sábado, 26 de outubro de 2019

Vivemos num deserto no meio da cidade

Mulher morre há 15 anos 
e só agora foi descoberta

Bairro onde tudo aconteceu

«Isabel Rivera Molina, uma cidadã espanhola, morreu quanto tinha 78 anos, em 2004, mas só esta semana, mais de 15 anos depois, é que o seu corpo foi encontrado no prédio onde residia. O corpo da mulher foi descoberto na tarde desta terça-feira num prédio do distrito de Ciudad Lineal, em Madrid, pelos bombeiros e pela Polícia Nacional, revela o El País.» 

Li no PÚBLICO

NOTA – É impossível ficarmos indiferentes a uma notícia destas. Uma mulher morre e fica 15 anos, segundo os peritos, sem ser descoberta. Vivia num prédio que não passava de um deserto. Vivia num bairro onde ninguém conhecia ninguém. Teria vizinhos que porventura nem se saudavam quando se cruzavam. Se calhar, acontece com muita gente das nossas relações. Meses e meses sem qualquer forma de convívio. Anos e anos sem uma palavra, apesar partilharmos a mesma rua, a mesma igreja, o mesmo clube, o mesmo café. Vivemos num deserto no meio da cidade. Que presente e futuro estaremos a construir?

Mudança de Hora


Apesar de muitos, como eu, preferirem a chamada hora de verão, logo mais ainda voltaremos à dança das horas: Quando forem duas horas teremos de atrasar uma. E ganhamos uma hora. Pode ser que, mais tarde ou mais cedo, se acabe com esta dança.

Atavios e honrarias com cheiro a profano


"Roupagens da história, coladas ao corpo eclesial, nada consonantes com uma Igreja Serva e Pobre, Mãe e Mestra, cuja missão é testemunhar Jesus Cristo. Uma Igreja de irmãos, luz para todas as gentes, aberta ao diálogo salvador hoje e sempre. Os atavios profanos e as honrarias com cheiro profano só complicam, dificultam e dividem, dando da Igreja de Cristo uma imagem do que ela não é, nem pode querer ser."

António Marcelino

Publicado no "Correio do Vouga" e transcrito no meu blogue em outubro de 2009

NOTA: Fala-se muito, presentemente, de luxos, vaidades, residências e carros de luxo, ao lado de honrarias na Igreja que são uma ofensa à mensagem evangélica. Hoje, numa passagem pelo meu blogue, descobri esta denúncia de D. António Marcelino, com data de há 10 anos.  Afinal, pouco ou nada mudou. 

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Nobres Virtudes


NOTA: Imagem esquecida nos meus arquivos. Desconheço o autor.

Volto ao meu irmão de saudosa memória


O meu irmão, Armando da Rocha Martins, mais conhecido por Armando Grilo, se fosse vivo completaria hoje 78 ano. Feitas as contas, nasceu em 25 de Outubro de 1941 e faleceu em 27 de Março de 2007. 
Sobre ele já escrevi diversas vezes e tenho sempre razões para trazer até ao presente recordações dos tempos em que viveu fisicamente entre nós. Mas se nessa vertente já não vive connosco, espiritualmente permanece firme no meio de nós. 
Nesta data o meu Irmão celebrava o seu aniversário, realmente, mas é oportuno lembrar que ele tinha motivos para fazer mais festa. É que, se é verdade que o seu dia de aniversário tinha no registo familiar o dia 25 de Outubro, também é certo que ele celebrava os seus anos no dia 29. Como assim? — perguntarão. É que o  registo do seu nascimento, no cadastro do Estado, foi feito no dia 29. Coisa simples: Naquele tempo, os registos eram feiro, em Ílhavo, por declaração oral. Daí os erros. 
Curiosamente, ele até brincava com isso: — Celebro com a família no dia 25 e com os amigos no dia 29. Tudo certo. Até um dia, Menino.

Trilho Ambiental e Cultural no Jardim Oudinot


Os que visitam a Gafanha da Nazaré e mesmo os que nela vivem talvez nem se apercebam do que de importante podem apreciar na nossa terra. Hoje apresento, sem mais delongas, uma página do site da Junta de Freguesia, como desafio a uma visita sem pressas. Outras propostas virão a seu tempo.

Pode ver e ler aqui

Georgino Rocha - Sou Pecador, Perdoa-me, Senhor


"Levanta-te e vai, ergue o teu coração 
e a tua mente para o alto"

