domingo, 10 de março de 2019

Figuras típicas da nossa terra

Ascêncio de Freitas
Cada terra tem as suas figuras típicas e a Gafanha da Nazaré não foge à regra. Da minha memória saltam-me muitas, mas tenho muitas dificuldades de falar delas com receio de magoar alguém. Ficam em banho-maria. Porquê? 
Há anos transcrevi, para um jornal, um texto do escritor Ascêncio de Freitas, no qual  o consagrado escritor, gafanhão, mas há bastante tempo radicado fora da terra, depois de muitos anos em Moçambique, usou um apelido/alcunha bem conhecido entre nós para retratar uma figura com gosto por uns copitos. Quis, tão-só, mostrar à nossa gente que havia um escritor gafanhão que figurava em antologias moçambicanas, começando a ser mais notado em Portugal como ficcionista. 
Ora, esse meu gesto não foi bem compreendido por pessoas que tinham o mesmo apelido/alcunha, mesmo depois de eu explicar que o autor havia saído para Moçambique e que, decerto, levara no seu inconsciente nomes, apelidos e alcunhas. 
Tive de mostrar o livro, mas nem assim terão ficado convencidos. Confesso que não sei se Ascêncio de Freitas alguma vez foi incomodado por isso, mas comigo aconteceu o que acabo de relatar.

FM 

sexta-feira, 8 de março de 2019

Anselmo Borges - Se as mulheres na Igreja fizessem greve?

Anselmo Borges 
«Também na Igreja, as mulheres estão em processo de emancipação e querem e lutam por libertação, contra a opressão»

1. Hoje, dia 8 de Março, é o Dia Internacional da Mulher. Mas dias da mulher são todos. Da mulher e do homem. Porque só com homens e mulheres, iguais e diferentes, há humanidade e futuro. Diferentes, mas com dignidade e direitos iguais. Só porque ainda se não reconhece ou, pelo menos, não suficientemente, essa igualdade de dignidade e direitos, é que é necessário haver o Dia da Mulher. 
Também na Igreja, não existe, desgraçadamente, esse reconhecimento. O próprio Papa Francisco, recentemente, depois de declarar que o preocupa que continue a persistir “uma certa mentalidade machista, inclusive nas sociedades mais avançadas, nas quais há actos de violência contra a mulher, convertendo-a em objecto de maus tratos, de tráfico e de lucro” (pergunto: saberá ele que em Portugal neste ano de 2019 já houve 12 mulheres assassinadas em contexto de violência doméstica?), disse: “Preocupa-me igualmente que, na própria Igreja, o papel de serviço a que todo o cristão está chamado deslize algumas vezes, no caso da mulher, para papéis que são mais de servidão do que de verdadeiro serviço.” 
A gente pasma ao constatar que esta situação de subalternização e exploração continue, pois Jesus manifestou claramente a igualdade. Contra o que se via e praticava no seu tempo, teve, com escândalo de muitos, discípulos e discípulas — pense-se nos amigos íntimos Lázaro, Marta e Maria; pense-se na samaritana, a quem, apesar de estrangeira, herética, pecadora, se revelou como o Messias; pense-se em Maria Madalena, por quem teve uma predilecção especial e que, após a crucifixão, foi a primeira a fazer a experiência avassaladora de fé de que o Jesus crucificado está vivo em Deus e voltou a reunir os discípulos para que fossem anunciar a Boa Nova do Evangelho, de tal modo que até Santo Agostinho a chamará “Apóstola dos Apóstolos”... 
Foi através de Jesus que veio ao mundo a ideia e a realidade da dignidade da pessoa e de que todos têm a dignidade de pessoa, com direitos divinos, respeitados pelo próprio Deus, que é Pai e Mãe de todos. Nesta consciência, São Paulo escreverá aos Gálatas: “Em Cristo, já não há homem nem mulher, judeu ou grego, escravo ou livre”. E na Carta aos Romanos menciona Júnia, “ilustre entre os Apóstolos”. 

Dia Internacional da Mulher para lançar novos desafios

Já não é sem tempo... 
em dois mil anos de civilização cristã 


Em princípio, nada tenho contra os Dias Mundiais ou Internacionais. No mínimo, eles servem para chamar a atenção, levando-nos a refletir sobre  a importância de pessoas, factos, propostas e projetos, ideias e sonhos, desafios e efemérides. 
O Dia Internacional da Mulher, contudo, revela à saciedade que as mulheres continuam, nas civilizações conhecidas, antigas e atuais,  numa situação de menoridade social, profissional, religiosa e cívica. Por mais que lutem, por mais que mostrem, claramente, que em nada são inferiores aos homens, em qualquer campo, elas sofrem, na grande maioria dos casos, uma discriminação ridícula e injusta. 
É certo que as mulheres já ocupam cargos e funções onde a condição do género não encontra obstáculos. Mas também é verdade que aos lugares de topo, sobretudo nas atividades privadas, raramente conseguem chegar ao cimo das responsabilidades plenas. Os homens, por norma, não encontram essas dificuldades no confronto com as mulheres. Ficam imensas vezes à frente, simplesmente por serem homens 
As mulheres estão em maioria nas universidades, nas escolas, nos serviços de saúde. As mulheres estão em maioria nas Igrejas, nas missões, no voluntariado social e nos trabalhos que exigem habilidade manual e capacidades específicas. As mulheres estão no desporto, na investigação, nas artes e na cultura, na políticas e nas lutas por num mundo mais justo, mas permanecem na posição secundária quanto aos salários.
As mulheres mantêm, no dia a dia, duas profissões, a que lhes paga um ordenado e a que elas têm de desenvolver na educação dos filhos e na lida da casa, frequentemente com a indiferença dos maridos. 
As mulheres, que são a maioria nas Igrejas, também merecem mais responsabilidades e mais atenção. E nessa linha, o Papa Francisco não se cansa de as convocar para tarefas que exigem a sua sensibilidade e saber, a sua experiência e competência, na esperança, decerto, de que novas mentalidades surjam no seio das comunidades cristãs. 
As mulheres não estão tanto na política, quanto seria de desejar, para humanizarem, com a sua intuição, as leis que nos regem. Mas ainda estão na educação dos filhos, na solidariedade e na disponibilidade, onde mostram a riqueza do seu sexto sentido e a importância de ocuparem o espaço a que têm direito nas sociedades contemporâneas. O mundo precisa de olhar para as mulheres, fundamentais na construção de uma sociedade mais fraterna. Já não é sem tempo, em dois mil anos de civilização cristã, 

Fernando Martins

Georgino Rocha: Jesus, tentado, defende a humanidade

"A tentação do pão fácil e abundante acompanha a história da humanidade. E dá origem aos mais diversos conflitos e calamidades, deixando em aberto a urgência gritante de cuidar da terra, de organizar o trabalho, de promover políticas adequadas."

