sábado, 19 de setembro de 2009

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 149


Santa Princesa

BACALHAU EM DATAS - 39

Caríssimo/a:

1939 - «A autonomia de decisão dos armadores em matéria de renovação das frotas sem interferência do estado no planeamento prévio do tipo e da capacidade dos navios a construir apenas se nota até 1939.» [Oc45, 93]

«Garantindo o emprego a aproximadamente 250 operários dos estaleiros de Manuel Mónica, em 1939, era construída uma unidade de linhas airosas, de “tipo americano”, considerada como modelar pela sociedade inglesa classificadora de navios Lloyds Register of Shiping. Tratava-se do lugre AVIZ, uma encomenda da Companhia de Pesca Transatlântica, L.da, do Porto, com 50 m de comprimento, 700 t de arqueação, onde o maior conforto, inovação e eficiência constituíram apanágio. Dispunha de acomodações para 60 homens de tripulação, sala de oficiais, casas de banho, caldeiras para aquecimento central, frigoríficos e TSF. O seu motor debitava 400 CV e tinha 540 t de capacidade de carga. As madeiras utilizadas foram, mais uma vez, o carvalho, pinho manso e pinho bravo nacionais e madeiras brasileiras.» [Oc45, 117]

«Embora no final da década de 30 do século XX, perto de metade dos navios da pesca do bacalhau portugueses tivessem entre 10 e 20 anos de idade, dentre os 49 navios que compunham a frota em 1939, registaram-se 41 embarcações equipadas com motor, 16 com frigorífico e 36 com receptor TSF. A safra desse ano envolveria 2038 tripulantes e seria produtiva, atingindo a cifra recorde de 17.635 t de pescado.»[Oc45, 110]

«O avanço foi considerável, uma vez que antes da intervenção corporativa nas pescas, a frota bacalhoeira tinha somente 14 navios equipados com motor e nenhum possuía TSF ou frigorífico.» [Oc45, 119, n. 4]

1940 - «2.º arrastão para a EPA: SANTA PRINCESA Se a viagem inaugural [do SANTA JOANA] foi coroada de êxito, as viagens seguintes já sob comando de capitães portugueses, foram de tal forma bem sucedidas que logo a empresa armadora pensou em adquirir mais uma unidade. Foi assim que em 1940, um navio em segunda mão, comprado aos franceses veio juntar-se ao SANTA JOANA. Tratava-se de um navio novo que após ter sofrido um violento incêndio em pleno mar, incêndio que acabou por ser dominado, foi levado para o Havre a reboque de um arrastão da mesma companhia. Chamava-se este navio SPITZBERG, elemento de uma série de quatro navios todos iguais, sendo os restantes o PRESIDENT HONDUCE, o ANGELUS e o LE DUGNAY TROUIN. Uma vez chegado a Aveiro a reboque de um navio fretado para o efeito, foi totalmente recuperado com nova maquinaria e rebaptizado com o nome SANTA PRINCESA. Corria o ano de 1940, ano que marca o início de grande desenvolvimento da nossa frota pesqueira, com uma série de construções de ambas as modalidades – arrasto e pesca à linha. p. 44 de 1936 a 1950: 48 navios=> 20 arrastões (aço e motor diesel) e 28 navios para a “White Fleet” (madeira com motor e vela; ou de aço só motor).» [HDGTM, 43 ]

«Apesar da entrada na década de quarenta com uma encomenda em mãos, a NAU PORTUGAL, um empreendimento de 1200 t que viria a figurar na Exposição do Mundo Português, os Estaleiros Mónica mantiveram-se na senda das construções para a pesca do bacalhau, não esquecendo que a madeira como matéria prima era agora tida como prioritária no contexto da Guerra. No ano de 1940, os dois irmãos António e Manuel Maria Mónica, possuidores de estaleiros “paredes meias”, lançaram à água os lugres-motor D. DENIS e PRIMEIRO NAVEGANTE, dotados dos habituais pormenores a nível de conforto e equipamento, destinados respectivamente às empresas Pascoal e Filhos, L.da e Ribaus & Vilharinhos, L.da.» [Oc45, 117]

Fundação dos Estaleiros Navais do Mondego.

(10 de Março) - O navio VIRIATO, da frota da Figueira, foi aprisionado na Holanda, pelo exército alemão.

«Carlos Roeder resolve, com um grupo de amigos e colaboradores, iniciar, no ano de 1940, na povoação de S. Jacinto, a construção de um estaleiro.» [in Os Estaleiros de S. Jacinto – 50 anos de história, por Henrique Moutela]

Manuel

OUVIR O SILÊNCIO




OUVIR O QUÊ?


No meio da vertigem das tempestades de palavras em que vivemos, que nos atordoam e paralisam, tal-vez se torne urgente parar. Para ouvir.

Ouvir o quê? Ouvir o silêncio. E só depois de ouvir o silêncio será possível falar, falar com sentido e palavras novas, seminais, iluminadas e iluminantes, criadoras. De verdade. Onde se acendem as palavras novas, seminais, iluminadas e iluminantes, criadoras, e a Poesia, senão no silêncio, talvez melhor, na Palavra originária que fala no silêncio?

Ouvir o quê? Ouvir a voz da consciência, que sussurra ou grita no silêncio. Quem a ouve?

Ouvir o quê? Ouvir música, a grande música, aquela que diz o indizível e nos transporta lá, lá ao donde somos e para onde verdadeiramente queremos ir: a nossa morada.

Ouvir o quê? Ouvir os gemidos dos pobres, os gritos dos explorados, dos abandonados, dos que não podem falar, das vítimas das injustiças.

Ouvir o quê? Talvez Deus - um dia ouvi Jacques Lacan dizer que os teólogos não acreditam em Deus, porque falam demasiado dele -, o Deus que, no meio do barulho, só está presente pela ausência.

Ouvir o quê? Ouvir a sabedoria. Sócrates, o mártir da Filosofia, que só sabia que não sabia, consagrou a vida a confrontar a retórica sofística com a arrogância da ignorância e a urgência da busca da verdade. Falava, depois de ouvir o seu daímon, a voz do deus e da consciência.

