quinta-feira, 15 de maio de 2008

EMERGÊNCIA EDUCATIVA OU BECO SEM SAÍDA


"Ninguém pode dispensar um governo, nem ele próprio se pode dispensar, de se orientar por princípios éticos e de ter, no seu horizonte diário, realismo, vontade e decisão de lutar pelo melhor bem do povo a que serve. A fidelidade é às pessoas e ao seu bem, presente e futuro, não é a projectos ou ideias meramente pessoais, ao seguidismo empobrecedor de estranhos, ainda que pintados da mesma cor e fazendo alarde e propaganda dos seus pretensos êxitos. E, sem menosprezar o orçamento, ele não é tudo.
Os problemas que implicam comportamentos pessoais e sociais com maior repercussão, exigem sempre um juízo objectivo e sereno sobre as suas causas, as capacidades dos atingidos, a envolvência pessoal e ambiental com as suas ajudas e desajudas, a preparação qualificada dos intervenientes activos para que sejam educadores e não meros funcionários e realizadores de tarefas, pouco preocupados com os resultados finais. E, se tais problemas são objecto de leis ou de normas, não dispensam uma visão acertada daqueles que as produzem, legisladores ou governantes, para que não caiam na ingenuidade de querer atingir aviões a jacto com fisgas de crianças, pensarem que, feita a lei ou a norma, tudo fica resolvido, ou fazerem do seu posto jeito a grupos e a amigos."

António Marcelino
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Na Linha Da Utopia


Dos interesses à via dos princípios


1. Ainda nestes dias, comentadores da viagem do executivo à Venezuela, vinha à ribalta a discussão sobre os procedimentos a ter na gestão das relações diplomáticas. Com frieza, alguém dizia que só há duas vias: ou seguir a óptica prática dos interesses e pactuar mesmo com as multiplicadas indignidades; ou assumir corajosamente o caminho dos princípios, tidos como valores inalienáveis no zelo do bem comum. Infelizmente as circunstâncias concretas muitas vezes colocam estes dilemas, diante dos quais a opção acaba por ditar a alma do verdadeiro líder. O lugar relativo dados aos princípios, ainda que estes não sejam lineares mas plurais, acaba por ser sinal da qualidade (ou não) das próprias lideranças.
2. Os efeitos multiplicadores da lógica dos interesses, mesmo quando se apresentam como impulsionadores despertadores necessários, terão sempre o seu reverso da medalha. É verdade que muitos projectos, mesmo continentais, partiram da conjugação de interesses comuns. Por exemplo o projecto da hoje considerada União Europeia começou na partilha de carvão e aço dos países fundadores. Mas, rapidamente uma consciência mais alargada obrigaria a ver acima dos interesses próprios ou comuns, para as visões se irem abrindo na estrada dos princípios de uma Europa social e mais capaz de conduzir um projecto humano, pois acima dos recursos materiais…
3. Quando os interesses são a única plataforma em que se norteiam as relações internacionais ou nacionais, locais ou regionais, institucionais ou pessoais, é porque está ainda por esboçar uma grandeza de humanidade que faça prevalecer a lógica existencial que supere o «venha a nós». O horizonte dos princípios e valores, e não há que ter medo deles pois na sua essência são ricos de sentido e abrangência plural, é a via da verdadeira convivência humana. Não se trata de utopia sequer, trata-se de autêntica realização humana: acreditamos que ninguém se realiza como pessoa unicamente pensando nos seus interesses próprios.
4. Pouco interessam e, no fundo, pouco valem as dicotomias (ou uma coisa, ou outra), somente para o apurar do sentido das coisas, e poderemos mesmo dizer que a conjugação de interesses comuns pode ser um valor a assumir como princípio. Mas quando claramente esse interesse implica a indignidade de outrem (como em ditaduras ou sistemas de exploração desumana) então trata-se de pactuar com a miséria humana. Muitas vezes, e não só nos discursos internacionais, o porreiro «relativismo» alastrante, longe de significar efectiva inclusão das diversidades, vai afastando a humanidade dos humanos. Seja dito: não há petróleo que compense a digna honradez! Ainda que de quando em quando «na mó de baixo», a via do futuro será sempre dos princípios e valores!

Os calções do Nené

Um dia destes falou-se, num concurso da RTP, do que caracterizou o Nené, um jogador do Benfica. Recordo-me dele. Era um jogador que fazia questão de se apresentar em jogo sempre com o equipamento limpo. E quando calhava de sujar os calções, em luta com os adversários, era certo e sabido que no intervalo, se fosse altura disso, se apresentava com outros. Mas ainda consigo recordar outra faceta do Nené. Gostava de jogar de calções limpos, mas também era limpo no jogo. Quando hoje assistimos a uma partida de futebol, nas bancadas onde há muito não vou ou pela televisão, não é verdade que há jogadores que agridem, propositadamente, os seus adversários? Não fazem esses, descaradamente, jogo sujo?

FÁTIMA


Fátima continua a dizer muito ao povo português. Também a muitíssimos crentes do mundo e até a curiosos. Nos dias 12 e 13, como de costume, muitos milhares de fiéis, sobretudo, ali se concentraram, a maioria, decerto, para rezar e para “dialogar” com Nossa Senhora. Para agradecer graças recebidas de Deus.
Quando há dias caminhava com o intuito de fortalecer o físico e o ânimo, que as caminhadas fazem bem a tudo, encontrei um amigo, com quem já não falava há muito. Conversa puxa conversa e às tantas ele, que já é um septuagenário, atira-me com uma notícia que me surpreendeu: Eu e os meus irmãos vamos um dia destes a Fátima de bicicleta.
- Como… de bicicleta? Tu e os teus irmãos?
- Claro… e já lá fomos várias vezes!
- Mas o teu irmão mais velho teve há tempos um AVC.
- Ele aguenta… Nós não vamos com pressa. Paramos para descansar, para comer e para o que for preciso… Mas vamos. Quando chegarmos a Fátima, cada um faz o que tem a fazer e depois do descanso, com calma, regressamos.
Fico espantado com esta coragem de três conterrâneos que já não são nenhuns jovens, fisicamente falando. Mas são-no espiritualmente! Corajosos, determinados, assumem as suas devoções com um sacrifício exemplar. Lição para mim e para muitos.”

FM

PONTES DE ENCONTRO


Entre a fome, a cana e o peixe, o que decidir?

O presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, defendeu, recentemente, a extinção da Organização Para a Agricultura e Alimentação – FAO – das Nações Unidas, classificando esta Organização Internacional como um “desperdício de dinheiro”, sustentando que a actual crise alimentar mundial prova o “fracasso” desta Agência da ONU.
Num discurso transmitido pela televisão e rádio públicas do Senegal, o presidente Wade referiu-se à FAO como “um buraco sem fundo”, que gasta “a maioria do seu dinheiro no seu próprio funcionamento e com poucas operações eficazes no terreno.
A subida do preço dos bens essenciais a nível mundial “é, em larga medida, um fracasso seu”, afirmou durante o seu discurso.
Com quase 82 anos, Abdoulaye Wade foi eleito Presidente do Senegal no ano 2000 e reeleito, no ano de 2007, para um segundo e último mandato.
Sendo muito considerado no seio da Comunidade Internacional, internamente a oposição acusa-o de abuso de poder e de não respeitar os direitos humanos.
Já há vários anos, Wade defendeu que a sede da FAO passa-se da cidade Roma para um país africano, não só pelo simbolismo que isso representava, mas pelo incremento que daria ao desenvolvimento agrícola em África.
O Senegal é um país muito dependente das importações de géneros alimentares e Abdoulaye Wade propõe uma política internacional que aposte em tornar mais auto-suficientes os países mais pobres de África e não a manutenção de uma política de “caridade”, como lhe chamou, que já está desactualizada e os torna ainda mais frágeis.
O Presidente senegalês sugere que esta tarefa continue a ser atribuída à ONU, mas através do Fundo Internacional Para o Desenvolvimento Agrícola, tendo como prioridades “o investimento inovador da agricultura”, em África, através do financiamento ou apoio aos camponeses, para compra de sementes, fertilizantes e o desenvolvimento de técnicas de irrigação.
Independentemente de outras considerações, que sempre podem ser feitas, as palavras do Presidente Abdoulaye Wade não deixam de colocar algumas questões importantes, comentadas, desde há muito, na cena internacional, nomeadamente os avultados gastos que algumas organizações internacionais fazem para a sua própria existência.
Acontece, frequentemente, que do dinheiro atribuído para determinadas missões humanitárias, a maior fatia deste vai para gastos em ordenados, viagens, apoio logístico e administrativo, pelo que a verba que fica disponível, para o fim em causa, por vezes, não chega a 50%, da ajuda inicialmente disponibilizada.
A questão relativa a tornar a agricultura africana numa agricultura de ”auto-suficiência”, faz-me recordar o velho provérbio chinês que diz “se vires um pobre com fome não lhe dês um peixe, mas ensina-o a pescar.”
No entanto, é muito discutível que a Europa tenha, por regra, este comportamento, e, não raras vezes, é acusada, ao que parece com razão, de proteccionismo, em desfavor dos produtos agrícolas africanos, acusação, aliás, reafirmada na Cimeira EU-África, realizada em Lisboa, em Dezembro de 2007.
Vivemos num mundo complexo, em que os interesses de uns nem sempre tem como objectivo, infelizmente, o bem comum. Contudo, estar consciente que estes conflitos existem é a melhor forma que se pode ter para melhor os compreender e ajudar na sua resolução.

Vítor Amorim

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Na Linha Da Utopia

A fila do Combustível

1. É um número assinalável. Pela 15ª vez, este ano, os combustíveis aumentaram. Mais e mais, todos os discursos orientam-se e orientam para a «economia». No dicionário, a origem do conceito fala-nos de «ordem ou administração da casa». Na teoria, a raiz da palavra propõe-nos uma casa ordenada, por isso onde se pressupõe a justa distribuição dos bens que, pelo esforço de todos na multiplicidade de funções, por todos seriam repartidos. Na prática, à medida que assistimos ao enfoque de todos os discursos (que se pretenderiam sociais) na economia, mais cresce a desigualdade, escasseando, de facto, as oportunidades para quem inicia, todos os dias, o rumo da vida activa. Talvez se devesse falar menos em economia para ver se ela consegue melhor concretizar a sua própria missão.
2. Se é certo que sempre as economias foram reflexo e motor das sociedades, todavia, é com preocupação crescente que se verifica a recentragem de tudo no factor económico. Parece mesmo que bens inalienáveis como a saúde, educação, justiça, estão claramente subjugados aos recontados números económicos. Diz-se por vezes que sem «dinheiro» não se faz nada! Com realismo, pode ter o seu «quê» de verdade… Mas mal vai quando tudo daí vem e tudo para aí vai… É a cegueira existencial e a pobreza de experiência de Humanidade. Sem novidades mas com sublinhado agravamento na cada vez mais incerta actualidade, o mundo parece mesmo transformado naquela fila de combustível das vésperas do aumento do ouro negro. Uma fila de ilusões, onde não há soluções milagrosas nesses cêntimos que se poupam para o dia seguinte; uma fila que dá que pensar…!
3. No panorama global, mesmo no meio de todas as crises, somos privilegiados. Não soluciona as nossas enfermidades, mas verdade se diga que em muitas paragens por este mundo fora (que vão chegando até ao nosso mundo mais próximo) a grande fila é de pão, água, milho, arroz, trigo...bens básicos de consumo de uma gigante fila com tendências a engrossar, enquanto engrossam (“engordam”) alguns senhores que da sua poltrona assistem ao flagelo da multidão. As palavras são mesmo estas, como a sede e a fome: duras! Sabe-se que organizações, estados e algumas pessoas estão grave e grandemente a lucrar com a propaganda especuladora do fim dos recursos mais básicos que silenciam a dignidade humana de multidões de gente.
4. É bem-vindo, e é também muito, o esforço de determinadas instâncias para regular os equilíbrios necessários. Só que, entretanto, passam os dias e as desejadas soluções começam a fazer parte dos problemas de fundo: as parcas efectivas vontades sócio-políticas que lidam bem com o generalizado desenraizamento (mesmo democrático) que se sente, em que o próprio sentido de comunidade também está nessa fila à espera de uma gotas de frescura. Como as incertezas actuais afastam o sonho!

Alexandre Cruz

Restauração da Diocese de Aveiro vai ser celebrada em 2013


Bispo de Aveiro convoca diocesanos para Missão Jubilar

Os 75 anos da restauração da Diocese de Aveiro vão ser celebrados, na esperança do rejuvenescimento da fé e da vida da Igreja, na perspectiva de uma sociedade nova. A diocese aveirense foi restaurada em 1938. Para comemorar essa data, D. António Francisco lança um desafio a todos os aveirenses, com uma mensagem que apresentou em conferência de imprensa, no contexto da Visita Pastoral ao arciprestado de Estarreja. O Bispo de Aveiro propõe, por isso, uma nova perspectiva pastoral, de que faz parte o seguinte excerto:
"Proponho à Diocese uma nova perspectiva pastoral, ampliada no tempo, alargando a duração dos habituais planos anuais, retomando o ritmo, a pedagogia e os conteúdos sinodais, integrando propostas e iniciativas de comunhão com a Igreja Universal e orientando-nos para a celebração dos setenta e cinco anos da restauração da Diocese em 2012-2013, concretizando aí a Missão Jubilar Diocesana, que desde já se anuncia.Todos somos necessários e todos devemos estar envolvidos, integrando, reunindo, coordenando e optimizando tanta generosidade e tanto testemunho de vida e de fé das pessoas e tanto de bem que os Secretariados Diocesanos e os Movimentos apostólicos realizam na nossa Diocese e por ela no mundo que nós somos.Urge agora com serenidade e com o contributo de todos percorrermos as várias etapas de diálogo, de partilha, de comunhão e de programação, para que nos deixemos guiar pelo Espírito de Deus e a missão se cumpra em cada tempo e lugar."

