domingo, 16 de agosto de 2009

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 144

BACALHAU EM DATAS - 34
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Mulheres das secas

MULHERES ... SECAS
Caríssimo/a:
A propósito do “Festival do bacalhau”, onde 150 mil visitantes provaram, o ano passado, todas as iguarias à base de bacalhau”, lembrei-me de vos segredar que há dias recebi uma “caldeirada de espinhas de bacalhau”; foi uma prima que se lembrou de mim e mas enviou. “Que queres, a gente tem de ajudar; a vida não está fácil, eu ando na seca e sempre trago algum!” Já ninguém se lembra de que a Gafanha é terra de bacalhau e da sua preparação! E é bem verdade que, além desta prima, uma sobrinha também se dedica a essa faina!.. Bem vindas as espinhas mas logo uma diferença: foram aparadas à máquina. Lascas de bacalhau, viste-las!, só uns fiapitos que a lâmina deixou passar. E então a imagem de marca: secas a atulhar de bacalhau e de raparigas, montes de raparigas, na labuta, por entre galhofas, ditos e cantares. No final do dia, estradas e caminhos fervilhavam de juventude, em correrias ou andar romanceado, que era hora da procura, dos encontros e das conclusões. De duas irmãs que conheço, percorreram estes caminhos e ambas casaram “fora”: muitos rapazes imigravam à cata de trabalho, aqui criaram raízes e já não regressaram às suas terras de origem! Casadas e cansadas, chegam a casa onde as espera o filho faminto e carente: seu primeiro cuidado é dar leite à criança que se aperta ao colo da mãe. Nos tempos que correm seria suposto uma qualquer ASAE fazer análises ao leite desta Mãe e não me surpreenderia que os químicos espreitassem bem para o fundo dos tubos de ensaio não acreditando nos valores que o computador ia revelando: suor, gotícolas de sal, uma ou outra farripa de bacalhau, vestígios de escamas e leite de muito boa qualidade! Mas, espanto geral, ao surgir um novo elemento, o mais inesperado e nunca visto: a análise acusava de forma bem clara a presença intensa de cheiro de bacalhau! Quem diria?! E foi assim, amigas/os, que destas Mulheres nasceu a nossa geração. De onde, pois, a admiração de que ainda hoje a nossa preferência vá para “todas as iguarias à base de bacalhau”!... Do muito que (esta geração) viveu, trabalhou, pescou e até mordeu o bacalhau não vos massarei eu já que, ontem como hoje, só o conheço no prato! Mas fica aí o desafio para que se abram espaços (blogues... ou quejandos) onde se aprofundem estes temas; e um dos que valeria a pena seria, sem dúvida, “a mulher da Gafanha e as secas de bacalhau”. Manuel

sábado, 15 de agosto de 2009

Concelho de Ílhavo: aproveite bem o programa Mar Agosto 2009

Farol da Barra de Aveiro
MAR AGOSTO 2009
Festas do Município de Ílhavo para todos os gostos

A edição 2009 do Mar Agosto continua a marcar a vida do Município, com momentos diversificados de festa: música variada, cultura, tradição, desporto, actividades recreativas, entre outras, numa acção que é também de homenagem ao Sol, à Ria e ao Mar, à nossa História e, em especial, à Vida. Ver programa aqui

Sílvia Ribau celebrou Bodas de Ouro de Consagração

A Irmã Sílvia Ribau celebrou hoje, na sua terra natal, Gafanha da Nazaré, as Bodas de Ouro da sua Consagração Religiosa, no Instituto das Franciscanas Missionárias de Maria. Houve missa solenizada, presidida pelo Prior, Padre Francisco Melo, e um almoço, no Stella Maris, a que se associaram algumas dezenas de pessoas. Para além do Prior da Gafanha da Nazaré, marcaram presença os padres Miguel Lencastre e Carlos Alberto, frei Silvino Filipe e os diáconos permanentes Joaquim Simões, Emanuel Caçoilo e Fernando Martins. Ainda vimos Irmãs do seu Instituto, do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt e do Instituto das Irmãzinhas da Assunção. 
É sempre comovente, para mim, participar em cerimónias destas, em que se agradece a Deus uma vida percorrida, quantas vezes com sacrifício, ao serviço da Igreja e do mundo. Afinal, as nossas comunidades, um pouco por todo o lado, são alimentadas pelo testemunho de gente que se dá em plenitude aos outros, sem nada esperar em troca. Ainda bem que assim é, porque uma sociedade mais justa e mais fraterna não se constrói apenas com pessoas que falam muito e bem, mas, fundamentalmente, com gente que trabalha com alegria com e para os feridos pela vida. 
A Irmã Sílvia, desde muito jovem, envolveu-se em tarefas paroquiais na Gafanha da Nazaré, nomeadamente, como catequista, visitadora de doente e de pobres. Foi membro da JOCF (Juventude Operária Católica Feminina) e participou, em Fátima, num congresso dessa organização da Acção Católica. Depois, o Prior Saraiva terá descoberto a vocação da Sílvia. Diz ela: “A minha mãe falou-me que o senhor Padre Saraiva lhe disse que eu tinha vocação religiosa. Passado algum tempo falou-me a mim própria …” Certo é que, aos 19 anos, entrou no noviciado das Franciscanas Missionárias de Maria e aos 20, em 1959, tomou o hábito. E desde aí, até hoje, com 50 anos passados, nunca se arrependeu de “fazer esta caminhada com Jesus Cristo e de realizar o Seu projecto”, com “fidelidade, inteira disponibilidade e alegria”. Os meus parabéns à Sílvia, minha colega da “doutrina” (como era designada a catequese da nossa infância), e da primeira comunhão, com o saudoso Prior Guerra.

