quarta-feira, 22 de julho de 2009

As eleições legislativas e autárquicas estão mais próximas do povo do que as europeias

Corrida difícil a que não faltam candidatos
Todos os países passam por momentos de perplexidade, dados os problemas a enfrentar, com propostas e soluções sempre mais difíceis e complexas. Pouco tempo passado das eleições europeias, com o amargo de boca e o desconforto das muitas abstenções, o anúncio, para breve e já com data marcada, das legislativas e autárquicas, faz viver um desses momentos, que não deixam tranquilos os responsáveis da nação, nem os cidadãos mais atentos. A menos que se pense que a solução dos problemas é só dos políticos ou a da terra queimada…
Muitos problemas se perfilam neste horizonte, em que já se multiplicam rumores, se jogam previsões, se anunciam candidatos, se insinuam ameaças, se profetizam desgraças. Ao povo, comunicação social e políticos não lhes falta imaginação.
Fala-se, com alguma razão, do descrédito da classe política; dos problemas graves não resolvidos; dos motivos conhecidos que levam à escolha dos novos candidatos; dos já eleitos antes que os votos cheguem às urnas; da crispação social e da ausência de esperança; das soluções propostas em anteriores legislaturas, que, por vezes, se agravaram os problemas que pretendiam resolver; dos políticos medíocres que querem tronos que excedem a sua estatura; da classificação, nada democrática, de os adversários normais se considerarem inimigos detestáveis; dos cidadãos de primeira, que têm tudo, mesmo sem o pedir, e dos cidadãos desqualificados e anónimos, que se vão cansando de gritar e de esperar pela resposta a direitos, não respeitados nem atendidos.
Portugal, ainda sem tempo suficiente para ter amadurecido politicamente, foi-se politizando, mais por influência de grupos, mais marcados por ideologias pobres e ânsia de poder, do que por compreensão do regime democrático e dos objectivos do bem comum, que devem ser o clima de respeito e o motor de decisão para participar e governar.
Parece urgente uma reflexão de senso comum, que, mesmo assim, em muitos casos já não vai a tempo, em virtude de compromissos assumidos, de influências locais, de caminhos mal pensados, mas abertos, por onde se passa e se chega ao sítio desejado.
As eleições legislativas e autárquicas estão mais próximas do povo do que as europeias. Os candidatos a escolher e a propor ao escrutínio eleitoral são mais conhecidos pelos eleitores a quem não escapa o juízo realista sobre as suas qualidades e defeitos, nome e fama, êxitos e fracassos pessoais, profissionais e cívicos, pelo trabalho antes realizado ou aproveitamento dos cargos onde se ganharam influências mas se perdeu o nome.
Legislar não se compadece com pessoas que pouco mais vêem que os seus interesses e os do seu partido. Não nos venham dizer que basta que alguns saibam ver o alcance das leis que se fazem e aos outros, a maioria, apenas resta votar como lhes é mandado. O país paga a todos por igual, para que, por igual, todos saibam o que fazer, a favor de todos. A situação lastimável a que se chegou com algumas leis é culpa maior dos responsáveis pela escolha, por vezes insensata e por motivos ocultos, dos candidatos a legisladores.
As autarquias, por sua vez, são hoje lugar de responsabilidades acrescidas, campo minado, ocasião de tentações. São, por isso, instâncias de exigência, maior e permanente de honestidade, de saber e competência, capacidade de acolhimento, diálogo e aguda sensibilidade, trabalho de equipa e abertura a todos.
Motivos de escolha para pagar favores, compensar perdas e desgostos políticos, por pressão de grupos e manobras locais, aparecem como desonestidade cívica, desrespeito pelos eleitores, colocação de interesses pessoais e partidários acima dos nacionais e locais. Governa-se com pessoas normais, desde que se saiba o que significa a normalidade, os seus limites e exigências. Neste juízo, cabe a lucidez sobre a capacidade dos candidatos a propor. António Marcelino

