A Justiça vai julgar um sem-abrigo que foi apanhado a roubar uns chocolates num conhecido supermercado. O segurança conseguiu reaver os chocolates, mas nem assim o sem-abrigo pode livrar-se da tentativa de furto. Anda a monte, mas não escapará, porque a nossa Justiça tem a noção dos seus deveres.
É claro que roubo é roubo e, portanto, ninguém pode ficar acima da lei. De certeza que o homem sabe disso, mas a fome talvez o tivesse levado a cometer o crime.
Também é claro que a nossa Justiça tem algumas singularidades. Se em vez do sem-abrigo fosse um indivíduo com dinheiro, jamais haveria julgamento e muito menos cadeia. Bons advogados, recursos em cima de recursos, requerimentos e mais requerimentos, e entretanto o caso prescreveria. Mas como é um sem-abrigo, sem cheta para pagar a um bom causídico, arrisca-se a malhar com os ossos na cadeia. Se calhar é mesmo isso o que ele quer neste momento. Ao menos fica uns dias com tacho garantido.
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