sexta-feira, 30 de março de 2018

ENCONTRO FELIZ COM O SENHOR RESSUSCITADO

Reflexão de Georgino Rocha


Maria virou-se e viu Jesus


É manhãzinha. Maria Madalena está sentada à beira do túmulo de José de Arimateia. Tinha ido, com outras mulheres, ultimar o ritual de despedida que se fazia a pessoas de bem. A surpresa apanha-a em cheio. O coração havia ficado preso a sexta-feira “de trevas”, sobretudo ao enterro de Jesus, de que fora testemunha. Agora, a pedra de entrada tinha sido removida, o sudário arrumado e dobrado o lençol. Dir-se-ia que tudo estava disposto com o cuidado de quem termina a missão recebida. Surgia o vazio com toda a sua eloquência, a ausência com todo o seu enigma a suscitar dúvidas, a levantar interrogações. As lágrimas da saudade intensificam-se com hipóteses de desrespeito, de profanação, de rouba. Olhava para o chão e estava cheia de medo, diz o texto de Lucas, pois “dois homens, com roupas brilhantes, pararam perto delas e disseram: Porque procurais entre os mortos Aquele que está vivo? Ressuscitou”. (Lc 24, 1-12; Jo 20, 1-9).
“A manhã desse primeiro da semana, explica a Bíblia Pastoral em nota de rodapé, marca a transformação radical na compreensão e respeito do homem e da vida. O projecto vivido por Jesus não é caminho para a morte, mas caminho aprovado por Deus que, através da morte, conduz à vida. Doravante, o encontro com Jesus realiza-se no momento em que os homens se dispõem a anunciar o coração da fé cristã”.

quinta-feira, 29 de março de 2018

O DISCERNIMENTO É ESSENCIAL PARA O CRESCIMENTO ESPIRITUAL

Bênção dos Santos Óleos

Citando o decreto do Concílio Vaticano II sobre o Ministério e a Vida dos sacerdotes, o Bispo de Aveiro, António Moiteiro, lembrou hoje, Quinta-Feira Santa, na homilia da Missa Crismal, na Sé de Aveiro, às 10 horas, que os presbíteros devem viver entre os homens como bons pastores  que conhecem  as suas ovelhas,  procurando «trazer aquelas que não pertencem a este redil, para que também elas oiçam a voz de Cristo e haja um só rebanho e um só pastor».
O Bispo de Aveiro falou sobre o dom da vocação presbiteral, salientando que nesta Quinta-Feira Santa «revemos a nossa identidade, as nossas dificuldades e possibilidades», tendo acrescentado que «a vida do padre está sujeita a muitas contradições na sociedade em que vivemos, mesmo nas comunidades cristãs onde exercemos o nosso ministério». «Somos vistos como pessoas solitárias, muitas vezes alheados das preocupações do mundo de hoje, ou então construímos um estilo de vida bastante individual e pouco comunitário», disse.
Ao responder à questão que colocou a si próprio e aos presentes, sobre como e onde «buscar forças para sermos sal que dê sabor e luz que ilumine tantos dos nossos irmãos que andam afastados do projeto que Deus tem para a humanidade», o nosso bispo, dirigindo-se mais concretamente aos presbíteros e diáconos, frisou a importância da dimensão humana, «que deve estar muito presente na nossa vida e na relação com os nossos irmãos». Destacou a necessidade de todos cultivarem «o trato amável», sendo «autênticos, leais, interiormente livres, afetivamente estáveis» e, ainda, capazes de todos se dedicarem aos outros,  «com a alegria de sermos amados por Deus». 
António Moiteiro falou da dimensão espiritual, «a qual nunca se pode dar por adquirida», tendo em conta que «a consciência da nossa identidade presbiteral não se mede por aquilo que fazemos, nem pelo modo como organizamos a vida das nossas paróquias, mas sim em sermos discípulos verdadeiramente enamorados do Senhor, cuja vida e ministério se fundam na íntima relação com Deus e na configuração a Cristo, o Bom Pastor». 
Disse que o cristão deve «abrir o coração às sugestões interiores do Espírito, que convida a ler em profundidade os desígnios da Providência», sem esquecer que «o discernimento é essencial para a maturidade e o crescimento espiritual». 

Fernando Martins

terça-feira, 27 de março de 2018

VITORINO NEMÉSIO - PRECE



PRECE 

Meu Deus, aqui me tens aflito e retirado,
Como quem deixa à porta o saco para o pão.
Enche-o do que quiseres. Estou firme e preparado.
O que for, assim seja, à tua mão.
Tua vontade se faça, a minha não.