 FM

ASSUNÇÃO DA VIRGEM SANTA MARIA

Alegria do mundo, Estrela d’Alva: Nenhuma estrela como Vós nos guia. Sois o braço do Deus forte que nos salva, Virgem Maria. Sois a escada de luz lançada à treva Para ligar ao Céu a terra fria. Fulgente aurora, a vida em Vós se eleva, Virgem Maria. Só o trono de Deus é mais sublime Que o vosso trono, à luz do eterno Dia: Celeste Mãe da paz que nos redime, Virgem Maria. Toda a honra à Trindade seja dada E os Anjos Vos exaltem à porfia, Porque sois nossa Mãe, de Deus amada, Virgem Maria. Do Livro das Horas Nota: Um pouco de história aqui

O padre espião

Conheci-o na minha juventude como professor de Teologia Moral. Mas não sabia, como acaba de revelar em entrevista a José Manuel Vidal para o EL Mundo, que trabalhou para os serviços secretos vaticanos e o Mossad, que a CIA quis contratá-lo e que esteve detido pelo KGB. Aos 90 anos e nas vésperas de morrer - tem um cancro terminal -, o Padre redentorista Antonio Hortelano faz, antecipando um livro de memórias, quase pronto, revelações surpreendentes. Embora irritantes para alguns, não faltando mesmo quem o considere um infiltrado e narcisista, valerá a pena uma aproximação de quem se aproxima da morte com imensa dignidade. Acabado de chegar do México, levaram-no ao hospital por causa da gripe A. E o médico: que não tinha a gripe A, mas um cancro do pulmão em fase terminal. Antonio Hortelano: "Vou morrer. Restam-me uns dois meses de vida. Mas não quis químio nem radioterapia. Só cuidados intensivos." Formou parte dos serviços secretos vaticanos. "Com missões especiais e de forma eventual", diz. O cardeal Montini, então secretário de Estado do Vaticano e futuro Papa Paulo VI, encomendou-lhe várias dessas missões. Foi assim que, por exemplo, viajou com passaporte italiano até à Hungria comunista, por causa do cardeal Mindszenty. Cumprida a missão, de regresso a Viena, foi apanhado pelo KGB, interrogado durante horas e acusado de espionagem. Após 48 horas de interrogatório, "mexidos os pauzinhos adequados" - Vaticano e Israel -, soltaram-no, podendo regressar. Confessa que trabalhou mais com o Mossad do que com o Vaticano. Porquê com os judeus? Casa bem o sacerdócio católico com ser espião judeu? "Perfeitamente. Jesus foi judeu de raça e religião. E nunca saiu do judaísmo. Não se pode ser cristão sem ser judeu." Através do Vaticano e do Mossad, tem o privilégio de imensa informação de tipo religioso e político. Até aprendeu as técnicas subversivas. Conhece particularmente os problemas da América Latina e a história da Teologia da Libertação, com a qual aliás tem diferendos. Foi neste contexto que a CIA o pretendeu contratar. "Pensaram que era o candidato ideal para denunciar os teólogos radicais. Mandei a CIA pelo cano de esgoto abaixo, com o que ganhei muitos inimigos." "O Muro de Berlim caiu graças a João Paulo II, aliado com Reagan." Mas censura Wojtyla pela troca de informações diárias com Reagan: "Todas as manhãs, Reagan mandava as suas informações ao Papa e este enviava-lhe a informação mais quente que recebia de todas as nunciaturas." "Foi um grande erro." Pior, porém, foi o escândalo do IOR, o Banco do Vaticano, e ter confiado as finanças da Igreja a monsenhor Marcinkus. "Foi o arcebispo de Baltimore que lho recomendou, mas já nos Estados Unidos Marcinkus estava relacionado com a Máfia. Por isso, quando se deu a queda do Banco Ambrosiano, que deixou um buraco no IOR de mais de mil milhões de dólares, Marcinkus quis tapá- -lo negociando a dívida com a Máfia. No fim, depois de vários mortos, o Vaticano pediu aos religiosos que se encarregassem da dívida. Aceitaram, mas com a condição de ficarem com a gestão das finanças vaticanas. O Papa não quis e então apareceu o Opus Dei, que, através de Rumasa, tapou o buraco de Roma em troca da prelatura pessoal e da canonização do fundador da Obra." A Igreja enquanto instituição "precisa de mudanças estruturais, mas sem dinamitá-la". Ousa escrever uma "última carta ao Papa", na qual propõe "com humildade" algumas medidas. Que a Igreja seja "mais equilibrada e mais feminina". Com padres casados e mulheres ordenadas. Com bispos eleitos por 9 anos e a supressão do colégio cardinalício, já que o Papa seria eleito por "uma representação de todo o Povo de Deus". Não tem medo de morrer? "Nenhum. Tenho fé e acredito no Além." Sente-se orgulhoso por ter trabalhado pelos outros, não esquecendo que também foi "egoísta e muito teimoso". Mas Deus conta com isso. "Em breve chegarei à sua presença e dir-lhe-ei: 'Aqui está o Antonio'." E o epitáfio? A frase do filósofo Zubiri: "Penso, logo existo e existo, não entregue ao nada, mas a Deus." Anselmo Borges
In DN

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Ele tinha a paixão dos objectos

