quinta-feira, 12 de abril de 2018

Réplica da nau "São Vicente"

Nau "São Vicente" após o bota-abaixo
De vez em quando, sou abordado para prestar informações sobre os mais variados temas relacionados com as Gafanhas. Vou dando uma dicas, dizendo o que sei, mas tenho a noção exata de que fico aquém do que as pessoas pretendem. É óbvio que revelo o que li e indico pistas, minhas conhecidas, mais ou menos, para abrir portas a quem estuda o que à nossa terra diz respeito. Também sugiro livros de autores da nossa região que podem prestar sempre preciosas informações.
Hoje mostro um trabalho publicado sobre a réplica da nau "São Vicente" no blogue Restos de Colecção, que sigo e aprecio há muito.

Consultar aqui

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Bacalhau de cura tradicional

Seca antiga do bacalhau

Soube, há dias, que a ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) apreendeu bacalhau na Gafanha da Nazaré que estava a secar, ao sol e vento, segundo a tradição de há séculos. Ao que julgo saber, aquela autoridade, que garante a qualidade do que se consome em Portugal, para bem de nós todos, agiu em conformidade com as leis comunitárias.
Antes de mais, confesso que aprecio e respeito a intervenção da ASAE que age em nossa defesa. Mas há casos e casos.
Em Portugal, para só falar daquilo que sei de concreto, come-se bacalhau seco ao sol e vento há séculos, e, que se saiba, nunca morreu ninguém por isso. Fundamentalmente, porque o bacalhau de cura tradicional, antes de ir para a panela, tem de passar por várias águas para perder o sal. É o processo da demolha que, para além de reduzir, significativamente, o teor do sal, também elimina impurezas deixadas pelo vento.
Ora, se os produtos que comemos não podem estar expostos ao sol, como não proíbe a ASAE as couves e outros legumes, bem como ervas aromáticas e frutas? É óbvio que não proíbe, porque é de bom senso admitir que todos os produtos são bem lavados, em várias águas, antes de serem consumidos.
O que me parece é que os nossos políticos e demais especialistas envolvidos nas negociações nas comissões da UE não souberam defender, neste caso, os nossos interesses. Não será de repensar o caso? O bacalhau de cura tradicional não será mesmo o mais saboroso?

Fernando Martins

NOTA: Depois dos comentários que o meu escrito suscitou, importa esclarecer:
1. A ASAE tem a obrigação e o direito de zelar pela nossa saúde; Mal de nós se assim não fosse;
2. Sei que a secagem do bacalhau em estufa,  iniciada, ao que sei, no país, na EPA (Empresa de Pesca de Aveiro), há décadas, nasceu por razões económicas. Em estufa, a secagem era mais rápida e em maior quantidade,  e,  porventura,  mais económica, por necessitar de menos mão de obra;
3. O que eu defendo é o direito de uma empresa poder produzir, se assim o entender, bacalhau seco de cura tradicional.

19h45, deste mesmo dia.

O RECONHECIMENTO DAS PESSOAS NA IGREJA

Georgino Rocha


Os discípulos de Emaús, ao regressarem a casa em Jerusalém, narram a sua experiência de itinerantes que reconhecem Jesus ao partir do pão. O reencontro ocorre num clima denso: Os outros estão reunidos numa sala com as portas trancadas – sobretudo as do coração, apesar de notícias alegres que iam surgindo -, e escutam o testemunho de quem chega. Entretanto, acontece nova surpresa: Jesus aparece, coloca-se no meio deles, saúda-os e dá-lhes provas da sua identidade de Crucificado/Ressuscitado. A transformação é radical: o medo que tolhe a liberdade cede lugar à ousadia; a tristeza que abate os ânimos é superada pela alegria; a dúvida intrigante vê despontar a certeza da fé; a vida encerrada na tragédia do Calvário abre-se ao anúncio jubiloso do Senhor Ressuscitado; as trancas das portas transformam-se em pontes de missão universal.

Os sinais de que Jesus se serve para ser reconhecido como Ressuscitado estão relacionados com a mesa familiar, com os comensais da mesma refeição, com a conversa de amigos e o convívio de quem recupera energias perdidas e se dispõe a ler e a enfrentar as situações da vida, à luz da Escritura; a reganhar força para o futuro que se desenha nos desafios da missão. A experiência da refeição à mesa regenera a dignidade perdida, robustece a identidade, confirma o reconhecimento do que se é e se faz.

terça-feira, 10 de abril de 2018

BRAGA DA CRUZ RENUNCIA AO CARGO DE PRESIDENTE DA APA


João Borges 

«João Borges acaba de assumir a presidência do Conselho de Administração do Porto de Aveiro (APA, S.A.), na sequência da renúncia de João Pedro Braga da Cruz.
A substituição destina-se a assegurar o cargo até nova nomeação dos órgãos sociais, que deverá acontecer na próxima Assembleia Geral, em finais de Maio.»

Li aqui 

NOTA:  Li hoje que João Pedro Braga da Cruz renunciou ao cargo de presidente do conselho de administração da APA (Administração do Porto de Aveiro). Braga da Cruz desempenhou esta missão profissional duas vezes entre nós e sempre o apreciei pela sua postura no relacionamento com toda a gente, deixando transparecer muita cordialidade e atenção aos interesses das populações. Foi um presidente próximo, atento às pessoas e suas inquietações, sentindo mesmo que a APA não podia nem devia viver indiferente à terra que acolheu o Porto há mais de 200 anos, garantindo-me que a estrutura portuária é filha da Gafanha da Nazaré. «Quando o Porto de Aveiro aqui se instalou, já os gafanhões cá estavam», disse-me um dia, mais palavra menos palavra.
Braga da Cruz deixa obra feita e mostrou à saciedade que é possível o entendimento com o povo e seus representantes, oficiais e particulares, numa época em que a industrialização, o comércio em grande escala e os navios de grande porte que escalam o Porto de Aveiro podem conter focos de poluição. Atento a isso, procurou normalmente as melhores soluções, ouvindo propostas de diversas fontes.
Desejo ao ex-presidente da APA as maiores venturas pessoais e profissionais.

