Há pessoas mais criadas para a fé do que outras
Estás num processo de conversão e já deste testemunho sobre isso numa entrevista. Hoje em dia rezas?
Sou um católico que não é lá muito católico [risos]. As pessoas têm uma noção muito errada do que é rezar, eu acho que rezar é falar, e a minha luta é constante, porque tenho imensas dúvidas.
A fé é um processo de dúvidas, não é um processo de certezas?
Acho que não sou dos que nasceram com fé. Há pessoas mais criadas para a fé do que outras. Para mim é uma luta. Mas essa luta agrada-me, porque a integro no resto da minha vida.
Tens conversas intelectuais ou afectivas com Deus? Quem é esse Deus com quem conversas?
[silêncio] Não posso dizer. Acho que é uma coisa tão íntima... Cada um tem de O encontrar à sua maneira. Foi muito importante para mim este caminho progressivo. Foi um caminho muito longo, porque sempre fui educado e me auto-eduquei no sentido oposto. Tive de fazer uma volta de 180 graus naquilo que pensava e isso não se faz de um dia para o outro. Tive de encontrar, através da razão, um processo que me levasse a um lado mais espiritual.
Qual é a mais-valia desse processo interior?
Uma inquietação enorme e uma consciência maior.
Laurinda Alves
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