquentes e exigentes no estímulo a caminhos novos, que não se compadecem com demoras.
António Marcelino Clique aqui para ler todo o artigo

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Obra do Apostolado do Mar na Diocese de Aveiro - 4


“AINDA A OLHAR O STELLA MARIS”

Como já aludimos no último número, quedámo-nos de novo junto do Stella Maris. Observara que um dos nossos capitães, cujo nome, ainda que autorizado, omito, estava acompanhado de familiares a prestar atenção ao alçado lateral, onde uma nova varanda, de bom traço, surgiu há pouco tempo.O jornalista quer novidades, pontos de vista, opiniões divergentes, embora! E “pescar” um capitão dos mares brancos e frios da Terra Nova, ao sol da nossa verde Gafanha e a “sonhar” o Stella Maris, era estar “de quarto” em terra, era continuar de vigia…
Leia mais em Galafanha

PONTES DE ENCONTRO

E depois de Sydney?

O pano caiu sobre a XXIII Jornada Mundial da Juventude, realizada em Sydney, ente 15 e 20 de Julho, o que não significa que o que levou aquelas centenas de milhares de jovens a participarem nesta expressão pública de fé em Jesus Cristo tenha terminado. Bem pelo contrário: os trabalhos “a sério e a doer” começam agora. O dia seguinte, para aqueles que têm uma missão evangélica a cumprir, por norma, é sempre o mais difícil e gratificante. Se assim não for, então, as JMJ não têm qualquer razão de ser. Aliás, creio não escandalizar ninguém ao dizer que as JMJ, só por si, não são, nem pretendem ser, uma varinha mágica para os desafios com que, permanentemente, a Igreja se defronta e para os quais tem que procurar respostas e soluções, neste mundo vertiginoso, em que os jovens e os adultos vivem e devem convergir fraternalmente.
Durante estes dias da XXIII JMJ, tive a curiosidade de ir lendo testemunhos de alguns dos seus participantes e todos eles são a expressão viva e sincera, sem dúvida, de uma experiência pessoal e profunda com a Pessoa de Cristo e isto não é quantificável. Afinal, como dizia o Evangelho, do Domingo passado (dia do encerramento da XXIII JMJ): “O Reino dos Céus é semelhante, a um grão de mostarda, que um homem tomou e semeou no seu campo. É a mais pequena de todas as sementes, mas, depois de crescer, torna-se a maior planta do horto, e transforma-se numa árvore, a ponto de virem as aves do céu abrigar-se nos seus ramos”. (Mt 13,31-32). Isto, sim, é que é desconcertante e provocante e nos deve levar a querer ir mais além, por esses campos fora (o mundo), à maneira de Jesus Cristo (o semeador), que aguardam, ansiosamente, por serem cultivados pela semente (a Palavra de Deus) da esperança, caridade e do amor. É aqui que os jovens devem estar e é por isto que eles fazem tanta falta à Igreja! Eles precisam de sentir e saber do quanto são importantes!
Em 2 Novembro de 2007, a Agência Ecclesia colocava a seguinte questão a D. Jorge Ortiga, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa: “Todos os anos são crismados milhares de jovens. Como não são aproveitados, é uma espécie de “check-in” para saírem da Igreja?” Reconhecendo que esta é uma das dificuldades da Igreja, D. Jorge Ortiga acrescentou: “Temos de nos interrogar. Temos de alterar a metodologia. Pessoalmente, estou convencido de que vale a pena todo este itinerário catequético, porque é algo que se semeia. Mais tarde ou mais cedo, eles voltarão.” Não sei se estes regressos são assim tão lineares e frequentes e muito menos desconheço, com o rigor exigido, as circunstâncias em que os mesmos ocorrem, quando acontecem. A estes percursos, há que acrescentar e relevar, também, as aulas de EMRC e a Pastoral Universitária.
Seja em Sydney, Madrid ou numa outra qualquer terra situada no mais recôndito local da Terra, a Igreja tem que ser capaz de apontar e levar os jovens ao encontro do sentido e dos valores da vida autêntica, do testemunho sincero da felicidade e do compromisso de fidelidade que só Cristo oferece. Tudo isto só se faz com pessoas concretas, preparadas e maduras, fora dos grandes holofotes mediáticos, através da alegria da Boa-Nova, da segurança da mensagem que transmitem e da autoridade fraterna que exercem, enquanto educadores da fé e na fé.
Quando esta oferta de vida e de futuro sustentado na rocha é feita, aceite e compreendida, os jovens descobrem um novo entusiasmo para as suas vidas e estão dispostos a partilhá-lo e a sofrer por Aquele em quem acreditam e amam Infelizmente, isto nem sempre acontece e, quando tal assim sucede, é mais um tesouro e um semeador que se perdem e uma Igreja que fica mais pobre.

Vitor Amorim

terça-feira, 22 de julho de 2008

Zeca Afonso: um cantor das nossas emoções

Já que me referi ao Zeca Afonso, como cantor da nossa liberdade e das nossas emoções, aqui fica um cheirinho para saborearem.

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