Fernando Martins

segunda-feira, 9 de abril de 2018

PARA QUE A HUMANIDADE SEJA MELHOR

«Transmitir o melhor da Humanidade
para que a Humanidade seja melhor» 
Carlos Fiolhais
Carlos Fiolhais 

“Os alunos são o futuro e a maneira que temos de entrar no futuro é com eles e através deles, transmitindo o melhor da humanidade, e tendo a ser otimista, é sempre possível ser melhor e é nisso que a escola tem de ajudar”
(...)
“O bem, o belo e o verdadeiro são coisas que a Humanidade descobriu, e vai descobrindo, e a escola é uma inovação extraordinária porque vai buscar o melhor do passado para que no futuro a vida seja em conjunto, em sociedade, e faça mais sentido”

Li aqui

ALEGRAI-VOS E EXULTAL

SOBRE A CHAMADA À SANTIDADE
NO MUNDO ATUAL


(...)
Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas vezes a santidade «ao pé da porta», daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus, ou – por outras palavras – da «classe média da santidade».
(...)

José Estêvão e a Estação de Aveiro



Amanhã,10 de abril, vai ser prestada uma justa homenagem ao célebre aveirense José Estêvão Coelho de Magalhães, com o descerramento de uma placa. Esta distinção honra a memória de um político que lutou incansavelmente para que a Linha do Norte passasse por Aveiro, como veio a acontecer. Tanto quanto julgo saber, aquele traçado que ligava o Porto a Lisboa estaria planeado para passar por Águeda.

A OPÇÃO A TOMAR E O CAMINHO A SEGUIR

Georgino Rocha



JUNTOS, DISCERNIR

«Só a realidade sentida com compaixão nos faz assumir como nossa a causa dos outros, sobretudo se estão em grave necessidade. E nos impele a querer ajudar a resolvê-la por razões explícitas: a comum humanidade, a solidariedade, a coerência entre o que se diz como mensagem e o que se faz como prática, a vontade positiva de encontrar uma solução ética viável. Outras há, com certeza. É indispensável ter consciência das razões do nosso agir e explicá-las a fim de motivar as pessoas envolvidas.»

O recurso ao discernimento como ciência de acção pastoral vem merecendo atenção crescente. O mesmo acontece noutras áreas do agir humano. A complexidade das situações a urgir respostas acertadas e oportunas, a consciência da dignidade das pessoas envolvidas ou a envolver, o impacto das tecnologias e dos processos educativos, a aplicação e organização racional de recursos, a par de muitos outros factores suscitam uma nova sensibilidade social e apostólica. E assim, ganha força o aforismo antigo: O que a todos diz respeito por todos deve ser resolvido. Como? É pergunta que deixa em aberto o desafio de saber organizar a participação a todos os níveis em que a sociedade se organiza e a Igreja se configura. O Espírito Santo quer precisar das nossas mediações humanas para agir livremente.
O recurso à experiência dos povos, designadamente entre nós aos estudos bíblicos, constitui uma fonte de inspiração que abre horizontes rasgados a quem “navega nestas águas”. Não falta literatura qualificada sobre esta matéria. O programa pastoral 2017/18 da diocese de Aveiro tem como referência fundante o texto de Marcos 6, 34-44. Texto com uma densidade humana rica e grande alcance simbólico. Contém o núcleo germinal do discernimento como acção pastoral concertada, organizada. Com natural espontaneidade e alguma reflexão, surgem alguns passos que convém destacar.

domingo, 8 de abril de 2018

FRANCOS — Caminhos Percorridos

Um livro de Manuel Olívio Rocha 



Não sendo do Porto, a cidade invicta, gosto muito do Porto, e quando lá vou, mesmo de fugida, regalo-me com o casario antigo e suas ruas e ruelas estreitas, mais do que das grandes avenidas e do corre-corre das pessoas com ares de permanentemente atarefadas. Mas ainda gosto de ler o que me aparece sobre a mui nobre e invicta cidade onde, há séculos, os fidalgos tinham algumas restrições em ali passar mais dias do que ditavam as leis dos homens bons. E quando me chega um livro da terra que deu nome a Portugal, então ainda mais me prendo ao burgo, também designado por capital do Norte… com muita honra dirão muitos. Vem isto a propósito de um livro, em edição familiar, que me foi oferecido pelo meu familiar e amigo, Manuel Olívio Rocha, ali radicado há décadas. 
“FRANCOS — Caminhos Percorridos”, de sua autoria, tem edição da Paróquia de Nossa Senhora da Boavista, com capa de Domingas Vasconcelos e impressão e acabamento de “Clássica, Artes Gráficas”. O livro, que tem 247 páginas,  com ilustrações a cores e a preto e branco, apresenta um  recheio que vem desde o século X até aos nossos dias, merece ser lido. É justo sublinhar que o autor, meticuloso na busca, na análise, na seleção, no encadeamento dos acontecimentos e na forma escorreita que usa no que escreve e publica, merece o nosso aplauso e o apreço de todos os residentes na paróquia de Francos, mas não só. 
Manuel Olívio refere, em Agradecimentos, os que o ajudaram nas suas pesquisas e pede compreensão «para eventuais imperfeições, omissões ou erros» involuntários, mas eu estou em crer que o muito que nos apresenta, como fruto de laborioso trabalho, nem tempo nos dá para considerações críticas. Confesso que, na leitura que fiz, só tive oportunidade de me sentir enriquecido pelo que aprendi. E desde já o meu muito obrigado pela oportunidade que me foi dada para mais ficar a gostar do Porto e das suas gentes.