Assim ele tinha a paixão dos objectos, conchas, rodas, ramos secos, utensílios, coisas aparentemente desmembradas e soltas, que encontrava ao acaso em ferros-velhos, pequenas lojas escuras, vãos de porta, recantos poeirentos, ou apanhava do chão quando passava, entre vagos montões de sucata ou de lixo, e depois se transformavam quando ele lhes encontrava na casa um local certo, porque conhecia a sua identidade profunda, o rosto oculto que elas não revelavam facilmente. Deixava-as vir devagar à superfície de si próprias, as suas mãos eram sempre pacientes com as coisas, e também o olhar que descobria a sua intimidade e a partir delas as combinava, porque nem todas se entendiam entre si, era preciso estar atento às suas afinidades ou disparidades, mesmo às menos evidentes. Mas ele tinha o segredo da harmonia. Teolinda Gersão (n. 1940)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Faleceu Rosa Branca Torrão

Chegou-me agora a informação do falecimento da Rosa Branca, cujo funeral foi hoje, pelas 16 horas, em Vale de Ílhavo. Licenciada em História, dedicou grande parte da sua vida ao ensino. Mas a sua vida toda foi uma entrega absoluta à Igreja Católica, de que era membro empenhado. Ligada à Acção Católica, desde muito cedo, nunca perdeu a oportunidade de exercer uma militância exemplar, permanentemente na defesa dos valores cristãos em que acreditava, por convicção profunda e dinâmica, tanto pela palavra como pela intervenção concreta. Era, sem dúvida, uma mulher de causas e de projectos, em prol do homem todo e de todos os homens. Falava com serenidade e com saber, mas também, quando era caso disso, com calor, sobretudo quando importava testemunhar a sua fé na Boa Nova de Jesus Cristo, que considerava essencial à construção de um mundo muito melhor. Sofreu as agruras da doença, mas nunca me lembro de a ver triste nem desanimada. Dizia-me como reagia e como acreditava que melhores dias viriam. Curvo-me perante a sua memória, o seu testemunho de vida, o seu sentido de justiça, o seu espírito fraternal. Paz à sua alma. Fernando Martins

Miguel Guilherme em entrevista a Laurinda Alves, no i

Há pessoas mais criadas para a fé do que outras
Estás num processo de conversão e já deste testemunho sobre isso numa entrevista. Hoje em dia rezas? Sou um católico que não é lá muito católico [risos]. As pessoas têm uma noção muito errada do que é rezar, eu acho que rezar é falar, e a minha luta é constante, porque tenho imensas dúvidas. A fé é um processo de dúvidas, não é um processo de certezas? Acho que não sou dos que nasceram com fé. Há pessoas mais criadas para a fé do que outras. Para mim é uma luta. Mas essa luta agrada-me, porque a integro no resto da minha vida. Tens conversas intelectuais ou afectivas com Deus? Quem é esse Deus com quem conversas? [silêncio] Não posso dizer. Acho que é uma coisa tão íntima... Cada um tem de O encontrar à sua maneira. Foi muito importante para mim este caminho progressivo. Foi um caminho muito longo, porque sempre fui educado e me auto-eduquei no sentido oposto. Tive de fazer uma volta de 180 graus naquilo que pensava e isso não se faz de um dia para o outro. Tive de encontrar, através da razão, um processo que me levasse a um lado mais espiritual. Qual é a mais-valia desse processo interior? Uma inquietação enorme e uma consciência maior.
Laurinda Alves
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Leia a entrevista aqui

"Praia dos Tesos" é a estrela do novo Jardim Oudinot

"Praia dos Tesos", em Julho, na hora da baixa-mar
Nome depreciativo não afasta veraneantes. Pelo contrário, a praia fluvial de Ílhavo é o chamariz para um espaço lúdico recuperado que custou 3,5 milhões de euros
Chama-se "Praia dos Tesos", mas quem para ali vai não é porque não tenha dinheiro para ir de carro até à Barra ou Costa Nova (Ílhavo), como acontecia em meados do século passado com os habitantes da Gafanha, que, por isso, lhe deram o nome depreciativo. Hoje vai-se à Praia dos Tesos pela tranquilidade das águas da ria. Abrigada do vento que, habitualmente, faz na Barra e Costa Nova, a dos "Tesos" tem a água mais quente que nas praias atlânticas. São estas algumas das vantagens apontadas por quem utiliza esta praia, no Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré.
PAULA ROCHA
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Comandante José Vilarinho, algures em cruzeiro

A conversa a bordo lembrava
os nossos bravos pescadores dos dóris
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Iceberg

A minha última estadia nestas áreas do Norte foi há cerca de dez anos. Agora, ao voltar a tantos Glaciares, já antes visitados, é realmente assustador ver o quanto eles estão recuados em relação a um passado tão recente, devido ao aquecimento global. Em algumas viagens, efectuadas até bem perto dos glaciares nos nossos Zodiacs, era possível ver e ouvir o constante desmoronar de grandes pedaços de gelo que se desprendiam do glaciar, para iniciarem a sua viagem em direcção ao Sul.
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Magdalena
Foi possível desembarcar em Magdalena Fiorde, uma reserva natural no norte dos Spitzbergen, onde tivemos o primeiro encontro com ursos polares, que cada vez se acercam mais de nós, devido à falta de comida. Uma baleia morta na baía servia de banquete diário a estes animais tão belos e tão perigosos. Como temos várias tripulações portuguesas, um dos momentos altos destas viagens ao Norte é sempre a passagem por áreas onde é possível encontrar o FIEL AMIGO, o Bacalhau.
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Pesca de bacalhau
A partir das ilhas Lofoten, é fácil pescar bacalhau em quase todos os portos. Num destes portos, organizei uma saída num dos nossos Zodiacs para umas horas de pesca. São sempre momentos de relaxe, mas, ao fim de algumas horas de pesca, a conversa a bordo lembrava os nossos bravos pescadores dos dóris. O dia era de sol, a temperatura 17 graus, mas mesmo assim as mãos e os dedos já davam indícios de cansaço e dor. A pergunta é: como era possível aguentar tantas horas, tantos meses, em condições tão difíceis, aquele trabalho da pesca do bacalhau à linha, efectuada no passado pelos nossos homens, verdadeiros heróis?
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Bacalhau
O resultado da nossa faina não foi má e houve bacalhau para toda a tripulação. Na Gronelândia foi fácil ver de muito perto os megaicebergs na sua navegação em direcção ao Sul, sinais claros dos degelos que se passam no Norte.
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Glaciar
Caro amigo, a conversa já vai longa, pois quando começo a divagar sobre estes assuntos, perco a noção do tempo. Como deve imaginar, é muito difícil seleccionar, em milhares de fotos tiradas, as melhores que possam retratar um pouco tudo isto. Muito gostaria eu de as poder enviar todas, mas não é possível. Um abraço para si e para todos os leitores do seu Blogue. José Vilarinho