Ninguém sabe se Deus existe ou não. Como escreve o filósofo André Comte-Sponville, tanto aquele que diz: "Eu sei que Deus não existe" como aquele que diz: "Eu sei que Deus existe" é "um imbecil que toma a fé por um saber". Deus não é "objecto" de saber, mas de fé. E há razões para acreditar e razões para não acreditar.

Comte-Sponville não crê, apresentando argumentos, mas compreendendo também os argumentos de quem crê. Numa obra sua recente, L'Esprit de l'athéisme, mostra razões para não crer, mas sublinhando a urgência de pensar, se se não quiser cair no perigo iminente de fanatismos e do niilismo, e, consequentemente, na barbárie, "uma espiritualidade sem Deus".

Constituinte dessa espiritualidade, no quadro de um "ateísmo místico", é precisamente o silêncio. "Silêncio do mar. Silêncio do vento. Silêncio do sábio, mesmo quando fala. Basta calar-se, ou, melhor, fazer silêncio em si (calar-se é fácil, fazer silêncio é outra coisa), para que só haja a verdade, que todo o discurso supõe, verdade que os contém a todos e que nenhum contém. Verdade do silêncio: silêncio da verdade."

Encontrei Raul Solnado apenas uma vez. Num casamento. Surpreendeu-me a imagem que me ficou: a de um homem reflexivo. Não professava nenhuma religião. Por isso, não teve funeral religioso. Mas deixou um pequeno escrito, com uma experiência, no silêncio, na Expo, em Lisboa, em 2007.

"Numa das vezes que fui à Expo, em Lisboa, descobri, estranhamente, uma pequena sala completamente despojada, apenas com meia dúzia de bancos corridos. Nada mais tinha. Não existia ali qualquer sinal religioso e por essa razão pensei que aquele espaço se tratava de um templo grandioso. Quase como um espanto, senti uma sensação que nunca sentira antes e, de repente, uma vontade de rezar não sei a quem ou a quê. Sentei-me num daqueles bancos, fechei os olhos, apertei as mãos, entrelacei os dedos e comecei a sentir uma emoção rara, um silêncio absoluto. Tudo o que pensava só poderia ser trazido por um Deus que ali deveria viver e que me envolvia no meu corpo amolecido. O meu pensamento aquietou-se naquele pasmo deslumbrante, naquela serenidade, naquela paz. Quando os meus olhos se abriram, aquele Deus tinha desaparecido em qualquer canto que só Ele conhece, um canto que nunca ninguém conheceu e quando saí daquela porta, corri para a beira do rio para dar um grito de gratidão à minha alma, e sorri para o Universo. Aquela vírgula de tempo foi o mais belo minuto de silêncio que iluminou a minha vida e fez com que eu me reencontrasse. Resta-me a esperança de que, num tempo que seja breve, me volte a acontecer. Que esse meu Deus assim queira."

Anselmo Borges

In DN

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Ílhavo adere mais uma vez ao Dia Europeu Sem Carros – 22 de Setembro




«nunca é demais um carro a menos»


A Câmara Municipal de Ílhavo adere uma vez mais ao Dia Europeu Sem Carros (22 de Setembro). Quer sensibilizar, assim, toda a população para o bom uso dos espaços públicos do Município, incentivando as caminhadas, o uso da bicicleta e a circulação em segurança.

Pretende-se, também, com o vasto programa de animação, que decorrerá em Ílhavo (Centro Histórico) e na Gafanha da Nazaré (Avenida José Estêvão), que cada cidadão redescubra as cidades concelhias em cada rua, esquina ou jardim!

Subjacente a toda esta iniciativa, está a participação de todos os cidadãos neste processo, de forma a construir-se um ambiente urbano melhor para todos, tendo em consideração que «nunca é demais um carro a menos»!


Universidade Sénior dá os primeiros passos


Ribau Esteves, Hugo Coelho e Cândida Silva, na abertura da Universidade Sénior


Directora da Fundação presta esclarecimentos

- Quando te reformares, o que é que vais fazer?
- Talvez vá para a Universidade Sénior da Curia, Anadia.
Esta simples pergunta, de Hugo Coelho, presidente da Fundação Prior da Sardo, e a respectiva e também simples resposta de sua Mãe, Fernanda Filipe, estiveram na base da criação da Universidade Sénior, que hoje deu os primeiros passos para servir todo o concelho de Ílhavo, e não só.
Sabe-se que outras entidades e pessoas tiveram o mesmo sonho, mas foi a Fundação Prior Sardo que assumiu as responsabilidades de proporcionar aos menos jovens encontros para valorização dos conhecimentos de quantos entendem que a vida tem de continuar, com todo o espírito de uma juventude que alimenta ânsias de saber mais, para mais facilmente contribuírem para um mundo muito melhor.
Sei que não vai ser fácil para muita gente deixar o nada-fazer para se envolver em algo de bom e de belo, como são acções de formação cultural, social e humana. Cultural, porque proporciona partilha de saberes; social, porque envolve o convívio entre pessoas de diversas idades e mentalidades; humana, porque prepara para a intervenção na comunidade, tendo em vista uma sociedade mais fraterna.
Pelo que ouvi hoje, na abertura do ano lectivo, há quem se disponha a colaborar na orientação de aulas e encontros, há pessoas que querem saber mais, há entidades que assumem os apoios indispensáveis, há vontade de levar por diante este projecto.
A Universidade Sénior iniciará as actividades lectivas em Outubro, em espaços de Ílhavo, Gafanha da Nazaré e Gafanha da Encarnação. Inscreveram-se até hoje 47 pessoas, mas há vagas para mais.
Quando houver novidades, aqui darei conta delas.