EVANGELHO SEGUNDO O PAPA FRANCISCO

Frei Bento Domingues 

Bento Domingues


1. Um dos fenómenos mais característicos do catolicismo do século XX foram os movimentos da Acção Católica. Paulo Fontes estudou o seu papel na criação de verdadeiras elites, em Portugal [1]. Para a hierarquia eram o seu braço estendido. Chegavam onde ela não conseguia entrar. Os jovens eram desejados, encorajados, mas a sua criatividade estava limitada pelo mandato que os dirigentes recebiam dos bispos. Eram um laicado super controlado. Daí, os mil conflitos que os assistentes eclesiásticos, correias de transmissão, tinham de saber gerir até onde fosse possível. Que Deus sabe escrever direito por linhas tortas é um aforismo português. Teve muito que fazer. Se a hierarquia perdeu os jovens, e muitos se afastaram da prática religiosa oficial, o Papa Francisco não se resignou a essa debandada, aos vencidos do catolicismo.
Na abertura da reunião pré-sinodal dos jovens [2] (19.03.18), o Papa não repetiu as asneiras controladoras do passado. Nem cedeu à ideologia aduladora da juventude, de palmadinhas nas costas. Para ele, a juventude não existe. É uma abstracção. Existem os jovens, histórias, rostos, olhares, ilusões. Dizer que importa escutá-los e dialogar, já se sabe. O Papa não tem jeito para conversa fiada. Resolveu, com o seu comportamento e o seu discurso, alterar, radicalmente, o relacionamento da Igreja com os jovens. Dados os limites desta crónica, terei de me contentar com algumas passagens e um convite à leitura integral do seu atrevimento.

2. Bergoglio conhece o terreno que pisa: "Há quem pense que seria mais fácil manter-vos à distância para não se sentirem provocados por vocês. [...] Os jovens devem ser levados a sério! Parece-me que estamos rodeados por uma cultura que, se por um lado, idolatra a juventude, por outro, impede que os jovens sejam protagonistas. É a filosofia da maquilhagem. As pessoas procuram pintar-se para parecerem mais jovens, mas não deixam crescer os jovens. Isto é muito comum. Porquê? Porque não querem ser interpelados.

VOSSOS FILHOS NÃO SÃO VOSSOS FILHOS



NOTA: Transcrito da revista SAÚDA de abril 

sábado, 7 de abril de 2018

TÚMULO DE SANTA JOANA PRINCESA

PUBLICADO NA  ILUSTRAÇÃO MODERNA
PORTO - JULHO - 1926
1.º Ano - número 3








RUMO AO CONGRESSO EUCARÍSTICO

Georgino Rocha




ESPERANÇA, EUCARISTIA, MISSÃO - 1

Introdução: A celebração da eucaristia faz viver o amor de Jesus Cristo, que alimenta a esperança, fruto da fé teologal. Os cristãos participantes são convidados a “levantar o coração” e a entrar em sintonia com o ritmo progressivo da assembleia, a imbuir-se do espírito comunitário e a cultivar o desejo de quem sabe doar-se livre e generosamente. Como Jesus em missão de salvação universal.
O Papa Francisco dá-nos a garantia de que: “Na fé, dom de Deus e virtude sobrenatural por Ele infundida, reconhecemos que um grande Amor nos foi oferecido, que uma Palavra estupenda nos foi dirigida: acolhendo esta Palavra que é Jesus Cristo — Palavra encarnada –, o Espírito Santo transforma-nos, ilumina o caminho do futuro e faz crescer em nós as asas da esperança para o percorrermos com alegria. Fé, esperança e caridade constituem, numa interligação admirável, o dinamismo da vida cristã rumo à plena comunhão com Deus”. (A Luz da Fé, 7)
A relação da esperança com a celebração da eucaristia que é “corpo entregue e sangue derramado” pela salvação do mundo pode ver-se, de forma emblemática, no itinerário dos discípulos de Emaús. (Lc 24, 13-35) e episódios subsequentes. Vamos com eles, parando nas fases mais marcantes e alargando horizontes de envolvimento pessoal e comunitário. Façamos em grupo, se possível, esta caminhada, rumo ao Congresso Eucarístico da nossa diocese.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

MOLICEIROS MOSTRAM BELEZAS DA RIA DE AVEIRO


Os moliceiros, que já puseram de lado a safra do moliço, voltaram-se agora para o turismo. Todos os dias, lá andam eles a mostrar a quem nos visita as belezas da Ria de Aveiro. Pena é que não saiam do reduto da cidade, aventurando-se por outras paisagens enriquecidas pelos canais típicos da nossa laguna.

325 ANOS DA BEATIFICAÇÃO DE SANTA JOANA






"A Câmara Municipal de Aveiro e a Diocese de Aveiro promovem um programa Comemorativo do 325.º aniversário da Beatificação de Santa Joana, no próximo dia 7 de abril, amanhã, no Museu de Aveiro / Santa Joana. 
A exposição “Os Bispos de Aveiro no Culto a Santa Joana” no Museu de Aveiro / Santa Joana, será inaugurada pelas 15h30, e contará com a presença do Senhor Bispo de Aveiro, seguindo-se uma oração no túmulo de Santa Joana. Trata-se de uma exposição evocativa dos 325 anos sobre a beatificação de Santa Joana, que ocorreu a 4 de abril de 1693, pelo Papa Inocêncio XII. A mostra é centrada no papel e ações que tiveram os diversos bispos da diocese aveirense na promoção do seu culto e na divulgação do exemplo de Santa Joana. 
Entrada gratuita 

Neste mesmo sábado, o Museu promove mais um “Dia Aberto” aos cidadãos, com visitas guiadas relativas ao tema, “O Culto a Santa Joana – centradas na história e papel relevante de Santa Joana de Aveiro”, que terão lugar às 10h30 e às 11h30. 
Às 16h30 decorrerá um concerto de Música para Órgão no Coro Alto da Igreja de Jesus. 

A exposição pode ser visitada até ao dia 2 de setembro, de terça a domingo, das 10h às 12h30 e das 13h30 às 18h.