terça-feira, 21 de julho de 2009

Férias em tempo de crise: Aveiro ao alcance de todos

Painel cerâmico (pormenor)
Aveiro, com a sua história,
espera por nós em dias de descanso
Desta feita proponho Aveiro, com toda a sua história, para dias de descontracção, em tempo de crise. Não haverá, se quisermos, despesas de monta. Basta chegar, de preferência com itinerário estudado, e andar. Ver a cidade, com olhos de ver, sem pressas, o visitante pode optar pela cidade antiga ou pela moderna. Ou por ambas. É que há bairros ou novas urbanizações que, porventura, nunca nos atraíram. De quando em vez dou conta de pormenores num ou noutro local que se tornam agradáveis à vista. Mas se preferirmos o antigo, então há que recorrer a literatura que o Turismo nos fornece, para uns passeios proveitosos pela cidade e pelos seus canais. Penso que vale a pena entrar num dos mercantéis que esperam por gente interessada em conhecer a cidade de novos ângulos. Não tem havido funcionários que expliquem, mas se manifestarmos gosto por saber o que está à vista, o melhor é ocupar um lugarzinho junto ao mestre do barco. Ele explica. Então o visitante poderá confirmar quanto vale a cidade vista dos seus canais. Depois da viagem, salte até à Sé de Aveiro. Cá fora está uma réplica de um cruzeiro do século XV. Mas vale a pena entrar na Sé, para apreciar, ao vivo, o autêntico. Fica do lado direito, logo à entrada. Se sentir vontade de conversar um pouco com Deus, usufrua, em dias de canícula, de uma igreja fresca… Sente-se um bocadinho, medite sobre o bem e o bom que a vida nos dá. Em seguida, aprecie com calma a nossa Sé, que tem por padroeira Nossa Senhora da Glória. Ali ao lado há o Museu dedicado a Santa Joana, padroeira da cidade e Diocese de Aveiro. O seu túmulo é uma obra-prima, em que se distingue, para além da “singularidade decorativa”, um trabalho notável de incrustações em mármore. Mas a história da Santa Joana, pelo seu significado, vale muito mais. Igrejas de vários estilos e épocas, bem como espaços expositivos, sem esquecer a Arte Nova, com belos exemplares na cidade, de que se destaca a Casa Major Pessoa, junto ao Rossio, merecem uma visita. Depois passe pelo Jardim Infante D. Pedro, onde tantas gerações deambularam, em franca cavaqueira, em horas de “feriados”, em tempos de aulas. Na altura, o único sítio onde se corria, caminhava e apreciava a natureza verdejante, com lago à vista. Em tempos recuados, de água límpida, até se andava bem de barquinho a remos. Já agora, aprecie as estátuas que decoram a cidade, enquanto lembram a quem passa gente que fez história. Sem correrias, leia as legendas e outros escritos que completam os monumentos. Junto ao “olho da cidade”, há uns azulejos, em alto-relevo, com motivos aveirenses, da autoria de artistas locais. Mas haverá muito mais que ver e que apreciar? Claro que há. Aqui ficam apenas meras sugestões, de quem não se cansa de Aveiro. Fernando Martins

Uma voz incómoda: Padre Agostinho Jardim Moreira

Em entrevista ao Jornal de Leiria, o Padre Agostinho Jardim Moreira, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, mostra por que razão é uma voz incómoda e inconformada, mesmo no seio da Igreja Católica. Os pobres são a sua grande preocupação...
"Os pobres. Sempre os pobres. São um desafio constante e uma exigência grande para viver mais aproximadamente o Evangelho. Também me obrigam a fazer, quase anualmente, uma reformulação da pastoral e das respostas sociais. Quando comecei aqui, em 1969, na Ribeira (freguesias de S. Nicolau e Vitória, na periferia da Torre dos Clérigos) praticamente não havia nenhuma obra social e hoje temos várias. Continuam a ser as mais pobres, embora já não as mais populosas devido à desertificação – em 40 anos perderam mais de 20 mil habitantes. Hoje tenho menos gente mas muitos mais problemas. As pessoas estão isoladas porque não há resposta da família, nem da gente com dinheiro para poder partilhar com as necessidades dos mais fracos. Hoje tudo acorre ao padre e à Igreja numa atitude de exigência. Como se a Igreja tivesse obrigação de fazer aquilo que cabe ao Estado. Como o meu nome vai aparecendo nos jornais e na televisão, acham que isso é uma mais valia de poder intervir a seu favor. O que não deixa de ser verdade mas não é essa a minha missão explícita. Até porque tenho a direcção em Portugal da Rede Europeia Anti-Pobreza (REAP) que me preenche muito tempo."
Leiam toda a entrevista aqui

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Padre Tomás Afonso celebra Bodas de Ouro de ordenação presbiteral

SERVIÇO POR UM MUNDO MELHOR


Participei ontem, 19 de Julho, em Estarreja, num encontro comemorativo das Bodas de Ouro da ordenação do Padre Tomás Marques Afonso. Na eucaristia de acção de graças, a que presidiu D. António Francisco, marcaram presença o Bispo Emérito da Guarda, D. António dos Santos, padres e diáconos permanentes amigos, bem como pessoas oriundas das terras por que passou, no exercício do seu múnus sacerdotal, tanto de paróquias como das Forças Armadas, onde serviu como Capelão Militar. 