A NOSSA GENTE: João Moço Reigota


Neste mês de Maio, marcado por vários festivais, nomeadamente o 12º Festival de Folclore Primavera, realizado no âmbito do 1º de Maio - Dia do Trabalhador, dedicamos este espaço ao Prof. João Reigota, pelo seu trabalho realizado em prol da preservação dos valores culturais ilhavenses, muito em especial ligados à etnografia e ao folclore.
Nascido a 13 de Setembro de 1941, na Gafanha da Boavista, Freguesia de S. Salvador, João Reigota ali passou a mocidade, ocupando os seus tempos livres na convivência com os amigos, a jogar futebol ou a pescar num “chinchorro”, que mais tarde viria a ser seu. Frequentou a Escola Primária na Gafanha de Aquém e prosseguiu os seus estudos durante mais 5 anos no Colégio de Ílhavo. Decidido a enveredar pela carreira do Ensino, João Reigota concluiu o curso de Professor do Magistério Primário de Coimbra.
Chamado ao serviço militar, passou por Mafra, Vila Real e Abrantes, tendo sido posteriormente mobilizado para as ex-províncias ultramarinas da Guiné e Cabo Verde. Após a sua passagem à disponibilidade, iniciou funções docentes na Escola n.º 2 Sul da Gafanha da Encarnação, onde leccionou durante 32 anos.
Para além do Ensino, o Prof. João Reigota sempre demonstrou um grande dinamismo, lutando em prol da população da Gafanha da Boavista. Em 1977, encabeçou a Comissão de Moradores e diligenciou junto do então Capitão do Porto de Aveiro, da Fábrica da Vista Alegre e da Câmara Municipal de Ílhavo para que se procedesse à construção da ponte que liga a Boavista à Vista Alegre, tendo participado igualmente na construção do Centro Cultural e Recreativo da Gafanha da Boavista, inaugurado em 1978.
Presidente da Casa do Povo de Ílhavo, desde 1973, o Prof. João Reigota impulsionou a criação do Rancho Regional da Casa do Povo. Tudo aconteceu na sequência de uma festa de Natal realizada em 1983, no Centro Cultural da Gafanha da Boavista, onde um grupo de jovens da terra apresentou algumas danças de folclore. O projecto de avançar com um Rancho Folclórico foi bem recebido por todos, tendo, dois anos mais tarde, após uma exibição em Corticeiro de Cima, integrado a Federação Nacional de Folclore, realizando desde então uma média de 30 festivais por ano.
Com uma grande aptidão para a cozinha e apreciador do fiel amigo, o Prof. João Reigota foi um dos fundadores da Confraria Gastronómica do Bacalhau (1999), com o objectivo de divulgar e promover a confecção do bacalhau e a gastronomia do Município de Ílhavo, contribuindo, assim, para o seu processo de afirmação enquanto Capital do Bacalhau, nomeadamente através da realização anual das Tasquinhas de Ílhavo, mantendo ainda hoje o título de Grão-Mestre.
Foi pelo trabalho notável que tem desenvolvido ao nível da preservação e da promoção dos valores da história e da cultura do Município, muito em especial no que respeita à gestão do Rancho Regional da Casa do Povo de Ílhavo, assim como de outras actividades associativas e comunitárias, sendo um exemplo de Dirigente Associativo dedicado e empenhado na dinamização social do Município, que a Câmara Municipal de Ílhavo agraciou o Prof. João Reigota com a Medalha de Mérito Cultural, no âmbito das Comemorações do Feriado Municipal de 2007.

Fonte: Agenda "Viver em...", da CMI
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NOTA: Fico sempre satisfeito quando confirmo a justeza das distinções por parte seja de quem for. E quando se trata de autarquias, mais satisfeito fico, por sentir que essas distinções podem servir de estímulo às pessoas mais novas, tão carecidas algumas andam de testemunhos de disponibilidade em favor das comunidades. Sei que o professor Reigota, meu velho e bom amigo, é um desses testemunhos vivos de dedicação à sociedade e à cultura da nossa terra. Por isso, o meu aplauso e as minhas felicitações para o meu caro Reigota, na certeza de que ele continuará a servir a nossa terra.
FM

Tradições gafanhoas em Itália


(Clicar nas fotos para ampliar)


O Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré esteve no passado fim-de-semana em Palermo, Itália, como convidado, para participar na celebração dos 200 anos da paróquia daquela cidade.
Esta foi mais uma embaixada da nossa terra em terras italianas, para mostrar a cultura da região das Gafanhas, mas também para exibir, em palco, graças ao esforço do Grupo Etnográfico, as danças e cantares que os nossos avós nos legaram.
Hoje ofereço fotos da presença dos nossos conterrâneos em terras transalpinas, com os seus sorrisos de boa disposição. No festival participaram, além do nosso grupo, um da Sicília, outro da Sardenha e um quarto, da Grécia.
Voltarei ao assunto, com outras informações sobre esta viagem a Itália do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré.

PONTES DE ENCONTRO



Irena Sendler: uma nova estrela na constelação da esperança!

"Peço a todas as pessoas de boa vontade que tenham amor, tolerância e paz, não apenas em tempo de guerra, mas também em tempo de paz"
Irena Sendler