Casa cheia no Centro Cultural de Ilhavo para ouvir Jacinta

Quem tem amigos não morre na cadeia
De férias, não pude ir ver e ouvir Jacinta, ontem, no Centro Cultural de Ílhavo. Os amigos também informam e eu gosto disso. Da informação, da disponibiliadade, da colaboração.
Carlos Duarte disse: Pela 3.ª vez Jacinta volta ao Centro Cultural de Ilhavo e enche a sala com o seu novo espectáculo Songs of Freedom. Com Jacinta, Pedro Costa ao piano e Paulo Gravato ao saxofone foram os componentes deste trio que durante todo o espectáculo prendeu o público com aplausos e algumas vezes dialogando com os artistas em palco.
Anunciado pela Jacinta foi o próximo lançamento deste trabalho em CD, no mês de Outubro, e que tem o apoio do Centro Cultural de Ilhavo.

Vou apagar o que de errado fiz...

Propósito Vou apagar o que de errado fiz Ao longo desta vida já passada Como este Sol que, em cada madrugada, Lava as trevas das noites que eu não quis. Esta minha vontade é o pau de giz Que deixa em cada linha desenhada Na lousa de uma vida renovada, A intenção de voltar a ser feliz. Nela vou escrever só o que eu quero, Recomeço a partir de um novo zero Perseguindo outro modo de viver. Não temo quaisquer ventos de revés Que trago, bem assente, nos meus pés, A sólida certeza de vencer! Domingos Freire Cardoso

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A nossa gente: Carlos Duarte na primeira pessoa

Carlos Duarte na sua mais recente exposição, na Costa Nova
Tanto gosto de umas rugas de um idoso
como de um sorriso de criança…
Tudo começou quando fui viver para casa do meu avô na baixa coimbrã, com cerca de dois anos. Meu avô era professor do liceu e tinha três paixões: jornais, fotografia e caça. Todos os dias entrava em minha casa o Diário de Lisboa. Ao fim-de-semana o jornal e mais tarde a revista Vida Mundial; ao domingo era o Primeiro de Janeiro, com a célebre banda desenhada O Reizinho. Todos os domingos, lá ia com ele até ao choupal, jardim Botânico ou jardim junto ao Mondego, sempre na companhia do seu caixote Kodak, com o qual fazia fotografias da natureza e, claro, do neto. Depois era vê-lo no corredor da casa a abrir a máquina, tirar o rolo de papel encarnado, revelar num tanque e pendurar o negativo com uma mola, enquanto os carretos de lata do referido rolo iriam servir para, juntamente com uma caixa de sapatos e os quadrados do Reizinho, fazer de máquina de "projectar cinema", para os putos da rua Corpo de Deus. Assim nasceu em mim o gosto pela fotografia, paralelamente com o gosto pelos jornais. Era a época do final da 2.ª Grande Guerra, com imagens espectaculares dos primeiros repórteres de guerra; as notícias eram lidas pelo meu avô, como se tratasse dum Telejornal! E assim nasceu o gosto pela fotografia e pelos jornais, que se mantém hoje da mesma forma. A vida foi vivida intensamente em Coimbra e na época de 65/69 tudo se alterou, não só pelas novas leituras que nos chegavam da França em ebulição, dos EUA e, mais junto a nós, das crises académicas que se viveram na Lusa Atenas. E é nessa altura que a fotografia surge de novo na companhia de alguns amigos do núcleo de fotografia da AAC [Associação Académica de Coimbra], tendo como grande entusiasta António Portugal, com quem mais tarde criei o núcleo de fotografia do Ateneu. Mas foi na guerra de África que a fotografia veio com mais força; muitas imagens foram publicadas na revista Tempo e no Diário de Notícias; recentemente, voltaram às páginas do meu livro. E assim, desde 1971, que não tenho parado, sempre a fazer fotografia e jornalismo, e raramente faço um artigo que não seja acompanhado de imagens. Para mim a fotografia tem sempre que me dizer algo, seja uma paisagem ou um rosto, e tanto gosto de umas rugas de um idoso como de um sorriso de criança ou, ainda, de uma paisagem, mas tento sempre destacar um pormenor que, normalmente, passa despercebido à maioria das pessoas. Desde 1978 que vivo nesta região e a paixão pela Ria surge porque sou um amante de tudo o que me rodeia; depois, aprendi com o Mestre Cândido Teles a "ver" a Ria da forma como ele a via e, na minha opinião, até agora, ele foi o único pintor que a "viu" como eu a "sinto e vejo". Fiz muita fotografia a preto e branco, em especial no "25 de Abril 1974", mas o custo dos processos laboratoriais e a demora, em contrapartida com os processos de revelação a cores, mais rápidos e baratos, fizeram com que as fotos a preto e branco fossem "esquecidas", até porque a minha colaboração com os jornais tinha de ser a cores. Claro que o preto e branco tem as suas características e eu costumo dizer que há fotografias que só "resultam" a cores e outras a preto e branco. A fotografia dos nossos dias nada tem a ver com a de há cinco ou dez anos atrás; porém, o principal continua, isto é, quem não tiver imaginação e não souber "ver", pode até ter o melhor equipamento do mundo, mas não conseguirá fazer fotos com arte, seja ela analógica ou digital. Sobre as minhas exposições, posso dizer que tenho tido boa aceitação por parte dos visitantes, e até o meu livro – "40 de fotografia" – já vai na 2.ª edição. Faço estas exposições com duas finalidades: mostrar o que faço e dar oportunidade a outros de possuírem trabalhos meus, o que me dá um grande prazer; depois, ajudar quem precisa, sendo o resultado das exposições entregue ao Rotary Clube de Ílhavo, para apoio à Obra da Criança. E como agora a colaboração nos jornais já é reduzida, devido às novas tecnologias, a fotografia vai ter um papel importante e já está na forja uma exposição sobre o tema VIDA! Texto elaborado a partir de uma entrevista via e-mail
Fernando Martins