Fonte: CMA

Nota: Consultar a Irmandade de Santa Joana

ALELUIA! JESUS, O SENHOR, CONVIVE CONNOSCO

Georgino Rocha

Georgino Rocha

É ao cair da tarde. Em Jerusalém, cidade onde há dias havia ocorrido a morte por crucifixão de Jesus de Nazaré. A noitinha está prestes a chegar. Começam a rarear os últimos clarões de luz. A hora do tempo marca o ritmo do coração e indicia o estado de ânimo dos discípulos: Esperança muito em baixo. Refugiados em casa, estão cheios de medo e com as portas trancadas. Sobretudo as do espírito encerrado ao futuro imediato. O desfecho dos seus sonhos, que duraram quase três anos, deixou-os em estado de choque. O Rabi, o Mestre em quem haviam depositado total confiança, teve morte trágica. Vítima de um processo iníquo, em que se empenharam as forças religiosas e políticas. A hora era de trevas e nem sequer os semáforos da esperança estavam ligados e a funcionar. Já só restava a saudade avolumada pela revisitação das suas atitudes na ceia de despedida, no jardim das Oliveiras e na agonia, na prisão e em outros passos dados a caminho do Calvário. Retinham, como memória emblemática, a liberdade de Jesus, a dignidade do seu comportamento, a determinação e firmeza dos seus gestos. Viviam a vibração das emoções sentidas e o sabor amargo da deslealdade e da debandada. Estavam abatidos e procuram segurança numa casa, onde se protegiam uns aos outros enquanto surgiam perguntas angustiadas: E agora, que vai ser de nós? Será conhecido o nosso esconderijo? Virão à nossa procura? Que nos farão? E muitas outras.
Jesus apresenta-se no meio deles. De modo simples. Sempre Ele a tomar a iniciativa, a surpreender. E saúda-os amigavelmente: “A paz esteja convosco”. João, o narrador do episódio (Jo 20, 19-31), não faz alusão a qualquer censura pelo passado recente. Apenas refere que lhes mostra as mãos e o lado, com as cicatrizes da paixão, sinais da sua identidade de crucificado. Não haja dúvidas. É Ele mesmo.
Uma nova aurora começa a despontar: O espírito desanuvia-se, a esperança renasce e o coração enche-se de alegria. Este movimento interior é estimulado por Jesus ressuscitado que prossegue: “A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós”. E para os guiar na missão e garantir a fidelidade na comunicação da mensagem, acrescenta: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos”. Que contraste de atitudes! Que confiança acrescida e credenciada! Que tesouro lhes deixa em pobres “mãos de barro”!

O QUE É RESSUSCITAR?

Anselmo Borges 
Anselmo Borges
no DN


1Eu tinha dito às crianças para escreverem uma carta a Jesus. Apareceram várias, que foram lidas na missa do Domingo de Ramos. Jesus acabou por receber muitos beijinhos e desejos de Páscoa feliz. Houve uma particularmente encantadora, a da Margarida, 8 anos. Alguns parágrafos: "Nesta minha carta gostava de te dar uma ideia - espero que não fiques chateado. Se calhar, se falasses um bocadinho mais alto, as pessoas podiam ouvir-te um bocadinho melhor e seguir o teu caminho. Eu acho que assim haveria menos guerra e menos fome. (...) Eu ainda não percebi muito bem como se pode ressuscitar mas, como és infinitamente bom, sei que é possível."
2Apesar da idade, a Margarida já tem as suas perplexidades perante o mistério. E o Mistério, o Absoluto, tem duas faces: Deus e a morte. Quando nos confrontamos com a morte, é mesmo com o mistério que estamos. Ninguém sabe o que é morrer nem o que é estar morto, mesmo para o próprio morto. E tropeçamos em conflitos da linguagem e da realidade, quando, perante o cadáver do pai, da mãe, de uma pessoa amiga, dizemos: o meu pai está aqui morto, a minha mãe está aqui morta, o meu amigo, a minha amiga, está aqui morto/morta... O que falta é precisamente o pai, a mãe, o amigo, a amiga... E que os levamos à sua última morada ou que os vamos visitar ao cemitério... Quem se atreveria a enterrar ou a cremar o pai ou a mãe, a pessoa querida? Nos cemitérios, com excepção dos vivos que lá vão, não há ninguém, só "ossos e podridão", diz o Evangelho de modo cru. Então, o que há nos cemitérios para que a sua profanação seja um crime hediondo? Lá, o que há é a memória e uma infinita interrogação: o que é o Homem? A morte é o impensável - o filósofo Michel Foucault, nos seus últimos dias no hospital, terá sussurrado: "O pior é que não há nada a dizer" - que obriga a pensar.
Claro que é natural morrer. Sim, a vida acaba-se como uma vela..., mas já Ernst Bloch se insurgia: "O ser humano não é uma vela." Morremos como qualquer animal, mas a pessoa não é um animal qualquer: o que caracteriza o ser humano é mesmo a consciência de que é mortal, insurgindo-se ao mesmo tempo contra a morte. Lá está Pascal: a condição humana situa-se algures entre le néant et l"infini (o nada e o infinito) e daí nascem, sem fundo e sem fim, as perguntas últimas, metafísicas e religiosas: qual é o fundamento de tudo, o que sou e quem sou, donde venho, para onde vou, qual o sentido, o sentido último da minha existência e de tudo?

quinta-feira, 5 de abril de 2018

ANDAR DESCALÇO PELOS PASSADIÇOS DA VAGUEIRA



Uma réstia de sol, em tempo de recordes de chuva de décadas, nesta época, andar descalço pelos passadiços da praia da Vagueia não é desafio para muitos, mas estas corajosas ousaram avançar no  domingo de  Páscoa para darem o exemplo. Vi muita gente, mas daqui a uns tempos os passadiços ficarão apinhados, que a maresia já começou a lançar os seus convites levados pelo vento até muito longe. 

quarta-feira, 4 de abril de 2018

PAISAGENS AÇORIANAS


De quando em vez apetece-me assinalar, para minha memória futura, imagens que um dia registei. Não são fotografias com saber e arte, que disso pouco sei, mas são sinais da minha passagem por outras bandas. Pena tenho de muitas viagens que fiz sem a preocupação de fotografar. Não estava na moda nem a fotografia se havia democratizado como presentemente. Que pena eu tenho de não ter previsto o futuro! Hoje seria, seguramente, muito diferente.

terça-feira, 3 de abril de 2018

RIA DE AVEIRO EM IMAGENS


Todos nós, os da região lagunar, conhecemos razoavelmente bem a Ria de Aveiro. Está-nos no sangue e na alma.  Para quem mora longe, aqui ofereço algumas fotos, que podem ser um estímulo para quem nos visita. Venham contemplar este recanto paradisíaco.

domingo, 1 de abril de 2018

FOI MORTO, MAS ESTÁ CADA VEZ MAIS VIVO!