FM

O FIO DO TEMPO: Não alimentar radicalismos




1. Para o cidadão comum, observar que a crispação anda no ar basta ver algum breve tempo de notícias. A intolerância e o radicalismo como afirmação de que se tem por exclusividade a verdade é tentação que tem percorrido os séculos, fazendo jorrar muito sofrimento, mas continua ainda hoje a sua sementeira. Faltam alguns dias para chegar a 27 de Setembro e o clima da sedução das massas ecoa determinadas afirmações que seriam impensáveis e nunca ditas em dias normais de hoje. Percebe-se que para o cativar das massas, especialmente quando as emoções falam mais alto, a radicalização dos discursos é quase esse dar tudo para fazer passar a mensagem…

2. Talvez o principal vector esteja mesmo no nível de qualificação do “ouvido”, na maturidade cívica do ouvinte cidadão em não alinhar na promessa impraticável ou em saber separar as águas da intenção do discurso tendo estofo para compreender a ideia que, directa ou indirectamente, lhe querem vender. Dizer-se que as televisões dão o que as pessoas gostam de ver ou que o país tem os políticos que merece poderá também reflectir essa própria anemia social que por vezes os estudiosos da vida pública registam. Mas, de facto, é verdade que numa sociedade já formada que não goste de radicalismos eles não existem, e também não se pode exaltar o infeliz hábito de que os tempos de campanha, em vez de épocas de esclarecimento, sejam momentos de integrismo radical.

3. A arte da governança do bem comum, em todas as formas de serviço à comunidade, é o palco onde o que se diz hoje fica gravado e será recordado amanhã, como hoje se recorda o que ontem foi afirmado. A delicadeza desta certeza garantida contém em si não tanto o ter de se ser “ético à força” mas a confirmação da irrepetibilidade do tempo e de que as fronteiras haverão de ser bem solidificadas. Tem havido, de variados quadrantes da campanha nacional, determinadas afirmações de radicalismos que talvez sejam, a montante e a jusante, o ensaio para o teste final político feito pelo juiz Gato Fedorento. Salva-se o humor!

Alexandre Cruz

Gafanha da Nazaré: É preciso pensar na celebração dos 100 anos da freguesia e paróquia

Gafanhoas da década de 40 do século passado
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Penso que os meus visitantes, sobretudo os mais assíduos, já se aperceberam da idade da freguesia e paróquia da Gafanha da Nazaré. A bonita e redonda efeméride, como se costuma dizer, não pode nem deve ficar no esquecimento do nosso povo e de quantos amam esta terra que os viu nascer ou que os acolheu.
Sabe-se que os responsáveis políticos, sociais, religiosos, culturais, escolares e desportivos estarão empenhados em comemorar um século de vida desta comunidade com horizontes amplos e de futuro risonho. Mal seria se assim não fosse.
Contudo, penso que o nosso povo saberá associar-se, com gosto, a qualquer iniciativa que surja, mais mês menos mês, no sentido de todos, de mãos dadas e corações abertos, conseguirmos fazer de 2010 uma grande festa, que mostre a coragem da nossa determinação, a ousadia da nossa aposta no progresso, a certeza de que somos uma terra que anseia por uma vida melhor, a gratidão que nutrimos pelos nossos antepassados.
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Fernando Martins

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

JESUS FAZ AULA EXCELENTE



Que dificuldades teremos de enfrentar?


Estamos a começar o novo ano escolar. Há muito que o ambiente social e publicitário nos fazia respirar um ar diferente, semeando sonhos e alimentando esperanças. Ao mesmo tempo, surgiam interrogações: Que novidades nos vão surpreender? Que dificuldades teremos de enfrentar? Como irá ser o nosso futuro próximo?
O grupo dos discípulos de Jesus vivia uma situação semelhante. Apreensivo, discute entre si. Temeroso, pretende ter garantias. Ousado, alimenta ambições. Tímido, não se atreve a fazer perguntas.
Jesus capta este estado de espírito e faz-lhe “uma aula” em que alia a novidade da mensagem ao requinte da pedagogia. Chama-os aparte, cria ambiente propício, provoca-os com um pergunta desbloqueadora, toma uma criança que coloca no meio de todos e distingue-a com um abraço carinhoso. E acrescenta, sem rodeios: ser como ela é a novidade que vos ofereço, o sinal da importância que aprecio, a marca de distinção da comunidade que convosco quero edificar.
A mensagem é clara, simples e interpelante: A grandeza do que é pequeno, a riqueza de quem é pobre, a excelência do serviço feito por amor, a audácia corajosa em avançar nos caminhos da vida.
A criança surge como “elemento” pedagógico em que se podem destacar estes valores. Na sociedade judaica era irrelevante o seu papel até aos doze ou treze anos, vivia uma situação de extrema fragilidade e dependia completamente dos cuidados maternos. Daí, a relação de proximidade e de extrema confiança filial; daí, a estabilidade afectiva e emocional; daí, a coragem de enfrentar o futuro e suas surpresas com normalidade; daí, a certeza do valor da vida e da fé em Deus.
A “aula” de Jesus ocorre em casa. A mensagem é universal e definitiva. O jeito de fazer a sua transmissão constitui referência fundamental para os que assumem esta missão. E são todos nos mais diversos saberes. Bom Ano Académico!
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P. Georgino Rocha

Ateus a quem Deus incomoda


Saramago: um homem incomodado
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É frequente os ateus virarem teólogos. Coisa esquisita, por certo. Se não acreditam, porque se incomodam e perdem tempo a negar o que para eles não existe? Se é para empurrarem os crentes para a descrença, então tem que se lhes pedir que respeitem os sentimentos de quem não afina pelo seu diapasão. Muita gente simples é profundamente sábia e dispensa conselhos e ajudas daqueles que presumem de muito saber e pouco respeito.
Quem subiu alto, por seu pé ou, como acontece frequentemente, porque outros o levaram ao colo, e se vê, por fim, no trono que lhe prepararam, se não tem consciência de que toda a glória é passageira, como “flor que murcha e erva que seca”, e de que não faltam na sociedade estátuas com pés de barro, acontece pensar que o esplendor do trono diviniza os mortais e é, por si, fonte de saber sem limites e razão para tudo poder afirmar ou negar.
Temos aí um exemplo de casa, que me aparece - é a minha opinião - como alguém atormentado pelos maus espíritos que procura exorcizar, sem grande resultado prático. Refiro-me ao Nobel Saramago. Nada tenho contra o senhor. Li um ou outro dos seus livros. Não consegui acabar alguns que ainda comecei. Por razões meramente literárias, não é o meu género, mas também não estranho nem me incomodo, que o seja de muitos dos seus leitores. Feita a casa na praça, tem de aceitar, se for capaz, quem queira opinar livremente sobre ela. O que ele faz com os outros.
Por vezes penso que se trata de um homem incomodado, senão mesmo atormentado, pelos espíritos, talvez de Sofia, de Torga, ou até de gente de outras terras, onde se escreve em bom português, mas onde os padrinhos podem faltar ou serem menos eficazes.
(...)
António Marcelino
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Ler toda a crónica aqui, (procurar em opinião)