“Tu és o Meu Filho Amado”, proclama a voz vinda do Céu, enquanto Jesus estava a rezar após o baptismo. Simultaneamente, outros sinais se manifestam a anunciar a identidade do recém-baptizado. Humano, entre os humanos, é-lhe reconhecida a sua realidade divina, a de Filho Amado em Quem o Pai se revê e compraz. Integralmente humano é simultaneamente integralmente divino e totalmente possuído pelo Espírito Santo. Vive em si esta união, sem renunciar a nada que lhe é singular. Por isso, vai enfrentar duras provações ao longo a vida, que São Lucas condensa no relato que, hoje, proclamamos (Lc 4, 1-13) e narra de forma bela e simbólica.
A tentação de Jesus tem várias faces, mas é sempre a mesma: Realizar a sua missão, fugindo da normalidade da vida, recorrendo a meios diferentes dos que assume por opção livre. Faces que o deserto da vida manifesta em oportunidades provocatórias, que o evangelista relator, designa por Diabo ou seja por aquele que divide e separa.

João de Deus nasceu neste dia


Primeiro Amor

Ó Mãe... de minha mãe!
Explica-me o segredo
Que eu mesmo a Deus sem medo
Não ia confessar:
Aquele seu olhar
Persegue-me, e receio,
Pressinto no meu seio
Ergue-se-me outro altar!

Eu em o vendo aspiro
Um ar mais puro, e tremo...
Não sei que abismo temo
Ou que inefável bem...
Oh! e como eu suspiro
Em êxtase o seu nome!...
Que enigma me consome,
Ó Mãe de minha mãe!

João de Deus, 
in 'Campo de Flores'

quarta-feira, 6 de março de 2019

Câmara de Ílhavo apoia o Grupo Desportivo da Gafanha

Assim começam os craques
A Câmara Municipal de Ílhavo atribuiu um subsídio de 109 mil euros ao Grupo Desportivo da Gafanha para a época de 2018-2019, considerando que o clube acolhe 650 atletas em todas as suas modalidades, em especial no Atletismo, Basquetebol, Futebol e Futsal. O subsídio ainda se destina à recuperação da imagem e reestruturação da agremiação, bem como à formação de atletas das diversas faixas etárias.
Tenho para mim que poucos gafanhões terão conhecimento da dimensão do GDG, presentemente com 650 atletas nas diversas secções, o que significa um número elevado de famílias apoiadas na educação dos seus filhos. São atletas que necessitam de treinadores, professores de educação física, massagistas e demais colaboradores, bem como de espaços, campos, sanitários, balneários e equipamentos.  Por  tudo isso, o GDG merece o nosso apoio e aplauso pelo que faz, independentemente dos êxitos ou alguns deslizes, que perder e ganhar é tudo desporto.
Uma saudação para os dirigentes que, voluntariamente, dão o melhor de si ao clube.

FM 

Frutuosa Quaresma para todos


São 10 horas de uma manhã fria e chuvosa. Vai ser assim, mais ou menos, uns dias seguidos. Acabei de chegar ao meu sótão, espaço de tantas cumplicidades com o silêncio que tanto aprecio. É certo que não posso viver no silêncio toda a vida, que o convívio é fundamental na existência. Porém, em cada dia descortino sempre um tempinho para o encontro pessoal com Deus, que nos dá o privilégio da liberdade e das opções. 
A Quaresma tem sido, desde que me conheço como ser pensante e atuante, um mistério que me envolve e embala até à chegada da ressurreição de Jesus, ponto alto e único da nossa fé. Sem essa caminhada de busca,  dificilmente chegaria ao cimo da montanha, de onde se desfrutam horizontes de redenção tornada fraternidade universal. 
Que nesta Quaresma eu consiga fugir um pouco do barulho ensurdecedor das futilidades e ambições desmedidas e tantas vezes mesquinhas. O mesmo desejo aos meus amigos... 
Frutuosa Quaresma para todos. 

Fernando Martins

segunda-feira, 4 de março de 2019

Anselmo Borges: Revolução copernicana na Igreja

Anselmo Borges
1. Foi uma verdadeira revolução copernicana. Com Copérnico, ficámos a saber que não é o Sol que gira à volta da Terra, é a Terra que gira à volta do Sol. Com a Cimeira no Vaticano, de 21 a 24 de Fevereiro passado, para se tomar consciência da monstruosidade da pedofilia na Igreja e pôr-lhe termo, convocada, num gesto inédito, corajoso e histórico, que se impunha, do Papa Francisco, ficámos a saber que, de agora em diante, o centro não continuará a ser ocupado pela Igreja enquanto instituição, mas pelas vítimas, que serão defendidas com toda a seriedade. 
No encerramento, perante os 190 participantes, entre os quais 114 Presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo, membros da Cúria, superiores e superioras gerais de ordens e congregações religiosas, peritos e alguns leigos, Francisco, num discurso histórico, muito bem elaborado e com dados arrepiantes sobre o abuso físico e psicológico de menores e adultos vulneráveis não só dentro da Igreja mas transversalmente na sociedade global, incluindo as famílias e outras instituições (nesta abrangência, as vítimas são muitos milhões), comprometeu-se a que a Igreja “não se cansará de fazer tudo o que é necessário para levar à justiça seja quem for que tenha cometido abusos de tipo sexual” e que nunca “tentará encobrir ou subestimar nenhum caso”. 
Perante o horror da pedofilia, afirmou que ela lhe fazia lembrar “a prática religiosa cruel, difundida no passado em algumas culturas, de oferecer seres humanos (muitas vezes crianças) como sacrifício às divindades nos ritos pagãos”. Perante a “monstruosidade da pedofilia” na Igreja, assegurou: “Quero reafirmar com clareza: se na Igreja se descobrir nem que seja um único caso (que representa em si mesmo uma monstruosidade), esse caso será enfrentado com a máxima seriedade”. Prova inequívoca disso foi, ainda antes da Cimeira, a redução ao estado laical do ex-cardeal norte-americano Theodore McCarrick, e, depois, no passado dia 26, a sanção imposta ao cardeal australiano George Pell, a terceira figura do topo da Igreja, ex-superministro das finanças do Vaticano, condenado por abuso sexual de menores: enquanto decorre o recurso nos tribunais, está suspenso e impedido de contactar, seja de que modo for, com menores. 

