domingo, 28 de setembro de 2008

Qual é a melhor qualidade de um professor?

Arsélio Martins e Tomás Fidélis
A revista PÚBLICA de hoje traz uma entrevista curiosa. Arsélio Martins, o professor do ano em 2007, responde a questões postas pelo Tomás Fidélis, um aluno brilhante em 2008. Professor e aluno da mesma escola travaram um diálogo interessante, que vale a pena ler, para longa e necessária reflexão sobre a escola, os professores e os alunos que temos. A dado passo, o Tomás pergunta, para uma resposta desafiante: Qual é que acha que é a melhor qualidade de um professor? A melhor qualidade de um professor é ter aprendido bastante para saber que sabe muito pouco. E saber que é muito importante que a geração seguinte seja melhor que ele. É preciso que faça todos os esforços para que quem vem a seguir tenha mais conhecimentos e competências e desempenhe um papel melhor. A minha mãe dizia assim: “Eu quero o melhor para os meus filhos.” Os professores devem ter esta pulsão como fundamental. Acrescida da humildade de saberem que têm de estudar, ler e cultivar-se todos os dias. Um professor que também não consiga ligar a sua disciplina a um conjunto mais vasto de saberes é muito pobre e faz com que os estudantes sejam pobres. Tem de ir ao contratempo, participar na vida social, ter as suas ideias.
Foto da PÚBLICA

O Fio do Tempo

A política da agenda diária
1. Nestes dias vieram à ribalta algumas das contas do negócio dos combustíveis. Quando muitos questionam o modelo do capitalismo (até lhe chamam de “selvagem”!), o certo é que das ditas contas lucrativas o Estado vai buscar fatia significativa. Relata o estudo da Visão (25-09-2008) que «cada cêntimo a mais, do gasóleo e da gasolina, representam 230 mil euros nos cofres» de lucro por dia, este conseguido às custas da dependência energética que, no fim de contas, convém grandemente aos poderes. As inverdades, omissões e estratégias dos dois sistemas de poderes, sejam os capitalistas sejam os estatais, servem-se fortemente das conjunturas mais que servem… 2. Como eco da recente apresentação pública de livro de Marques Mendes, que não deseja o regresso antes pelo contrário, vem uma certa renegação da condição política, ele que esteve anos a fio nessa linhagem das lideranças. Denunciar-se que se sente surpreendido tantas vezes com a pequenez de horizontes da «agenda» política dos partidos no parlamento é constatação que os cidadãos fazem e pedem que seja diferente. Na reflectida desilusão de um dirigente político (seja de que quadrante partidário for…) em relação à «classe política» está a tristeza de um povo que olha para cima e tem dificuldades em sentir-se efectivamente representado. 3. Vive-se o clima propício para o crescer da indiferença em relação ao bem comum. No difícil comum ganha-pão da agenda diária, a preferência dos silêncios abre espaço desmedido ao fracturante. Hoje eleva-se o pormenor, o acessório, a minoria, a bandeira da inclusão de cada um mas, tantas vezes, em detrimento da visão de conjunto de uma sociedade como comunidade. As malhas do tecido social e cultural correm o risco de se quebrarem e, pior ainda, de não se sentir a sua falta. É democrático o querer da minoria…; mas não será urgente o pensar-agir comunitário?

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 96

AS CIÊNCIAS NATURAIS
Caríssima/o: Ora aqui está um assunto que sempre ... (o que eu ia a escrever, Santo Deus!... o que vale é que o computador tão depressa escreve como apaga,... safa, agora ia a sair delita!...) ..., mas vou completar: um assunto que sempre me interessou, bem como aos meus companheiros. Também aqui se ia para o tal quarto (que não tinha nada de escuro!...) decorar a teoria, mas com uma diferença: o que se lia e estudava reflectia-se na nossa cabeça em imagens bem reais. Reinos da Natureza: animal, vegetal e mineral; exemplos: a porca lá de casa, a couve do quintal e a pedra com que o Amílcar rachou a cabeça do... Mesmo quando o estudo incidia sobre o corpo humano não havia dificuldade que ainda a semana passada se tinha matado o porco e o Ti João André o desmanchou e nos mostrou o coração, os pulmões... e por aí fora, à medida que ia pondo para o alguidar e separando a fressura das tripas, até que chegou à bexiga que nos mandou bater e secar para depois jogarmos à bola... Com o tipo das raízes, ou o dos caules, mesmo até o recorte das folhas e as corolas das flores ou as características dos frutos, aquilo era uma 'saladinha de frutas' bem preparada, não havia sabor, cor ou trincadela em falso para a identificação que nos era exigida... Já na mineralogia não era tão linear: pedras e barro, bom, até bonecos fazíamos e pequenos púcaros, mas se o livro falava em minérios havia alguma hesitação. Mas isto para quem morava à beira da oficina do Ti Zé do Lino logo se rasgava o horizonte: ferro, cobre, chumbo... Era de facto uma aprendizagem baseada numa experiência de vida que, muitas vezes, nos levava a pedir mais que aquilo já nós sabíamos, só que a dificuldade estava em distinguir a Zoologia, da Botânica e da Mineralogia, nomes tão complicados para coisas que, desculpai-me, eram tratadas por nós... aos pontapés! Manuel