Lembrança dessa coisinha tão querida

Miura na cesta
Miura Longo tempo em dedicação exclusiva Viveram lado a lado, em liberdade. Mas num golpe de pura crueldade De mau destino ela ficou cativa. Amargurado, triste em recidiva Refém de uma corrosiva saudade, Abrandou na sua vitalidade E a sua existência foi passiva. Miura dele partiu, estremecida, Privaram-no da sua companheira Que sempre foi uma dádiva da vida! Lembrança dessa coisinha tão querida Há-de ser para a dona uma bandeira De ternura total e bem cumprida! M.ª Donzília Almeida 11.08.09

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Quando eu era menino...

O regueirão
Escrevi hoje uma pequena história vivida há uns 60 anos. Pode lê-la aqui.

Viver um cristianismo com piada

Se dissermos que Deus é Amor, ninguém se espanta. A afirmação tornou-se até um pouco banal à força da repetição. Mas se dissermos que Deus é Humor, ficamos em estado de alerta, porque nos parece que alguém está a tentar entrar, no território de Deus, “pela entrada dos fundos” e não pela “porta principal”. A verdade é que o Amor não dispensa o Humor.
O cristianismo não é propriamente conhecido por ser a religião da alegria, e é uma pena. «O cristianismo seria muito mais credível se os cristãos vivessem em alegria», escreveu Nietzsche, e não podemos dizer que sem razão. O nosso testemunho fica muitas vezes refém de uma gravitas insonsa. Esquecemos demasiado o Evangelho da alegria que arrisca-se a tornar uma espécie de tópico marginal.
Por exemplo, quando citamos uma frase bíblica, raramente ela diz respeito à alegria. E, no entanto, a Bíblia é uma espécie de gramática do Humor de Deus. Por incrível que pareça, aquela biblioteca tão séria é também hilariante e está cheia de risos, embora esta dimensão seja, entre nós, escassamente referida. Há páginas que constituem um puro alfabeto da Alegria e muitos momentos que só são compreendidos por quem arriscar sorrir. É que a Revelação de Deus propaga-se numa dinâmica que é claramente jubilosa. Talvez tenhamos de levar mais a sério o verso brincado que o Salmo 2 nos segreda: «O que habita nos Céus, sorri». Ou perceber que a expressão crente é chamada a desenvolver-se como uma coreografia festiva, à maneira do que descreve o Salmo 33: «Alegrai-vos no Senhor, louvai o Senhor com cítaras e poemas, com a harpa das dez cordas louvai o Senhor; cantai-lhe um cântico novo, tocai e dançai com arte por entre aclamações».
O humor abre espaço nas nossas vidas à surpresa. Rimo-nos porque, sem esperarmos, uma palavra cheia de graça vem ao nosso encontro. Na verdade, também a Fé não é, de todo, uma experiência previsível, um mapa prévio muito detalhado, mas uma abertura ao inesperado de Deus que nos convoca... José Tolentino Mendonça

Comandante José Vilarinho, algures em cruzeiro

Comandante José Vilarinho, ao centro, num Polar-Bar

ITTOQOORTOMIT, para quem chega,
é como chegar ao fim do mundo
Espero que estas minhas linhas o possam encontra de boa saúde, assim como toda a sua família. Deve pensar que me esqueci de si e dos leitores do seu blogue, mas não é o caso; apenas a rotina por aqui tem sido muito pesada e stressante, pois estes cruzeiros do norte são mais exigentes, a nível de horas na ponte; e no final, quem paga é o descanso. De qualquer modo, não podia deixar de passar algumas imagens destes distantes destinos, que muito gosto de partilhar consigo e com todos os leitores do Pela Positiva. Da minha parte, mais uma vez, um muito obrigado pela companhia feita através da blogosfera, pois é raro o dia em que não vou dar uma espreitadela, para saber coisas da nossa terra.

Paquete do Com. José Vilarinho

Estou quase no final da minha temporada. Dentro de 15 dias desembarco para férias. Estou a terminar uma viagem de 23 dias, que nos levou desde a Alemanha, subindo toda a Noruega, depois todo o Spitzbergen, até aos 80 graus de Latitude Norte. Daí cruzámos para as distantes paragens da Gronelândia, descendo a sua costa Leste até a uma pequena cidade chamada ITTOQOORTOMIT, que, para quem chega, é como chegar ao fim do mundo. Da Gronelândia cruzámos para a Islândia, Ilhas Faroes, de volta ao Sul da Noruega, e vamos terminar na Alemanha, de novo. A subida da Noruega é feita através das passagens maravilhosas dos famosos Fiordes, onde cada cidade visitada parece um paraíso, tirado de um livro de histórias de encantar, onde não faltam as lendárias personagens Norueguesas, chamadas TROLLS, a dar-nos as boas-vindas.