Engenharia do povo na ria de Aveiro



No século XXI, o que estamos a viver, a Ria de Aveiro tem marinas e clubes náuticos capazes de dar guarida às mais diversas embarcações de trabalho e de recreio das gentes das Gafanhas, Ílhavo, Aveiro e demais vilas e aldeias da zona lagunar, de encantos por vezes paradisíacos. Sublinhamos o vocábulo paradisíaco para que se medite sobre a beleza deste recanto que atrai turistas dos mais variados quadrantes, sem que nos demos conta da riqueza paisagística que nos envolve e nos embala. 
Hoje, porém, vamos fixar-nos num pormenor que nunca deixou de nos fascinar. Referimo-nos, concretamente, aos ancoradouros feitos pela povo que se diverte ou trabalha na ria e que necessita de condições adequadas para dar descanso aos seus barcos durante o dia ou à noite. Ancoradouros que foram e são resposta à falta de estruturas suficientes com esse objetivo. 
O povo, com a sua ancestral habilidade, contorna dificuldades e resolve problemas que, frequentemente,  se perpetuam no tempo à falta de melhor. Foi sempre assim e assim há de continuar, até que as entidades competentes criem melhores condições para ajudar os pescadores, e não só. 
Nós sabemos, todos sabemos, que as autoridades não terão capacidade nem meios para construir ancoradouros à medida ou à porta de cada um, mas também é verdade que os pescadores e proprietários de barcos não podem guardar os barcos longe das suas casas ou nas marinas que, julgamos nós, cobram preços nem sempre acessíveis. Daí, esta determinação dos povos lagunares em resolver os problemas à sua maneira. 

Fernando Martins

domingo, 3 de março de 2019

Bento Domingues: Vita Mutatur Non Tollitur (1)

Frei Bento Domingues

"O importante não é saber se o Papa vai vencer ou vai ser derrotado, mas se vamos ter ou não quem se apaixone pela paixão do Nazareno"


1. Para o filósofo L. Wittgenstein, acreditar em Deus significa reconhecer que a vida tem sentido. Hoje, vivemos obcecados pelo futuro que a ascensão da inteligência artificial e a biotecnologia nos desenham. O filósofo tem uma observação que, segundo me parece, conserva toda a pertinência: "sentimos que, mesmo que todas as possíveis questões científicas obtivessem resposta, os nossos problemas vitais não teriam ainda sido sequer tocados".
Concelebro, muitas vezes, a Eucaristia. Para mim, não é uma rotina devocional nem uma obrigação. Implica uma comunidade agradecida por acreditar que a morte não é a última palavra sobre o itinerário de uma existência humana. Essa convicção não é da ordem da razão, não é a conclusão de qualquer elaboração científica. Muitos chamam-lhe “fé na ressurreição”. São tantos os equívocos acerca do uso dessa palavra que não insisto muito nela.
Jesus Cristo teve um percurso breve, atribulado e que terminou cravado numa cruz, a morte mais cruel da antiguidade. Não morreu, foi assassinado mediante um julgamento iníquo. Sentiu-se abandonado pelo céu e pela terra e, sobretudo, sentiu o fracasso da sua luta. No entanto, teve folgo para perdoar aos autores da sua morte e para prometer o paraíso a um companheiro de infortúnio. Foi morto, mas, se estivermos atentos às narrativas da Paixão, a sua morte ia carregada com a vida de todos, com esperança para os próprios inimigos. Queixando-se do abandono de Deus, foi nas Suas mãos que lhe entregou o seu destino. A esperança contra toda a esperança foi o seu último suspiro.
Depois, as mulheres vieram dizer, não apenas que ele não estava no sepulcro, onde fora colocado, mas que as convocou para anunciar aos discípulos que estava vivo e era preciso continuar o caminho por ele aberto. As mulheres estão na origem do movimento cristão. São elas as pregadoras do Evangelho na sua novidade contra a morte.
Frei José Augusto Mourão escreveu um belo poema para uma música do Convento de La Tourette, o célebre convento de Corbusier. É cantado muitas vezes na minha comunidade dominicana: "…Ao pé de Deus hei-de sempre viver/ com Deus cheguei e com ele vou partir" (2.

sábado, 2 de março de 2019

Património: São Jorge



Nota: Da Agenda "Viver em..." da CMI

Tolentino Mendonça: "É possível que o cheiro de Deus nos leve a Deus?"

Tolentino Mendonça

Cheirar a Deus, tocar Deus, olhar para Deus, ouvir Deus, saborear a Deus. " É possível que o cheiro de Deus nos leve a Deus?", Perguntou-se o poeta português José Tolentino esta tarde . O bibliotecário da Santa Sé fechou o primeiro dia do 75º aniversário da revista Vida Religiosa', pelo mapeamento das emoções e sentimentos do crente, o homem e a mulher espiritual ' não se esqueça dos cinco sentidos.'
Em um belo discurso sobre os sentidos e sensibilidade, em que ele misturou parágrafos bíblicos com tratados sobre biologia, engenharia ou versos de Sofía de Mello ou pensamentos de Pessoa ou Susan Sontag. Música, aromas, proximidade ... Porque para "sentir Deus" é necessário "sentir com Deus" e com o que nos rodeia. "Nós nos tornamos analfabetos emocionais", disse o autor de "O Hipopótamo de Deus" (Narcea) e "Para uma espiritualidade dos sentidos" (Fragmenta).

Ler mais aqui 

sexta-feira, 1 de março de 2019

Georgino Rocha: Ser bom discípulo de Jesus

Georgino Rocha

”As redes sociais favorecem uma comunicação rápida e múltipla com pessoas que estão longe, mas prejudicam a comunicação face-a-face, as conversas serenas que entram nos temas sem pressas. Somos cegos que se deixam guiar por outros cegos” 


Jesus, o mestre da lucidez, continua a instrução dos discípulos na planície da Montanha das Bem-Aventuranças. Prossegue os ensinamentos e as propostas de felicidade, citando exemplos da vida concreta, pois é na realidade do quotidiano que se encontram as sementes do ideal a que todos estamos chamados. Recorre a três breves parábolas bem conhecidas dos ouvintes a que dá um sentido novo: A do cego que guia outro cego; a da trave e do argueiro da vista; e a da árvore e seus frutos. E conclui, centrando o alcance das parábolas no homem bom, “que do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, da sua maldade tira o mal”, e lembrando que “a boca fala do que transborda do coração”.
O sentido novo faz-nos ver a “cegueira” de quem se reduz ao limite do imediato e do egoísmo; da educação para as aparências e o êxito fácil. A trave e o argueiro indicam medidas que distorcem totalmente a realidade e pretendem definir regras de vida. A árvore, tantas vezes usada nos textos bíblicos, comporta um símbolo de sabedoria, de que se destaca o processo de elaboração do bom fruto.
“Vivemos tempos de incerteza e confusão, afirma a Homilética 2019/1, pag. 79, e em vez de pararmos para ver ou escutar a alguém que nos possa orientar, vamos todos sem saber aonde, nem para onde; sem sabermos onde estão os precipícios. Somos cegos guiados por outros cegos. Aonde vai a sociedade? A economia, a política, a educação, a ecologia…? Aonde vai esta Europa cada vez com mais envelhecidos, sem crianças a nascerem e a negar a entrada a outros povos que nos procuram?” Não faltam sintomas de mal-estar generalizado que reclama outra visão da realidade e mais audácia nas propostas de transformação. A começar pela família e avançando por todos os espaços de convivência e organização social e religiosa.
As novas tecnologias, a par dos enormes benefícios, quantos problemas levantam! Basta lembrar a autodependência “obsessiva” e hipersensível e a comunicação simplificada que despersonaliza.”As redes sociais favorecem uma comunicação rápida e múltipla com pessoas que estão longe, mas prejudicam a comunicação face-a-face, as conversas serenas que entram nos temas sem pressas. Somos cegos que se deixam guiar por outros cegos”. E o articulista conclui: “Hoje há necessidade que os instrumentos técnicos se submetam à sabedoria da experiência”.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Seniores cuidam da Natureza na Praia da Barra