sábado, 27 de setembro de 2008

Declaração de Conimbriga

Jovens da Terceira Idade, em passeio
1. Envelhecer é o maior atributo da vida, expressão completa da existência.
2. Todo o ser humano tem o direito a envelhecer com saúde, segurança e dignidade.
3. A sociedade deverá proporcionar a todos os que atingirem a fase superior da vida meios para uma existência condigna em termos sociais, familiares, económicos, médicos e culturais.
4. Os seniores têm a obrigação de transmitir à família e à sociedade a cultura e sabedoria acumuladas ao longo da vida.
5. Os seniores têm direito ao convívio com os seus netos naturais e adoptivos, ajudando-os e acompanhando-os e transmitindo, pelo exemplo, valores, princípios e ensinamentos.
6. Os seniores têm direito a que sejam respeitadas as suas disposições e vontades, no estrito respeito pela ética e pela lei.
7. A sociedade tem a obrigação de adaptar e construir as estruturas, de valorizar e modificar a organização social e ensinar os cidadãos em função da nova realidade social, fruto do envelhecimento.
8. Os seniores devem associar-se, formal ou informalmente, na defesa dos seus interesses e na promoção dos seus valores.
9. Os seres humanos têm o direito e o dever a envelhecer com arte e a estimular a arte do envelhecimento.
Conimbriga, 27 de Setembro de 2008.
NOTA: Transcrita, com devida vénia, do blogue Quarta República
Foto da Revista "Maior Idade", da CMI

UM NÃO CONVERTIDO EM SIM

A cena parece um enigma com aspectos de armadilha. Mas é antes uma historieta com grandes ensinamentos de vida. Passa-se com Jesus e os chefes do povo na esplanada do Templo em Jerusalém. Um homem tem dois filhos e diz a um: vai trabalhar na vinha e ele, solícito, diz que sim, mas não foi; e diz a outro: vai trabalhar também para a vinha e ele, contundente, não vou, mas depois reconsiderou e foi. Qual fez a vontade do Pai?! Ambos, em algum momento, dizem fazer-lhe a vontade. Mas basta dizer?! O trabalho da vinha fica feito com palavras de assentimento?! Este momento fugidio não constituirá um símbolo emblemático de tantas fases da vida que têm o mesmo sentido e alcance? Sinceramente acho que sim. Estou convencido que, se as “coisas” se resolvessem com palavras, muitas coisas correriam melhor e funcionariam mais certo. Tudo, não, porque diz-se cada uma que nem a honra escapa, quanto mais a ética de povos civilizados! Ambos, em algum momento, negam corresponder ao pedido feito. Afirmam-se pela oposição, manifestam o impulso da sua vontade pela negação. A afirmação na vida, sendo importante, não é tudo e pode fazer-se de várias maneiras. A reacção impulsiva, tendo a sua riqueza fugaz, não constitui o modo normal de viver do ser humano, nem se mantém pujante durante muito tempo ou garante qualquer solidez para a estabilidade do futuro. A vontade do Pai é clara e benevolente: fazê-los partilhar do trabalho da vinha, deixarem a estéril ociosidade, serem prestáveis e sentirem-se úteis, desenvolverem capacidades, adquirirem competências. Esta relação constitui o núcleo principal da historieta. O homem da vinha é Deus Pai. Os filhos são todos os humanos. A vinha é o mundo ou a sociedade organizada em qualquer das suas modalidades, a Igreja e as comunidades e os movimentos que a configuram e realizam a sua missão. Trabalhar na vida é assumir um serviço socialmente útil, sentir-se responsável pelo que faz ou omite, partilhar o que se tem e manifestar o que se é, reconhecer os outros e as suas capacidades ou limitações, dar as mãos na prática da solidariedade, organizar-se funcionalmente para alcançar os objectivos pretendidos, viver em constante comunhão com a benevolência do Pai, cultivar a paciência confiante, saber intervir a tempo e em conjunto, saborear o descanso merecido, apreciando o fruto alcançado. Felizmente, há trabalhadores exemplares na vinha do Senhor. A história vai-se fazendo com o seu esforço, por vezes, heróico e martirial. A humanidade vai-se dignificando com a sua entrega generosa permanente. A Igreja vai-se “ramificando” e infiltrando com os seus gestos de amizade e atitudes de proximidade. O mundo, qual vinha do Senhor, vai-se desenvolvendo com as negas de uns, logo transformadas em afirmações de coerência generosa, e os sins de outros que rapidamente se tornam inconsequentes, desistindo de tão nobre propósito, sem qualquer explicação aparente. Muitos destes trabalhadores nem sequer chegam a ser conhecidos na voracidade do tempo. Resta-lhes o “livro de Deus”, onde a vida humana tem um registo de qualidade. Georgino Rocha

