domingo, 16 de fevereiro de 2020

O perdão


Os meus leitores e amigos hão de estranhar a fotografia que escolhi para este domingo. Porque não se cumpriu o que havia prometido, Egas Moniz foi entregar a sua vida e a dos seus como resgate da palavra dada. Verdade histórica ou pura lenda, o seu exemplo ficou registado na história da fundação de Portugal. E o perdão foi o prémio da sua honradez. 
Podia ter falado da Estação da CP do Porto, uma das mais belas do nosso país e, segundo creio, do mundo, mas fico-me pelo painel que tanto aprecio. Um exemplo para todos, embora alguns se riam do que afirmo. Eu compreendo...

F. M. 

Presos políticos

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

O 25 de Abril pôs fim a uma longa ditadura, mas não podia, do pé para a mão, desenvolver uma cultura da responsabilidade democrática. Sabemos isso e não falta quem deseje, hoje, servindo-se das instituições democráticas, restaurar uma ditadura que não conheceu.

1. Ontem, no Auditório Camões (Lisboa), foi realizada uma Sessão Cultural inscrita nas comemorações dos 50 anos da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos (CNSPP). Cinquenta anos não é uma eternidade, mas é tempo suficiente para se perder a memória acerca do que não deve ser esquecido. A referida comissão teve, felizmente, uma existência breve, de 1969 a 1974, pelo melhor dos motivos: o 25 de Abril. O seu percurso está bem documentado [1]. Além disso, vai sair, em breve, um novo e interessante estudo sobre essa documentação com uma proposta de enquadramento, enquanto movimento social, que exige alguma discussão que não cabe nesta crónica [2]. Tentarei, ainda que brevemente, referir a sua originalidade exemplar.
Um grupo de cidadãos, integrado por dezenas de personalidades de sectores sociais, profissionais e áreas geográficas diversas, entregou na Presidência do Conselho de Ministros um documento, datado de 15 de Novembro de 1969, no qual anunciava a constituição da CNSPP, baseada no artigo 199 do Código Civil. Neste estava prevista a formação de comissões especiais, não sujeitas ao reconhecimento oficial, para acções de socorro ou beneficência. Os signatários consideravam que a existência de presos políticos era justamente uma situação de calamidade [3]. Deve dizer-se de calamidade nacional, na medida em que a polícia política, com diversos nomes ao longo dos anos, tentava fazer do medo a prisão do país e da intervenção política um risco ameaçado com a cadeia.

A morte medicamente assistida e a eutanásia

Crónica de Anselmo Borges 

«Numa sociedade economicista, de individualismo e egoísmo atrozes, ergue-se o perigo gravíssimo de pessoas serem "empurradas" a pedir a eutanásia e, pior, muitos interiorizarem inclusivamente a obrigação de a pedir. Isso não obriga a pensar?»

Não é por acaso que este texto tem por título "a morte medicamente assistida e a eutanásia". É que, em primeiro lugar, nestes debates de vida e de morte é preciso ser claro e não induzir em erro as pessoas de forma manhosa: morte medicamente assistida é uma coisa, eutanásia é outra... O grande filósofo Hegel lembrou a urgência de conceitos claros, pois "de noite todos os gatos são pardos" e, no meio da confusão, ninguém se entende, e, nessas circunstâncias, em problemas que têm que ver com o limite o mais provável é cair no abismo.
Evidentemente, a posição da Igreja na questão da eutanásia só pode ser, mesmo no caso de um referendo - a Conferência Episcopal Portuguesa acaba, tarde, de se manifestar favorável nas presentes circunstâncias ao referendo -, a de uma oposição contundente e propugnando a defesa dos cuidados paliativos e a presença plena, humana e cristã, junto de quem se encontra em dificuldades, na solidão, na dor, no sofrimento e a caminho do fim. Aliás, essa presença solidária tem de ser durante a vida toda, para vivermos dignamente, sabendo que da vida digna faz parte a morte digna: viver dignamente e morrer dignamente. Mas previno que o que está em questão não é, em primeiro lugar, a religião, mas valores fundamentais, constitutivos, da civilização, de tal modo que a aprovação da eutanásia significaria um retrocesso e mesmo uma ruptura civilizacional.