Frei Bento Domingues 


"Repetem-se as denúncias 
de que estamos a globalizar 
a destruição do nosso planeta, 
quando temos todos os meios 
para fazer dele um paraíso."






1. Quando alguém diz "aquele não é bem acabado", está a falar de si próprio e dos outros, porque o ser humano nunca está bem acabado. Não sabemos quem somos, pois, o que seremos é-nos desconhecido. Não somos só o passado nem só o presente, mas o futuro e esse é filho da esperança. A esperança tem muitos nomes. São frequentes as sondagens de opinião que tentam conhecer os desejos, as espectativas e as esperanças de cada um. Não é novidade nenhuma saber que todos desejam ser felizes. Varia muito, no entanto, o que cada pessoa entende por felicidade. A expressão antiga diz bem a nossa condição animal: "haja saúde e coza o forno". É saudável que todos desejem melhorar as suas condições de vida, avançar na carreira como forma de auto-estima, para além do interesse monetário. Mesmo se o dinheiro não der felicidade, dá muito jeito. Muita gente espera a vida inteira o Euromilhões. O Papa Francisco contenta-se com pouco, mas deseja para todos os três T's, como forma mínima de dignidade: tecto, trabalho e terra. As pessoas gananciosas, para satisfazer os sonhos de riqueza, saltam por cima de tudo e de todos. A lista dos mais ricos de um país ou do mundo não é muito grande. Grande é a distância entre os poucos loucamente ricos e os muitos loucamente pobres e miseráveis. Mas não tem de ser assim.
Conta-se que, quando João XXIII chegou ao Vaticano, perguntaram-lhe: "quantas pessoas trabalham aqui?" "Mais ou menos metade"! A sua primeira medida foi a de aumentar os salários mais baixos, tendo em conta a situação familiar de cada um. Quando expôs esta medida ao gestor financeiro do Vaticano, este disse que era o caminho para a bancarrota. "Não me parece nada, porque desci todos os salários altos. As despesas são as mesmas" [1]. Tinha sido, aliás, a recomendação de S. Paulo. É tudo gente, como Jesus Cristo, que nada sabem de finanças, no dizer do nosso Fernando Pessoa.

A FOLGA DA PÁSCOA

Georgino Rocha



Em busca de horizontes rasgados

O clima social tem novos coloridos em tempo de páscoa. A psicologia humana vibra de modo diferente. As culturas e as religiões, especialmente no Ocidente, definem pautas de comportamento colectivo e estabelecem ritos de reconhecido alcance simbólico. As igrejas cristãs, sobretudo a católica, acolhem ritmos populares de grande riqueza expressiva e organizam cerimónias que, por vezes, são autênticas celebrações comunitárias de fé pascal. Tudo se conjuga para o ser humano redimensionar o melhor de si, recorrendo a vários tipos de exibição que, certamente, serão transparência do coração, da consciência profunda, do húmus que se vai vivificando no interior de cada um/a.
De facto, a folga da Páscoa proporciona uma bela oportunidade para se verificar que o ser humano “está em trânsito”, é peregrino de outras realidades, tem de morrer para se abrir a novas dimensões e dar-lhes vida, experiência a urgência do tempo fugaz e o desejo profundo de ter algo a que se agarrar para sentir segurança, anela por um futuro que saboreia a “conta-gotas”. E a páscoa da humanidade aponta claramente para a Páscoa nova e definitiva.
Embora correndo o risco de alguma ligeireza, o mosaico de manifestações da eterna peregrinação humana faz-nos ver a agitação febril e o turismo de toda a espécie, a procura de espaços de silêncio e de contemplação, as decorações de símbolos floridos e as representações artísticas evocativas de outras realidades, as músicas e as canções com frenesim da nova aurora, os gestos solidários de fraternidade, as acções generosas dos voluntários de causas humanas, o sorriso das crianças e a ousadia confiante dos jovens, a constância paciente dos adultos, a esperança alegre dos idosos. Tudo e todos, estamos a caminho de realidades diferentes que nos desinstalam das nossas zonas de conforto e nos lançam em novas aventuras. E surge o apelo que somos chamados a escutar e a atender: Assumir com consciência lúcida e dar a resposta correspondente à fase em que cada um/a se encontra, gérmen de outras que integram o nosso percurso existencial.

ALELUIA DE HAENDEL

sábado, 31 de março de 2018

SAUDADES DESTES HORIZONTES



Tenho saudades dos horizontes vistos do cimo da Serra da Boa Viagem, Figueira da Foz. Enquadrado pelo arvoredo da serra, Quiaios em baixo e ao lado o oceano, o nosso oceano, e ainda a marca sempre expressiva de Fernando Pessoa a recordar-nos, harmoniosamente, que vale a pena ter nascido, sinto a certeza de que na próxima visita à Figueira, ali mesmo hei de reconhecer a magia de ouvir o vento passar.

A NOSSA RESSURREIÇÃO NA MORTE

Uma reflexão de Leonardo Boff


«O fato maior para o cristianismo não é a cruz de Cristo mas sua ressurreição. Sem a ressurreição Cristo teria ficado no passado, no panteão dos mártires abnegados, sacrificados por uma grande causa, um sonho de um Reino de justiça,de amor incondicional e de total entrega a Deus. Mas nunca reuniria pessoas para celebrarem sua presença viva entre nós. A ressurreição significa exatamente essa presença inefável de toda a realidade de Jesus,chamado por São Paulo como o “novissimo Adão”, com um corpo transfigurado, corpo-espiritual, dentro da história humana.»