Estou a escrever este texto, não só em memória de uma mulher extraordinária, falecida no dia 12 de Maio de 2008, aos 98 anos, e a quem tantos devem a vida, mas também para expressar a certeza de que há tanta gente boa no mundo e só Deus sabe o tamanho da sua bondade. Começo por falar de Irena Sendler, retendo-me na frase inicial deste texto. Quase que parece um paradoxo, esta sua afirmação, quando, na verdade, não o é. De facto, é nos períodos de paz que se preparam as guerras e é nos períodos de guerras que se procura a paz, pelo que o paradoxo está nos comportamentos daqueles que assim agem para que tal aconteça. O mundo é cenário real de todos estes exemplos.
Mesmo o cidadão anónimo tem tendência a deixar escapar, no seu dia-a-dia, oportunidades de tolerância, reconciliação, diálogo e de paz para com os outros e só em situações de desespero, drama ou catástrofe é que o tal passo, que podia ser dado em “tempos de paz”, acontece.
Na realidade, não somos assim, mas fazemos como se o fôssemos e é esta parte que conta e a que mais dói na alma, pois os sentimentos de vingança são passageiros e nada trazem de bom, enquanto o bem que se faz é um consolo para toda a vida.
Irena Sendler nasceu na Polónia, em 15 de Fevereiro de 1910. Como ela própria veio a dizer mais tarde, foi “educada na ideia de que é preciso salvar qualquer pessoa, sem ter em conta a sua religião ou notoriedade".
Quando a Alemanha invadiu a Polónia (1939) Irena era enfermeira no Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia, onde cuidava das refeições comunitárias. A partir da criação do Gueto de Varsóvia (Outubro de 1940), Irena teve como principal objectivo da sua vida o procurar salvar e dar as melhores condições de vida aos judeus que viviam em condições sub-humanas no Gueto, através de remédios, medicamentos ou roupas que ela própria transportava, sem o conhecimento das tropas alemãs.
O Gueto de Varsóvia tinha 4 km2 de extensão e viviam lá cerca de 500 000 judeus. Com o decorrer da guerra, Irena começou a verificar as deportações, em massa, que eram feitas para os campos de concentração para exterminar todos os judeus. A partir daqui, com a colaboração de colegas e da própria resistência polaca, Irena durante cerca de dois anos e meio conseguiu ludibriar os nazis e fazer sair do Gueto adolescentes, crianças e bebés – através de ambulâncias, cestos de lixo, caixas, sacos… – e enviá-los para o seio de famílias católicas, orfanatos, conventos ou fábricas.
Quando o Gueto foi destruído, pelos próprios alemães (Maio de 1943), Irena Sendler tinha salvo mais de 2500 crianças e jovens. Em Outubro de 1943, veio a ser presa pela Gestapo, sendo torturada (partiram-lhe os ossos dos pés e das pernas) e condenada à morte. A sentença não foi cumprida porque a resistência polaca conseguiu a cumplicidade de um soldado alemão que a deixou fugir.
Praticamente, desconhecida na Polónia, devido ao obscurantismo comunista, em 1965 foi considerada “Justo entre as Nações”, por Israel. Em 1979, encontrou-se com João Paulo II, a quem entregou uma estampa de Jesus Cristo, que tinha com ela na prisão, e que dizia: “Jesus, em Vós confio”. Em 2007, foi proposta para o prémio Nobel da Paz. Num mundo em que as notícias de esperança parecem cada vez menos frequentes, sabe bem (mesmo na morte) falar destes heróis, de carne e osso, porque estas lições, de vida autêntica, nunca se esquecem e os seus exemplos contagiam os que já não querem ou não têm forças para acreditar que é possível fazer melhor, sempre!

Vítor Amorim

terça-feira, 13 de maio de 2008

A NOSSA GENTE: José Cravo Júnior


José Cravo Júnior foi um acordeonista de renome internacional no primeiro quartel do século passado. Era natural da Gafanha da Nazaré e um executante exímio de acordeão.
Não se sabe a data exacta em que ele emigrou para os Estados Unidos. Mas sabe-se que lá fundou o Accordion Club of San Francisco, no qual aprenderam a tocar muitas pessoas. Este nosso conterrâneo actuou nos grandes salões americanos e a sua fama foi tal que chegou a tocar na “Casa Branca”, a convite do presidente dos Estados Unidos.
Este excelente compositor-executante deslocava-se com alguma frequência ao Brasil e à Itália.
Os êxitos de Cravo Júnior levaram o Rádio Clube Português a elegê-lo como o seu primeiro acordeonista de serviço. Há pessoas que ainda guardam religiosamente os seus discos, em tempos escutados nas velhas grafonolas a corda.

Júlio Cirino
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NOTA: O meu amigo Júlio teve a amabilidade de me enviar as fotos e o texto desta página. Trata-se de uma colaboração preciosa para dizer aos actuais gafanhões que houve, como há ainda, gente nossa que soube singrar no mundo, em vários sectores da vida. Cheguei, na minha juventude, a ouvir discos deste músico gafanhão, em casa do casal Lázaro e Benilde (José Cravo era pai da Benilde), quando convivi com os seus filhos: Luís, que vive na Colômbia; José Augusto, que está na Venezuela; e Lázaro, já falecido, que foi um craque do futebol. A irmã destes, a Solange, vive na Gafanha da Nazaré. Quero sublinhar que o Luís foi grande jogador de futebol, mas emigrou aos 18 anos para a Colômbia, onde trabalhava seu pai. Se por cá se mantivesse, talvez ficasse conhecido, também, como excelente jogador. O José Augusto foi, que eu saiba, o único descendente de José Cravo Júnior a tocar acordeão, com alguma perfeição. Não sei se já o pôs de parte, ou se continua a arte do seu avô. Ficamos à espera de saber...
FM

Myanmar: o pesadelo continua!


Ontem, tive a oportunidade de escrever um texto sobre a situação de catástrofe natural que se abateu, há mais de oito dias, em Myanmar. Muito mais poderia ter sido acrescentado ao texto, mas o espaço é implacável, pelo que se procurou ir ao essencial.
Hoje, dia 13, ao ler o jornal “Expresso”, do passado dia 10 de Maio, deparo com uma pequena análise, com o título “Ninguém os prende?”, do jornalista Fernando Madrinha, sobre este acontecimento trágico, que passo a transcrever na íntegra:
“Primeiro dez mil, depois vinte mil, por fim cem mil. Talvez mais ainda. Ninguém sabe dizer ao certo qual o número de birmaneses mortos no ciclone do fim-de-semana, nem quantos milhões precisam de alimento para poderem sobreviver. Sabe-se, isso sim, que a junta militar que governa o país foi avisada pela Índia da aproximação dos ventos assassinos, mas nada fez para proteger as populações. Sabe-se que a primeira decisão que tomou foi mandar limpar as ruas onde moram os generais. E sabe-se agora que, depois de muitas hesitações e múltiplos entraves à ajuda humanitária, proibiu mesmo a entrada de um avião do Qatar. António Vitorino já perguntou na TSF e pergunta-se também aqui para que serve o Tribunal Penal Internacional. Só para julgar ditadores reformados, quando eles já são inofensivos?”
Segundo os dados mais recentes da Junta Militar, divulgados, ontem, à noite, pela televisão nacional birmanesa, 31.938 birmaneses morreram e 29.770 continuam desaparecidos, depois da passagem do ciclone Nargis.
Apesar de alguma abertura demonstrada pela Junta Militar, ao fim de uma semana da tragédia se ter registado, para receber ajuda internacional, o que levou que, ontem, fosse aceite alguma ajuda, a ONU e os EUA voltaram a pedir aos militares birmaneses para acelerarem os procedimentos necessários à entrada das organizações humanitárias no país. A ONU estima que entre 1,2 milhões a 1,9 milhões de pessoas estão dependentes de ajuda externa para sobreviver.