A preservação e defesa do ambiente não olha a idades e a sociedade, no seu todo, deve assumir as suas responsabilidades. Com base neste princípio, a Câmara de Ílhavo promoveu uma tarefa importante, envolvendo a população sénior na plantação de estorno nas dunas da Praia da Barra. O estorno é uma planta apropriada à estabilização do cordão dunar, sendo esta iniciativa uma resposta fundamental à defesa do Ambiente e da Natureza.

A paixão de Jazzinta em novo disco e novo livro

Jazzinta:  momento de uma interpretação

Jazzinta  e Maria Joana Pereira

Maria Manuel e Rui Grácio
No dia 23 de fevereiro, no Hotel Moliceiro, em Aveiro, Jacinta Bola, docente universitária e cantora de Jazz, apresentou o seu mais recente disco e um livro, “Práticas Performativas no Jazz Vocal” – Uma auto etnografia crítico-analítica”. O disco, que afinal não é o tradicional disco, mas uma pen, bem ao gosto dos apreciadores das novas tecnologias, foi produzido por Maria Joana Pereira, manager da artista, e nele se refletem as artes de Jacinta e do músico Paulo Dantas. E o livro, da responsabilidade editorial da Grácio Editor, oferece aos seus leitores a tese de doutoramento da Jacinta, defendida na Universidade do Minho. 
Maria Manuel Baptista, Catedrática da Universidade de Aveiro, no âmbito de Estudos Culturais, apresenta, na Introdução, “reflexões, interrogações e perplexidades de um percurso artístico”, a propósito da paixão de Jazzinta, sua identificação no mundo do jazz. 
No lançamento do disco e do livro, Maria Manuel afirma que assumiu, perante a artista, apenas a tarefa de a ajudar a descobrir a sua paixão, já que, de música, não percebe “rigorosamente nada”. Nessa linha, levou a Jacinta a refletir, no sentido de encontrar o fio condutor de sua motivação, que começou a ganhar corpo e força. 
Depois de se interrogar sobre se o improvisar, fundamental no jazz, “será coisa que se aprende”, Maria Manuel frisou que o trabalho da artista “não é uma tese seca; tem vida”. O livro, adiantou, “é muito interessante”, porque reflete “muita paixão”. “A Jacinta enfrentou um júri muito exigente, que fez muitas perguntas”, às quais “respondeu brilhantemente”. 
Na referida Introdução, Maria Manuel Baptista afirma que a Jazzinta nos conta “uma história de paixão pela arte e pela música em particular”, mas também nos revela “a luta em busca do seu ser artista” e, ainda, “a desilusão e o confronto com a realidade do mercado cultural”. 
No lançamento do livro e do disco, a artista brindou os convidados com algumas interpretações do seu rico reportório, sobressaindo a técnica vocal poderosa que domina com expressão e paixão, enquanto Maria Joana deu conta de projetos e desafios, da seleção das músicas e dos concertos. 
Jacinta Bola confessou no livro que, quando retomou, em 2013, o ensino a tempo integral, a sua técnica vocal “melhorou exponencialmente”, para seu “grande espanto”, concluindo que, “dar aulas, ainda por cima, de canto”, fazia-lhe “bem à voz”. 
Presentemente, Jacinta Bola é professora no curso de música da Universidade Federal do Piauí, Brasil, e faz pesquisas na área de performance e improvisação do jazz vocal. Os seus alunos são, maioritariamente, cantores profissionais. 
O disco contém 12 interpretações de outras tantas composições, de que destacamos Nascente, de Flávio Venturini; Sinhá, de Buarque & Bosco; Bahia, de Ary Barroso; Sonho Mau (Ask me Now), de Tiago Torres da Silva / Monk; Chega de Saudade, de Moraes / Jobim; Chant / Think of One, de Jacinta; Roger Hall / Monk, e Aquele Abraço de Gilberto Gil, entre outras. A produção é de Maria Joana Pereira. Este álbum, denominado Semhora, é dedicado a todas as mulheres que são senhoras, sem hora. 

Fernando Martins 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Retrato de uma época — Proscrita



Proscrita

Dezasseis anos, quase, — inda os não tem.
Espera por bebé, é o seu problema.
Ao dar-se conta, fica embaraçada
E, cheia de coragem, diz à mãe.

A mãe segreda ao pai; mas, qual segredo!
Nervoso, despeitado no seu brio,
Reage com violência: insulta a filha,
Dá-lhe encontrões e vai-lhe mesmo à cara.

Indesejada em casa, a moça foge, —
Como a lebre dos montes, perseguida.
Sem nada: apenas o que tem vestido.

No colégio das freiras, não a acolhem.
O namorado fora para a tropa.
Riem-se dela, e mofam, as amigas.

Reinaldo Matos


“Sinfonia de poemas de Reinaldo Matos — 25 anos de poesia — 1959-1984”, 
Antologia organizada por Amílcar Amaral, Braga — 1984


Nota de rodapé, na página deste poema: «O poeta condena certos pais que desprezam e rejeitam a filha que caiu na tentação… e ficou grávida. Quanto mais cristão será perdoar… acolher… ajudar…»

José Reinaldo de Sousa Matos, nascido em 21-III-1925, ordenado em 29-VI-1950 e falecido, nos EUA, em 11-X-1993

NOTA: Do livro "Obra da Providência — subsídios para a sua história", com lançamento marcado para sexta-feira, 1 de março, na Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, pelas 21 horas.

Tolstoi e o bosque


"Há quem passe pelo  bosque 
e apenas veja lenha para a fogueira"

Lev Tolstoi (1828-1919), escritor russo

Nota: Sugestão do "Correio do Vouga"

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

O país dos filhinhos do papá existe mesmo

João Miguel Tavares é um jornalista do PÚBLICO que leio quando posso. Nas suas crónicas não perdoa compadrios nem carreirismos com base em apelidos de família. Denunciar isto é importante, sobretudo quando tal situação atinge cargos governamentais. 