Ler toda a reflexão aqui 

sexta-feira, 30 de março de 2018

A IMPRESSIONANTE MORTE DE JESUS

Reflexão de Georgino Rocha



João, o apóstolo predilecto, é testemunha da morte de Jesus, juntamente com algumas mulheres, de que se destaca Maria, a Mãe. E descreve os momentos principais dos instantes derradeiros que, com alguns elementos dos outros evangelistas, nos oferecem um quadro exemplar da “arte de bem morrer”, da boa morte. A situação não podia ser mais dramática: insultos dos ladrões crucificados, mofa dos soldados romanos, no ofício de algozes e vigias, João e a Mãe de Jesus com o pequeno grupo de mulheres indefectíveis. A ver o acontecimento está o centurião. A dar sinais do sucedido fica o templo e o universo. E, nós à distância que o coração aproxima, contemplamos com devoção o evoluir da vida do Nazareno prestes a findar-se. Ele, o agonizante, é o protagonista. Entregando o espírito entre gritos e lágrimas. Com dignidade. Em liberdade. Com confiança filial.
Jesus toma a iniciativa. De silêncio e respeito, para com o ladrão revoltado e injurioso; de aceitação benevolente do pedido do ladrão arrependido; de entrega da Mãe a João e desta àquela; de reclinar a cabeça, antes de confiar ao Pai o seu espírito. Que maravilha, humanamente falando! Tudo prevê em harmonia. Tudo deixa a indicar que a missão fora cumprida com perfeição. Tudo com enorme dignidade.
E parecia ser tão natural e humano agir de modo diferente. Ao ladrão revoltado dizer-lhe: recebes o que mereces; ao arrependido, ainda bem que reconheces; à Mãe e a João, não se esqueçam de mim e guardem a minha memória; aos soldados vigilantes, satisfazer-lhes o desejo vencendo o desafio. Mas a atitude de Jesus manifesta a novidade do ser humano tão diferente que “transpira” de divino. Não desce da cruz, dando provas de um amor inexcedível e da justeza da opção tomada livremente; não se preocupa pela sua memória efémera (havia previsto outra presença na ceia e no mandamento novo); não retribui os ladrões com repreensões e censuras; não condiciona a natureza e demais elementos da criação, mantendo-os fora do que lhe estava a acontecer. De facto, Deus humanado em Jesus é totalmente diferente. O episódio do Calvário manifesta-o claramente. E fica como símbolo emblemático para todo o sempre. Olhar para ele é ver o visível e admirar o Invisível. Vêem-se dores, descobrem-se amores. Vêem-se trevas, descobrem auroras da Páscoa. Vêem-se lágrimas de desolação, descobrem-se sinais de júbilo e consolação. Só a fé no Crucificado/Ressuscitado abre o acesso a esta realidade nova.

HOJE ACORDEI ASSIM…






Hoje acordei assim… com as nuvens ameaçadoras, descarregando, quando menos se espera, a chuva benfazeja, mas incomodativa para quem espera e desespera com a ausência real da primavera. Mas ela há de vir, mais dia menos dia, com a ressurreição de Jesus, que é sempre, desde há 20 séculos, a certeza de vida nova.
Boa Páscoa para todos.

Praia da Vagueira



Por este empedrado inacabado da praia da Vagueira andei um dia destes, saboreando a maresia debaixo duma aragem agreste, mas reconfortante. Os prazeres da alma não suplantam, imensas vezes, as dores físicas?

SEXTA-FEIRA SANTA

Anselmo Borges 


1 Estava já sentado para escrever este texto, quando me telefonam da portaria: que estava lá uma senhora, já de idade, que precisava muito de falar comigo. A senhora: "Como é que se pode acreditar em Deus que enviou o seu Filho para ser crucificado?" E eu: "Não se pode, minha senhora." Porque esse seria um deus bárbaro.
Em termos simples, foi assim. Pregou-se o pecado original - chamo a atenção para o facto de Jesus nunca ter falado em pecado original. De qualquer modo, pressupondo o pecado original, pensou-se que ele constituiu uma ofensa infinita a Deus, ficando uma dívida infinita para com Ele, que o ser humano não podia pagar. No contexto do direito feudal, Santo Anselmo teorizou sobre a doutrina da satisfação: Deus enviou então o seu Filho, que, sacrificado na Cruz, pagava a dívida, aplacando a ira de Deus e reconciliando-o com a humanidade.
Aí está um Deus sádico, pior do que um pai normal, sadio, um Deus que aliás contradiz o núcleo da mensagem de Jesus, que revelou que Deus é Pai-Mãe, de tal modo que a Primeira Carta de São João, a partir da experiência que os discípulos fizeram com Jesus, escreveu, na tentativa de dizer quem é Deus, que "Deus é amor incondicional". Este é o único Deus que é Evangelho, isto é, literalmente, notícia boa e felicitante, em quem se pode acreditar, entregar-se a Ele confiadamente na vida e na morte. O outro deus, tão frequentemente pregado e que tolheu e envenenou a vida de tantos, seria um deus sádico, em relação ao qual, portanto, só haveria uma atitude humanamente digna: ser ateu.

2 Jesus não foi vítima de Deus, mas dos homens. O cristianismo constitui a maior revolução na história da humanidade: uma revolução de e para a liberdade, a mais humanizadora. E tudo com fundamento na nova compreensão de Deus. Jesus fez a experiência filial de Deus, que não é omnipotente no sentido da omnipotência enquanto dominação e arbítrio, mas Força infinita de criar. Deus tudo criou e cria por amor e o seu único interesse é a alegria, a felicidade, a realização e a plenitude de vida de todos os homens e mulheres. A partir desse encontro com Deus Pai-Mãe, Jesus fez o que Deus faz: amou a todos, por palavras e obras, a começar pelos mais frágeis, os excluídos, os tristes, aqueles e aquelas que ninguém ama. E ousou transgredir as leis religiosas, como o Sábado, porque "o Sábado é para a pessoa e não a pessoa para o Sábado". E enfrentou os sacerdotes e as leis, curando ao Sábado. E disse que o núcleo da religião na sua verdade essencial passa pelo compromisso a favor dos abandonados e não pelos rituais religiosos: "Eu tive fome e destes-me de comer, eu tive sede e destes-me de beber, eu estava nu e vestistes-me, estava na cadeia e no hospital e fostes ver-me." "E quando é que o fizemos, Senhor?" "Sempre que o fizestes a um destes mais pequeninos foi a mim que o fizestes." Nada de explicitamente religioso nem confessional. O combate religioso essencial trava-se na luta pela justiça, pela dignidade de todos.