O Fio do Tempo: Não esquecer para não repetir


O efeito dominó espalhou o pânico

1. Foi há um ano que o quarto maior banco dos Estados Unidos faliu. O famoso banco de investimentos Lehman Brothres arrastou consigo o início galupante de uma crise que conduziu os historiadores da finança aos anos 30, momento da chamada grande depressão. O efeito dominó espalhou o pânico e proporcionou incertezas diante dos novos cenários ainda não previstos nos livros de economia recente. Da imprescindível ética que faltou muitos apontaram o fim de uma era que até à queda do muro de Berlim (1989) só admitia dois cenários, comunismo ou capitalismo. Confundia-se a parte pelo todo (queria-se substituir a constatada falta de seriedade ética no sistema de negócios pela limitação da liberdade de comércio concorrencial), como se o regresso a passados idos fosse agora o caminho a retomar.

2. Um ano depois da grande crise financeira já a distância vai permitindo uma visão mais crítica e com maior maturidade. Embora corre-se o perigo stressado, pelos sinais do levantar da economia mundial (normalmente para os mesmos!) do não amadurecimento necessário e das lições a tirar para ser impossível repetir tamanha amplitude de crise. De há um ano para cá, naturalmente, os Estados foram lançando mão salvadora para o cataclismo não ser maior. Mas a procura do equilíbrio dessa mão imprescindível exigirá atenção constante, não só por hoje ainda em todo o mundo se sentirem os efeitos nefastos da crise. Será tão importante a situada função reguladora dos estados (hoje transnacionais) como estes permitirem na base de regras claras a liberdade saudável dos sistemas de trocas de bens e serviços.
3. No dia aniversário o presidente norte-americano fez o discurso para não esquecer: a exigência de maior regulação dos mercados e supervisão do sistema financeiro. Dizer-se que «é necessário alterar as regras» após um ano poderá parecer que este ano nada se fez… Este foi o ano do SOS. Agora será o ano da consistência ético-jurídica impeditiva de crise(s)?

Alexandre Cruz

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Elogios à comunicação


Todos os projectos de comunicação são úteis. Basta que ofereçam contributos à construção dessa característica fundamental da pessoa humana: a relação.
Por esta perspectiva passa o trabalho de muitos projectos mediáticos. Também os que dependem, pessoal ou institucionalmente, da Igreja Católica em Portugal.
As recentes Jornadas Nacionais das Comunicações Sociais constituíram prova disso: pela presença de mulheres e homens apostados em propor a toda a sociedade o Evangelho pelos meios de comunicação, pela partilha de diferentes metodologias para comunicar, pelo desejo de ver novos e diferentes projectos audiovisuais a concretizarem-se entre nós, pela busca do trabalho profissional e sobretudo pela constatação do que já se oferece à história da comunicação por imperativos missionários. Aí se incluem projectos pessoais, disseminados pelas redes, ou posturas institucionais, representativas de um todo, que podem chegar aos receptores em qualquer soundbyte mediático.
Esta prioridade oferecida à comunicação acontece em diferentes funções: naquelas que têm por objectivo a comunicação institucional, nas que cumprem um desejo de comunicação em proximidade, nas que geram grupos virtuais e nas que se jogam no palco mediático generalista. E em todas segundo critérios de profissionalismo próprios, tão distantes quanto as ferramentas e metodologias comunicativas: dependem da natureza e dos objectivos da instituição que se quer em comunicação, estão em sintonia com a identidade histórica exigida pelos leitores dos meios regionais e locais, obedecem às gramáticas da comunicação em rede e ombreiam com as demais empresas ou agentes da comunicação quando as mensagens se lançam nos areópagos audiovisuais.
Diferentes funções e ferramentas da comunicação, mas todas necessárias. Palpites sobre o que depende de outros também são precisos. Mais ainda contributos efectivos, concretizados na multiplicidade de presenças mediáticas, pessoais ou institucionais.
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Paulo Rocha

Pequena entrevista ao Padre Miguel Lencastre


O Sangue de Mártires
Fecunda a Seara
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O Padre Miguel Lencastre, que ontem também celebrou os 50 anos do anúncio de que seria presbítero, não podia deixar de estar presente na abertura do Jubileu dos 50 anos da entrada de Schoenstatt em Portugal. E fê-lo após o regresso de Friburgo, na Suíça, onde aconteceu essa decisão. Ali se havia deslocado para celebrar com colegas data tão marcante para a sua vida.
Ontem, na eucaristia presidida por D. António Francisco, apresentou o testemunho da caminhada de fé, com destaque para a recordação, ao jeito intimista, da descoberta da sua vocação, há meio século. No final, ouvi-o, ainda, para o levar até aos seus amigos, schoenstattianos e não só.
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- Que espera deste Jubileu?
- Um jubileu é sempre um ano de graças; não é só um ano festivo, mas vai ser um ano muito abençoado.
 - Como assim?
- Sabemos isso através da Bíblia, em que houve jubileus muito abençoados. É o que nós esperamos para este ano.
- Será um ponto de partida?
- Vai ser um ponto de partida para uma fase de grandes esperanças. E o Ano Sacerdotal, curiosamente, coincidente com os 100 anos do nosso Pai Fundador, será, para o nosso Movimento, uma nova primavera.
- O Movimento passou por períodos difíceis…
- Claro. O nosso Movimento tem sido muito provado, um pouco por todo o lado, ao longo dos tempos, mas eu tenho a certeza de que, com este impulso do Ano Jubilar, tudo vai melhorar.
- Os cristão também foram e são perseguidos…
- O sangue dos mártires fecunda a seara.
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FM