Exercício de combate à poluição no Porto de Aveiro



Gostei de saber que se realizou, no Porto de Aveiro, no passado dia 22 deste mês, um exercício de combate à poluição, promovido pela Autoridade Marítima Nacional. O exercício ocorreu nas instalações do Departamento Marítimo do Norte, depois da realização de uma ação de formação e treino que se estendeu durante três dias. 
Segundo a nota que nos foi enviada, o exercício respondeu a uma simulação de derrame de fuelóleo provocado pela colisão de um navio tanque na ponte cais n.º 26 do Terminal de Granéis Líquidos. 
Esta ação mostra à evidência que na área portuária os responsáveis estão atentos a eventuais ocorrências no âmbito da poluição do ambiente, com prejuízos para as populações, em geral.

Li aqui 

Rota das Padeiras regressa a 28 de março

Pão doce 


Padas 
«Mistura-se a farinha, o sal, o fermento e a água. Amassa-se muito bem e deixa-se a levedar. Depois é preciso dar abas e tender. Por fim, leva-se ao forno a lenha, bem quente e, pouco depois, estão prontas a...devorar. 
A receita das afamadas Padas de Vale de Ílhavo não se aprende em duas ou três linhas, mas as “especialistas” dão uma ajuda: de 28 a 31 de março, a Rota das Padeiras regressa a Vale de Ílhavo. 
Na base da confeção deste pão há um contexto muito particular, que o torna tão único e tão precioso. A farinha de trigo não refinada, proveniente das moagens tradicionais de Vale de Ílhavo, a lenha de pinho, a temperatura do forno a lenha e, claro, as carismáticas Padeiras deste lugar que continuam a cozer o pão conforme lhes ensinaram as mães e as avós. 
Durante quatro dias, a Câmara Municipal de Ílhavo e a Associação Cultural e Recreativa “Os Baldas” arregaçam as mangas e reforçam o empenho em fazer perdurar a tradição. Os primeiros dois dias são dedicados ao público escolar e sénior; sábado e domingo, o pão “é para todos”.» 

Nota: Informação cedida pela CMI

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Notas do meu diário: Pedofilia na Igreja e fora dela

O Papa está triste, mas é corajoso 
Os lobos espreitam famintos!

Tenho para mim que a erradicação da pedofilia na Igreja Católica e fora dela não será tarefa fácil. Eu sei que o clero está animado das melhores intenções para que aqueles crimes abomináveis não mais venham a acontecer na Igreja, em especial, e em todo o mundo, em geral. Mas quem ousará acusar os pedófilos, se não tiver provas concludentes de que, realmente, houve crime ou pressões sobre as crianças? As dificuldades de prova e o perigo de denúncias infundadas limitam a procura da verdade e, consequentemente, a condenação. 
Os pedófilos são tarados e criminosos convencidos de que são autores do crime perfeito. De modo que estou muito cético em relação à descoberta dos pedófilos com rostos de anjos… Enganam meio mundo para atingirem os seus hediondos fins. Penso que urge educar as crianças, desde tenra idade, com pais e professores atentos, no sentido de se evitar o pior. Os lobos espreitam famintos!
Fiquei muito chocado quando ouvi a declaração de que a Igreja Católica fez desaparecer processos relacionados com a pedofilia. O mal feito a crianças indefesas não teria importância? Os interesses da Igreja abafam os interesses das pessoas? E quem foram os responsáveis por isso? 
Foi anunciado que do Vaticano hão de surgir indicações concretas que ajudem os educadores no trabalho de casa que tem de ser feito, mas também que levem os bispos a prestar mais atenção aos comportamentos dos clérigos das suas dioceses. Porém,  também é verdade que toda a gente tem obrigações nesta como noutras matérias. 
Será altura de a Igreja repensar o celibato dos presbíteros e bispos? 

F. M.

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Anselmo Borges: Cimeira global histórica anti-abusos

Anselmo Borges

"Enfrentar o monstro da pedofilia 
na Igreja e em toda a parte"

1. Não conheço condenação mais dura e funda da pedofilia do que estas palavras de Jesus no Evangelho: “Deixai vir a mim as criancinhas”, e é preciso tornar-se como uma criança, “para entrar no Reino dos Céus”, porque elas são simples, inocentes, não discriminam. Imediatamente a seguir Jesus diz: “Ai de quem escandalizar uma criança. Era melhor atar-lhe a mó de um moinho ao pescoço e lançá-lo ao fundo do mar.” Não se pode fazer mal às crianças: elas são inocentes, elas não fazem mal (é esse o sentido de inocente, a partir do verbo nocere: causar dano, fazer mal, com o prefixo negativo in). 
É assim para todos e sempre. Mas isso vale de modo especial para a Igreja. E o que é que se passou, desgraçadamente? Foram milhares de menores e pessoas vulneráveis que foram abusados. Mesmo sabendo que o número de pedófilos é muito superior na família e noutras instituições, a gravidade da situação na Igreja é mais dramática. Por várias razões: as pessoas confiavam na Igreja quase sem condições, o que significa que houve uma traição a essa confiança, e o clero e os religiosos têm responsabilidades especiais. O mais execrável: abusou-se e, a seguir, ameaçou-se as crianças para que mantivessem silêncio, pois, de outro modo, cometiam pecado e até poderiam ir para o inferno. Isto é monstruoso, o cume da perversão. E houve bispos, superiores maiores, cardeais, que encobriram, pois preferiram salvaguardar a instituição Igreja, quando a sua obrigação é proteger as pessoas, mais ainda quando as vítimas são crianças. O Papa Francisco chamou a esta situação “abusos sexuais, de poder e de consciência”. Também diz, com razão, que a base é o “clericalismo”, julgar-se numa situação de superioridade sagrada e, por isso, intocável. Neste abismo, onde é que está a superioridade do exemplo, a única que é legítimo reclamar? 