Senhor, abre ainda mais meu lado ardente,
Do flanco de teu Filho copiado.
Corre água, tempo e pus no sangue quente:
Outro bem não me é dado.
Tudo e sempre assim seja,
E não o que a alma tíbia só deseja.

Se te pedir piedade, dá-me lume a comer,
Que com pontas de fogo o podre se adormenta.
O teu perdão de Pai ainda não pode ser,
Mas lembre-te que é fraca a alma que aguenta:
Se é possível, desvia o fel do vaso:
Se não é beberei. Não faças caso.

Vitorino Nemésio


Li aqui 

A BELEZA DO NOSSO MAR E DA NOSSA LAGUNA







A beleza do nosso mar e da nossa laguna fazem-me sentir outro. As águas, ora um pouco agitadas, as do oceano, ora serenas, as da ria, como espelhos do céu, entram-nos na alma e dão lugar à imaginação reconfortante. Depois do almoço, andei por ali com um amigo a conversar. Ouvidos nas palavras, atenção nas conversas e olhos nos horizontes. O dia era para isto e o tempo até se mostrou cúmplice da nossa ânsia de primavera. 
Pessoalmente, fiquei agradecido a Deus pela tranquilidade que interiorizei, fixado na paisagem marítima e lagunar, com ondas de espumas brancas, segundo a segundo renovadas, e na aragem a emoldurar tudo e todos, num remanso inspirador de novos desafios para os tempos que aí vêm. E prometi voltar… que a vida tem de ser continuamente uma ressurreição da harmonia contagiante para chegarmos aos que nos estão próximos.

BISPO DE AVEIRO EVOCA D. ANTÓNIO DOS SANTOS

O bispo de Aveiro afirmou que D. António dos Santos 
viveu uma vida “simples e austera” 
ao longo de uma “extensa atividade apostólica”

D. António Santos

«O bispo de Aveiro afirmou que D. António dos Santos, que faleceu esta segunda-feira, viveu uma vida “simples e austera” ao longo de uma “extensa atividade apostólica”, assumindo como “causa de primeira importância na Igreja” as vocações
D. António dos Santos era natural da Diocese de Aveiro e foi bispo da Guarda durante 25 anos, tendo ordenado sacerdote o atual bispo de Aveiro, D. António Moiteiro.
“Viveu uma vida simples e austera, e para aqueles que o conhecemos mais de perto fica a sua amizade, o seu zelo de pastor e a espiritualidade profunda que transmitia a todos nós”, afirmou D. António Moiteiro.
Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o bispo de Aveiro refere a “extensa atividade apostólica” de D. António dos Santos, em Aveiro e na Guarda, destacando “o seu amor às vocações sacerdotais e de consagração”
D. António Moiteiro lembra que D. António dos Santos apelava “constantemente” às comunidades cristãs a “darem as mãos” na oração pelas vocações, uma “causa de primeira importância na Igreja”.
“Ainda estou a ouvi-lo pedir às paróquias o seu compromisso por esta causa e a cadeia de orações que ele intensificou na Diocese. Afirmava, no momento das ordenações, que os maiores benfeitores da Diocese eram as famílias que davam o melhor que tinham, isto é, os seus filhos”, referiu.»

Ler mais aqui 

NOTA: Conheci D. António dos Santos desde o tempo em que foi prior de São Salvador, Ílhavo, e dele guardo gratas recordações assentes numa dedicação à Igreja sem limites e numa humildade cativante. Depois, como Bispo Auxiliar de Aveiro, soube estar à altura de colaborar com entusiasmo com D. Manuel de Almeida Trindade. Seguiu para a Guarda e quando nos encontrávamos dirigia-me naturalmente palavras amigas, de onde sobressaía a simplicidade e a amizade do seu coração. 
Que Deus o receba com muita ternura. 

segunda-feira, 26 de março de 2018

POLÍCIA DE RENDIMENTOS E INTERESSES DOS POLÍTICOS



«O Parlamento vai criar um organismo que funcionará como uma espécie de polícia dos rendimentos e interesses dos políticos e detentores de altos cargos públicos.
A iniciativa, que originalmente pertence ao Bloco de Esquerda, decorrerá no âmbito da comissão eventual para o reforço da transparência no exercício de funções públicas (CERTEFP). Segundo o DN apurou, há maioria (pelo menos à esquerda) para aprovar a proposta bloquista.»