Bispo de Aveiro abre Jubileu dos 50 anos de Schoenstatt em Portugal

Padre Miguel e D. António Francisco
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Saibamos ser exemplo
do espírito que daqui irradia



“Na expressão da gratidão da diocese, quero deixar a alegria de hoje iniciarmos as celebrações jubilares e vivermos este ano com particular entusiasmo, tornando mais divulgada a mensagem que daqui recebem, cada vez mais centralizada na peregrinação daqueles que procuram a serenidade, a paz e o silêncio na oração, no encontro, no acompanhamento espiritual, nesta presença do louvor perene a Jesus Cristo, solenemente exposto em adoração”, afirmou ontem, 15 de Setembro, na homilia celebrada no santuário diocesano, em ambiente de festa, D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro.
Concelebraram padres do Arciprestado de Ílhavo e outros, directa ou indirectamente ligados ao Movimento Apostólico de Schoenstatt, sendo de assinalar a significativa participação do Padre Miguel Lencastre, “uma das referências maiores da presença de Schoenstatt na nossa diocese ”, como sublinhou D. António.
Referindo que uma das expressões maiores do carisma de Schoenstatt é a valorização da causa da família, D. António Francisco lembrou que, “se em algum momento foi importante este serviço, se foi oportuno este zelo e esta dedicação, são, certamente nestas circunstâncias e no nosso tempo, mais preciosos e apreciados estes valores”.
Dirigindo-se às famílias, o Bispo de Aveiro pediu-lhes que saibam ser exemplo do “espírito que daqui irradia”, testemunhando com coerência “o amor abençoado no mundo e sinal transformador da sociedade do nosso tempo”. A Igreja aveirense "confia-vos essa missão e agradece-vos este testemunho”, referiu D. António.
Com o salão cheio de membros e amigos do Movimento de Schoenstatt, de Aveiro e de outras zonas ligadas a este santuário da nossa diocese, onde se venera Nossa Senhora – Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt –, a eucaristia, presidida por D. António Francisco, foi marco importante da abertura do Jubileu dos 50 anos da entrada daquele Movimento Apostólico na nossa diocese e em Portugal. Mas o prelado aveirense lembrou, com oportunidade, que todos ali estávamos, ainda e fundamentalmente, “pelo anúncio do Evangelho e pela causa do Evangelho, abençoados por Maria”, para agradecer ao Senhor e a todos quantos, ao longo destes 50 anos, deram vida a este santuário e a este centro, “com a sua generosidade, com a sua dedicação e com o seu testemunho”.
Louvou os que souberam fazer convergir para aqui “os seus pés de peregrino”, irradiando a devoção a Nossa Senhora, sendo “presença abençoada de Deus, neste doce encanto de Maria Mãe Admirável”. E acrescentou: “Sejamos dignos de todos quantos, ao longo do tempo, aqui afirmaram o testemunho da sua fé, da sua dedicação e da sua consagração.”
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Fernando Martins

O FIO DO TEMPO:Descubra as diferenças

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A Campanha Desceu das Televisões às Ruas
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1. A campanha eleitoral desceu das televisões às ruas. A maratona este ano tem direito a prolongamento, depois das legislativas seguem-se as eleições autárquicas. Em tão longas jornadas, terão de existir razões de sobra para debates sérios pois esclarecedores das visões de sociedade e dos programas correspondentes. Não se podem perder (mais) oportunidades, pois sempre que iniciam as campanhas (e este ano até iniciam com a vida escolar!) sublinham-se os apelos à ética do debate, à re-ligação da sociedade às visões políticas, ao procurar vencer as indiferenças e as descredibilizações que com o passar dos tempos as linhas políticas vão arrastando… Talvez este pedido seja optimista demais em relação a uma certa realidade viciada em que se tornou o debate público de ideias... Estará, ainda, para chegar o líder que prefira a consistência à intriga?!
2. Não se poderá ter a tentação de fazer juízos prévios nem precipitados, mas a primeira parte da campanha (a pré-campanha), que este ano teve debates (só) entre as lideranças parlamentares, dois a dois, primou pela procura do empate. Por um lado um empatar analisado quase ao jeito de quem procura os pequenos deslizes para vencer mais o outro que as ideias que ele representa, por outro uma acérrima procura em descortinar e acentuar o «descubra as diferenças». Claro que, mesmo na mais cintilante isenção, nunca se conseguirá (nem tal interessará) um unanimismo que paralisa. Todos pensarem sobre tudo da mesma maneira seria reflexo de asfixia intelectual que não interessa. Mas, primar por um certo radicalismo de dar o passo em frente na procura de mostrar as diferenças, sejam elas quais forem…, também é sinal menor.
3. Se nas campanhas de rua andam muitas artilharias e grandes investimentos, facto que já se tornou tradição, então que a sua aplicação possa ser sinal de procura de mais e melhor. A contraposição irritada como primeira bandeira diz o quanto continuamos longe da expectativa de uma cidadania política arejada.
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Alexandre Cruz