Frei Bento Domingues: Os outros estão a mais? (2)

Bento Domingues
"A declaração de Abu Dhabi é o gesto religioso, cultural e político 
mais importante desde há muitos séculos"

1. A fonte da realidade, una e múltipla, é sempre oculta para quem olha de fora. É da experiência mais imediata que há outros e outros. Uns são acolhidos, outros são rejeitados e outros ainda são vistos com indiferença pelos nossos afectos e comportamentos. Por pouco que se aprofunde, cada ser humano é um abismo misterioso. 
Quando falamos dos direitos e deveres humanos, enunciamos um reconhecimento e uma vontade que mais parecem uma veleidade do que uma energia de acção. Quando invocamos a fraternidade humana designamos apenas um horizonte e um desejo. Se desistíssemos desse horizonte, teríamos de responder a uma pergunta inquietante: quem tem direito a excluir os outros da condição comum? A pena de morte, por exemplo, significa um poder absoluto sobre o outro, em nome de quê? 
Que fazer para alterar aquilo que ofende a condição humana? É uma pergunta imensa, mas não nos impede de recordar coisas muito básicas. Parece evidente que existe, na consciência, a noção de bem e de mal. O bem deve-se praticar e o mal deve-se evitar. Diz-se que no concreto das tradições culturais e éticas, muitas vezes, aquilo a que uns chamam bem outros chamam mal. Mas não exageremos. Não pode ser uma apologia do relativismo: se vale tudo, nada vale! 
As sabedorias antigas da reciprocidade pediam: não faças aos outros o que não desejas que os outros te façam a ti; ou, de forma positiva, faz aos outros o que desejas que os outros te façam a ti. 
Essas generalidades não servem para construir uma articulação concreta de direitos e deveres que tornem possível a vida em sociedade. Pertence às normas fundamentadas do Direito e aos diferentes órgãos legítimos do poder a busca da sabedoria e da arte de governar para evitar a tirania e a desordem. 

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Georgino Rocha: Amai os vossos inimigos

Georgino Rocha
"Amar o inimigo, não é antes de mais uma disposição afectiva, mas gestos e actos de amor que respondam a gestos de ódio, perseguições, calúnia, pretensões."


Jesus quer que os discípulos entendam o alcance das bem-aventuranças apresentadas na planície, após a descida da montanha. Por isso, continua o discurso, dando exemplos acessíveis da vida quotidiana e recorrendo a contraste. Por isso, usa uma linguagem simples e acessível, interpelante e radical. Linguagem em que sobressai, por um lado, o realismo das relações humanas, sobretudo nos seus dramas de violência e ódio, e por outro, o proceder misericordioso de Deus, generoso e pronto para o perdão. E Jesus adianta uma sentença com sabor a promessa a quem seguir o caminho das bem-aventuranças: “Será grande a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo“. Os discípulos acolhem a novidade proclamada, exultam pelo futuro anunciado e sentem, com certeza, a exigência humana do que lhes é encomendado.

Lucas, no relato que faz, junta uma série de sentenças de grande alcance libertador. (Lc 6, 27-38). Manicardi, no seu comentário, p 106, afirma que “no nosso quotidiano, o inimigo pode ser o nosso grande mestre, porque pode tornarmos conscientes dos sentimentos tenebrosos que habitam o nosso coração e que não viriam ao de cima se tivéssemos sempre relações boas e serenas com todos. O inimigo revela a qualidade do nosso coração”. De facto, há ainda zonas da nossa mente imersas no inconsciente desconhecido, na escuridão, sujeitas a reacções primárias e descontroladas, dotadas de enorme potencial destrutivo. Com energias prontas a “disparar” sempre que são provocadas. E o discípulo está chamado a amar com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças, e com toda a mente (cf Lc 10, 27).

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Rua Padre José Lourenço


Padre José Lourenço
No limite entre a Gafanha do Carmo e a Gafanha da Encarnação, situa-se a rua que homenageia o Padre José Soares Lourenço que, durante anos, paroquiou a Gafanha do Carmo, tendo deixado o seu nome ligado à construção da nova igreja matriz. 
Nasceu no dia 14 de julho de 1923, em Valongo do Vouga. Foi ordenado sacerdote, em Vagos, no dia 13 de julho de 1947, pelo bispo D. João Evangelista de Lima Vidal. Faleceu no dia 27 de agosto de 2016, ficando sepultado na Gafanha do Carmo. 

Cardoso Ferreira, no "Correio do Vouga" 

NOTA: Há pequenas notícias que se tornam grandes pelas recordações que suscitam. É o caso da nota subscrita por Cardoso Ferreira no "Correio do Vouga", semelhante a outras do mesmo jornalista, pelas quais nos vai recordando figuras que na vida foram exemplares pelos mais variados motivos. 
O Padre José Lourenço foi para mim e para muitos outros um sacerdote que soube testemunhar a capacidade de serviço, revestida de uma humildade cativante. 
Para além de paroquiar a Gafanha do Carmo, exerceu o seu ministério por outras terras, mas quis que os seus restos mortais repousassem na sua Gafanha do Carmo.

Pedofilia em debate no Vaticano


No Vaticano, os mais altos representantes da Igreja Católica de todo o mundo vão debater o problema da pedofilia praticada por padres e bispos. A Igreja Portuguesa está representada pelo Bispo de Lisboa, Cardeal Manuel Clemente, presidente da CEP (Comissão Episcopal Portuguesa). Espera-se que, de uma vez por todas, tal “cancro” seja erradicado, com a denúncia dos membros do clero que têm abusado de crianças indefesas. Contudo, todos sabemos que, infelizmente, esses criminosos hão de mudar de estratégias para alimentar vícios hediondos. Na minha ótica, o celibato nada terá a ver com a pedofilia do clero. Não há pedófilos casados e com filhos?
Li o artigo que Laurinda Alves publicou no Observador, no qual analisa a situação dos pedófilos e das vítimas. O problema é bem mais complicado do que parece. Mas se é verdade que a pedofilia é real na Igreja e fora dela, então todos teremos de estar vigilantes para a denunciar, com prudência mas também com firmeza, não vá dar-se o caso de ferir seriamente inocentes. 

F. M. 

Laurinda Alves
«Não consigo imaginar pior tragédia do que viver situações dramáticas, traumáticas, na mais completa solidão, temendo a insuportável repetição dos asquerosos acontecimentos, pois grande parte das vítimas sofre abusos continuados dos violadores. Sinceramente nunca serei capaz de saber o que é ser criança ou muito jovem e estar à mercê de terríveis lobos disfarçados de cordeiros. De padres perversos que antes de abusarem sexualmente, abusam da confiança e traem em toda a linha. Usam o seu estatuto, o seu poder, as suas falas mansas, supostamente bondosas e porventura encantatórias, para atrair vítimas e as massacrar.» 

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Olegário Fernandes apresenta almanaque de luxo


Capa

Último texto

Tenho em meu poder um Almanaque especial que me foi oferecido por pessoa amiga. É uma obra de arte gráfica, que ano a ano me chega às mãos para delícia do meu olhar. Cada página é uma história que me recorda épocas de antanho, com um colorido ímpar, enriquecido por textos poéticos de encher a alma. Um bem-haja a quem se lembra de mo oferecer. 
O Almanaque, para 2019, é de Olegário Fernandes – Artes Gráficas, S.A., e na abertura é lembrado: “Em 2018, Setembro mais precisamente, cumpriram-se cinquenta anos da nossa administração, na Olegário Fernandes – Artes Gráficas.” E promete que “a Olegário Fernandes reitera a vontade e firmeza de continuar, acreditando que o que nos espera será sem dúvida melhor”.