Vítor Amorim

Na Linha Da Utopia


Para uma cultura geral política

1. Estudos comparativos com a União Europeia dizem que, na generalidade, somos pouco dados à visão política como exercício diário da cidadania. A pouca participação e interesse verifica-se nas idades mais adultas, estando a fase etária das juventudes (18 aos 30 anos) já a caminho da generalidade dos países europeus. O alerta presidencial de há semanas também tem proporcionado esta reflexão fundamental sobre o necessário interesse de todos os cidadãos na vida social e na construção do bem comum. Esta tónica, da necessidade despertadora e estimulante, terá tendência crescente, pois que as formas de viver dominantes vão ampliando, pelo contrário, um certo afastamento do sentido de comunidade para outras visões de vida mais individuais (ou mesmo individualistas).
2. À preocupação sobre a necessária cultura geral, sobre a história, geografia, culturas e religiões, também deverá fazer parte a cultura política. Não uma visão política que se esgote nas linhas partidárias, mas a concepção de que cada pessoa no seu viver diário, exercita a noção do bem comum como tarefa. O desinteresse pela política detectado no estudo que esteve na base do discurso do presidente da República, e que tem sido objecto de análise e projecto nestes dias, não apresenta nada de substancialmente novo. Esse relativismo que conduz à indiferença é tendência das ditas sociedades de bem-estar. As motivações que outrora traziam consigo o rasgo da libertação, hoje pairam no ar das múltiplas concepções de liberdade e sociedade, onde muitas vezes a própria perspectiva básica de valores e princípios acaba por não ter lugar. Uma limitação de peso.
3. É na cultura, e numa cultura de quem se quer alimentar (como as raízes) todos os dias em valores com VALOR de facto, que estará a solução de muitas das grandes questões de que depende o futuro. Uma cultura geral aberta integra todas as visões da consciência de pertença. Talvez o grande adversário (ou como alguns gostam de dizer, «o inimigo») seja a ignorância. É dela que partem todos os preconceitos que erguem muros de divisão e todos caminhos de indignidade humana. Quem sabe, para termos cidadãos de pleno nome, cidadãos humanos, chegará altura de inventarmos uma cadeira de CULTURA GERAL, onde tenham lugar as grandes ideias do pensamento humano, do filosófico ao religioso, do científico ao político. Só conhecendo se pode apreciar e discernir o caminho! Desconhecer é o primeiro passo para a indiferença. Se esta vai crescendo temos de lhe dar o antídoto!...
4. Quantas decisões precipitadas no mundo partiram do desconhecimento da complexidade da realidade?! Não falamos só da guerra do Iraque… Sem os valores de profundidade que a CULTURA contém, o caminho é bem mais difícil ou senão fora da realidade. Quer as multiplicadas juventudes das linhas partidárias, quer para todos os cidadãos (que são) políticos, saber que muito mais há para saber conduz à sensibilidade da prudência… É por aqui!

Alexandre Cruz

APRENDO A REZAR COM OS PÉS

Peregrinos. Foto do Santuário de Fátima

Caminham em filas ao lado das estradas nacionais, por trilhos de terra batida, atravessando pequenos povoados que antes desconheciam, cruzando horas e horas a paisagem de giestas e silêncio. Têm em português um nome que deriva de uma forma latina: Per ager, que significa “através dos campos”; ou Per eger, “para lá das fronteiras”. Definem-se, assim, por uma extraterritorialidade simbólica que os faz, momentaneamente, viver sem cidade e sem morada. Experimentam uma espécie de nomadismo: não se demoram em parte alguma, comem ao sabor da própria jornada, dormem aqui e ali. Num tempo ferozmente cioso da produção e do consumo, eles são um elogio da frugalidade e do dom. Relativizam a prisão de comodismos, necessidades, fatalismos e desculpas. E o seu coração abre-se à revelação de um sentido maior.
A verdade é que é difícil ter uma vida interior de qualidade, se nem vida se tem, no atropelo de um quotidiano que devora tudo. Na saturação das imagens que nos são impostas, vamos perdendo a capacidade de ver. No excesso de informação e de palavra, esquecemos a arte de ouvir e comunicar vida. Damos por nós, e há, à nossa volta, um deserto sem resposta que cresce. E quando nos voltamos para Deus, parece que não sabemos rezar.
Estes peregrinos que tornam a encher as estradas de Fátima (mas também de Santiago, de Chartres, do Loreto…) assinalam-nos o dever de buscar a estrada luminosa da própria vida. Já não separam a existência por gavetas estanques, mas o seu corpo e a sua alma respiram em uníssono. A oração torna-se natural como uma conversa, e as conversas enchem-se de profundidade, de atenção, de sorrisos. A parte mais importante dos quilómetros que percorrem não está em nenhum mapa: eles caminham para um centro invisível onde pode acontecer o encontro e o renascimento.
Queria dedicar este texto a um amigo que, neste mês de Maio, fez a sua primeira peregrinação. A meio do caminho enviou-me uma mensagem a dizer: «Aprendo a rezar com os pés».

José Tolentino Mendonça

RECARDÃES COM HISTÓRIA E ARTE


Igreja matriz

Altar-mor

Cristo Crucificado

Nossa Senhora com o Menino

Cruzeiro do século XVII

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(Clicar nas fotos para ampliar)


No domingo estive algum tempo em Recardães. Já por lá tinha passado diversas vezes, com tarefas para realizar, mas desta feita senti-me mais livre, sobretudo para olhar, com mais atenção, a sua igreja matriz, dedicada a S. Miguel. Foi reconstruída no princípio do séc. XVIII, pelo que se trata de um templo mais antigo.
Recardães deve o seu nome ao rei Visigodo Recaredo, convertido ao catolicismo em 589, que terá sido Senhor destas terras. Mas sobre isto pode ler mais no Grupo Folclórico Etnográfico de Recardães. Há curiosidades históricas interessantes sobre esta povoação, que vem de tempos ancestrais, e que seria bom que todos conhecêssemos.
Gostei da igreja matriz, asseada e bem ornamentada, com sobriedade e cor para assinalar o Pentecostes. A arte e o bom gosto, com o antigo e o moderno de braço dado, convidam ao recolhimento e à oração. Também nos levam a retroceder no tempo, apreciando o que os nossos avoengos nos legaram, quando os recursos económicos e técnicos não eram avultados. E se depois olharmos, com olhos de ver, os azulejos e as imagens em altares de talha dourada, então posso garantir que vale a pena passar por Recardães. Ali se compreenderá melhor o dinamismo de uma freguesia, onde a sua paróquia contribui, de forma muito significativa, para o desenvolvimento espiritual, social e cultural, com o seu amplo e moderno Centro Social Paroquial, aberto a várias valências.
Quando regressei a casa, confesso que trouxe comigo, bem no íntimo, a imagem de Nossa Senhora com o Menino, uma preciosidade da escola coimbrã, provavelmente do século XV. E prometi a mim mesmo que hei-de voltar, como hei-de passar a olhar, com mais atenção, as terras pequenas por ando passo, frequentemente à espera de chegar depressa às grandes cidades. E não é que terras simples, de quem pouca gente fala, estão cheias de preciosidades, que importa apreciar e mostrar a toda a gente?