O Bispo de Aveiro, D. António Francisco, referiu, à homilia, o Ano Sacerdotal que está a decorrer, “por vontade expressa do Papa Bento XVI”, sublinhando a importância das vocações sacerdotais, “nascidas em famílias cristãs de vida dinâmica”. Depois frisou a caminhada presbiteral do Padre Tomás Afonso, dizendo que, presentemente, agora na sua terra, se encontra a servir o Povo de Deus, que está em Veiros. 
D. António agradeceu ao Padre Tomás o serviço “tão generoso” por ele prestado à Igreja de Jesus Cristo e ao seu povo. “Dou graças a Deus por este povo que ele serve, pelo serviço por um mundo melhor”, disse o Bispo de Aveiro. 
O Padre Tomás Marques Afonso começou a exercer o seu ministério sacerdotal precisamente na Gafanha da Nazaré, como coadjutor do Padre Domingos José Rebelo dos Santos. Natural do lugar de Póvoa de Cima, freguesia de Beduído, onde nasceu em 6 de Janeiro de 1934, foi ordenado presbítero em 19 de Julho de 1959, na sua igreja matriz, por D. Domingos da Apresentação Fernandes. 
Entrou na Gafanha da Nazaré em 27 de Outubro do mesmo ano, aqui tendo permanecido até 27 de Outubro de 1961. Depois passou por outras paróquias e pelas Forças Armadas, como Capelão, tendo atingido a posição de Coronel. 
Na Gafanha da Nazaré, tanto quanto me lembro e está registado na Monografia da Paróquia, o Padre Tomás desenvolveu a sua acção na Catequese, na Visita a Doentes, no Grupo Coral, no apoio à Juventude. Foi ainda capelão da Praia da Barra, tendo colaborado nas primeiras obras de restauro da igreja matriz da Gafanha da Nazaré, obras levadas a cabo pelo Padre Domingos. 
Estes encontros celebrativos oferecem-nos, para além do mérito de podermos recordar e enaltecer o labor de uma vida de meio século dedicado aos outros, a oportunidade de rever amigos que connosco caminharam em Igreja, tendo no horizonte um mundo mais fraterno. 
Outros dois coadjutores da Gafanha da Nazaré ali encontrei: os Padre Arménio Pires Dias e José Manuel Ribeiro Fernandes. O primeiro, que antecedeu nas funções o Padre Tomás, precisamente, entre 27 de Dezembro de 1958 e 25 de Dezembro de 1959, e o segundo, que se lhe seguiu, entre 24 de Novembro de 1961 e 10 de Outubro de 1965. Destes dois, ficaram na minha memória, os mesmos sorrisos e as mesmas disponibilidades para o serviço dos outros, numa entrega total. 
O Padre Arménio é o pároco de Salreu e o Padre José Manuel está ao serviço da emigração, nos Estados Unidos da América. 
O Padre Tomás, ao recordar um pouco da sua vida, agradeceu a Deus, que sempre o dinamizou no cumprimento da sua missão, “quer dentro dos Quartéis ou Unidades Militares, quer nas paróquias” que serviu. Recordou “os nativos africanos da Guiné, Moçambique e Angola”, que o ensinaram “a cultivar maiores conhecimentos dos Povos e do Universo”, e manifestou a sua gratidão aos muitos conterrâneos, familiares, amigos e outros povos, por onde passou e de quem se tornou servo. 
O Padre Tomás ainda manifestou vontade de trabalhar por mais uns 25 anos, porque se sente com coragem para isso. Eu, que até acredito na possibilidade da concretização dessa vontade, prometo que tentarei ficar por cá, para com ele comemorar as suas Bodas de Diamante da ordenação presbiteral. 

