Comandante José Vilarinho, ao centro, num Polar-Bar ITTOQOORTOMIT, para quem chega,
é como chegar ao fim do mundo
Espero que estas minhas linhas o possam encontra de boa saúde, assim como toda a sua família.
Deve pensar que me esqueci de si e dos leitores do seu blogue, mas não é o caso; apenas a rotina por aqui tem sido muito pesada e stressante, pois estes cruzeiros do norte são mais exigentes, a nível de horas na ponte; e no final, quem paga é o descanso.
De qualquer modo, não podia deixar de passar algumas imagens destes distantes destinos, que muito gosto de partilhar consigo e com todos os leitores do Pela Positiva.
Da minha parte, mais uma vez, um muito obrigado pela companhia feita através da blogosfera, pois é raro o dia em que não vou dar uma espreitadela, para saber coisas da nossa terra.
Paquete do Com. José Vilarinho
Estou quase no final da minha temporada. Dentro de 15 dias desembarco para férias. Estou a terminar uma viagem de 23 dias, que nos levou desde a Alemanha, subindo toda a Noruega, depois todo o Spitzbergen, até aos 80 graus de Latitude Norte.
Daí cruzámos para as distantes paragens da Gronelândia, descendo a sua costa Leste até a uma pequena cidade chamada ITTOQOORTOMIT, que, para quem chega, é como chegar ao fim do mundo.
Da Gronelândia cruzámos para a Islândia, Ilhas Faroes, de volta ao Sul da Noruega, e vamos terminar na Alemanha, de novo.
A subida da Noruega é feita através das passagens maravilhosas dos famosos Fiordes, onde cada cidade visitada parece um paraíso, tirado de um livro de histórias de encantar, onde não faltam as lendárias personagens Norueguesas, chamadas TROLLS, a dar-nos as boas-vindas.
Bebé em terra de muito frio
A natureza mistura, numa harmonia perfeita, neve, florestas, água doce originária dos degelos nas montanhas, criando lindíssimas quedas de agua, e, na base de tudo, água do mar.
Tudo isto torna os fiordes da Noruega algo único, que só visitando é possível apreciar devidamente, já que não há fotos que possam descrever tanta beleza.
No Norte da Noruega foi possível admirar um maravilhoso Sol da meia-noite, no Cabo Norte, e desde então praticamente não se encontram seres humanos, pelas remotas paragens dos Spitzbergen.
Ao chegar a Ittoqoortomit, uma pequena aldeia perdida no sul da Gronelândia, voltamos a encontrar pessoas, e aí muitos valores das riquezas materiais, tão importantes no mundo ocidental, perdem todo o seu valor, e somos levados a pensar, seriamente, quanto somos RICOS, sem muitas vezes darmos o devido valor a essa realidade.
Iceberg a caminho do Sul
A pobreza e as condições de vida destas 200 pessoas que ali vivem, em condições tão difíceis, principalmente no Inverno, são visíveis por todos os lados da aldeia.
São visitados apenas por dois navios de abastecimento duas vezes por ano, raramente são visitados por navios de cruzeiro, mas mesmo assim é possível ver alegria no rosto das crianças que brincavam com vários objectos e que alguns deles, no nosso civilizado mundo, são chamados lixo ou sucata.
As pessoas que se cruzavam nos caminhos sorriam, simpáticos e felizes, por poderem mostrar os seus bebés, as suas casas e os seus cães.
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José Vilarinho
NOTA: Continua