FESTA NA COSTA NOVA

Costa Nova antiga. Seria dia normal ou de romaria?
ROMARIA DA SENHORA DA SAÚDE MANTÉM A TRADIÇÃO
Este fim-de-semana vamos ter festa rija na Costa Nova, em honra de Nossa Senhora da Saúde. Amanhã há missa, procissão e as tradicionais devoções particulares a Nossa Senhora. Para além disso, que é o substrato religioso das festividades em honra dos padroeiros, neste caso da padroeira da paróquia da Costa Nova, vem a romaria do povo das redondezas, ao jeito de quem encerra a época balnear. Diz o padre Rezende, na sua Monografia da Gafanha, que “Frei João Pachão, no século Jerónimo Pachão, das Aradas, naquele tempo já frequentador da Praia, fundou em 1822 ou em 1824, com o auxílio das companhas e com esmolas do povo, uma capela de madeira, que dedicou a Nossa Senhora da Saúde”. A história continua e a dado passo, com mais banhistas a procurarem a praia, José da Graça, de Ílhavo, gerente de uma das companhas, avançou com a ideia de construir outro templo, porque o primeiro não oferecia as condições mínimas para o culto. Continua o padre Rezende: “Com o concurso das outras companhas pôs mãos à obra, e em 1890 tinha erguido a linda capela, que a brisa do mar beija a toda a hora, numa saudação fagueira.” “Todos os anos – garante o autor da Monografia – desde a sua fundação, é celebrada a festa à sua excelsa Padroeira, no último domingo de Setembro, atraindo à praia multidões de devotos e forasteiros.” Mais adiante, sublinha que a devoção é tanta que não faltam ofertas valiosas, tais como “Cordões, libras, ligas, anéis, crucifixos, medalhas, (tudo de oiro), velas, ex-votos de cera, outros ex-votos, azeite, novenas, orações, tudo ali era levado pelos verdadeiros devotos em agradecimento à SS. Virgem, pelas graças recebidas”. E depois acrescenta: “Pena é que os pseudo-festeiros, ou devotos-arrecadadores, dessem aplicação desconhecida às esmolas que anualmente subiam a alguns contos.” (permitam-me um à parte: nestas coisas, de vez em quando, não falta quem se aproveite da devoção dos fiéis) Diz ainda o padre Rezende que, “Nesse tempo de esbanjamentos, foi a família do Dr. Luís de Magalhães, quem manteve com esplendor o culto da capela. Está bem paramentada pela generosidade das famílias Magalhães e Maia Alcoforado”. Fernando Martins