Fernando Martins

Férias em tempo de crise: Ao encontro da Natureza

A Natureza é sempre uma opção
viável e até necessária
Em tempo de crise ou de progresso, o encontro com a Natureza é sempre uma opção viável e até necessária. Viável, porque, em princípio, não implica grandes despesas; necessária, porque nos oferece uma infinidade de sensações e emoções que nos ficam para a vida. Quem há por aí que possa ficar indiferente à beleza das paisagens, aos tons da vegetação, aos sons da brisa que nos refresca a face, às cores ímpares de um pôr do sol, à suavidade das borboletas que pousam nas flores, à cadência das ondas do mar ou aos espelhos da nossa laguna? Por tudo isso, e pelo muito que fica por dizer, proponho hoje que aproveitemos as férias para cirandarmos pela nossa região, tentando ver e sentir o que a natureza, na sua pureza, ainda nos reserva. Passeando pela ria, usufruindo da mata da Gafanha, descansando à sombra de uma árvore, de preferência com um frugal farnel, que recorde os tempos dos nossos avós. Tratemos dos nossos jardins, visitemos outros de vizinhos e amigos, ou mesmo os públicos, por onde, normalmente, passamos a correr. Visitemos os parques de lazer e saibamos olhar o céu estrelado em noite de calmaria, alimentando conversas que em dias de trabalho nem tempo temos para manter. A Natureza é sempre, se quisermos, uma inesgotável fonte de reflexão e uma riqueza permanente para o despertar dos nossos sentidos, face à beleza que dela emana. As cores, as formas, os sons e o casamento perene entre terra e céu aí estão à nossa discrição, como dádiva de Deus a não perder. Nas férias e fora delas. Fernando Martins

domingo, 19 de julho de 2009

Momentos mágicos

Pôr do sol


Não há dúvida. De facto, há momentos mágicos nas encruzilhadas da vida. De todos os dias. Como este pôr do sol que hoje registei na A25, no regresso a casa; como o encontro em que participei, onde vi, recordei e conversei com pessoas que não via há muito. Disso falarei amanhã.

No meio do mar: Pedras com expressão



Na Praia da Barra, lá bem dentro do mar, umas centenas de metros, é possível parar um pouco e apreciar este farolim, que se encarrega de assinalar a presença do molhe protegido por pedras com expressão. Clique para ampliar e veja como algumas pedras manifestam mágoa, cansadas de estar à defesa das investidas do mar. Outras sorriem.

Intelectuais lançam manifesto com “questões prementes” destinadas aos partidos políticos

Porque me parece pertinente, aqui fica:

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 140

BACALHAU EM DATAS - 30 .
EPA - EMPRESA DE PESCA DE AVEIRO
Caríssimo/a:
1928 - Constituição da E. P. A. (Empresa de Pesca de Aveiro) - primeira grande empresa virada para a pesca do bacalhau na Terra Nova, com dois barcos - S. JACINTO e SANTA JOANA, e em 1935, a construção de mais dois - SANTA MAFALDA e SANTA ISABEL. Em 1939, mudou-se para o lugar que hoje ocupa, tendo comprado praias de junco onde fez a construção dos armazéns.
1929 - « [É publicado] "A campanha do Argus", livro da autoria de Alan Villiers.» [C, 20]
1930 - «Durante o Estado Novo, o Governo, com a política de fomento das pescas, procurou incrementar a captura do bacalhau nos pesqueiros da Terra Nova, tendo esta pesca assumido, a partir dos anos trinta, uma importância estratégica no desenvolvimento da economia nacional. No discurso do Estado Novo, foi o próprio Estado quem, através do sistema corporativo, impulsionou a pesca do bacalhau, regulando directamente a produção, importação e preços e dirigindo a acção de armadores, produtores, pessoal de mar e comerciantes. Neste âmbito salientam-se a criação da Comissão Reguladora do Comércio do Bacalhau (1934), do Comércio dos Armadores dos Navios da Pesca do Bacalhau (1935), da Mútua dos Navios Bacalhoeiros (1936) e da Cooperativa dos Armadores de Navios de Pesca (1938). A partir de 1930, a frota portuguesa começou a pescar na Gronelândia, que se revelou um pesqueiro mais abundante que os bancos da Terra Nova, e adaptou-se uma nova técnica de pesca, designada por «trole», aparelho constituído por várias linhas ligadas entre si - 20 linhas de 50 braças; de cada braça ficava suspenso um anzol, ao todo cerca de mil.»
1931 - «Em 1931 e 1932 apenas pescaram 26 a 30 embarcações respectivamente e o nível de capturas regressa aos valores dos primeiros anos da I Guerra.» HPB, 77
«O Capitão João Ventura da Cruz, veterano dos lugres bacalhoeiros, [foi] um dos que, em 1931, demandaram pela primeira vez os bancos da Gronelândia.» HDGTM, 7
1932 - «O primeiro fluxo de inovação [das características técnicas introduzidas nos navios bacalhoeiros da frota portuguesa do bacalhau] surge em 1932 com a motorização de uns poucos de lugres: LUSITÂNIA III, armado pela Lusitânia - Companhia Portuguesa de Pesca da Figueira da Foz, e o GAMO, da Parceria Geral de Pescarias, de Lisboa.» Oc45, 100
1933 - Funda-se a Sociedade Gafanhense com dois barcos de pesca à linha: ANTÓNIO RIBAU e LUÍSA RIBAU. Manuel

sábado, 18 de julho de 2009

Gafanha da Nazaré: Marcha das Festas dos Santos Populares

A marcha da Gafanha da Nazaré, para as Festas dos Santos Populares, foi dedicada à Mulher Gafanhoa, que bem mereceu esta homenagem. Os meus parabéns a quem a cantou e dançou. Clicar nas fotos para ampliar.