Bebé em terra de muito frio

A natureza mistura, numa harmonia perfeita, neve, florestas, água doce originária dos degelos nas montanhas, criando lindíssimas quedas de agua, e, na base de tudo, água do mar. Tudo isto torna os fiordes da Noruega algo único, que só visitando é possível apreciar devidamente, já que não há fotos que possam descrever tanta beleza. No Norte da Noruega foi possível admirar um maravilhoso Sol da meia-noite, no Cabo Norte, e desde então praticamente não se encontram seres humanos, pelas remotas paragens dos Spitzbergen. Ao chegar a Ittoqoortomit, uma pequena aldeia perdida no sul da Gronelândia, voltamos a encontrar pessoas, e aí muitos valores das riquezas materiais, tão importantes no mundo ocidental, perdem todo o seu valor, e somos levados a pensar, seriamente, quanto somos RICOS, sem muitas vezes darmos o devido valor a essa realidade.

Iceberg a caminho do Sul

A pobreza e as condições de vida destas 200 pessoas que ali vivem, em condições tão difíceis, principalmente no Inverno, são visíveis por todos os lados da aldeia. São visitados apenas por dois navios de abastecimento duas vezes por ano, raramente são visitados por navios de cruzeiro, mas mesmo assim é possível ver alegria no rosto das crianças que brincavam com vários objectos e que alguns deles, no nosso civilizado mundo, são chamados lixo ou sucata. As pessoas que se cruzavam nos caminhos sorriam, simpáticos e felizes, por poderem mostrar os seus bebés, as suas casas e os seus cães.
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José Vilarinho
NOTA: Continua

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

JARDIM OUDINOT – Um Ano de Vida Nova



Assinala-se, hoje, 10 de Agosto, o primeiro aniversário do Jardim Oudinot, na sua nova versão surgida como consequência de um investimento de reabilitação e requalificação ambiental e patrimonial, que a Câmara Municipal de Ílhavo realizou com de cerca de 3,5 milhões de euros e uma parceria com a APA (Administração do Porto de Aveiro). 
Localizado numa zona ribeirinha de relevante interesse paisagístico, ambiental e histórico-patrimonial, entre a área urbana da Cidade da Gafanha da Nazaré, o Forte da Barra e a área de actividade portuária, o Jardim Oudinot, que foi inaugurado há um ano, veio dar qualidade à zona que acolhe por terra o Navio-Museu Santo André, Pólo do Museu Marítimo de Ílhavo. 
No seu primeiro ano de vida, viveu momentos altos, com a realização do Festival do Bacalhau 2008 e com a Regata dos Grandes Veleiros, tendo acolhido milhares de pessoas que, durante todo o ano, fizeram os seus passeios, merendas, utilizaram o Circuito de Manutenção, os dois equipamentos polidesportivos, os dois parques infantis, o parque de manutenção Sénior, a praia fluvial, e os seus espaços verdes.
Neste seu segundo ano, vai ser activado o Bar de Praia e o Bar-Restaurante da Guarita, e iniciada a utilização do ancoradouro situado junto à Capela da Nossa Senhora dos Navegantes. O futuro próximo vai seguramente ser marcado pela chegada de novas e importantes capacidades que, agregadas ao Jardim Oudinot, vão aumentar cada vez mais a sua atractividade e a sua condição de local de múltiplas actividades e de carácter extraordinário. 
O Festival do Bacalhau 2009, que vai decorrer de 19 a 23 de Agosto, é o próximo acontecimento importante que o Jardim Oudinot vai acolher. Fonte: CMI

Casa-Museu Afonso Lopes Vieira

Passar por São Pedro do Moel e não visitar a Casa-Museu Afonso Lopes Vieira é como ir a Roma e não ver o Papa. Afonso Lopes Vieira (1878-1946) foi um escritor multifacetado, onde sempre sobressaía o poeta e o homem de cultura. 
A poesia, a prosa, a literatura infantil, as adaptações, o cinema e o ensaio encheram a sua vida. Mas no fim, ainda houve lugar para o homem solidário, tendo doado a sua casa, em São Pedro do Moel, para ali funcionar uma colónia de férias para filhos dos trabalhadores vidreiros e florestais. Ainda hoje funciona. 
Não tendo sido, na sua juventude, um crente, pelo casamento tornou-se um homem de fé. Curiosamente, a ele se devem os versos que são uma indiscutível marca das aparições de Fátima, o célebre Ave de Fátima, com a assinatura de um servita. 
A Casa-Museu, antiga residência de férias, e não só, do poeta, merece uma visita. O visitante pode, se quiser, sentir ao vivo a ambiência que Afonso Lopes Vieira usufruiu, com o bater das ondas na sala de estar banhada de sol, que o artista fixou em fotografias. 
A luz é presença permanente na sua alma e nos seus registos. Cultor do espírito franciscano, manifestado numa vida austera e numa preocupação pelos mais sofredores, a sua obra é reflexo de grande humanismo e da sua ternura para com as crianças.

FM

Poema de Afonso Lopes Vieira,

Onde a terra se acaba e o mar começa
é Portugal;
simples pretexto para o litoral,
verde nau qu'ao mar largo se arremessa.

Onde a terra se acaba e o mar começa
a Estremadura está,
com o Verde Pino que em glória floreça,
mosteiros, castelos, tanta pátria ali há!

Onde a terra se acaba e o mar começa
há uma casa onde amei, sonhei, sofri;
encheu-se-me de brancas a cabeça
e, debruçado para o mar, envelheci...