Esta declaração e petição surgem na parábola de Jesus, narrada no fim da sua viagem para Jerusalém. Lc 18, 9-14. É feita por um publicano, homem mal visto pelo povo, devido à sua profissão de cobrador de impostos. Brota de um coração humilde e confiante em Deus compassivo e misericordioso. Fica na memória dos discípulos de Jesus, como referência fundamental para quem quer reconhecer-se no seu ser mais autêntico e profundo. Entra na liturgia e é rezada, com frequência, no início da celebração eucarística/missa. E, com verdade, pode ser repetida muitas vezes por quem for honesto e leal consigo mesmo.
Jesus propõe a parábola para confrontar dois modos de nos relacionarmos com Deus, retratados nas atitudes do fariseu e do publicano, as duas “classes” mais expressivas para os ouvintes. O fariseu representa a ortodoxia legal, fiel cumpridor (até com requinte) dos seus deveres, auto-satisfeito na sua “burguesia espiritual”, displicente em relação aos demais porque não eram como ele. Apresenta-se cheio de méritos (pensa no íntimo do seu coração), relata tudo o que faz e espera ser reconhecido por Deus. Vive, confiante, no êxito da cobrança que a sua oração evidencia e o seu comportamento atesta. Por isso, mantém-se de pé, rosto erguido, em lugar destacado. Bom retrato, também, para o nosso tempo, ufano de si mesmo e dos seus êxitos, em que uma minoria se exibe face à crescente multidão dos empobrecidos e desconsiderados.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Chorar nem sempre será bom...



"Se choras porque não consegues ver o Sol, 
as tuas lágrimas impedir-te-ão de ver as estrelas."

Rabindranath Tagore (1891-1941)

Nunca senti tanto frio na minha vida


Nunca senti tanto frio na minha vida. Esta frase não passa de uma força de expressão para dizer que tenho muito frio. E tenho mesmo, embora o inverno só venha lá para os fins de Dezembro. O Miguel Esteves Cardoso usa expressões semelhantes quando diz, por exemplo: “Comi ontem o melhor peixe da minha vida!” 
Realmente, sinto muito frio, mas sei que já passei por invernos bastante rigorosos, com temperaturas de bater o dente e de criar frieiras. Mas isso fica lá para trás nas memórias de geadas e de gelo nas valas que se cruzavam nas Gafanhas. 
Há muito que se fala das alterações climáticas provocadas pela ação desregrada das pessoas, indústrias, comércios, com poluições e tantas outras intervenções maléficas ao ambiente. É justo e necessário refletir sobre isto tudo, porque não tenho dúvidas de que a natureza não perdoa os nossos desleixos. 
Para já, vou ficar por casa, bem agasalhado e à espera  que o sol me  aqueça um pouco mais para poder sorrir.  

F. M.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Trasladação dos restos mortais da Princesa Joana

Efeméride - 23 de outubro de 1771


“Realizou-se muito solenemente a trasladação dos restos mortais da Princesa Santa Joana para o sumptuoso túmulo construído a expensas de El-Rei D. Pedro II e segundo o magnífico desenho do arquitecto da Casa Real, João Antunes. A procissão que então se efectuou, ao longo das ruas da vila de Aveiro, presidida pelo bispo de Coimbra D. António Vasconcelos e Sousa, foi imponentíssima (Crónica, pgs. 274 e ss.: Campeão das Províncias, n.º 72, 30-10-1901) – A”

"Calendário Histórico de Aveiro" 
de António Christo e João Gonçalves Gaspar 

NOTA: Imagem de um livro de leitura, 3.ª classe, do Ensino Primário

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

O Búzio

«Tão pobrezinha [a primeira capela] que estava desprovida de torre, ou simples campanário, e de sinos.
Sem campanário, sem sinos… Como remediar a falta? Como convocar os fiéis para a santa Missa, para o exercício do culto divino?
Tem o seu quê de regional e de poético a maneira como remediaram a falta e como convocavam os fiéis ao templo. No dealbar do dia, ou à tarde ao mergulhar suave e majestoso do sol nas águas do Oceano, conforme a convocação se fizesse para o Santo Sacrifício ou para as orações da manhã ou da noite, um repolhudo gafanhão, improvisado de sacrista, dirigia-se para o templozinho cheio de misticismo, descalço, de cuecas a cair sobre a rótula, cingidas pelo cós com um só botão às ancas espadaúdas. De barrete pendente sobre as orelhas, contas ao pescoço sobre a baeta da camisola, e de gabão velho, esburacado, deixava fustigar pelo vento da madrugada as canelas magras e nuas.
Este bom e anafado gafanhão, ia eu dizendo, assim descrito, tal qual era na primitiva Gafanha, soprava desesperadamente num enorme búzio, cujos sons cavos, profundos e compassados, iam quebrar-se de encontro às cordilheiras solitárias e silenciosas das dunas, ou espraiar-se pela argentínea superfície do oceano infindo.
E daquele rosto, congestionado e entumecido pelo esforço pulmonar, emergiam uns olhos a saltar das órbitas, a completar um quadro que bem lembrava Neptuno, na solidão das águas, a tirar da enroscada concha vozes cavernosas, a fazer sair dos abismos e das ondas toda a caterva de malignos tritões, a chamar os deuses marinhos para o diabólico conciliábulo de algumas desgraças, ou de alguma tragédia marítima.»

João Vieira Rezende,
In MG

NOTA: Sentado na minha tebaida, contemplo uma estante com um búzio a decorá-la  na parte superior. Um búzio que me levou até este texto escrito pelo Pe. João Vieira Rezende para a "Monografia da Gafanha", editada na década de 40 do século passado. Trata-se de um texto com a carga história de um realismo impressionante e de uma beleza literária digna de registo. 

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