FÁTIMA

Um terço dos visitantes do santuário são católicos não praticantes
Um terço dos visitantes do santuário de Fátima são católicos não praticantes, revela um estudo a apresentar hoje, em Fátima, por ocasião das comemorações do Dia Mundial do Turismo. A autora do trabalho, Graça Poças Santos, disse à agência Lusa que “existe hoje uma religiosidade menos enquadrada institucionalmente e mais assumida individualmente”. “Uma boa parte da população portuguesa que nos Censos Populacionais do Instituto Nacional de Estatística se afirma como católica, tem uma prática religiosa muito intermitente ou mesmo nula”, adiantou a docente. Graça Santos traçou o perfil de quem se desloca a Fátima, recorrendo ao trabalho de investigação da sua tese de doutoramento, a que acresceram os resultados de 384 inquéritos e também entrevistas a autarcas e pessoas ligadas à hotelaria, religião e turismo. Segundo o estudo, o visitante de Fátima é maioritariamente do sexo feminino, tem uma idade média de 50 anos, é casado e apresenta formação igual ou inferior ao 2º ciclo. A maioria dos visitantes de Fátima reside em Portugal (71,1 por cento dos inquiridos) e trabalha sobretudo nos sectores secundário e terciário. Leia mais em Ecclesia

MINHA PÁTRIA É A LÍNGUA PORTUGUESA

Dois leitores assíduos do meu blogue recordaram a célebre frase de Fernando Pessoa. Aqui a deixo para melhor a sentirmos.
FM
«Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente. Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse. Sim, porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-m'a do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.»
Livro do Desassossego, por Bernardo Soares, ed. de Jacinto do Prado Coelho, Lisboa, Ática, 1982 vol. I, págs. 16-17 In Ciberdúvidas

BIMILENÁRIO DE SÃO PAULO: A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ

Nada move tanto o ser humano como a necessidade de reconhecimento. O que vale a minha vida? O quê ou quem lhe dá sentido? Vale para quê e para quem? Quem lhe dá valor? Quem me reconhece? De muitos modos e por múltiplas vias, pela violência e pela paz, pelo amor e pelo ódio, por caminhos estreitos e grandezas sublimes, são estas perguntas que querem ver-se respondidas. Durante um ano (entre 28 de Junho de 2008 e 29 de Junho de 2009), será lembrada, através de congressos e actividades múltiplas, a figura de São Paulo, determinante para o cristianismo e para a História mundial. Nasceu entre 6 e 10 depois de Cristo, talvez no ano 8. De perseguidor dos cristãos, tornou-se apóstolo, erguendo o cristianismo a religião universal. Converteu-se a caminho de Damasco, pelo ano 33, num "encontro" imprevisível com Jesus ressuscitado. Foi uma experiência de tal modo avassaladora que daí para diante nada a não ser o anúncio da mensagem do Deus de Jesus lhe interessou. Foi decapitado no ano 64, em Roma, depois de percorrer o Mediterrâneo oriental e sem poder chegar à Espanha, como tinha programado. E qual foi a sua experiência radical? Deus ressuscitou Jesus, o crucificado, mostrando desse modo que é um Deus de vivos e não de mortos, que não faz acepção de pessoas, que olha para a pessoa enquanto pessoa, independentemente das suas qualidades. Diante de Deus, todos os seres humanos valem como pessoas radicalmente iguais. Então, o que justifica o Homem não são as obras da Lei judaica - a circuncisão ou os rituais religiosos exteriores e os tabus alimentares. Também não é a Filosofia que o justifica - e Paulo conhecia bem nomeadamente a filosofia estóica -, porque a Filosofia põe as perguntas últimas, mas não tem resposta plena para elas. Como escreverá na Carta aos Romanos, "o Homem é justificado pela fé". Como diz o teólogo D. Marguerat, a descoberta de Paulo é a da "pura gratuitidade da graça". Nada se entende do pensamento de Paulo (Saulo é o nome aramaico de Paulo, nascido em Tarso, na actual Turquia), se não se compreender como ele "dinamitou" a imagem de Deus. Via-o omnipotente, e agora vê-o a actuar na extrema fragilidade. Pensava que era um tirano, e "descobre-o solidário". Pensava que estava longe, e "vê-o presente em todo o sofrimento". "Deus só se deixa descobrir por aqueles que abandonam o imaginário do deus despótico e se deixam 'justificar', isto é, acolher, tendo como base apenas a sua confiança nele." Nas suas recentes Conversas Nocturnas em Jerusalém, onde apela para a necessidade de reformas constantes na Igreja - "a força reformadora tem de vir de dentro" -, o cardeal Carlo Martini, exegeta eminente e antigo arcebispo da maior diocese católica do mundo, Milão, elogia Lutero como "um grande reformador", que inspirou também reformas no Concílio Vaticano II. Ora, segundo Lutero, o núcleo da mensagem da salvação encontra-se na fé - "o Homem justifica-se pela fé" e não pelas indulgências e toda a parafernália religiosa exterior. Claro que não se pode ser ingénuo e é sabido que mesmo as comunidades paulinas, ao princípio carismáticas, se foram lentamente organizando institucionalmente. Mas, por outro lado, também é preciso ter presente que a fé não cresce automaticamente na proporção directa da institucionalização. Perguntava-me, há pouco tempo, em exclamação negativa, um amigo dominicano, professor de exegese bíblica na Universidade de Lovaina: "Como foi possível o movimento de fé no Deus de Jesus ter desembocado no Vaticano, com um Papa chefe de Estado?" O cardeal Martini, que sabe que a fé é um combate - "quando vejo o mal no mundo, perco a respiração e compreendo as pessoas que concluem que não há Deus"; mas, por outro lado, só com os olhos da fé, algo pode mudar: da fé e da confiança "nasce a esperança, apesar do sofrimento" -, diz que "se impressiona com a pergunta de Jesus: 'quando o Filho do Homem voltar, encontrará fé?' Jesus não pergunta: encontrarei uma Igreja grande e bem organizada? Ele sabe também valorizar uma Igreja diminuta e pequena, que possui uma fé forte e age em consequência." Anselmo Borges, no DN