sábado, 15 de fevereiro de 2020

Quero morrer em paz

Quando chegar a minha hora 
deixem-me morrer em paz


«Em resumo, o meu pedido é simples: quanto ao fim da minha vida, deixem as coisas acontecer com naturalidade e nada vos pesará na consciência. Quem morre assim, tem uma morte boa, já vi isso acontecer à minha volta, mas também já vi tentativas de prolongar a vida para lá do razoável e isso, para além de estúpido, não é natural.»

Raquel Abecasis no PÚBLICO 

O plágio é muito feio e é crime

O plágio é o pão nosso de cada dia. Fico espantado com a desfaçatez de tanta gente que transcreve o que outros escrevem sem qualquer referência aos autores. Refiro-me a textos e fotos. Eu sei que todos procuramos no Google a ilustração adequada para o que pretendemos ilustrar, mas daí a ignorarmos os autores ou a fonte vai uma grande diferença. E se é certo que há textos e fotos que pertencem ao domínio público por legislação legal, a indicação das obras que os suportam nunca deveria faltar. Onde mais se vê o plágio é nas redes sociais, em especial no Facebook. Há quem pense que vale tudo, mas não pode ser, até porque o plágio é crime.
Há blogues que trazem a indicação de que algumas fotos têm origem no Google, mas também têm em destaque, à margem, a possibilidade de denúncia que sugere a imediata retirada. É o que eu faço. 

F. M.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Dia dos Namorados com muita ternura

O Miguel Esteves Cardoso não se esqueceu que hoje é o Dia dos Namorados. Vai daí, atira na sua habitual crónica do PÚBLICO: “Tenho uma sugestão para o dia dos namorados: uma ilha deserta. Fechem-se num lugar onde ninguém vos possa chatear. Inventem uma viagem. Não é preciso viajar. Basta que pensem que não estão cá.” E continua com as suas recomendações com ares de boa disposição. A vida tem de ser levada com otimismo, alegria e procura incessante da felicidade assente no amor. Há incómodos de variadíssima ordem, mas também há muitíssimos momentos de paz, de ternura, de compreensão. Para os crentes, como nós, ainda há Deus nos caminhos da existência a indicar-nos horizontes de bem, do belo, da verdade e do amor-doação. 
Para os mais distraídos, aqui fica, então,  a lembrança de que hoje, 14 de fevereiro, é o Dia dos Namorados, também dedicado a São Valentim. Não conhecia muito bem a vida e história deste santo, mas os meus leitores podem consultar o Google para ficarem a saber um pouco mais. Hoje e aqui quero, porém, dizer que esta efeméride precisa de ser cultivada e levada à prática  porque, afinal, ela existe para isso. E é obrigatório que seja uma celebração constante...

Felizes os puros de coração

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo VI do Tempo Comum


Jesus sonha um homem novo, feliz, e faz a sua proposta de vida no ensinamento das bem-aventuranças. O local escolhido é a montanha que evoca o sítio em que Deus selou a aliança com o seu povo e lhe deu um código de comportamentos – os mandamentos. No Sinai, Moisés recebe a Lei. Neste monte, Jesus confirma o valor das promessas feitas por Deus e abre-lhe horizontes mais rasgados. Mt 5, 17-37.
O Reino – expressão usada para designar esta realidade – está já em realização e o coração prepara-se para o acolher e manifestar. Jesus vem não anular, mas potenciar; não denegrir, mas fazer brilhar; não aprovar os sinais exteriores, mas valorizar as atitudes interiores; não adiar a satisfação das aspirações, mas garantir que, desde já, a felicidade é possível se os ouvintes/discípulos viverem a sua proposta em todas as dimensões.

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