Onde a terra se acaba e o mar começa
é a bruma, a ilha qu'o Desejo tem;
e ouço nos búzios, té que o som esmoreça,
novas da minha pátria - além, além!...


Afonso Lopes Vieira, 

Onde a Terra se Acaba e o Mar Começa, 

Bertrand, 1940

O odiado Pinho estava no bom caminho

Martim Avillez Figueiredo, director do i, usa o seu editorial para, de forma simples e directa, traçar linhas esclarecedoras da nossa realidade política, social e económica.
Hoje afirmou que “A Inglaterra corre o risco de ficar sem electricidade já em 2012. Isso: sem electricidade. Um dos países mais poderosos do planeta está em vias de se apagar porque não consegue produzir energia suficiente para as suas necessidades”. E depois explica porquê. E adianta: “O odiado Manuel Pinho, com que todos embirravam pelas suas curiosas aparições públicas, (…) montou um plano de investimento em energias renováveis – vento e água, sobretudo – que chamou até a atenção do prémio Pollitzer”. O editorial merece ser lido Esta minha chamada de atenção serve para dizer que muitas vezes somos levados a ficar com ideias erradas de certos políticos, e não só, por força de tiradas jornalísticas e de ataques políticos, com o único intuito de dizer mal, para destruir. Afinal, o ministro que foi despedido pelo Governo estava no bom caminho. FM

Fotografia de Carlos Duarte na Costa Nova

Aspecto da exposição
.
Carlos Duarte tem sabido
partilhar o que vê e sente
,
Com mais de 40 anos dedicados à fotografia, como amador de qualidade indesmentível, Carlos Duarte tem sido presença assídua na comunicação social, cumprindo, com oportunidade, um bom trabalho de repórter fotográfico. Cruzei-me com ele várias vezes no serviço de reportagem e conheço, por experiência própria, a importância do seu contributo na divulgação de acontecimentos e pessoas marcantes da nossa região. Quando completou quatro décadas de profícuo trabalho, veio a público um livro com alguns registos por ele captados, onde mostrou uma sensibilidade muito própria, com sinais claros da sua paixão pela ria, com mar à vista. Com as suas fotografias, desde a era analógica até à digital, que hoje domina quase em absoluto a arte fotográfica, Carlos Duarte tem sabido partilhar, com o público da região, o que vê e sente, através de exposições individuais, mostrando à saciedade quanto rejubila com máquina na mão e olhos atentos. Mais alma que põe em tudo quanto aprecia e o seduz. Nesta exposição, patente na Residencial Azevedo, a quarta da sua carreira, Carlos Duarte teve a oportunidade de chamar a minha atenção para algumas fotografias, só possíveis de captar quando deambula de bicicleta e atravessa a ponte que nos liga às Praias da Barra e da Costa Nova. Quem anda apressado, normalmente, não tem tempo para ver a paisagem que o circunda. Lá estive no dia da abertura da exposição e tenciono voltar para, com mais calma, apreciar, fotografia a fotografia, mais pormenores de cada uma, a beleza do seu trabalho, sem arranjos que alteram, por vezes, o que a natureza assume como coisa sua. Ria e mar, barcos e moliço, redes e vieiras, velas e proas, ondas com reflexos e nuvens espelhadas na laguna, de tudo um pouco ali está. Os preços são acessíveis. FM

domingo, 9 de agosto de 2009

Passeios de Férias: São Pedro de Moel

Afonso Lopes Vieira
:
Visita para repetir? Claro!
Quando, há anos, visitei São Pedro de Moel, fiquei com a ideia de que se tratava de uma terra arejada, encravada entre o Pinhal de Leiria e o Mar, onde veraneia gente de haveres. Vivendas recentes que casam bem com moradias de traça antiga mostram que houve cuidado com a urbanização e com o asseio. Bom sítio para umas boas férias à beira-mar, com ladeiras a exigirem boas pernas para subir e descer. Durante esta visita, confirmei que se tem mantido o rigor na manutenção da povoação, imposto desde há muito. Hotéis e residenciais, restaurantes e pensões, estabelecimentos preparados para atender os residentes e visitantes, tudo serve para garantir uma ambiência que pode ser desfrutada por muita gente, principalmente no Verão, época de maior afluência.
Na praça, qual varanda virada para a praia, pontifica o busto da figura maior desta terra – Afonso Lopes Vieira – que o soube respeitar, tanto quanto o poeta a soube amar. Mas dele, da sua obra e do seu museu, falarei, com mais pormenor, num próximo registo. Se o não fizesse, seria crime de lesa-poesia e de lesa-solidariedade.
:
Nessa varanda, com tendas de artesanato variado, mais doces regionais, como penso, até nem faltou a propaganda política, da CDU, com o ainda bem conhecido homem da Rádio, Cândido Mota, a debitar os slogans do partido que mais lutas políticas apoiou ou promoveu na Marinha Grande, sede do concelho a que pertence São Pedro do Moel e centro vidreiro de renome internacional, embora, segundo penso, a entrar em decadência nos últimos anos. Não sei se agora estará em recuperação… Deus queira que sim. A marca do poeta está em cada canto. No restaurante Brisamar, premiado pela gastronomia, higiene alimentar e profissionalismo, onde degustei uma bem composta cataplana, acompanhada por um branco do Ribatejo, de nome e preço a condizer com o repasto, apreciei uma quadra de Afonso Lopes Vieira, que ali está há 45 anos, como me informaram. Mais ainda: um quadro, em jeito de tríptico, de Carlos Reys, e uma vitrina de peças de vidro dignas de museu. Visita para repetir? Claro! FM