Matrimónios nulos

Casamentos que a Igreja anulou
"Não separe o homem o que Deus uniu." É esta a frase que remata o rito do casamento católico. Apesar de não reconhecer o divórcio, por considerar que, à luz da fé, a união entre marido e mulher é indissolúvel, a Igreja Católica admite que alguns casamentos não são válidos. Porque algo falhou: a vontade, a capacidade para cumprir os seus requisitos ou os propósitos da união. Para conferir nulidade a um casamento, o caso é analisado num tribunal eclesiástico, é moroso, sigiloso. E delicado, pois envolve a intimidade do casal. O DN foi conhecer três vidas assim. Uma das pessoas já voltou a casar e tem família. Porque, diz a Igreja, o seu primeiro casamento nunca aconteceu
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A Igreja e o social (1)

Leão XIII
"O desenvolvimento humano integral
na caridade e na verdade"
Não terá sido mera coincidência a terceira encíclica de Bento XVI sobre "o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade" no contexto da presente crise económica mundial, Caritas in Veritate (A caridade na verdade), ter sido publicada pelo Vaticano na véspera da cimeira do G8 e dois dias antes do encontro de Obama com o Papa. O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Franco Frattini, veio sublinhar o facto na RAI, televisão pública do país, declarando que a encíclica papal "guiou"os trabalhos do G8. A chamada "Doutrina Social da Igreja" é constituída fundamentalmente por uma série de encíclicas de Papas, a primeira das quais foi a Rerum Novarum, de Leão XIII, seguindo-se a Quadragesimo Anno, de Pio XI, a Pacem in Terris, de João XXIII, a Populorum Progressio, de Paulo VI, a Laborem Exercens, a Sollicitudo Rei Socialis e a Centesimus Annus, de João Paulo II. A mais de 40 anos da publicação da Populorum Progressio, Bento XVI quer, com esta nova encíclica, homenagear o seu autor, Paulo VI, retomando os seus ensinamentos, mas actualizando-os, para que iluminem o caminho da Humanidade em vias de unificação. Caritas in Veritate foi recebida com indiscutível interesse. O debate público à sua volta revela a grande autoridade do Papa não só no mundo católico, mas também entre políticos e organismos internacionais. Vários media mundiais de referência consagraram-lhe o editorial, sublinhando a sua importância e até a sua inesperada orientação à esquerda. Defende o mercado e a liberdade individual, mas denuncia o capitalismo selvagem; apela para os valores éticos que devem guiar a economia e a política - "para o seu correcto funcionamento, a economia tem necessidade da ética, e uma ética amiga da pessoa"; pronuncia-se pela necessidade de o Estado recuperar um papel activo, destinado inclusive a crescer, sobretudo por causa da regulação do mercado; declara a urgência da reforma das Nações Unidas e da arquitectura financeira global, acentuando a necessidade de uma "Autoridade política mundial" reconhecida por todos, que, actuando segundo os princípios da solidariedade e da subsidiariedade, goze de poder efectivo. O que conta é o Homem, e o desenvolvimento só é verdadeiro, se for integral, isto é, do Homem todo e de todos os homens. Reclama, pois, uma globalização que tenha em conta a dignidade pessoal de todos. Assim, "a crise obriga-nos a rever o nosso caminho, a dar-nos novas regras e a encontrar novas formas de compromisso, a apoiar-nos nas experiências positivas e a rejeitar as negativas". "Devemos ser protagonistas e não vítimas da globalização". Neste domínio, "a Igreja não tem soluções técnicas para oferecer" e também não pretende "de modo nenhum meter- -se na política dos Estados". Mas, estando ao serviço de Deus, tem uma missão a cumprir a favor de uma sociedade à medida do Homem e da sua dignidade. "A fidelidade ao Homem exige a fidelidade à verdade, que é a única garantia de liberdade e de possibilidade de um desenvolvimento humano integral". Precisamente "caridade" e "verdade" não são apenas as palavras que dão o nome à encíclica. São o seu fundamento. Porque Deus "é ao mesmo tempo Agapé e Lógos: Caridade e Verdade, Amor e Razão". Assim, o amor é o caminho real da doutrina social da Igreja. Mas a verdade é luz que dá sentido e valor ao amor. Sem verdade, o amor cai em sentimentalismos. "Sem verdade, sem confiança e amor pelo verdadeiro, não há consciência e responsabilidade social, e a actuação social fica à mercê de interesses privados e lógicas de poder". A caridade na verdade é "o princípio sobre o qual gira a doutrina social da Igreja", que actua nos dois critérios fundamentais orientadores da acção moral: a justiça e o bem comum. Quem ama é justo e até supera a justiça, com relações de gratuidade. O bem comum é exigência da justiça e do amor. "Trabalhar pelo bem comum é cuidar e utilizar o conjunto de instituições que estruturam jurídica, civil, política e culturalmente a vida social, que se configura assim como pólis, como cidade", cada vez mais cosmopólis. Anselmo Borges In DN