Ler mais no  Diário de Notícias 

NOTA: Ora aqui está uma boa forma de levar os nossos políticos e outros responsáveis de cargos públicos a cuidarem da sua honorabilidade. Eu sei, todos sabemos, que há políticos honestos e incapazes de cometerem crimes da ordem do peculato e semelhantes, levando-os a enriquecerem por vezes de forma escandalosa. Também sei que numa sociedade democrática não devia ser preciso haver "polícias" para vigiarem os rendimentos dos políticos, os tais servidores do povo e do governo da pólis, mas a verdade, infelizmente, é que a desonestidade campeia por aí. 

ÍLHAVO - FERIADO MUNICIPAL


CMI assume obras no complexo desportivo

Campo de treinos no Complexo Desportivo da Gafanha da Nazaré

A Câmara Municipal de Ílhavo (CMI) assinou, na passada sexta-feira, 23 de março, um contrato programa com o Grupo Desportivo da Gafanha (GDG) e a Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, proprietária do Complexo Desportivo, válido até 31 de dezembro de 2019, no respeito pela Lei de Bases da Atividade Física e do Desporto. 
Na cerimónia de assinatura do contrato, que decorreu nas instalações do Complexo Desportivo da Gafanha da Nazaré, o presidente CMI, Fernando Caçoilo, destacou o importante passo que foi dado para a requalificação, com o apoio da autarquia, do Parque Desportivo do GDG, através do levantamento das infraestruturas existentes, promovendo «o estímulo à prática desportiva, principalmente dos mais jovens, com condições dignas e atrativas». 
Este acordo tripartido, entre a CMI, como investidora, a Junta de Freguesia, como titular do complexo, e o GDG, como associação desportiva que diretamente usufrui do Parque Desportivo, reflete a importância da política desportiva e do apoio ao associativismo, promovidos pela autarquia, como alavanca do desenvolvimento das comunidades e do bem-estar dos cidadãos. 
As obras previstas, requalificação da bancada e balneários, instalações sociais e áreas envolventes do Complexo Desportivo, devem ficar concluídas até finais de 2019. 

F.M. 

Fonte: CMI

domingo, 25 de março de 2018

AINDA A QUESTÃO DA MUDANÇA DE HORA

Crónica de Miguel Esteves Cardoso 
no PÚBLICO

Larguem-me as horas

Quando é que deixarão as horas em paz? 
Quando é que será crime manipular assim o nosso querido tempo, 
já de si tão excessivamente curto e comprido como é?

Costumo deitar-me à 1h e meia da manhã. Senti-me roubado quando a hora avançou automaticamente da 1h para as 2h da manhã. E agora? O que é que aconteceu à 1h e meia? A Maria João diz que passou para as 2h e meia. E as 2h e meia? Passaram para as 3h e meia. Mas isso não pode continuar assim.
Fico acordado até às 2h e meia mas é tarde demais para dormir. O meu organismo foi enganado: pensa que eu vou fazer uma directa.

Ler mais aqui 

Jaime Borges no Museu de Santa Joana


JERUSALÉM, SÍMBOLO DA GUERRA OU DA PAZ?

Frei Bento Domingues 

Bento Domingues

1. Nunca fui a Jerusalém. Um grande amigo que lá viveu 45 anos e lá morreu, Frei Francolino Gonçalves, nunca tentou convencer-me de que essa seria a peregrinação indispensável. Se não pudesse dispor pelo menos de um mês para observar e estudar as suas loucuras e contradições, era melhor não pôr lá os pés. Lamentava que as "peregrinações paroquiais" se esquecessem de visitar e apoiar as comunidades cristãs vivas, de língua árabe, e se fixassem apenas em pedras e lugares sagrados da memória, resgatados pela arqueologia.
Li narrativas, reportagens e obras sobre a chamada Terra Santa e os seus lugares de importância diferente para judeus, cristãos e muçulmanos.
Sei que o conhecimento directo da geografia dos acontecimentos bíblicos, históricos ou lendários, pode ajudar a imaginação de um leitor da Bíblia. Não consigo, porém, entrar na ideologia dos lugares sagrados ou santos. Esta facilmente resvala para a idolatria e para a magia. Um bom negócio, em todo o mundo, contra o qual o próprio Jesus se insurgiu. Sagradas são as pessoas de todos os povos e culturas. Nem acho graça nenhuma que um povo, seja ele qual for, se possa chamar povo de Deus, como um privilégio. Os outros povos de quem são?
Jesus teve um encontro inesperado com uma Samaritana. Um encontro fantástico. Entre outras questões, ela procurou tirar a limpo a dos lugares sagrados: os nossos pais adoraram neste Monte (Garizim), mas vós dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar. Jesus, depois de muitas considerações, concluiu: Vem a hora — e é agora — em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; pois tais são os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade [1]. Deus não está preso a nenhum lugar.

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