Frei Bento Domingues - Os outros estão a mais? (1)

"Depois da morte de Deus viria, não a emancipação, mas a morte do ser humano. Já há muito tempo que desconfio de tanta promessa e de tanta ameaça."


1. Nietzsche (1844-1900), um dos primeiros filósofos que estudei, é uma figura de contrastes desmedidos. Tem tanto de visionário fascinante como de classificador irritante. Disse o pior do Sermão da Montanha, uma das peças mais belas e revolucionárias do Novo Testamento [1], proposto, hoje, como desafio às comunidades eucarísticas. Classificou-o como um atentado contra a natureza: a vida acaba quando começa o Reino de Deus e a prática da Igreja aí está para o confirmar [2]. 
Deixemos, para já, o sermão de Nietzsche, sermão da morte de Deus em nome da exaltação da vida e do Super-Homem, aproveitado pelos nazis para a glorificação do crime nacionalista, anti-semita e racista. 
No entanto, as religiões estão em maus lençóis por razões mais óbvias e imediatas. A embriaguez criada pelas revoluções agrícola, científica, industrial e cultural ainda não serenou. Tornou-se mais aguda. Entrou em delírio. O império da tecnociência em todos os domínios e, agora, as promessas do reino prometido da inteligência artificial, nas suas infindáveis aplicações, estariam a deixar Deus cada vez mais desempregado. Por outro lado, diz-se que a extensão da robótica se encarregará de dispensar aqueles que a criaram. Depois da morte de Deus viria, não a emancipação, mas a morte do ser humano. Já há muito tempo que desconfio de tanta promessa e de tanta ameaça.

Anselmo Borges — Islamofobia e Cristianofobia


«Sendo a religião uma dimensão constitutiva do ser humano e estruturante da cultura, é evidente que tem de ter lugar também no espaço público»


1. Não há dúvida de que a visita do Papa Francisco aos Emiratos Árabes Unidos de 3 a 5 deste mês constituiu uma visita para a História, como aqui procurei mostrar na semana passada. O próprio Francisco caracterizou a sua viagem como “uma nova página no diálogo entre Cristianismo e Islão”. É preciso ler e estudar o “Documento sobre a Fraternidade Humana”, então assinado por ele e pelo Grande Imã de Al-Azhar. Também foi a primeira vez que um Papa celebrou Missa para 150.000 cristãos na Península Arábica, berço do islão, num espaço público. 
Já de regresso ao Vaticano, na habitual conferência de imprensa no avião, um jornalista perguntou-lhe que “consequências terá também entre os católicos o Documento, considerando que há uma parte dos católicos que o acusam de deixar-se instrumentalizar pelos muçulmanos...” E Francisco: “E não só pelos muçulmanos... (riu-se). Acusam-me de me deixar instrumentalizar por todos, incluindo os jornalistas. É parte do trabalho, mas gostaria de dizer uma coisa. Do ponto de vista católico, o Documento não se separou nem um milímetro do Vaticano II, que até é citado várias vezes. Se alguém se sentir mal, eu compreendo-o, pois não é algo de todos os dias..., mas não é um passo atrás, é um passo para diante... É um processo e os processos amadurecem.”

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Domingos Cardoso no FUGAS do PÚBLICO



Maria José Santana, jornalista, publica hoje no PÚBLICO, no suplemento FUGAS, uma reportagem sobre o ilhavense Domingos Freire Cardoso, conhecido professor, poeta e estudioso da sua terra natal e suas gentes. 
O trabalho da jornalista incide, fundamentalmente, sobre o mais recente livro daquele autor, “Palabras co bento no leba”, dedicado ao linguajar típico das gentes ilhavenses. Trata-se de uma obra que deixa aos vindouros sinais indeléveis da identidade dos ílhavos. 
Sugiro, pois, aos meus leitores, que leiam e apreciem a reportagem da Maria José Santana.

Ler reportagem aqui 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

A Matemática está mesmo em todo o lado

Rogério Martins 
na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré 



O matemático, autor e apresentador do programa “Isto é matemática”, Rogério Martins, vai estar na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, no próximo dia 21 de fevereiro, para um encontro com os alunos. 
Também autor do livro com o mesmo título, numa redação conjunta com Tiago DaCunha Caetano, tem dado continuidade ao projeto iniciado na TV. Uma oportunidade para contactar com a matemática de uma forma acessível, rigorosa e divertida e, ao mesmo tempo, uma motivação para o desenvolvimento do gosto pela matemática. 
Afinal de contas a matemática está mesmo em todo o lado.

Gafanha da Nazaré: aventuras, desportos, jogos e brincadeiras


No próximo dia 15 de março, pelas 21 horas, na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, vai ser apresentado o mais recente livro de Júlio Cirino,“Gafanha da Nazaré: aventuras, desportos, jogos e brincadeiras”. O evento está aberto a toda a comunidade, em especial aos que gostam de revisitar o passado, tendo por guia o próprio autor.

Georgino Rocha — Alegrai-vos e Exultai

Georgino Rocha
"O ensinamento de Jesus atinge o coração do homem, quer dotá-lo de novas energias, e configurar o seu estilo de vida"

Jesus está num lugar plano. Havia descido da montanha, onde passara a noite em oração. Aqui, segundo a versão de Lucas, “ao amanhecer, chamou os Seus discípulos e escolheu doze entre eles, aos quais deu o nome de Apóstolos”. Espera-o muita gente do povo, vinda de várias partes, pois queria ouvir a sua palavra e ser curado das doenças que a atormentava. Espera-o numerosa multidão de discípulos que o vinha a seguir e a testemunhar a sua relação próxima e compassiva com as pessoas, o seu amor à verdade, a sua paixão pela libertação de todas as escravidões. Espera-o a hora histórica de fazer a proclamação do código de felicidade do Reino que reflecte o projecto de Deus e começa a ser vivido já, de forma germinal, por aqueles que o aceitam sem restrições.
Lucas apresenta este código contrapondo os que acolhem e praticam as suas sentenças e os que as menosprezam e rejeitam no modo de viver, em atitudes e gestos do dia-a-dia. (Lc 6, 17- 26). Apresenta-o, sem complementos explicativos, como faz Mateus. Deixa a verdade nua a falar por si. Deixa o leitor sofrer o impacto da sua novidade. Deixa que a Igreja possa rever-se numa das mais belas mensagens do discurso da planície, isto é, do quotidiano impregnado desta energia divina. Deixa em aberto os canais da seiva nova que pretendem humanizar a família, a sociedade e suas organizações.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

A Igreja dá pouca atenção ao problema da violência doméstica



«A Igreja Católica tem dado pouca atenção ao problema da violência doméstica, mas deveria considerá-lo como “uma prioridade”. A opinião é expressa por Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, em declarações ao 7MARGENS, a propósito dos últimos casos de mulheres assassinadas pelos maridos ou companheiros em Portugal.» 