FM

PONTES DE ENCONTRO


Os intermináveis (re)encontros da fé

Há 41 anos, estava, pela primeira vez, na Cova da Iria. Tinha iniciado a minha adolescência não há muito tempo e a vontade em querer ir lá com os meus pais não era nenhuma. Preferia ficar na terra a brincar com os meus colegas. Mas ordens são ordens e lá tive que ir. Precisamente no ano que se celebrava o cinquentenário das aparições da Virgem Maria aos pastorinhos. Creio que só lá é que soube que o Papa Paulo VI iria estar presente nas cerimónias do dia 13 de Maio, do já longínquo ano de 1967. A experiência não foi boa: passei fome, frio e andei grande parte do tempo todo molhado, devido à chuva que caía incessantemente. Quando o carro preto, que transportava Paulo VI, passou a poucos metros de mim o meu entusiasmo foi nulo. Queria comer e mudar de roupa e tal não era possível. Foi como se tudo me tivesse passado ao lado ou, melhor, fui eu que passei ao lado de tudo.
Sentia que nada daquilo era para mim; não entendia porque estava ali. Em coisas de transcendência, na minha adolescência, as minhas relações eram com Deus e Jesus, pelo que algum contacto com a Senhora de Fátima não fazia sentido.
Mas o tempo, como medida de duração, transversal a toda a história humana, entrelaçado com o próprio ”tempo” de Deus, iria encarregar-se de me proporcionar uma outra perspectiva para o futuro, mas não naquele 13 de Maio de 1967.
Um futuro vivido, enquanto experiência humana, por uma intensidade sentida da fé pessoal, capaz de se sobrepor à dimensão cultural de uma época ou de uma família e de me dar a oportunidade de escolher e optar livre e conscientemente. Sem o saber, rejeitava, sem renegar, a fé por transmissão cultural ou por hábito tradicional, agarrando com todas as minhas energias a opção e a relação, feitas livre e conscientemente, por Aquele que eu entendia e me escutava, porque só Ele falava a linguagem própria da compreensão e das necessidades do adolescente que eu era.
Voltei para casa e Fátima ficou de lado, durante muitos anos. A minha fé, o meu acreditar, que me dava segurança e fortaleza e que brotava de uma relação pessoal e de reconhecimento, mesmo com a noção do profundo mistério que tudo isto envolvia, estava centrada em Jesus Cristo e no Deus Pai. O mistério de Deus fascinava-me.
Não era porque eu tivesse decidido alguma coisa, já que não se decide (compreendi-o, mais tarde) ter ou não ter fé. Antes pelo contrário: era a fé que me tinha tido a mim, enquanto acontecimento pessoal e de envolvimento na busca do saber e do entender, procurando afastar ou eliminar tudo o que fosse especulação no meu sentir e viver.
Ainda hoje me pergunto porque é que em Fátima, há 41 anos, não senti mais do que o vazio e a decepção e um tempo de solidão sem sentido.
Não sei responder, e, humildemente, acho que nunca saberei a resposta. Não se pode ir para além da própria natureza das coisas e o mistério insondável faz parte do percurso de toda esta construção e crescimento para que o acreditar e o confiar aconteçam.
Voltei à Cova da Iria, já depois de casado e com o natural conhecimento histórico dos seus principais acontecimentos. De novo, mas agora ali, a manifestação do acontecimento e da relação com o mistério ressoaram em mim e deram lugar a sentimentos de beleza, e a uma liberdade que fala e convida a fazer caminho, para uma nova descoberta daquilo que há-de ser sempre mistério e desafio interpelante.
A solidão, sentida a 13 de Maio 1967, tinha-se tornado num momento de (re)encontro com a “Senhora mais brilhante que o sol”, sem mágoas ou pieguices.
Abriu-se um novo horizonte, já que, por cada (re)encontro que se tem na vida, nada pode ficar na mesma e outro logo está à espera. De outro modo, para que serviria acreditar e confiar se fosse para ficar expectante ou conformado com o que já se tem?

Vítor Amorim

OBRIGADO JACINTA


Jacinta trouxe Zeca Afonso ao Aveirense

O público acorreu ao Teatro Aveirense para ouvir e ver Jacinta a cantar Zeca Afonso. Com sala cheia, o espectáculo terminou com toda a gente de pé e com uma grande salva de palmas. Foi bonito de se ver!
E também foi bonito Jacinta trazer-me à memória, e já lá vão alguns anos, a última presença do Zeca no Aveirense, quando várias instituições de Aveiro lhe prestaram uma homenagem, numa derradeira esperança de angariar verbas para o cantor da liberdade ir aos EUA tentar a cura para o mal que o minava………
Canções de amor, de revolta e de escárnio, foram cantadas pela Jacinta com a sua poderosa voz, acompanhada por dois músicos excepcionais, no piano e na bateria, mostrando como o Jazz pode ser entendido e admirado, quando cantado e tocado com amor e muito swing, mesmo em português.
E para terminar: Se metade do apoio que o Estado dá ao futebol profissional ou metade da verba que o mesmo Estado destina à compra de material bélico fosse encaminhado para ajudar os que fazem música em Portugal, como seria o nosso país?

Carlos Duarte

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Na Linha Da Utopia


À procura do Espírito ecuménico


1. O caminho ecuménico, da desejada unidade no essencial das Igrejas e das suas gentes e culturas, apresenta-se como tarefa exigente que vem percorrendo o tempo. Nos inícios do século XX essa expectativa acolhe impulsos e dinamismos, gerando-se um forte movimento ecuménico que visa a reunificação na pressuposta pluralidade das Igrejas Cristãs. As grandes divisões históricas são «escândalo» que enferma a autenticidade da persistente mensagem do fundador: «que todos sejam um como nós». Da primeira grande fractura, no séc. XI (ano 1054), a divisão ortodoxa mais por questões de linguagem e cultura, à segunda divisão no centro filosófico do ocidente com Martinho Lutero, a credibilidade do Cristianismo traz consigo difíceis feridas que foram gravadas nas duras controvérsias de intolerância religiosa do séc. XVI-XVII.
2. O séc. XX assinala uma vontade ecuménica sem precedentes, sendo o próprio Concílio Ecuménico Vaticano II (1962-1965) manifestação clara desta inédita abertura. O próprio tempo histórico de profundas transformações assim também o exigiu. Todavia, esta aprendizagem da unidade na diversidade continua a apresentar-se como caminho sinuoso. Lembre-se, em Janeiro de cada ano, a Semana Ecuménica (vinda dos inícios do séc. XX); destaque-se o esforço bíblico na tradução ecuménica das Escrituras e de quando em quando algumas notícias sobre documentos e acordos em determinadas perspectivas doutrinais, mas que poucas repercussões têm nas bases das comunidades. Para os estudiosos científicos das questões, ter «pressa» será ingenuidade não se podendo queimar etapas nesta complexidade filosófica e teológica; para quem está com os pés no mundo concreto é alarmante a passividade e a ausência de projecto ecuménico vivo, todos os meses, semanas, dias…
3. Nem ao mar nem à serra! Mas urge a tomada de consciência, mesmo com toda a cuidadosa prudência do mundo, de que os tempos privilegiados do Cristianismo deveriam, pelo menos anualmente, ter alguma referência ecuménica que oferecesse coerência intrínseca à Semana de Janeiro. Sente-se que as pernas da construção ecuménica ainda são mais um acentuar das particularidades do que a reconversão de todos ao Senhor da Unidade; e, por vezes, tem-se mesmo medo do diálogo como se ele representasse perca de identidade (das coisas acessórias) quando o diálogo, efectivamente, proporciona o necessário e confrontado aprofundamento do essencial. Se formos a levar as coisas até às últimas questões, se se diz que «o Espírito nos conduz à verdade plena» então como é possível, ainda, as solenidades do Natal, da Páscoa e do Pentecostes não serem inscritas nesse horizonte ecuménico? Não só nas bases, em todos os níveis…
4. Este passado domingo foi o acontecimento que representa o bilhete de identidade da Igreja. Dizia-se que em Jerusalém, toda aquela gente de todo o mundo, cada um ouvia falar na própria língua as maravilhas do Senhor. A unidade do Amor (que Deus é em Pessoa, até dar a vida) na diversidade das gentes, línguas e culturas. Tão interessante ser esta a origem (universalista) da Igreja! Mas esta matriz reconstrutiva não lida bem com a passividade que adia as oportunidades… O tempo não perdoará; retardar será bloquear o maior tesouro do céu (que pode ser essencial contributo para renovar a terra)!