ENCONTRO FELIZ COM O SENHOR RESSUSCITADO

Reflexão de Georgino Rocha


Maria virou-se e viu Jesus


É manhãzinha. Maria Madalena está sentada à beira do túmulo de José de Arimateia. Tinha ido, com outras mulheres, ultimar o ritual de despedida que se fazia a pessoas de bem. A surpresa apanha-a em cheio. O coração havia ficado preso a sexta-feira “de trevas”, sobretudo ao enterro de Jesus, de que fora testemunha. Agora, a pedra de entrada tinha sido removida, o sudário arrumado e dobrado o lençol. Dir-se-ia que tudo estava disposto com o cuidado de quem termina a missão recebida. Surgia o vazio com toda a sua eloquência, a ausência com todo o seu enigma a suscitar dúvidas, a levantar interrogações. As lágrimas da saudade intensificam-se com hipóteses de desrespeito, de profanação, de rouba. Olhava para o chão e estava cheia de medo, diz o texto de Lucas, pois “dois homens, com roupas brilhantes, pararam perto delas e disseram: Porque procurais entre os mortos Aquele que está vivo? Ressuscitou”. (Lc 24, 1-12; Jo 20, 1-9).
“A manhã desse primeiro da semana, explica a Bíblia Pastoral em nota de rodapé, marca a transformação radical na compreensão e respeito do homem e da vida. O projecto vivido por Jesus não é caminho para a morte, mas caminho aprovado por Deus que, através da morte, conduz à vida. Doravante, o encontro com Jesus realiza-se no momento em que os homens se dispõem a anunciar o coração da fé cristã”.

quinta-feira, 29 de março de 2018

O DISCERNIMENTO É ESSENCIAL PARA O CRESCIMENTO ESPIRITUAL

Bênção dos Santos Óleos

Citando o decreto do Concílio Vaticano II sobre o Ministério e a Vida dos sacerdotes, o Bispo de Aveiro, António Moiteiro, lembrou hoje, Quinta-Feira Santa, na homilia da Missa Crismal, na Sé de Aveiro, às 10 horas, que os presbíteros devem viver entre os homens como bons pastores  que conhecem  as suas ovelhas,  procurando «trazer aquelas que não pertencem a este redil, para que também elas oiçam a voz de Cristo e haja um só rebanho e um só pastor».
O Bispo de Aveiro falou sobre o dom da vocação presbiteral, salientando que nesta Quinta-Feira Santa «revemos a nossa identidade, as nossas dificuldades e possibilidades», tendo acrescentado que «a vida do padre está sujeita a muitas contradições na sociedade em que vivemos, mesmo nas comunidades cristãs onde exercemos o nosso ministério». «Somos vistos como pessoas solitárias, muitas vezes alheados das preocupações do mundo de hoje, ou então construímos um estilo de vida bastante individual e pouco comunitário», disse.
Ao responder à questão que colocou a si próprio e aos presentes, sobre como e onde «buscar forças para sermos sal que dê sabor e luz que ilumine tantos dos nossos irmãos que andam afastados do projeto que Deus tem para a humanidade», o nosso bispo, dirigindo-se mais concretamente aos presbíteros e diáconos, frisou a importância da dimensão humana, «que deve estar muito presente na nossa vida e na relação com os nossos irmãos». Destacou a necessidade de todos cultivarem «o trato amável», sendo «autênticos, leais, interiormente livres, afetivamente estáveis» e, ainda, capazes de todos se dedicarem aos outros,  «com a alegria de sermos amados por Deus». 
António Moiteiro falou da dimensão espiritual, «a qual nunca se pode dar por adquirida», tendo em conta que «a consciência da nossa identidade presbiteral não se mede por aquilo que fazemos, nem pelo modo como organizamos a vida das nossas paróquias, mas sim em sermos discípulos verdadeiramente enamorados do Senhor, cuja vida e ministério se fundam na íntima relação com Deus e na configuração a Cristo, o Bom Pastor». 
Disse que o cristão deve «abrir o coração às sugestões interiores do Espírito, que convida a ler em profundidade os desígnios da Providência», sem esquecer que «o discernimento é essencial para a maturidade e o crescimento espiritual». 

Fernando Martins

terça-feira, 27 de março de 2018

VITORINO NEMÉSIO - PRECE



PRECE 

Meu Deus, aqui me tens aflito e retirado,
Como quem deixa à porta o saco para o pão.
Enche-o do que quiseres. Estou firme e preparado.
O que for, assim seja, à tua mão.
Tua vontade se faça, a minha não.

Senhor, abre ainda mais meu lado ardente,
Do flanco de teu Filho copiado.
Corre água, tempo e pus no sangue quente:
Outro bem não me é dado.
Tudo e sempre assim seja,
E não o que a alma tíbia só deseja.

Se te pedir piedade, dá-me lume a comer,
Que com pontas de fogo o podre se adormenta.
O teu perdão de Pai ainda não pode ser,
Mas lembre-te que é fraca a alma que aguenta:
Se é possível, desvia o fel do vaso:
Se não é beberei. Não faças caso.

Vitorino Nemésio


Li aqui 

A BELEZA DO NOSSO MAR E DA NOSSA LAGUNA







A beleza do nosso mar e da nossa laguna fazem-me sentir outro. As águas, ora um pouco agitadas, as do oceano, ora serenas, as da ria, como espelhos do céu, entram-nos na alma e dão lugar à imaginação reconfortante. Depois do almoço, andei por ali com um amigo a conversar. Ouvidos nas palavras, atenção nas conversas e olhos nos horizontes. O dia era para isto e o tempo até se mostrou cúmplice da nossa ânsia de primavera. 
Pessoalmente, fiquei agradecido a Deus pela tranquilidade que interiorizei, fixado na paisagem marítima e lagunar, com ondas de espumas brancas, segundo a segundo renovadas, e na aragem a emoldurar tudo e todos, num remanso inspirador de novos desafios para os tempos que aí vêm. E prometi voltar… que a vida tem de ser continuamente uma ressurreição da harmonia contagiante para chegarmos aos que nos estão próximos.