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

REVISTA LER

Para quem gosta de livros 
e de leituras

Quem gostar de livros e de leituras tem na revista LER, do Círculo de Leitores, um excelente suporte. Dirigida por Francisco José Viegas, a LER publica-se todos os meses, excepto em Agosto.Para além de um conteúdo variado, com diversificada informação de livros publicados e a publicar, a revista oferece crónicas e críticas de real importância, a par de uma grande entrevista. 
Pela LER, que começou uma vida nova em segunda série, já passaram António Lobo Antunes, José Saramago e Margarida Rebelo Pinto. O número deste mês apresenta, em longa e circunstanciada entrevista, Eduardo Lourenço, de 85 anos, “O homem que ensina Portugal a pensar”. Quem gostar de Eduardo Lourenço, ficará a conhecer um pouco melhor este nosso compatriota, emigrante em França, mas que mantém uma ligação afectiva e efectiva a Portugal e a tudo o que por aqui se passa, sobretudo a nível cultural, e não só. Até parece que vive permanentemente entre nós, tendo em conta o que reflecte sobre o que se publica, o que se faz e o que se diz no nosso País. 
Sugestões de leitura, os livros que podemos esperar no início de uma nova temporada, Best-Sellers em diversos países, curiosidades de escritores, histórias e apontamentos, relação de livros recentemente publicados e extractos de obras completam esta edição da revista LER. A não perder, obviamente.

FM

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Igreja Católica recusa ministrar sacramentos pela Internet

O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais rejeitou hoje, em Fátima, a possibilidade de a Igreja poder ministrar sacramentos on-line, informou o SOL.
Questionado sobre a hipótese dos sacerdotes poderem confessar pessoas on-line, uma das sugestões deixadas no decurso das Jornadas Nacionais das Comunicações Sociais, D. Manuel Clemente citou a experiência pessoal para negar tal hipótese. «Eu, quando me confesso, quero diálogo face a face. Não quero apenas ter a minha ideia de interlocutor», afirmou, declinando, ainda, a eventualidade de transmissão de casamentos ou funerais na Internet. No caso dos outros sacramentos, lembrou que «se trata de uma comunidade que celebra e para uma comunidade são precisos pelo menos dois», adiantou aquele semanário.

Música partilhada

Um vídeo gentilmente enviado pelo Nelson Calção, com a amizade de sempre. A música é, indubitalmente, um bom motivo de encontro e de partilha. Um abraço, com votos de bom regresso, quando for hora disso.