DEVOÇÕES

Santuário de Fátima

Santuário de Santa Maria de Vagos

Santa Joana Princesa

Hoje, na região de Aveiro, convergem três devoções de grande significado para os católicos. Para os ditos praticantes e para os que gostam de se classificar como não praticantes. Ainda não percebi bem o porquê desta dicotomia, mas que ela existe, em conversas, lá isso existe. As três devoções a que me refiro são as celebrações do dia da Padroeira da cidade e diocese de Aveiro, Santa Joana, de Santa Maria de Vagos e de Nossa Senhora de Fátima. Nestes dois últimos casos, são as festas em honra da mesma Senhora. No primeiro, trata-se da beata Princesa Joana, cuja memória o povo de Aveiro gosta de manter viva no coração e na vida.
Para Fátima, a esta hora, ainda caminham, decerto, intermináveis filas de peregrinos, de todos os recantos de Portugal e do Mundo, em busca de um olhar materno da Mãe de Deus e nossa Mãe, de tantas alegrias e dores. Se calhar, mais das dores. Para Vagos, para o santuário que vem dos tempos do Rei Sancho, há tantos séculos, peregrinam os de Cantanhede, mas também os de toda esta região, para quem, a segunda-feira depois do Pentecostes, é dia de romaria, com promessas a cumprir e orações de súplica. Mais fervorosas, talvez, em épocas de fomes, de doenças, de necessidade do espiritual, que, com o trabalho e com as canseiras, fica um pouco esquecido, acabando, normalmente, por vir à tona, mais tarde ou mais cedo.
Com Santa Joana temos outra grande devoção, que se estende, curiosamente, a crentes e não crentes. Pelos meus diversos contactos com o povo aveirense, tenho constatado que a nossa Princesa está no coração de todos. Não há, presentemente, as romarias tradicionais, mas há um culto sentido pelas pessoas e partilhado por artistas de todos os quadrantes estéticos. Escreve-se continuamente sobre a padroeira da cidade e diocese. Ela consegue estar em todos os lados: na poesia, na história, nos discursos dos políticos, nas ruas, nas associações e grupos cívicos, nos estabelecimentos, nas ruas e praças, nas irmandades, nas paróquias… E não é tradição que os romeiros de Santiago por aqui passavam, a caminho de Compostela, unicamente para visitarem o túmulo da filha de D. Afonso V?
A quantos hoje e amanhã peregrinam à Nossa Senhora de Fátima e à Senhora de Vagos, a quantos em Aveiro participam nas festas de Santa Joana e se abeiram do seu túmulo ou participam na procissão e demais cerimónias, a quantos alimentam por estas formas a sua fé e a quantos apreciam a fé dos outros, os meus votos de que passem estes dias com alegria e paz.

FM

PRINCESA SANTA JOANA


Há cinco anos, de passagem por Viana do Castelo, visitei uma exposição de fotografias alusivas aos livros de leitura da antiga Instrução Primária. Depois de há tanto tempo os não ver, a observação de tais fotografias provocou-me um tal sentimento de nostalgia que culminou com a utilização da máquina fotográfica quando se me deparou a cena que ilustrava o texto sobre a Princesa Santa Joana. Algo aconchegador para quem se encontrava longe de casa. Atendendo à data aqui deixo a minha pequena contribuição para as festas em que Aveiro comemora o dia em que a sua Princesa, padroeira da cidade e diocese, morreu.

João Marçal

PONTES DE ENCONTRO


Myanmar: a tragédia e a falta de liberdade

Não existem boas nem más ditaduras, mas, simplesmente, apenas ditaduras.
E, como em qualquer ditadura, as liberdades, os direitos e garantias dos seus cidadãos não só não são garantidos como estes ainda estão sujeitos a todas as arbitrariedades próprias das ditaduras: perseguições, torturas, eliminação de adversários políticos, falta de expressão e pluralismo político e tudo o mais que se queira imaginar.
Vem isto a propósito do ciclone Nargis que, entre o passado dia 2 e 3, do corrente mês de Maio, devastou, com vento superiores a 200 quilómetros por hora, algumas áreas da Myanmar (antiga Birmânia), fazendo um número ainda não calculado de mortos, desaparecidos e desalojados.
Num primeiro balanço, as autoridades ditatoriais de Myanmar começaram por se referir a 10 mil mortos e três mil desaparecidos. Decorrida mais de uma semana, os números de vítimas não param de aumentar e, segundo dados da própria Junta Militar, que governa Myanmar desde 1962, no Domingo, dia 11, as vítimas passaram para 28.458 mortos e 33.416 desaparecidos.
Contudo, fontes ocidentais calculam que o número de mortos ultrapasse s 100.000, para além de 1,5 milhões de pessoas estarem desalojadas.
Seja como for, nada disto pode ser confirmado por fontes independentes, já que os militares têm colocado grandes obstáculos à entrada da ajuda internacional, nomeadamente à ONU e à Cruz Vermelha Internacional, apesar das fortes pressões das organizações de ajuda humanitária. Numa altura em que tanto se tem falado do problema da falta de alimentos no mundo custa a entender como existem regimes que rejeitam a ajuda alimentar, medicamentosa, água potável e de reconstrução aos seus cidadãos, vítimas desta catástrofe natural. Fazem-no em nome de quê?
Os militares invocam os interesses supremos da nação, a unidade e a independência, supostamente ameaçadas pelos conflitos que têm surgido entre os vários grupos étnicos que compõem a população do país, para se manterem no poder há 46 anos.
Em 1990, houve eleições, ganhas pelo partido de Aung San Suu Kyi, prémio Nobel da Paz, no ano de 1991, mas os seus resultados não foram reconhecidos pelos militares.
Entretanto, Aung San Suu Kyi passou quase 12 anos, destes últimos 18 anos, em prisão domiciliária.
Em Setembro e Outubro do ano passado, milhares de monges budistas (cerca de 90% de birmaneses são budistas) fizeram inúmeros protestos contra a falta de liberdade no país, do que resultaram mortos e prisões indeterminadas.
A Igreja Católica tem no país catorze dioceses, com um total de 635 mil fiéis e, no geral, os cristãos têm limitações severas de culto.
No passado sábado, dia 10, houve um referendo, para já só nas zonas não afectadas pelo ciclone, sobre a Constituição do país, que prevê eleições no ano de 2010, as primeiras a realizarem-se depois das de 1990.
Nestes últimos dias, têm surgido sinais de alguma abertura, por parte da Junta Militar, à entrada de alguma ajuda internacional, mas, mesmo assim, com muitas reticências, já que, autorizando a ajuda, esta só pode ser distribuída pelos militares birmaneses e nunca pelos funcionários ou voluntários dos organismos internacionais de auxílio.
Como em qualquer ditadura, a crueldade e a perversidade fazem parte da sua essência e esta não foge à regra. É próprio dos fracos, quando se querem fazer fortes!
Será que alguma vez a Comunidade Internacional vai julgar os seus responsáveis pelos crimes que têm cometido e continuarão, decerto, a cometer ou, mais tarde ou mais cedo, estes serão protegidos, como outros o são, para conveniência de alguém?
Vítor Amorim