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Um livro de Vasco Pulido Valente: É sempre bom revisitar a nossa História

“Pouco depois do «5 de Outubro», António José de Almeida perguntou, melodramaticamente, se 300 000 republicanos chegavam para manter em respeito 5 milhões de portugueses. A pergunta era boa. Sobretudo porque, na melhor das hipóteses, os republicanos não passavam de 100 000. Em 1910 o PRP [Partido Republicano Português] não tinha qualquer organização na maioria dos concelhos do país e onde a tinha no papel quase sempre não a tinha na realidade: comissões e agremiações com nomes heróicos, que na prática se reduziam à mesma meia dúzia de amigos, associados sob diversos nomes e pretextos.” Vasco Pulido Valente, In Portugal – Ensaios de História e de Política

Papa já deixou o hospital e regressou à casa de férias

Bento XVI deixa o hospital
Seis horas depois de ter entrado no hospital, o Papa regressou à sua casa de férias nos Alpes italianos. Bispos de Itália saúdam Bento XVI
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O Papa deixou o hospital de Aosta em automóvel, regressando à estância de Les Combes, onde está a passar férias. Bento XVI trazia o pulso engessado, na sequência da operação a que foi submetido. O Sumo Pontífice, muito sereno, saudou com o braço esquerdo e com um sorriso os jornalistas que o esperavam à saída. A intervenção, que durou 25 minutos, consistiu no realinhamento dos fragmentos do osso, com vista à redução da fractura. O cirurgião ortopédico que realizou a operação, Amedeo Mancini, afirmou que o acidente não trará consequências, e que quando o pulso estiver curado, o Papa poderá voltar a escrever e a tocar piano.
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Mais um gafanhão na alta-roda do atletismo: Ricardo Freitas

Ricardo Freitas
UM CAMPEÃO NA FORJA?
Encontrei-me, ontem, com o treinador de atletismo Júlio Cirino e com um seu discípulo, o jovem Ricardo Freitas, de 15 anos, que, entre os dias 20 e 25 de Julho, vai participar nas Jornadas Olímpicas da Juventude Europeia, a realizar em Tempere – Finlândia. Com ele seguem mais cinco lançadores. Júlio Cirino acompanhará os atletas, como responsável. O Ricardo, de que falarei em breve, está a treinar Peso e Disco, sendo um atleta promissor, já com alguns recordes no seu currículo. Aliás, tem a quem sair, já que é sobrinho e afilhado da campeã Teresa Machado. A representação portuguesa, ao nível do atletismo (masculina e feminina), conta com 33 presenças nas diferentes especialidades: corridas, saltos e lançamentos. Nesta jornada, participam rapazes e raparigas de outras modalidades, como o Judo e Natação, entre outras, em jeito de preparação dos jovens portugueses, tendo em vista a participação nos Jogos Olímpicos de 2016.

Dos subúrbios de Paris

Tomada da Bastilha

Abertura à pluralidade da cultura?

