Ecumenismo e integrismos
1. Se formos elaborar um estudo exaustivo, mesmo que numa análise do campo exterior, a origem das religiões revela-se sempre imensa de ser universalista e totalizante, dador de sentido à existência de cada um e de todos. Nessa análise, na generalidade, detectar-se-ia uma frescura de interiorização e universalização capaz da inclusão das múltiplas diversidades e visões. Com o crescer e com o necessário realismo, como é natural, vem a procura de regulação e enquadramento, um estabelecer de balizas de ideias e de compreensões práticas, facto que, a partir de uma determinada racionalidade (porventura codificada), pode levar a excluir as diferenças, fazendo crescer a dura e crua semente do integrismo, fanatismo, fundamentalismo.
2. Nestes domínios, a aprendizagem da razoabilidade e das aceitações da pluralidade afigura-se como um dos maiores desafios postos ao século XXI. Nem tudo, nem nada! Tanto os perigos do igualitarismo de “todos iguais”, como os males do exacerbar de “todos diferentes”, podem conduzir a fugir para a periferia extremista, quando o caminho do “meio” é o ideal mais pleno e capaz na “unidade plural”. Utopias simpáticas da unidade de todos sermos iguais (anulando as diferenças) existem em todos os quadrantes, tal como aquele integrismo de quem tem “a verdade” (excluindo o outro) também existe em todos os campos e em todas as religiões. Valerá a pena perguntarmo-nos: que “códigos” são aqueles que (1.º) se enxertam na frescura fundante da religião “x” ou “y” (2.º), mas em que depois perderam o próprio espírito continuamente renovado para com cada actualidade…(?)
3. É pela estrada do “diálogo” que se consegue a unidade ecuménica (vivemos a Semana Ecuménica). Mas é pela autenticidade despojada e generosa do diálogo que é possível antecipar o futuro. Diálogo que não é perca de identidade, diálogo que não é abdicação do pensar, diálogo que integra a plenitude do que se pensa e se age numa mesa comum, onde se dá e se recebe. No integrismo ou no igualitarismo não há diálogo. Unidade ecuménica? É possível sempre mais frutos…