E a Teresa continua!
1. Não é novidade a apetência da Teresa Guilherme para a exploração radical das emoções na Tv. Quem não se lembra da polémica despertada quando do primeiro big brother? Preocupante é o hábito destas programações que se vai generalizando e a massa crítica que se vai diluindo a ponto de perder a sua força capaz de propor uma alternativa ética de qualidade. O programa «O Momento da Verdade» da SIC é esse rosto actualizado da máquina concorrencial em que, quanto pior melhor para as audiências, essas que telecomandam autenticamente o panorama das comunicações.
2. A degradação do programa referido, de que nenhum órgão que se digne faria publicidade, talvez venha tornar patente mais uma vez o gosto lusitano para a intriga na praça pública. O entretenimento transformado como lavadouro de roupa suja aparece como o novo ópio do povo, dissuasor dos próprios compromissos de co-responsabilidade social a assumir. O crescer destas tendências para o “quanto mais esquisito mais dinheiro dá”, deita por terra todo o esforço diário e comprometido das mais variadas apostas na educação em geral. O empenho e o trabalho está a deixar de ser premiado; a falcatrua compensa, quanto mais melhor.
3. E para ajudar à festa emocionante, agravando mais o cenário, vemos familiares de concorrentes que foram enganados a aplaudir cada resposta confirmada pelo teste polígrafo. A razão do aplauso talvez seja mesmo o deus do dinheiro, pois que a honradez caiu por terra. Vale a pena perguntar se esses responsáveis da Tv se preocupam sobre a semente que lançam… Já bastavam os cinemas. Parece que o crime e traição que se denunciam nas notícias às 20h têm no passo seguinte o seu próprio laboratório. E ainda: onde está a ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social? Não nos deveria mobilizar numa consciência ética e crítica?
Alexandre Cruz