1. A celebração do dia nacional de França, 14 de Julho deste ano teve envolvências dignas de registo. O dia nacional tem, como se sabe, raízes na designada Tomada da Bastilha (ano de 1789) e marca um dos factos mais importantes do início da Revolução Francesa. Nas imagens da televisão viam-se o presidente francês e o chefe de estado indiano, a que se junta o facto do exército da Índia desfilar em Paris, nos Campos Ilísios. Ao ver as imagens dos dois responsáveis políticos poder-se-ia pensar numa visão de abertura intercultural da França, de uma noção de República (palavra tão nacional… francesa!) aberta às pluralidades das culturas, etnias, raças, grupos, filosofias, religiões, diversidades humanas, no fundo a superação de uma racionalismo de estado nacional, agora que as fronteiras estão esbatidas e que tudo é transnacional. Nem tanto assim era esse o motivo…
2. A comemoração de uma parceria estratégica entre a França e a Índia foi o argumento para o primeiro desfile militar externo da Índia ocorrer na avenida simbólica francesa, esta habitualmente um espaço circunscrito à visão nacional francesa. Se no ano passado Sarkozy foi o convidado de honra do desfile militar da festa republicana indiana em Nova Delhi, desta vez a retribuição trouxe à Europa o exército indiano. Bom seria que fossem outras as mobilidades humanas! Há partilhas culturais bem mais interessantes e dignificantes que a paisagem de poderio militar, mas é assim que ainda vai o mundo! O discurso do presidente francês não deixa margem para dúvidas: a França quer afirmar-se no poder das armas e quer (continuar a) vendê-las à Índia. Está tudo visto e dito…
3. “Decorria” este acontecimento político-diplomático e os subúrbios de Paris, já do tempo da véspera(s), estava aos solavancos, a arder… Carros ateados, locais assaltados, insegurança máxima. Estes subúrbios onde nasceram tantos factos marcantes continuam a ser a gestação humana de novas revoluções, enquanto o desfile das armas entretém a razão política…
Alexandre Cruz

A nossa gente: João Teixeira Filipe - II

No meu dóri, era eu o capitão...
João Zagalo, um doryman aguerrido - II
Contou-me uma história, que lhe deixou saudades, passada em Agosto, na Groenlândia, no Novos Mares, com o Capitão Pascoal: – O navio deu a emposta (mudou de sítio) para arriar mais cedo. Deu uma pesquisadela. Disse o Capitão: – Para fora, não tem nada. Ide para o lado de terra! – «Vamos à vida, com Deus, vamos arriar!» – ordem do Capitão. E a manobra do arriar começa. Eu, como era chasman (presumivelmente corrupção do inglês lastman), orientei, com outro camarada, a manobra de arriar. Deduzi que o chasman era o dono do último bote do cimo da pilha, que não se desarmava. Tinha de ser um homem responsável, com jeito, traquejo e muita prática. Havia um chasman em cada pilha, que ajudava a arriar e a içar os botes e era sempre o último a partir para a pesca, depois de ter orientado estas lidas. Eu, então, depois de botar as mãos no peitilho do avental para as aquecer, já que não trabalhava de luvas, remei de cu p’rà ré e fui p’ra fora, por estar mais desempachado (livre, disponível). Larguei o trole e quando o grampolim chega ao fundo, comecei a sentir bacalhau na linha do grampolim. Bom sinal!
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Ana Maria Lopes
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Nota: Texto e fotos do Marintimidades

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Ídolos, super-heróis e pessoas normais