Eugénio Fonseca tem razão quando faz afirmações como as que li no 7MARGENS, cujo texto, na íntegra, merece ser lido e meditado. Têm sido muito frequentes as notícias sobre violência doméstica no nosso país, não só no seio das famílias, mas também entre namorados. O problema é complexo e não se resolve apenas com denúncias ou com condenações dos criminosos que andam à solta por aí. Urge mobilizar toda a gente para a defesa das vítimas, mas isso não será o suficiente. É necessário erradicar estes crimes hediondos. É imperioso que especialistas de várias vertentes definam critérios para a justiça atuar com celeridade, mas também é preciso educar, desde a infância, para a não violência, mas também para o respeito pelo outro.

Dia dos Namorados — 14 de fevereiro


Dia dos Namorados ou Dia de São Valentim celebra-se neste dia, 14 de fevereiro. Todos os namorados, que o são de verdade e em consciência, não esquecem este dia. Mas talvez nem conheçam a sua origem, o que é pena, porque a festa também se deve a quem foi sacrificado, para que o dia passasse a ser recordado. 
É claro que os namorados, na ânsia de intensificarem o seu amor, nem querem saber o que aconteceu a São Valentim que,  no dia 14 de fevereiro do ano 269, por ter desobedecido ao imperador, ao celebrar casamentos contra a lei do império, sofreu as consequência do seu gesto nobre. O imperador proibira os casamentos porque precisava de homens livres para os seus exércitos. Como Valentim desobedeceu, foi preso, torturado e condenado à morte, no dia 14 de fevereiro. Então, é justo que seja lembrado e honrado quem abençoou casamentos contra as leis de um tirano. 
Posto isto, importa sugerir aos namorados que procurem a felicidade alimentando-a no dia a dia, sendo certo que  a mais simples celebração poderá servir para acicatar o amor e promover a festa da alegria, do encontro, do compreensão mútua e da harmonia. Mas não se julgue que o Dia dos Namorados é só para os mais jovens. O Dia dos Namorados é para todos os que se amam, tenham a idade que tiverem. 
Feliz dia para todos.

Fernando Martins

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

História da Obra da Providência registada em livro

Fernando Martins apresenta livro 
sobre instituição notável da Gafanha da Nazaré, 
no Salão de Junta de Freguesia, 
dia 1 de março, 
às 21h00.

As fundadoras
No próximo dia 1 de março, pelas 21 horas, no salão nobre da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, vai ser apresentado o livro “Obra da Providência — Subsídios para a sua história”, da autoria do professor e diácono Fernando Martins. A sessão é aberta a todas as pessoas, convidando-se especialmente os amigos desta instituição, uma das mais antigas da Gafanha da Nazaré. 
O livro surge como uma resposta à necessidade de preservar a memória da obra social notável, principalmente após a morte das fundadoras. “Mais de meio século de vida intensa em prol da comunidade, nomeadamente da família e de quem mais precisa, a Obra da Providência bem merece que a sua memória seja preservada. Não para ficar guardada numa qualquer gaveta de boas recordações, mas para servir de estímulo a todos, no sentido de nos abrirmos mais à solidariedade social e à caridade cristã”, escreve o autor na apresentação do livro. 
Preparado e concluído há vários anos, o livro surge a público já depois da morte das impulsionadoras da obra, Maria da Luz Rocha (falecida a 4 de outubro de 2016) e Rosa Bela Vieira (falecida a 15 de março de 2018), que, como escreve o professor Fernando Martins, “são duas MULHERES que se complementam. Razão e coração sempre de braço dado. A olhar para os mais carenciados de afeto, pão e trabalho”. “(…) Nelas, homenageamos os que se dão à sociedade, hoje como sempre, em tantas e tão diversas formas de serviço”, acrescenta. 
O livro, publicado pela editora diocesana Tempo Novo, divide-se em duas grandes partes mais uma adenda que inclui o elenco dos corpos gerentes, uma entrevista a D. Maria da Luz, cronologia e outras notícias. A primeira parte vai dos “primeiros passos” na década de 1950, até 1974. A segunda parte aborda o período começa com a Revolução de Abril de 1974, porque “a democracia abre portas a novos desafios”. As fundadoras cessam funções em 2005 e a segunda parte termina praticamente com a tomada de posse de uma nova direção, sob presidência de Eduardo Aníbal Arvins. 
Com muitas ilustrações (a preto e branco), temos neste livro um excelente relato histórico de uma instituição importante, que tanto bem fez (e faz) a tanta gente e que também sofreu incompreensões. Vale a pena conhecê-la através deste livro. Como refere o autor, “o que se regista neste trabalho servirá para compreendermos até que ponto o Evangelho pode ajudar a traçar caminhos diferentes e inovadores de justiça social, de caridade cristã e de solidariedade fraterna”. 

J.P.F.

NOTA: Texto publicado no jornal Timoneiro de fevereiro.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Dia Mundial do Doente - 11 de fevereiro

A esperança será sempre a última a morrer



O Dia Mundial do Doente, que hoje se celebra, não pode ficar esquecido. É verdade que por vezes olvidamos celebrações importantes, decerto pela vida agitada que levamos ou porque nos situamos à margem da vida, como quem se posiciona numa letargia comodista. Mas se nos lembrarmos amiúde que um dia a doença nos pode bater à porta, talvez nos convençamos da importância de olhar mais  para quem sofre. 
Já adoeci várias vezes, já estive internado em hospitais e já permaneci acamado meses e meses, recordando, com emoção, amigos, conhecidos e familiares que me visitaram, alguns quase diariamente. Sei, portanto, por experiência própria, do valor da amizade, da ternura da visita e das palavras de ânimo que me fizeram acreditar que a saúde seria possível, numa altura em que tantos morriam. E nunca perdi a esperança  e a fé em dias melhores. 
O Dia Mundial do Doente serve apenas, e já não é pouco, para cada um registar na sua agenda os nomes dos amigos doentes, numa perspetiva de programar uma visita, de fazer um telefonema ou de enviar um recado com votos de rápido restabelecimento. 
Aqui fica uma palavra amiga para os que se encontram doentes: Depois da tempestade, vem a bonança; a esperança será sempre a última a morrer. Fala quem passou por isso. 

Fernando Martins

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Júlio Dinis: Em Aveiro há trigueiras como em parte nenhuma






NOTA: 

1. Arquivo do Distrito de Aveiro; 

2. Nas horas vagas, as tais que sobram do quotidiano da minha vida, gosto de visitar escritos antigos. Desta feita, volto à passagem de Júlio Dinis por Aveiro, para sublinhar que o escritor simpatizou com as trigueiras aveirenses. Diz ele: "em Aveiro há trigueiras como em parte nenhuma." Tem razão, sim senhor!

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue

Arquivo do blogue