O Fio do Tempo

A reinvenção da Economia
1. Os dias são de continuada turbulência. A economia virtual (do vender o que não se tem com segurança) tem os dias contados. Os anseios repetidos pelos especialistas são o milagre da regulação. As reflexões globais em realização, que também recuam décadas e vão mesmo aos anos 30, falam-nos de um safanão que tem raízes bem mais profundas que a agitação diária das bolsas de valores. Todavia, a resposta a este cenário terá se ser nova porque o momento é mesmo inédito. Dizem os estudiosos que também os cataclismos económicos são sinais de mudanças de época. 2. Em causa acabará por estar a realidade de uma economia virtual de modelo publicitário que cresceu desmedidamente, mas que não consegue nem pode libertar-se de todo o potencial, hoje insubstituível, das novas formas de comunicação. O reajustamento ao novo império asiático a par da mágica especulação dos mercados imobiliários e bolsistas a que se juntam as energias (petróleo e outras que virão…) como elemento central da vida das sociedades, tudo conjugado avoluma o risco e a incerteza, palavras-chave dos períodos de recessão. Mas os tempos actuais são ainda mais gritantes, pois a escalada da urgência humanitária a par da asfixia das classes médias está a conviver com a meia dúzia de ricos superpoderosos. 3. Onde iremos parar? Em Maio passado um conjunto de ex-governantes, entre os quais Jacques Delors, escreveu ao Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. A exigência era a legítima aspiração humanista em que «Os mercados financeiros não podem governar-nos». Esta urgente concepção de vida digna para além da economia, todavia, não se obtém de forma simplista. É preciso rever tudo, logo a partir dos fins últimos dos bens materiais “ao serviço”. Ser feliz não pode continuar a ser ter muito dinheiro. É possível mudar a mentalidade? Alexandre Cruz

Aldeia da Luz

Os moradores da Aldeia da Luz, segundo vi e ouvi na televisão, não estarão felizes. Foi uma aldeia construída, de raiz, para substituir a que foi ocupada pela barragem do Alqueva. Aparentemente, tem todas as condições para se viver bem, com traçados rectilíneos e casas novas, decerto de acordo com as actuais exigências para as pessoas se sentirem comodamente instaladas. Igreja moderna, chaminés vistosas, ruas sem buracos… Mas nem assim os moradores se vêem compensados. Porquê? Simplesmente porque é uma aldeia sem memória, sem história, sem alma. As pessoas não podem conviver nos antigos recantos que as acolhiam com intimidade, com carinho. Nem podem sentar-se nos velhos bancos cheios de segredos. Deram-lhes tudo, mas esse tudo, sem alma, não é vida. E por isso, de quando em vez, os habitantes da nova povoação lá vão espreitar à velha aldeia, na ânsia de captarem as forças telúricas que tanta falta lhes fazem.

Poema de Neruda

Para Marieke, minha leitora assídua, galega de raízes e de coração
Vuelve, España Espãna, España corazón violeta, me has faltado del pecho, tú me faltas no como falta el sol en la cintura sino como la sal en la garganta, como el pan en los dientes, como el odio en la colmena negra, como el día sobre los sobresaltos de la aurora, pero no es eso aún, como el tejido del elemento visceral, profundo párpado que no mira y que no cede, terreno mineral, rosa de hueso abierta en mi razón como un castillo.
Pablo Neruda
Excerto do poema Vuelve, España, in Antologia, da Relógio D´Água

Subsistência empreendedora, no reverso do "país"

"Existe uma tendência muito visível para a eliminação da economia de subsistência; até se considera que tal eliminação é um imperativo do desenvolvimento económico e da dignificação do trabalho. Tudo isto é verdade, em parte, mas também é verdade que a economia mais regular não resolve inúmeros problemas de emprego e de rendimentos. Portanto, há que optar: ou pela eliminação da economia de subsistência ou pela sua integração gradual na economia mais regular: a primeira hipótese é a que vem predominando; a segunda parece claramente a mais defensável, até porque os «empresários» e os outros trabalhadores honestos da economia de subsistência lutam por trabalho e rendimentos dignificantes."
Acácio Catarino, em artigo publicado no Correio do Vouga, aborda, de forma muito simples, mas objectiva, uma questão pertinente, ligada a mais de dois milhões de trabalhadores que no nosso país lutam diariamente pela subsistência. Leia aqui para reflectir.

