Cãezinhos |
Vendedora |
Como é típico nos portugueses muito apressados (!?) se não vier um carro próximo, olha-se para ambos os lados da via e atravessa-se mesmo com o sinal vermelho. Confesso, mea culpa, que faço parte deste grupo transgressor.
O jovem senhor que partilha deste mau comportamento, aventurou-se como eu, a atravessar com sinal vermelho, tomando-me até a dianteira. A senhora que ficara no início da passadeira, aguardando o momento de passar, exclama com reprovação “Olha que exemplo estás a dar aos cães!
Sorri, complacente e prossegui viagem, em direção ao quartel da GNR, não para fazer nenhuma denúncia, apenas de passagem...
Nesse percurso, junto À Oficina da Saúde, cruzo-me com um grupo de três pessoas, um deles um cavalheiro, bem-trajado e engravatado, (parecia uma testemunha de Jeová!) e apanhei de relance “Um homem quando se ajoelha, fica reduzido a um terço da sua estatura!” “um terço?”, contesta uma interlocutora. “Ah...a dois terços, vistas bem as coisas”....Ouvi, curiosa e prossegui a matutar naquilo “Um homem fica diminuído?”
Pela Rua do Carmo abaixo, circunspecta, avisto uma banca de uns vendedores ambulantes que se haviam instalado próximo da igreja do Carmo, com uma variedade de doces sortidos.
Um casal de vendedores que se postava atrás da mesa, ouvia atentamente uma senhora que exclamava em tom histriónico “Foi um ótimo marido, um bom pai...tudo o que uma mulher espera de um homem...” “Sim?” perguntou a vendedora, com curiosidade. “Ah...mas eu também fui uma mulher à altura! Cumpri o meu papel de esposa e mãe. Tinha a casa sempre num brinquinho, fazia-lhe os petiscos que ele mais apreciava...e acompanhava-o para todo o lado...nunca o deixei ficar mal!” proferia a mulher, acaloradamente.
“Afinal, ainda há homens perfeitos (!?) sim...mas por detrás de um grande homem, há sempre uma grande mulher!” cogitei eu.
E, assim, num pequeno percurso, apanhei estes pequenos fragmentos de conversa que formam os episódios, capítulos, do romance das nossas vidas.
06.04.2019
MaDonA