sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA

Pórtico de Entrada
no Ano Novo

Quero propor, aqui, três caminhos para a construção duma paz duradoura. Primeiro, o diálogo entre as gerações, como base para a realização de projetos compartilhados. Depois, a educação, como fator de liberdade, responsabilidade e desenvolvimento. E, por fim, o trabalho, para uma plena realização da dignidade humana.

O pórtico do ano novo na liturgia da Igreja abre com o domingo da Festa da Sagrada Família. É pórtico de entrada no lar de Nazaré, no estilo de vida de Jesus, Maria e José, no ambiente relacional com a vizinhança, na oração doméstica, no trabalho honrado, na harmonia e na paz. Estes são alguns dos valores que mais brilham e podem servir de referência para as nossas famílias. Mt 2, 15-23.
Valores altamente humanizantes para todos os tempos. Consciente de que “nenhuma família é uma realidade perfeita e confecionada de uma vez para sempre” (Papa Francisco «A Alegria do Amor» 325), enuncio, apenas alguns, em jeito de bem-aventuranças e faço votos para que a família, estruturada e feliz, continue a atrair os Jovens e a mobilizar as energias de quem se dispõe a promover o bem integral da humanidade.
Feliz a família que se preocupa mais em ser um lar do que em ter uma casa, em dialogar a sério do que em falar simplesmente de algo que ocorre, em partilhar o que possui e tem do que em dar uma esmola ou fazer um empréstimo beneficente, em viver a fé cristã do que em recorrer a orações devotas e a ritos religiosos, em cultivar o amor oblativo, sobrepondo-o a tudo, do que em ter gestos ocasionais de tolerância e desculpa, em confiar nos filhos e honrar os anciãos, em cuidar dos mais frágeis e incluir os marginalizados, em construir progressivamente uma sociedade melhor do que em apreciar os bens acima das pessoas e em alimentar receios e preconceitos, isolar-se no egoísmo do “salve-se quem puder” e temer o futuro enegrecido pela insegurança.
Felizes as famílias que se esforçam por ser sementes de novas famílias, alicerçadas no amor heterossexual fiel e fecundo, abertas à relação recíproca dos seus membros, inseridas e solidárias na sociedade, crentes e confiantes na amizade de Jesus Cristo, o peregrino de todos os caminhos da vida e o defensor justo de todas as causas humanas.
A família humana – dizia-o João Paulo II na ONU – significa o contributo fundamental que o cristianismo pode dar à tarefa educativa: cada um é atendido conforme as suas necessidades, todos vivem relações de reciprocidade e fazem circular os dons de gratuidade, avivam a consciência da mútua dependência, habilitam-se para ocupar o seu lugar e desempenhar a sua função.
Família humana, comunidade natural recriada pelos seus responsáveis onde velhos e novos, frágeis e fortes, sãos e doentes, homens e mulheres, crescem na bondade e alimentam a alegria de viver. A vida desta Família ensina “o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu carácter sagrado e inviolável”. Alegria do Amor 66.
Celebramos, hoje, o Dia Mundial da Paz. O Santo Padre, na sua mensagem para este dia, afirma: “Há uma «arquitetura» da paz, onde intervêm as várias instituições da sociedade, e existe um «artesanato» da paz, que nos envolve pessoalmente a cada um de nós... Todos podem colaborar para construir um mundo mais pacífico partindo do próprio coração e das relações em família, passando pela sociedade e o meio ambiente, até chegar às relações entre os povos e entre os Estados.
Quero propor, aqui, três caminhos para a construção duma paz duradoura. Primeiro, o diálogo entre as gerações, como base para a realização de projetos compartilhados. Depois, a educação, como fator de liberdade, responsabilidade e desenvolvimento. E, por fim, o trabalho, para uma plena realização da dignidade humana. São três elementos imprescindíveis para tornar «possível a criação dum pacto social», sem o qual se revela inconsistente todo o projeto.

Pe. Georgino Rocha

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