LEIS PARA TODOS, POR OPINIÃO E DECISÃO DE ALGUNS

"Aqui há anos, quem optava pela união de facto, à margem das leis do Estado, ridicularizava o casamento porque “não são os papéis que dão a felicidade” e reagia, negativamente, sempre que se falava de qualquer forma legal para a situação. Mas verificou-se que podia haver benefícios fiscais e os papéis deixaram de repugnar… O INE diz que os divórcios crescem em flecha. Gente da ribalta e com influência nas leis vai coleccionando casamentos e divórcios. Que benefícios para a família, filhos e casal? E para a sociedade? Casar, descasar, voltar a casar e a divorciar-se pode ser um ideal de família a sério e de sociedade equilibrada? Será que a família, célula vital, por excelência, da nossa sociedade, ainda interessa aos legisladores? Será que a Constituição, em relação a outras formas, goza do respeito devido? Será legítimo, ao legislar sobre minorias, que se proponham às famílias formas que as destroem e aos seus valores, empurrando-as para facilidades que não querem?" António Marcelino
Clique aqui para ler todo o artigo

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

REGATA DOS GRANDES VELEIROS

Ontem, terça-feira, depois do nevoeiro muito fechado que atrasou a partida, os Veleiros deixaram o Porto de Aveiro, rumo ao Funchal. Partiram, mas deixaram saudades. Como se dizia antigamente, na hora da saída dos bacalhoeiros: Boa viagem e que regressem com saúde.

O Fio do Tempo

E a Teresa continua!
1. Não é novidade a apetência da Teresa Guilherme para a exploração radical das emoções na Tv. Quem não se lembra da polémica despertada quando do primeiro big brother? Preocupante é o hábito destas programações que se vai generalizando e a massa crítica que se vai diluindo a ponto de perder a sua força capaz de propor uma alternativa ética de qualidade. O programa «O Momento da Verdade» da SIC é esse rosto actualizado da máquina concorrencial em que, quanto pior melhor para as audiências, essas que telecomandam autenticamente o panorama das comunicações. 2. A degradação do programa referido, de que nenhum órgão que se digne faria publicidade, talvez venha tornar patente mais uma vez o gosto lusitano para a intriga na praça pública. O entretenimento transformado como lavadouro de roupa suja aparece como o novo ópio do povo, dissuasor dos próprios compromissos de co-responsabilidade social a assumir. O crescer destas tendências para o “quanto mais esquisito mais dinheiro dá”, deita por terra todo o esforço diário e comprometido das mais variadas apostas na educação em geral. O empenho e o trabalho está a deixar de ser premiado; a falcatrua compensa, quanto mais melhor. 3. E para ajudar à festa emocionante, agravando mais o cenário, vemos familiares de concorrentes que foram enganados a aplaudir cada resposta confirmada pelo teste polígrafo. A razão do aplauso talvez seja mesmo o deus do dinheiro, pois que a honradez caiu por terra. Vale a pena perguntar se esses responsáveis da Tv se preocupam sobre a semente que lançam… Já bastavam os cinemas. Parece que o crime e traição que se denunciam nas notícias às 20h têm no passo seguinte o seu próprio laboratório. E ainda: onde está a ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social? Não nos deveria mobilizar numa consciência ética e crítica? Alexandre Cruz

Plágios

O PÚBLICO denuncia hoje, em Nota da Direcção, ao lado do Editorial, a transcrição de parte de um seu texto, da edição online, pelo Diário de Notícias, sem qualquer referência à fonte. Apesar do pedido de desculpas apresentado pelo DN, o PÚBLICO lembra que até as gralhas mostram o plágio. Infelizmente, isso acontece um pouco por todo o lado, numa clara falta de respeito pelos autores, que chegam a investir o seu tempo, e não só, na procura do suporte para as notícias e crónicas que publicam. E tal acontece um pouco por todo o lado. Até na blogosfera. E se é verdade que alguns amigos têm autorização para utilizar os meus textos, também não posso aceitar que outros sejam, de facto, indelicados, injustos e desonestos. O seu a seu dono. FM

REGATA DOS GRANDES VELEIROS

Sédov - Sino Creoula Carranca - Oman
Aqui ficam três registos da ilhavense Ana Maria Lopes, que comanda, com perícia, o Marintimidades. Pormenores de veleiros que nos visitaram no último fim-de-semana, para gáudio de muitos amantes das coisas do mar.

Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza: 17 de Outubro

Levanta-te e actua!
“Dia 17 de Outubro é o Dia Mundial para a erradicação da pobreza e, à semelhança do ano passado, espera-se que volte a ser um grande momento de mobilização a nível nacional e internacional. Em 2007, mais de 43 milhões de pessoas levantaram-se para exigir aos líderes mundiais que cumpram as suas promessas para acabar com a pobreza e desigualdade. Portugal contribuiu com mais de 65 mil vozes nesta iniciativa. Este ano precisamos da tua ajuda para bater um novo recorde e a enviar uma mensagem ainda mais forte para os nossos governantes. Estamos a meio caminho de 2015, ano que marcará o final do período para alcançar os Objectivos do Milénio. É urgente “Levantarmo-nos e Actuarmos”, para que os governos honrem os seus compromissos. Tal só acontecerá se tomarmos uma posição clara.”
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Memórias da Romaria da Senhora da Saúde

No carrocel
Cá, para nós, a festa dos Grandes Veleiros, grandiosa, mesmo com alguns boas perturbações atmosféricas, já acabou. Agora, vem aí a romaria…p’ra te comprar uma flor…A minha mais antiga recordação desta romaria é uma fotografia, no terraço da minha casa, em que tenho dois anos, com um grande laçarote na cabeça. A armação da festa comprova a data – fins de Setembro de 1946. Vivia no “coração” da romaria.Outra, bastante mais forte e de que ainda hoje me recordo vivamente, foi a minha integração na procissão, “vestida de anjinho” – a primeira e a única vez. Cá perdurou “o boneco” tirado “à la minuta”, como mandava a tradição. Só que foi uma procissão complicada e agitada, porque durante o seu trajecto, deflagrou um forte incêndio na, à época, Pensão Pardal, na esquina norte da Estrada do Banho. Alterado o percurso, o susto apoderou-se de todos, crianças, jovens e adultos. As chamas lambiam as outras casas e todos temiam que se propagassem às casas vizinhas. Foi um alvoroço. Postos a par da ocorrência por residentes, lá vieram os Bombeiros de Ílhavo acudir ao sinistro que poderia ter alcançado proporções gigantescas, dado que as casas da proximidade eram palheiros de madeira ressequida.Depois de tamanha confusão, felizmente sem consequências de maior, lá chegou o “anjinho” assustado, a casa. Na ausência de data na fotografia, lá fiz algumas diligências para situar a ocorrência no ano certo – foi no domingo da Festa de 1951 (in O Ilhavense de 10 de Outubro de 1951).
Ana Maria Lopes

terça-feira, 23 de setembro de 2008

OUTONO

SE DESTE OUTONO Se deste Outono uma folha, apenas uma, se desprendesse da sua cabeleira ruiva, sonolenta, e sobre ela a mão com o azul do ar escrevesse um nome, somente um nome, seria o mais aéreo de quantos tem a terra, a terra quente e tão avara de alegria. Eugénio de Andrade
In O Sal da Língua

REGATA DOS GRANDES VELEIROS

ORGANIZAÇÃO COM NOTA DE EXCELENTE
Hoje à tarde, a Regata dos Grandes Veleiros deixou o Porto de Aveiro, com rumo traçado para chegar à cidade do Funchal, que está a celebrar meio milénio de existência. O espectáculo da saída da barra foi presenciado por numeroso público, que vibra sempre com navios, mastros, velas, sirenes estridentes e marinheiros. No final, o presidente da Câmara, Ribau Esteves, anunciava que a organização tinha sido premiada com nota de Excelente, pelo alto nível dos serviços prestados e pelo acolhimento manifestado aos veleiros e suas tripulações. Da parte da manhã, bem esperei pelos veleiros, mas o nevoeiro intenso, que cobria totalmente a boca da barra, impediu a saída, para tristeza de imensa gente que enchia os paredões mais próximos. Segundo li na Rádio Terra Nova, mais de 350 mil pessoas visitaram os 22 veleiros atracados no Porto de Aveiro, participando na festa rija que a Câmara Municipal de Ílhavo, de braço dado com a APA (Administração do Porto de Aveiro), ofereceu a todos. Ribau Esteves, presidente da autarquia e grande entusiasta por este desafio em que apostou, garantiu que estão já a ser preparadas novas candidaturas a duas regatas, uma europeia e outra transatlântica, para 2012/2013.
Nota: Tenciono publicar amanhã algumas fotos da saída dos veleiros

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