Crónica de um Professor:A Educação em Portugal

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Sempre há cada cábula!...
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É FRANCÊS E NÃO PERCEBO NADA
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- Não, não entendo nada do que ele diz! É Francês e não percebo nada.
Foi esta a frase proferida por aquela mocinha de carinha laroca e uma auto-estima bem posicionada.
Encontrava-se a ajudar o pai, na banca de venda, no mercado municipal, ali na cidade ao lado.
Tendo assistido a esta tirada da miúda e calculando que na sua tenra idade ainda a estaria a frequentar escola, inquiri:
- Então a menina não anda na escola, ainda?
Claro que sim, mas não sei nada de Francês. Nem desta língua nem de nada!
Dizia isto com ar displicente e a convicção de quem já sabe desfrutar da vida e aprendeu a lei do desenrascanço.
Enquanto se descartava da responsabilidade de ter de atender o cliente do pai, em Francês, ia atirando a título de desculpa, que apesar de tanta ignorância tinha passado todos os anos.
Com quinze anos, duma vida iniciada no sistema de ensino que mais se assemelha ao nacionalporreirismo, que tudo facilita e tudo consente. Ia subindo na escala hierárquica da formação académica portuguesa, revelando uma iliteracia confrangedora. Completara o 9.º ano e iria ingressar no 10.º, já neste mês de Setembro deste ano lectivo.
Perante esta tirada de “sabedoria”, interroguei-a:
- És tu que não sabes... porque não estudas nada, ou são os teus professores que nada te ensinam?
Era uma aluna cábula, que anda na escola só para passar o tempo e lá vai deitando mão dos estratagemas que vão surgindo: as cábulas.....
Com aspecto de quem promete vir a ser um bom vivant, a criaturinha de ar determinado num palminho de cara, ia construindo o futuro, trôpega, sem consistência na sua formação académica e humana, mas lá ia coxeando, tal qual um ancião que já gastou as suas energias na longa caminhada da vida.
Eu que ia ouvindo e reflectindo, pensava com os meus botões: aqui está a caricatura do que é o sistema de ensino em Portugal. Não se estuda nada, não se faz nada... mas no fim, há o prémio para quem pelo menos sabe desenrascar-se. Esses que têm essa propensão e a vão treinando na escola, certamente vão ser pessoas bem sucedidas no futuro! Se os ensinamentos vêm de cima, temos na cena política os melhores exemplares. E...não subiram tanto na vida, que chegaram ao topo da carreira, sem sequer terem concorrido a titulares?
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M.ª Donzília Almeida
07.09.09

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Silêncio do Tempo

Profecia

eu sei
onde acaba
o tempo

a barca
e o mar
dos nossos segredos
partilhados

eu sei

apenas as pedras vivas
nos olham com lucidez


entre o negro e o vermelho
o nevoeiro passa

o esquecimento
é a mais antiga
das profecias

a casa
a ausência
dos teus abraços
a cegueira da chuva
nos teus olhos


o silêncio
do tempo

orlando jorge Figueiredo
setembro 2009

Escola Secundária da Gafanha da Nazaré: Relógio de Sol e Rosa-dos-ventos

Relógio de Sol e Rosa-dos-ventos



Projectos mobilizadores
das capacidades dos alunos

Nas Escolas há, cada vez mais, felizmente, projectos mobilizadores das capacidades dos alunos, graças ao trabalho de professores competentes e responsáveis. Sei que é assim em todas as Escolas, porque Escolas rotineiras não têm lugar nos tempos que correm.
Como já devem ter notado, uma simples passagem pela Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, no sábado, levou-me a apreciar, da rua, algumas iniciativas que chamaram a minha atenção. Vi a rosa-dos-ventos, um gerador eólico, decorações nas paredes do edifício… Confesso que gostei. Já agora, tentarei passar por outras, mas gostaria que cada Escola da Gafanha da Nazaré me alertasse para projectos inovadores… Aqui fica o desafio.
Com este projecto, assente na instalação do Relógio do Sol e da Rosa dos Ventos, pretende-se atingir a “sistematização prática de conhecimentos que reforce nos jovens a capacidade de utilização de instrumentos de uso comum e científico, de modo a que possam directamente observar o movimento diurno aparente do Sol ao longo do ano”, diz o relatório desta iniciativa. E acrescenta: “Além disto, pretende-se o conhecimento dos pontos cardeais e a respectiva orientação geográfica dos mesmos na escola. Deste modo promove-se a consolidação de hábitos de pensamento e de acção, instrumentos estes necessários para a organização do seu próprio pensamento.”
Os promotores deste projecto são os professores Cristina Carmona, Rosa Agostinho e Piedade Santos.
FM

Para reflectir...

Mesmo aqueles que deixaram tudo para seguir Jesus, hoje como ontem, poderão ser vítimas deste “demónio”. Sobrevalorizar-se, ultrapassar os outros, ocupar o primeiro lugar, num aspecto em particular ou em todas as coisas.
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Padre Rubens: Notas Biográficas

Padre Rubens numa vigília de Natal
Hoje recordo, aqui e aqui, o saudoso Padre Rubens.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Festa da Nossa Senhora da Encarnação

Homens levam andor
Mulheres levam andor
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"A nossa festa"! Melhor que a sua?

