sexta-feira, 29 de junho de 2018

Ecumenismo e proselitismo

Anselmo Borges

Na continuidade do seu empenho no diálogo ecuménico em ordem à unidade visível dos cristãos, bem claro nos seus encontros com o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu, a quem chegou a pedir a bênção, com o Patriarca Kirill, de Moscovo, depois de um milénio de costas voltadas, na sua ida a Lund, Suécia, para a inauguração das celebrações dos 500 anos da Reforma, o Papa Francisco, correspondendo a um convite para estar presente na celebração dos 70 anos do Conselho Mundial das Igrejas, esteve no passado dia 21 em Genebra. Uma viagem sob o lema "Caminhar, rezar e trabalhar juntos", apelando a "uma nova primavera ecuménica".

Como nasceu o Conselho Mundial das Igrejas? Para a sua criação teve papel relevante a experiência de conflito na missionação. Por isso, foi importante, em 1910, a Conferência Mundial das Missões de Edimburgo. Em 1920, o Patriarcado ecuménico de Constantinopla propôs a criação de uma "Sociedade de Igrejas", à semelhança da Sociedade das Nações. Em 1937-1938, responsáveis de mais de cem igrejas manifestaram-se favoráveis à criação de um Conselho Ecuménico das Igrejas, tendo a sua concretização sido adiada por causa da Segunda Guerra Mundial. Em 1948, na sequência da Guerra e das experiências que provocou, realizou-se a Assembleia fundadora do Conselho, com 147 membros. Actualmente, o Conselho é constituído por 345 Igrejas ou denominações cristãs de mais de 120 países, com representantes das antigas Igrejas ortodoxas, das Igrejas anglicanas, baptistas, metodistas e também das mais recentes ramificações do protestantismo evangélico, perfazendo na totalidade uns 500 milhões de cristãos. A Igreja católica não se conta entre os seus membros, também porque, ela sozinha, representa mais de metade do cristianismo no mundo, 1200 milhões, mas tem um estatuto de observador e participa na comissão doutrinal Fé e Constituição.

Dizer a verdade a Jesus, cura e liberta

Georgino Rocha

Jesus é recebido por uma grande multidão que o aguardava após a travessia do Lago de Tiberíades. Enquanto se detém à beira-mar, chega Jairo, chefe da sinagoga local. Vem muito aflito. A sua filha está a morrer. Procura ajuda, a última, pois as outras não haviam resultado. Ao ver Jesus, suplica-lhe com insistência: “Vem impor-lhe as mãos, para que se salve e viva”. E Jesus foi com ele, acompanhado pela multidão que o apertava, afirma a narração de Marcos.

Que cena maravilhosa! Jesus, sem guarda-costas, completamente à vontade, no meio da multidão. A sofrer empurrões de todos os lados. A olhar pessoalmente cada pessoa. A atender as urgências inadiáveis. Sem pensar em si ou na sua comodidade, sem medir perigos nem distâncias. Movia-o a paixão por aliviar o sofrimento humano, por enxugar lágrimas sentidas, por salvaguardar a vida. Que exemplo estimulante nos deixa como legado em herança.

No caminho, acontece o inesperado. A surpresa vem de uma mulher que sofría de fluxos de sangue, de feridas secretas, íntimas. Está “nas últimas”. Havia tentado tudo. Havia gasto o que possuía. E o resultado era nulo. Mas o seu coração não dormia e uma secreta confiança lhe advinha de Jesus de Nazaré de quem ouvira falar. Decidida, lança a aventura, quebrando todas as barreiras: a dos discípulos que rodeavam o Mestre, a das leis higiénicas e religiosas que proibiam o andar no meio das outras pessoas, a comitiva de Jairo que, apressada, guiava Jesus para casa.

A mulher sofrida mostra um proceder humano admirável. Proceder que São Gregório de Nissa, no livro sobre «a perfeição da vida cristã» sistematiza deste modo: “Há três coisas que revelam e distinguem a vida do cristão: a acção, a palavra e o pensamento. Entre estas, vem em primeiro lugar o pensamento; em segundo lugar, vem a palavra, que manifesta e exprime, por meio dos vocábulos, o pensamento concebido e impresso no espírito; depois do pensamento e da palavra, vem a acção, que põe em prática o que o espírito pensou”. Bela síntese que brilha na atitude desta mulher: pensa que pode surgir uma oportunidade; dá-lhe nome pessoalizado; e, depois, age de acordo com o “plano” gizado. É tão rica esta cena que nos vamos deter nos seus elementos principais.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Padre Tolentino vai ser arcebispo e bibliotecário no Vaticano


O Papa Francisco nomeou hoje o padre José Tolentino Mendonça, vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, para o cargo de arquivista e bibliotecário “da Santa Igreja Romana”, elevando-o à “dignidade” de arcebispo. 
A tomada de posse está marcada para 1 de setembro, anunciou a sala de imprensa da Santa Sé, e o futuro arcebispo recebeu a antiga sede episcopal de Suava, no norte de África. 
O Padre Tolentino, que na última Quaresma orientou o retiro do Papa e dos seus colaboradores na Cúria Romana, viu agora reconhecido o seu valor cultural e sensibilidade espiritual pelo Santo Padre, assumindo, em breve, a tarefa de dirigir a celebérrima biblioteca do Vaticano. 
Felicito o Padre Tolentino pela sua nomeação e elevação à honra de arcebispo, augurando-lhe os maiores êxitos na missão que passará a desempenhar. 

Fernando Martins

Ler mais informações na Ecclesia 

Ler mensagem do Presidente da  República

O sol está quase a chegar


O sol está quase a chegar e as temperaturas começam a subir. Ainda bem que assim é, por várias razões: o sol é fonte de vida e alegria; as férias para muitos estão à porta; todos precisamos de descontrair, com ou sem preocupações laborais; nem só de tristezas e aflições pode ser o nosso dia a dia; tem de haver vida para além das crises económicas.
Como a nossa vida é orientada e influenciada em grande parte pela comunicação social e pelos agentes económicos, sociais, religiosos e culturais, é certo e sabido que vamos pôr para trás das costas os problemas intrincados, as angústias dos défices, as complicações das incertezas profissionais e tudo quanto nos possa incomodar.
As televisões e demais órgãos de comunicação social estão atentos aos fenómenos cíclicos que marcam os nossos passos neste mundo competitivo, porque sabem que dificilmente poderemos viver em stresse permanente. Vai daí, já começaram a preparar a festa. O Campeonato do Mundo de Futebol está aí. Tudo o que é drama vai hibernar. Por uns tempos, claro.

Fernando Martins

Cuidado com os homens astutos

"Nada provoca mais danos num Estado 
do que homens astutos a quererem passar por sábios"

Francis Bacon, 1561-1626, filósofo 

Notas: 
1. Os astutos que querem passar por sábios estão por todo o lado. De modo que devemos fugir deles como o diabo da cruz. 
2. Por sugestão do PÚBLICO 

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