Romance, ciência, história e fé
António Marcelino
Conhecemos a história do sapateiro que falava de tudo e que, com este modo de agir, dizia, por vezes, coisas menos certas, senão mesmo disparates. Até que alguém lhe disse que se limitasse ao que sabia, sintetizando o conselho com uma recomendação conhecida: “Não vá o sapateiro além do chinelo”. Com frequência, hoje, um tempo em que a liberdade de opinar é direito de todos, vemos coisas que fazem lembrar a história do sapateiro sentenciador. Facilmente, se vê gente a pronunciar-se, com demasiada certeza, sobre coisas que ignora ou de que sabe menos.
Não li nenhum dos livros de José Rodrigues dos Santos. Nem espero ler “O Último Segredo”, agora publicado. Pela simples razão que, tendo livros e revistas de meu interesse e necessidade a aguardar leitura, isso me obriga a estabelecer prioridades. Por outro lado, não me soa bem que um jornalista romancista, pode ele ser, como tal, muito famoso, vender muito e até publicar em várias línguas, apresentar mais um romance, assim anunciado, um livro de ficção, portanto, como obra de investigação, ciência e história, com pronúncia sobre aspectos bíblicos para o autor desconhecidos, mas tidos como verdade que propõe. Confessa que no escrito está misturada a ficção com a não ficção. Pois. E onde acaba uma e começa outra? Que critérios tem o leitor comum para discernir?