A reinvenção da Economia
1. Os dias são de continuada turbulência. A economia virtual (do vender o que não se tem com segurança) tem os dias contados. Os anseios repetidos pelos especialistas são o milagre da regulação. As reflexões globais em realização, que também recuam décadas e vão mesmo aos anos 30, falam-nos de um safanão que tem raízes bem mais profundas que a agitação diária das bolsas de valores. Todavia, a resposta a este cenário terá se ser nova porque o momento é mesmo inédito. Dizem os estudiosos que também os cataclismos económicos são sinais de mudanças de época.
2. Em causa acabará por estar a realidade de uma economia virtual de modelo publicitário que cresceu desmedidamente, mas que não consegue nem pode libertar-se de todo o potencial, hoje insubstituível, das novas formas de comunicação. O reajustamento ao novo império asiático a par da mágica especulação dos mercados imobiliários e bolsistas a que se juntam as energias (petróleo e outras que virão…) como elemento central da vida das sociedades, tudo conjugado avoluma o risco e a incerteza, palavras-chave dos períodos de recessão. Mas os tempos actuais são ainda mais gritantes, pois a escalada da urgência humanitária a par da asfixia das classes médias está a conviver com a meia dúzia de ricos superpoderosos.
3. Onde iremos parar? Em Maio passado um conjunto de ex-governantes, entre os quais Jacques Delors, escreveu ao Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. A exigência era a legítima aspiração humanista em que «Os mercados financeiros não podem governar-nos». Esta urgente concepção de vida digna para além da economia, todavia, não se obtém de forma simplista. É preciso rever tudo, logo a partir dos fins últimos dos bens materiais “ao serviço”. Ser feliz não pode continuar a ser ter muito dinheiro. É possível mudar a mentalidade?
Alexandre Cruz