BISPO DE AVEIRO EVOCA D. ANTÓNIO DOS SANTOS

O bispo de Aveiro afirmou que D. António dos Santos 
viveu uma vida “simples e austera” 
ao longo de uma “extensa atividade apostólica”

D. António Santos

«O bispo de Aveiro afirmou que D. António dos Santos, que faleceu esta segunda-feira, viveu uma vida “simples e austera” ao longo de uma “extensa atividade apostólica”, assumindo como “causa de primeira importância na Igreja” as vocações
D. António dos Santos era natural da Diocese de Aveiro e foi bispo da Guarda durante 25 anos, tendo ordenado sacerdote o atual bispo de Aveiro, D. António Moiteiro.
“Viveu uma vida simples e austera, e para aqueles que o conhecemos mais de perto fica a sua amizade, o seu zelo de pastor e a espiritualidade profunda que transmitia a todos nós”, afirmou D. António Moiteiro.
Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o bispo de Aveiro refere a “extensa atividade apostólica” de D. António dos Santos, em Aveiro e na Guarda, destacando “o seu amor às vocações sacerdotais e de consagração”
D. António Moiteiro lembra que D. António dos Santos apelava “constantemente” às comunidades cristãs a “darem as mãos” na oração pelas vocações, uma “causa de primeira importância na Igreja”.
“Ainda estou a ouvi-lo pedir às paróquias o seu compromisso por esta causa e a cadeia de orações que ele intensificou na Diocese. Afirmava, no momento das ordenações, que os maiores benfeitores da Diocese eram as famílias que davam o melhor que tinham, isto é, os seus filhos”, referiu.»

Ler mais aqui 

NOTA: Conheci D. António dos Santos desde o tempo em que foi prior de São Salvador, Ílhavo, e dele guardo gratas recordações assentes numa dedicação à Igreja sem limites e numa humildade cativante. Depois, como Bispo Auxiliar de Aveiro, soube estar à altura de colaborar com entusiasmo com D. Manuel de Almeida Trindade. Seguiu para a Guarda e quando nos encontrávamos dirigia-me naturalmente palavras amigas, de onde sobressaía a simplicidade e a amizade do seu coração. 
Que Deus o receba com muita ternura. 

segunda-feira, 26 de março de 2018

POLÍCIA DE RENDIMENTOS E INTERESSES DOS POLÍTICOS



«O Parlamento vai criar um organismo que funcionará como uma espécie de polícia dos rendimentos e interesses dos políticos e detentores de altos cargos públicos.
A iniciativa, que originalmente pertence ao Bloco de Esquerda, decorrerá no âmbito da comissão eventual para o reforço da transparência no exercício de funções públicas (CERTEFP). Segundo o DN apurou, há maioria (pelo menos à esquerda) para aprovar a proposta bloquista.»

Ler mais no  Diário de Notícias 

NOTA: Ora aqui está uma boa forma de levar os nossos políticos e outros responsáveis de cargos públicos a cuidarem da sua honorabilidade. Eu sei, todos sabemos, que há políticos honestos e incapazes de cometerem crimes da ordem do peculato e semelhantes, levando-os a enriquecerem por vezes de forma escandalosa. Também sei que numa sociedade democrática não devia ser preciso haver "polícias" para vigiarem os rendimentos dos políticos, os tais servidores do povo e do governo da pólis, mas a verdade, infelizmente, é que a desonestidade campeia por aí. 

ÍLHAVO - FERIADO MUNICIPAL


CMI assume obras no complexo desportivo

Campo de treinos no Complexo Desportivo da Gafanha da Nazaré

A Câmara Municipal de Ílhavo (CMI) assinou, na passada sexta-feira, 23 de março, um contrato programa com o Grupo Desportivo da Gafanha (GDG) e a Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, proprietária do Complexo Desportivo, válido até 31 de dezembro de 2019, no respeito pela Lei de Bases da Atividade Física e do Desporto. 
Na cerimónia de assinatura do contrato, que decorreu nas instalações do Complexo Desportivo da Gafanha da Nazaré, o presidente CMI, Fernando Caçoilo, destacou o importante passo que foi dado para a requalificação, com o apoio da autarquia, do Parque Desportivo do GDG, através do levantamento das infraestruturas existentes, promovendo «o estímulo à prática desportiva, principalmente dos mais jovens, com condições dignas e atrativas». 
Este acordo tripartido, entre a CMI, como investidora, a Junta de Freguesia, como titular do complexo, e o GDG, como associação desportiva que diretamente usufrui do Parque Desportivo, reflete a importância da política desportiva e do apoio ao associativismo, promovidos pela autarquia, como alavanca do desenvolvimento das comunidades e do bem-estar dos cidadãos. 
As obras previstas, requalificação da bancada e balneários, instalações sociais e áreas envolventes do Complexo Desportivo, devem ficar concluídas até finais de 2019. 

F.M. 

Fonte: CMI

domingo, 25 de março de 2018

AINDA A QUESTÃO DA MUDANÇA DE HORA

Crónica de Miguel Esteves Cardoso 
no PÚBLICO

Larguem-me as horas

Quando é que deixarão as horas em paz? 
Quando é que será crime manipular assim o nosso querido tempo, 
já de si tão excessivamente curto e comprido como é?

Costumo deitar-me à 1h e meia da manhã. Senti-me roubado quando a hora avançou automaticamente da 1h para as 2h da manhã. E agora? O que é que aconteceu à 1h e meia? A Maria João diz que passou para as 2h e meia. E as 2h e meia? Passaram para as 3h e meia. Mas isso não pode continuar assim.
Fico acordado até às 2h e meia mas é tarde demais para dormir. O meu organismo foi enganado: pensa que eu vou fazer uma directa.

Ler mais aqui 

Jaime Borges no Museu de Santa Joana


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