O verão de S. Martinho
Maria Donzília Almeida
Numa altura em que as estações do ano, estavam mais ou menos definidas no calendário, era costume as temperaturas baixarem, significativamente, no Outono e este funcionava como antecâmara da estação fria, que se seguia, o inverno.
Com o aquecimento global decorrente do efeito de estufa, as estações andam um pouco baralhadas e, muitas vezes apresentam “sintomas” de um clima pouco saudável.
Antigamente, há muito tempo atrás, as pessoas esperavam, lá para meados do Outono, mais ou menos a época em que estamos agora, uma trégua, nas condições climatéricas adversas, chuva e frio. Era chamado, popularmente, a este período de bom tempo, o Verão de S. Martinho. O povo, pródigo em imaginação, procurou a justificação para este fenómeno, surgindo assim, a lenda de S. Martinho.
Martinho nasceu em 316 DC, na Panónia, Hungria, filho de um oficial romano, em plena Idade Média. Durante este período da história, foi um dos santos mais populares de França. Guardado em Tours, numa basílica, o seu túmulo foi um dos centros de peregrinação, mais visitados da Europa Ocidental. Foi em 339 que aconteceu o seguinte episódio que o iria imortalizar.
Num dia tempestuoso e frio, seguia Martinho a cavalo, um soldado ao serviço do Imperador, quando no caminho, deparou com um mendigo, seminu, a tiritar de frio. Condoeu-se do pobrezinho e, de imediato, apeou-se do cavalo. Deu-lhe umas moedas e com a espada, cortou metade da sua capa, envolvendo com ela, o mendigo. Seguiu o seu caminho, pouco resguardado do frio, mas satisfeito pela sua boa ação. Pouco tempo havia transcorrido depois que se despojara do seu agasalho, quando, inesperadamente a tempestade começou a amainar e um sol radioso surgiu a brilhar, o que era raro nesta estação.
A partir daí, todos os anos por esta data, para fazer jus à boa ação de Martinho, Deus concedeu um período de bom tempo, a todos os habitantes do planeta Terra, que é tão do agrado dos humanos. E.....se este cavaleiro romano, dotado de tantas competências (!?) quiçá com aspirações a santo, num elevado sentido de partilha e solidariedade, tivesse sido avaliado pelos critérios de avaliação dos professores, hoje, teria, seguramente, granjeado a menção de Excelente! S. Martinho conseguiu, na altura, uma ação extraordinária, no domínio da meteorologia: uma alteração climática!
Hoje, há muitos “seguidores” de Martinho mas, por razões perversas, estragam o planeta, o ambiente, tudo! Estão todos os dias a contribuir para isso! Para conseguirem esta grande proeza: o aquecimento global!
Aproveitando este bom tempo e porque as colheitas estão no seu auge, há que degustar as saborosas castanhas, ao calor da lareira! E o vinho que amadurece nas pipas, num culto declarado a Baco, alegra os ânimos, que por esta altura de crise, andam muito retraídos.
É do bom, do genuíno
É do tal que faz suar!
Alegra-me e põe-me fino
Só me proíbe o andar!
AA
A jeropiga ou água-pé, serão uma boa companhia e inspiração para um serão bem passado, um convívio salutar numa tertúlia de bons amigos. Quantos magustos não estarão já agendados para estes dias? O meu está na fase de divulgação e marketing!
07.11.2011