Diáconos Permanentes de Aveiro celebram 20 anos de ordenação

D. António Francisco e Padre Georgino Rocha
TEMOS DE OLHAR MAIS PARA O FUTURO

Ontem, domingo, estive em Recardães, uma freguesia do concelho de Águeda. A celebração dos 20 anos de ordenação dos primeiros diáconos permanentes de Aveiro levou-me até lá. Para recordar essa data, mas também para estar com amigos que comungam dos mesmos ideais e acertam o passo na mesma caminhada. Foi muito bom sair dos meus espaços habituais para olhar outras paisagens de cores diversas que fogem das tonalidades marinhas.
Foi no dia de Pentecostes, de há 20 anos, que a diocese de Aveiro ofereceu à comunidade os primeiros diáconos permanentes dos tempos modernos. O ministério ordenado do diácono vem da Igreja primitiva, mas caiu em desuso há séculos. O Vaticano II restaurou-o, tendo chegado a Aveiro em 1988, quando foram ordenados os primeiros diáconos permanentes, por D. António Marcelino.
Depois desses, outro se lhes seguiram, como resposta às prioridades pastorais das comunidades humanas e dos serviços paroquiais e diocesanos. Um dos principais responsáveis pelo acompanhamento e formação dos diáconos permanentes, padre Georgino Rocha, lembrou neste encontro que devemos estar abertos a novas formas diaconais, apoiados, obviamente, nas experiências já vividas. Urge, acrescentou, apostar em respostas aos desafios da sociedade e da Igreja do presente, aceitando os alertas que o Espírito nos vai suscitando.
Em altura própria, o Bispo de Aveiro, D. António Francisco, frisou a alegria do momento, neste dia de Pentecostes e de vigília de Santa Joana, Padroeira da cidade e da diocese de Aveiro. Não esqueceu o diácono já falecido, Carlos Merendeiro, da Gafanha da Nazaré, lembrando que ele está sempre connosco. Contudo, connosco também devem estar, salientou D. António, aqueles a quem é preciso dar o alvoroço da vocação. Porque a Igreja tem de continuar a contar com a beleza deste ministério, que vem dos tempos apostólicos, e porque temos de olhar mais para o futuro, referiu o Bispo de Aveiro.
O encontro de ontem foi enriquecido com um trabalho multimédia organizado por Carlos Nunes, candidato ao diaconado permanente. A formação, a vida diaconal e testemunhos estiveram em foco na projecção apresentada no Centro Social de Recardães. As celebrações prosseguem no dia 22 de Maio, com a participação dos diáconos na eucaristia e procissão própria do Corpo de Deus, em Aveiro, e em 23 do mesmo mês, no Caramulo, com missa de acção de graças e visita ao Museu.
FM

domingo, 11 de maio de 2008

Sermões: o pecado do plágio

"Não é bonito copiar sermões, é mesmo desonesto, dizem uns. É melhor imitar uma homilia do que repetir discursos, dizem outros. Ouvimos sete padres e bispos portugueses sobre o plágio dos sermões. O melhor é mesmo fazer o trabalho de casa"
O PÚBLICO de hoje aborda um tema interessante. Quem havia de dizer que há padres que se limitam a plagiar os sermões de outros. pelos vistos, há. Leia no PÚBLICO online, 2.º caderno, página 4. O melhor, de facto, é cada celebrante pensar e dizer o que achar conveniente, sobre a Palavra de Deus, pelas suas próprias palavras. Plagiar é feio e é crime.

PORTO DE AVEIRO - 2

Silos de produtos para aquecimento
Madeira para exportação

Estilha e clinker, para exportação

Quem olha para o Porto de Aveiro tem de ver nele uma mais-valia para o desenvolvimento regional e até nacional. O porto serve de suporto significativo à indústria de transformação, e não só. Dentro da área portuária, tudo nos revela isso mesmo, com cargas, descargas e armazenamento dos mais diversos produtos, onde predomina, no dia da minha visita, a madeira e o ferro. Neste caso, o ferro já vem preparado para aplicação na construção civil. Há silos com produtos destinados ao aquecimento. Mas no armazém central, lá se encontravam boas toneladas de cereais, destinados às indústrias transformadoras.
Noutro espaços, no terminal de granéis sólidos não alimentares, apreciei o Clinker, que mais não é do que a base para o fabrico de cimento. E ao lado desse morro, presenciei outros de estilha de madeira, destinada à produção de aglomerados e pasta de papel. Todos estes produtos engrossam o volume das nossas exportações.Verifiquei que os granéis sólidos entravam nos navios, de porte significativo, através de gruas potentes e manejadas por gente treinada. Noutros terminais, apreciei a facilidade com que os camiões se aproximavam dos navios, onde entregavam ou recebiam ao mais variados materiais com destino às indústrias, tanto nacionais como estrangeiras.
Considerada a maior infra-estrutura de movimentação de carga geral do Norte do País, a partir do Porto de Aveiro é possível estabelecer ligações a múltiplos destinos e mercados. Desempenha, deste modo, um papel primordial no serviço dos diversos sectores da indústria, concretamente, da cerâmica, química, vitivinícola, metalúrgica, madeiras e derivados, agro-alimentar e construção.
FM

SEMANA DA VIDA


"A Semana da Vida pode ser, sem dúvida, uma ocasião privilegiada de crescimento das comunidades e famílias cristãs, e de afirmação pública da Vida como dom de Deus." Assim diz, com oportunidade, agora mais do que nunca, o Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar de Aveiro, a propósito da Semana da Vida, que hoje se inicia. É, pois, uma boa ocasião para se reflectir sobre o tema que a Igreja nos propõe para esta semana.
NB: Clicar no cartaz para ampliar

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