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A Campanha Desceu das Televisões às Ruas
.1. A campanha eleitoral desceu das televisões às ruas. A maratona este ano tem direito a prolongamento, depois das legislativas seguem-se as eleições autárquicas. Em tão longas jornadas, terão de existir razões de sobra para debates sérios pois esclarecedores das visões de sociedade e dos programas correspondentes. Não se podem perder (mais) oportunidades, pois sempre que iniciam as campanhas (e este ano até iniciam com a vida escolar!) sublinham-se os apelos à ética do debate, à re-ligação da sociedade às visões políticas, ao procurar vencer as indiferenças e as descredibilizações que com o passar dos tempos as linhas políticas vão arrastando… Talvez este pedido seja optimista demais em relação a uma certa realidade viciada em que se tornou o debate público de ideias... Estará, ainda, para chegar o líder que prefira a consistência à intriga?!
2. Não se poderá ter a tentação de fazer juízos prévios nem precipitados, mas a primeira parte da campanha (a pré-campanha), que este ano teve debates (só) entre as lideranças parlamentares, dois a dois, primou pela procura do empate. Por um lado um empatar analisado quase ao jeito de quem procura os pequenos deslizes para vencer mais o outro que as ideias que ele representa, por outro uma acérrima procura em descortinar e acentuar o «descubra as diferenças». Claro que, mesmo na mais cintilante isenção, nunca se conseguirá (nem tal interessará) um unanimismo que paralisa. Todos pensarem sobre tudo da mesma maneira seria reflexo de asfixia intelectual que não interessa. Mas, primar por um certo radicalismo de dar o passo em frente na procura de mostrar as diferenças, sejam elas quais forem…, também é sinal menor.
3. Se nas campanhas de rua andam muitas artilharias e grandes investimentos, facto que já se tornou tradição, então que a sua aplicação possa ser sinal de procura de mais e melhor. A contraposição irritada como primeira bandeira diz o quanto continuamos longe da expectativa de uma cidadania política arejada.
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Alexandre Cruz