Como já vem sendo tradição de longa data, estão a decorrer desde 11 de Setembro até hoje, os festejos em honra da Nossa Senhora da Encarnação.
Sendo a Nossa Senhora o mote, o pretexto para a comemoração, reveste-se de um misto de sagrado e profano. As gentes novas dão-lhe um significado muito próprio pois permite a exibição das toilettes, intencionalmente seleccionadas para o evento.
A religiosidade ainda sobrevive no culto religioso que se materializa na conhecida, apreciada e sempre renovada procissão ao longo dum itinerário preciso. É uma manifestação secular, a que já assisto desde o século passado. Sempre melhorada na organização e nos ademanes, congrega esforços e devoções que teimam em contrariar o materialismo reinante.
É admirável a actividade empenhada dos moradores, por cujas casas a procissão passa, que se esmeram na decoração e embelezamento da rua. Dá gosto observar o afã com que homens e mulheres, com especial destaque para as últimas, se empenham a espalhar verdes e flores sobre o piso, oferecendo aos forasteiros um espectáculo de beleza primaveril. E o cheirinho que as ervas aromáticas dão ao serem pisados pelos pés dos participantes? Fui informada por alguém que também colaborava nesta tarefa, que vinham visitantes de longe para desfrutar deste apelativo espectáculo. O manjericão, a alfazema, o limonete, vulgo lúcia-lima, são algumas das espécies botânicas que oferecem o seu perfume a esta manifestação de fé.
A procissão na sua vertente religiosa é um repositório da religiosidade e cultura dos gafanhenses, que teimam em a perpetuar, apesar das dificuldades que os tempos modernos acarretam. Continua, desde que a memória me assiste, a integrar o grupo dos mordomos que a organizam, devidamente uniformizados, a plêiade de anjinhos que personificam a hagiografia portuguesa nas roupagens que o imaginário popular lhes empresta, as criancinhas vestidas de brancura imaculada da 1.ª comunhão, as bandas de música que marcam o compasso rítmico e lhe dão a solenidade própria, etc, etc.
É um regalo para a vista e é tradição após o convívio familiar ter degustado a tradicional chanfana, prato forte da festa, ir-se ver a procissão. As ruas, pejadas de gente que se arruma nos passeios e bermas, fazem magotes onde disputam um bom lugar de observação. E... há quem tire fotografias, quem filme, quem grave o evento para mais tarde recordar.
À memória, vem a recordação da efeméride que se repete desde os meus tempos de menina e moça. Os habitantes desta Gafanha referiam, com orgulho bairrista e muita convicção, a chegada da “nossa festa”!. Coincidia, na época em que a Gafanha era um meio rural, com a colheita do milho, que enchia o celeiro dos agricultores. Tenho ainda, bem gravada, a imagem, das eiradas do milho já debulhado, a secar na eira e a preocupação em cobri-lo antes que viesse o orvalho da noite.
Havia autorização para ir à festa, à noite, mas antes, tínhamos de cobrir o milho.com taipais ou outras formas de protecção.
Num Setembro que já prenuncia o Outono, havia esta empreitada das colheitas que era a mesa farta do pequeno lavrador. A pequenada delirava com a “nossa festa” pois era uma pausa agradável na dura labuta agrícola e a promessa de uns momentos bem passados de forma diferente. As atracções lúdicas, o carrossel e os carrinhos de choque entretinham a malta jovem e davam asas à sua energia incontida.
Havia a esperança de encontrar um namorico, nos forasteiros que assomavam à freguesia... ou quiçá nos músicos que compunham a banda! E... alguns casamentos se consumaram, com a bênção da Mãe de Deus!
Longevidade se deseja a estes pombinhos!
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M.ª Donzília Almeida

Um livro do Padre Manuel Joaquim Estêvão da Rocha

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“PELOS CANAIS: Palavras e Gestos que Edificam”
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Com edição da paróquia da Vera Cruz, veio a lume um livro do seu pároco, Padre Manuel Joaquim Estêvão da Rocha. Trata-se de um trabalho que insere textos escritos semanalmente, na folha dominical “O Canal”, que mais não são do que propostas de reflexão para a vivência do evangelho no dia-a-dia de quem se assume como católico e, ainda, para todos os que procuram horizontes de verdade, de justiça e de paz.
Li e reli várias mensagens, curtas, incisivas e interpelantes, todas intemporais e motivadoras de opções sociais, espirituais e comportamentais, no sentido de uma sociedade mais fraterna e cristã, sendo certo que, no fundo, vão para além de “convites insistentes a vivermos esta vida com o realismo e a força que ela tem e como meio de chegarmos à VIDA!”.
Cada semana de cada tempo litúrgico e cada situação com que as pessoas e comunidades do nosso tempo se confrontam, onde sobressaem tantas nuvens negras, o Padre Rocha avança com histórias, ideias e projectos de horizontes largos e elevados, em que a matriz é, fundamentalmente, a Boa Nova de Jesus Cristo e o seu plano de salvação do homem todo e de todos os homens.
No Prefácio, o nosso Bispo, D. António Francisco dos -Santos, sublinha que “A mensagem do pároco, em sintonia com a palavra de Deus, (…) constitui uma bela forma de criar laços de comunhão entre todos os membros da comunidade”. E acrescenta: “A clareza do pensamento, a densidade do conteúdo, a beleza da forma, a intuição pastoral manifestada, a leitura cristã dos acontecimentos e o olhar de esperança para o futuro dizem-nos da oportunidade destas reflexões e do seu sentido prático e actual.”
D. António refere ainda que o autor depõe nas nossas mãos, “com alegria e emoção, este livro onde todos nós sacerdotes nos identificamos, através da palavra aqui impressa e da mensagem nela expressa”.
Também o presidente da Câmara de Aveiro, Élio Maia, lembra que “as palavras do Padre Rocha fazem e ajudam a fazer obra”, salientando que este livro nasceu para ajudar “a construção da Nova Creche da Vera-Cruz".
Por sua vez, na Introdução, o Padre Rui Barnabé, vigário paroquial da comunidade da Vera Cruz, frisa que os cristãos “devem encontrar formas de tornar Cristo acessível, primeiro, e significativo, depois, junto da sociedade que os envolve”, adiantando que “O Canal”, de que agora se publicam os primeiros números, “é, sem dúvida, a expressão disto mesmo”.
Tendo em conta que a edição deste livro reflecte, em suma e essencialmente, dois propósitos, como são as reflexões para o dia-a-dia do cristão, e não só, e a construção de uma nova Creche já aberta à Vera e ao Cruz, tudo para um mundo muito melhor, estou em crer que “PELOS CANAIS: Palavras e Gestos que Edificam” vai ser um sucesso.
Design da Capa: Ana Filipa Gomes; Foto da Capa: Nuno Marques; Colaboradores na revisão, formatação e paginação: André Nobre, António Carvalho, Artur Lobo, Cravo Machado, Florinda Costa, José Carlos Costa, José Rodrigues, José Pedro Santos, Paula Hipólito, Rosa Roquete e Sónia Neves.
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Fernando Martins

Frei Bento Domingues, no PÚBLICO de ontem

Conversas
interrompidas
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Na sua crónica deste domingo no Público, frei Bento Domingues evoca Raul Solnado, M.S. Lourenço e Ted Kennedy. Três memórias fundamentais a reter num texto sentido.
Ler aqui

domingo, 13 de setembro de 2009

Arte pública na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré

Escola Secundária da Gafanha da Nazaré

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Passei ontem pela Escola Secundária e tive a oportunidade de olhar, com mais atenção, para todo o conjunto. Registei, com agrado, o cuidado que tem havido para embelezar  o conjunto. Da rua, fixei este bloco, onde estão, à vista de quem passa, painéis que mostram, à evidência, que por ali há artistas e quem saiba orientá-los para caminhos das artes.