Raul Solnado

Na galeria dos inesquecíveis A meio da manhã, ligou-me o António Macedo, da Antena 1, com a voz tensa e a notícia de um rumor: constava que tinha morrido o Raul Solnado. Perturbado e um tanto incrédulo, dado que os nossos últimos encontros não pressagiavam tão brutal novidade, procurei informações junto de um amigo comum que o acompanhava sempre: o Manolo Bello. Era verdade. Duas horas antes destas amargas conversas, perdêramos do nosso convívio um homem raro, alguém que não fazia apenas parte de um círculo de amigos mas da existência dos portugueses todos. E nessa manhã negra de ontem, em homenagem à memória do Raul, tomei dois whiskies como tantas vezes fizemos juntos. E entristeci. Mário Zambujal, no PÚBLICO de hoje, Caderno Principal, 3.ª página

Um bocadinho de Jacinto Lucas Pires

Jacinto Lucas Pires
:
Era uma vez um menino ou uma menina, quem lê é que escolhe, que ia por uma floresta ou uma rua ou um deserto com céus mais que gigantes. Era noite fria lá nesse lugar. Uma noite fria e bonita mas também meio triste, porque tudo é triste se estamos tristes, e as coisas bonitas então são as mais tristes, e o menino ou menina não estava contente. Ia sozinho ou sozinha sem companhia ou coragem para ir assim por ali, na floresta ou na rua ou no deserto dos céus. A noite caindo, um silêncio bem mau, e ele ou ela a tremer. O menino ou menina é mesmo igual a nós. Estrangeiro ou estrangeira, pequeno ou pequena, muito fraco ou fraca e sem nada saber. Vai agora na estrada toda feita de escuro ou chuva ou vento ou talvez tempestades. Ao longe, uma luz. E o menino ou menina sofre um medo terrível. E de repente essa luz afinal é uma casa e de repente essa casa afinal é a nossa e de repente o medo é afinal alegria. Uma alegria-alegria ou qual outra palavra? Quem lê é que escolhe, quem lê é que escolhe.

sábado, 8 de agosto de 2009

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 143

BACALHAU EM DATAS - 33
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Santa Joana

O SANTA JOANA

Caríssimo/a:
1935 - «...[P]erante a incapacidade dos estaleiros navais portugueses em satisfazer as necessidades da frota, apesar da necessária autorização prévia do Ministro da Marinha, os armadores portugueses recorreram à aquisição de unidades usadas no estrangeiro, onde os preços de navios usados oscilavam entre os 150.000$00 e os 200.000$00. Aquisição do lugre em ferro JOSÉ ALBERTO, para a praça da Figueira da Foz e dos lugres em madeira SANTA QUITÉRIA, para a praça do Porto, e LABRADOR, para a praça de Lisboa. Ainda no mesmo ano e para a praça de Aveiro, foi comprado em França o lugre NORMANDIE e na Irlanda o lugre SENHORA DA SAÚDE.» Oc45,109
«O JOSÉ ALBERTO, adquirido na Dinamarca pela Sociedade de Pesca Oceano, L.da, em 1935, se[rá] o primeiro lugre-motor de pesca à linha, totalmente feito em ferro, a ser integrado na frota de pesca do bacalhau.» Oc45, 111
«17 de Fevereiro - Entrou na barra da Figueira o lugre com motor de 4 mastros JOSÉ ALBERTO, construído em chapa de aço em 1923, na Dinamarca. Propriedade da Sociedade de Pesca Oceano, o lugre foi considerado "o maior e mais elegante navio da frota bacalhoeira portuguesa". A maioria das casas comerciais da zona ribeirinha fecharam, para que o seu pessoal pudesse observar este momento histórico.»
«Neste ano a frota bacalhoeira portuguesa era composta por 46 navios, sendo 11 da Figueira da Foz.»
1936 - «O segundo marco de inovação [das características técnicas introduzidas nos navios bacalhoeiros da frota portuguesa do bacalhau] foi o começo da pesca com arrastões clássicos ou laterais, em 1936, com o célebre SANTA JOANA.» [v. 1932 ] Oc45, 100
«Por encomenda da Empresa de Pesca de Aveiro, foi construído nos estaleiros de Nakskow, na Dinamarca, um arrastão em aço, o SANTA JOANA, que viria a ser o primeiro barco em Portugal a utilizar o sistema de pesca do bacalhau por arrasto. Era de aço, com 66 metros de comprimento e 17 pés de calado. A sua tonelagem bruta atingia as 1198 t e a sua capacidade de pesca ia até às 1080 t. Com uma tripulação de 58 homens, possuía frigorífico, TSF e um motor Guldner que debitava 900 CV. Este motor permitia-lhe fazer duas safras por ano, a primeira entre Março e Junho, a segunda de Setembro a Dezembro. O SANTA JOANA era um navio sofisticado e bem equipado, numa época em que o preço de um arrastão com estas características rondava os 8.500 contos.» Oc45,111
«O SANTA JOANA foi o primeiro arrastão português da pesca do bacalhau. Pertencia à Empresa de Pesca de Aveiro e era considerado, na sua época, uma das maiores unidades do arrasto na pesca do bacalhau.» Oc45,119 n. 5
«Esta modalidade [o arrasto] firma-se entre nós nesse ano de 1936, com a construção dinamarquesa do SANTA JOANA para a Empresa de Pesca de Aveiro, na gerência de Egas Salgueiro. Assume o comando do navio o Capitão João Ventura da Cruz, veterano dos lugres bacalhoeiros, um dos que, em 1931, demandaram pela primeira vez os bancos da Gronelândia.» HDGTM, 7
«Em 1936, foi adquirido o lugre MILENA, em Génova, também para engrossar a flotilha aveirense [para a Indústria Aveirense de Pesca].» Oc45, 109
Manuel

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