Oficialmente, a campanha para as legislativas já começou

A Campanha para as Legislativas já começou. Os partidos estão na rua, melhor dizendo, nas ruas todas do país, com milhões de euros para ajudarem a convencer o povo. Nesta altura, não há coragem, estrategicamente falando, para olhar para as crises. É preciso que todos mostrem as suas razões para governar Portugal.
É óbvio que os partidos são fundamentais à democracia. É óbvio que precisamos de ser esclarecidos. É óbvio que os programas partidários não estão ao alcance de todos. É óbvio que a mensagem talvez passe melhor pela palavra que pela escrita.
Nessa conformidade, temos de estar preparados, com muita paciência, para discernir a verdade da demagogia. O realismo da utopia. O possível do impossível. Se não fizermos esta análise, com cuidado e olhos bem abertos, podemos correr o risco de errar no alvo.
Outra exigência se nos põe: não podemos embarcar em abstenções. Um voto a mais ou a menos pode decidir tudo. Então, boa disposição e grande espírito de abertura,  para na hora certa decidirmos quem nos há-de governar.
FM

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 148

BACALHAU EM DATAS - 38

Novos Mares
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NOVOS NAVIOS DE PESCA À LINHA
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Caríssimo/a:
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1938 - «Na campanha de 1938, a maior parte dos navios da frota bacalhoeira portuguesa já estava provida com aparelhos de telegrafia sem fios que era considerada como a providência da navegação, valendo, “por si, meia campanha”, pois permitia a comunicação entre navios e aumentava as condições de segurança das embarcações.» [Oc45, 110]

«[...] Seguiram-se, em 1938, [nos Estaleiros da Gafanha da Nazaré] o lugre de quatro mastros NOVOS MARES, a cargo de Manuel Mónica, para a empresa Testa e Cunha, L.da, de Aveiro, e os lugres-motores OLIVEIRENSE e DELÃES, saídos dos estaleiros de António Mónica.» [Oc45, 117]

«[O CREOULA] sofreu um acidente de consequências muito graves que fez desaparecer, numa onda que varreu o convés, 5 membros da tripulação, o imediato e quatro pescadores.»[C., 42]

«... o imediato de nome Calais e natural de Lisboa, o Joaquim Bolhões, da Nazaré, o Zé Damásio, da Ilha de S. Miguel, o Joaquim Caneco, da Fuzeta, e um outro de Setúbal, que tenho pena de não poder lembrar o seu nome... [José da Silva Cruz, Memórias 1972-1983]» [C., 43]

10 de Maio - «O lugre TROMBETAS, da Lusitânia, Companhia Portuguesa de Pesca, da Figueira, sofreu um acidente que arrastou para o mar - e vitimou - 7 dos seus tripulantes.»


1939 - «O terceiro momento da inovação [da frota bacalhoeira portuguesa] respeita ao advento dos grandes navios-motor de pesca à linha – uma novidade absoluta à escala internacional – e ao abandono da navegação à vela em parte da frota de “navios de linha”. Em Abril de 1939 saíram dos Estaleiros da CUF, na Rocha do Conde de Óbidos, de Lisboa, os primeiros navios-motor em ferro, o SÃO RUY e o SANTA MARIA MADALENA. Foram ambos armados pela Empresa de Pesca de Viana e já fizeram a campanha desse ano.» [Oc45, 100 ] Vd.1936

«Orçados num valor aproximado de 5.000.000$00. Obedecendo ao modelo de proa direita com ligeira inclinação para vante e popa redonda, apresentavam um comprimento de 66 m, um deslocamento de 1692 t e motores diesel suíços, fornecidos pela Sulzer, de 550 CV. Os seus meios de pesca e de habitabilidade eram dos mais sofisticados. Contavam com o seguinte equipamento: frigorífico para transporte de isco congelado, um duplo fundo para albergar água doce, habitabilidade estudada segundo os requisitos mais exigentes, fornos de isolamento, ventilação, sonda eléctrica, posto de telefonia, potência eléctrica suficiente para o trabalho de guincho das amarras, bombas de esgoto e incêndio e aparelhagem electromecânica para o serviço dos dóris.» [Oc45, p. 111]
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Manuel

sábado, 12 de setembro de 2009

Ligação ferroviária ao Porto de Aveiro até ao fim do ano

Visita ao Porto de Aveiro
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Até ao final deste ano estará concluída a ligação ferroviária ao Porto de Aveiro. O Ministro dos Transportes e Obras Públicas visitou, a 11 de Setembro, as obras, garantindo que tudo está a correr dentro dos prazos e que em 2010 o Porto de Aveiro se juntará aos restantes portos nacionais que estão já a ser servidos pela ferrovia.
Mário Lino disse ainda que esta linha irá permitir um escoamento mais fácil e competitivo das mercadorias: “Um porto, para ser competitivo e para se poder desenvolver, tem de estar ligado a vários modos de transporte Esta linha permitirá uma ligação entre o modo marítimo, o ferroviário e o rodoviário, levando a um escoamento mais competitivo", afirmou o ministro.
Neste momento está já adjudicada a terceira fase da obra de ligação ferroviária ao Porto de Aveiro cujos trabalhos consistem na instalação de nove quilómetros de via férrea, entre a saída do Terminal de Cacia e a entrada no porto. Está também em vias de conclusão a segunda fase, que prevê a criação de novas acessibilidades ao Porto de Aveiro.
Ana Paula Vitorino, Secretária de Estado dos Transportes, acredita que quando tudo estiver terminado, o Porto de Aveiro alargará substancialmente o seu hinterland, chegando a novas zonas de Espanha.
 
Ler mais no Porto de Aveiro

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