Cristiano Reinaldo e Michael Jackson ocuparam páginas inteiras de jornais e tempos de antena sem conta, nas rádios e televisões. Foram ocasião de regozijo estrondoso e de lágrimas capazes de inundar um continente. Cansaram outros até à náusea. O primeiro, conhecido pela arte de jogar futebol e pelas loucuras amorosas, custou 94 milhões de euros ao clube de futebol ou alguém que espera lucros. O escândalo deste negócio continua nos jornais. Revistas de opinião teorizam e falam de imoralidade e de excesso que ofende. O clube que o comprou tem dívidas de 500 milhões! Mas Cristiano, ídolo de multidões, diz sem pejo dele próprio que vale mais do que o clube pagou… O segundo, um rei da música pop, uma história sinuosa e uma morte inesperada e envolta em mistério, astuciosamente aproveitada para pôr as vendas do seus discos no topo, perpetuar a sua memória e fazer contratos com a televisão de concertos já requentados, repetidos agora até à exaustão. Tão rico ele era, como se dizia, revelou-se agora que as suas dívidas são de centenas de milhões, e não falta quem pergunte, dada a situação da cidade de Los Angeles com um défice orçamental de 400 milhões de dólares, quem irá pagar as despesas de um funeral faraónico. As multidões entraram em histeria e os críticos não param de opinar, em todos os tons, sobre estes ídolos, tornados super-heróis, num mundo que perdeu o rumo do essencial. Décadas atrás, definia-se o homem como animal racional. Uma definição seca que dizia muito para o diferenciar dos outros animais, mas se ficava por implícitos que, em linguagem comum, o deixavam empobrecido de muitos aspectos essenciais para a sua compreensão. Davam-lhe a propriedade de raciocinar, que muitos já usam pouco.
Hoje, pelo menos, em definição mais realista e verdadeira, pode ir-se mais longe. O homem é um ser-com-os outros, um ser aberto ao transcendente, um ser que leva consigo apelos de liberdade interior, de modo a que, se ele quiser, nada o pode limitar interiormente. É cidadão de um mundo globalizado e sem fronteiras, protagonista da história, não da historieta, tão rico por sua natureza, que é um ser irrepetível e único.
Acompanha-o um mistério em que nem ele próprio penetra por completo, mas se vai desvendando, a pouco e pouco, ao longo dos caminhos, direitos ou tortuosos, da sua existência. Um mistério que o ultrapassa, para além da sua vontade e da qualidade e abundância dos seus sonhos e projectos. Capaz do melhor e do pior, de defender a sua liberdade até à morte ou de se deixar agrilhoar por coisas passageiras e efémeras. Capaz de ser águia altaneira que rompe os céus, ou vulgar ave de capoeira, de voos curtos e sem história, mesmo que dele se faça um ídolo ou o transformem em super-homem. Sempre que a pessoa, homem ou mulher, se esquece da sua verdadeira grandeza, escraviza-se a si mesmo, ou outros o fazem escravo, em proveito próprio. A grandeza está na normalidade do que se é, se assume e se vive, não num alarido alienante. A proposta educativa de modelos normais, tão normais que emergem da mediocridade, ajudou muita gente a ser gente. Hoje, o sonho de ser um cristiano ronaldo, para ganhar muito dinheiro, ou um michael jackson, para enlouquecer multidões, começa na escola e, por isso mesmo, a escola, para muitos os interessa cada vez menos, os enfastia e a vomitam. O dom de cada um cultiva-se. Não se vive de sonhos, de fantasias ou invejas. Ganhar muito e ser famoso, sem esforço e depressa, é ideal de muita gente nova. Mas não é este o projecto que lateja no mais íntimo de cada pessoa. E esse é o que conta. Estamos ante um problema cultural grave. Só a educação a sério o poderá ir resolvendo. Criticou-se António Guterres quando falou da “paixão pela educação”. Os profetas incomodam. Mas a vida dá-lhes sempre razão. Às vezes, tarde demais. António Marcelino

Ainda o XXVI Festival Nacional de Folclore da Gafanha da Nazaré

Presidente da CMI e vice-presidente da Federação do Folclore Português
. Importância das manifestações
etnográficas e folclóricas
No decorrer do XXVI Festival Nacional de Folclore da Gafanha da Nazaré, a que tenho feito referência neste meu espaço, houve possibilidades de trocar impressões com diversas entidades e outros intervenientes nesta festa de cariz popular. Tive o cuidado de o fazer, para sentir, mais de perto, a importância das manifestações etnográficas e folclóricas, que no Verão, sobretudo, enchem o nosso País. Do presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, Ribau Esteves, ouvi que a autarquia que lidera “valoriza, cada vez mais, a cultura que promove a criatividade, o empreendedorismo e o ‘culto da cultura’”, tendo em conta que essa cultura “é formadora e sensibilizadora, no sentido de criar nas pessoas um espírito criativo e interventivo”. Reconheceu que nos grupos folclóricos e nas duas bandas de música da área concelhia a percentagem de jovens “é claramente maioritária”, o que demonstra “o dinamismo das famílias, que sabem transmitir esses valores para os seus filhos”. E adiantou que “também os grupos sabem manter uma relação positiva com o que promovem e defendem”. Lembrou que na década de 80 do século passado “se olhava para a cultura popular como coisa fascista do antigo regime”, mas que “agora não é assim”. “O povo soube, e bem, ultrapassar essa situação”, disse. Ribau Esteves enalteceu o dinamismo do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré (GEGN), que organiza três festivais por ano, nomeadamente, o da Gafanha da Nazaré, o da Praia da Barra e o da Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, frisando, ainda, a parceria que esta instituição mantém com a Câmara Municipal, para a manutenção da Casa Gafanhoa, símbolo de habitação de lavrador rico, do início do século XX. Sobre a chamada Casa da Música, um antigo sonho do GEGN e da Filarmónica Gafanhense, Ribau Esteves garante que só está à espera da resolução para o realojamento duma família que ocupa parte do edifício destinado a remodelação geral, que permita criar o espaço para aquelas duas associações. Referiu que a autarquia nada pode fazer enquanto o despacho do juiz, que é esperado há bastante tempo, não vier, garantindo que a obra até nem é “muito cara”. E nessa Casa da Música, o GEGN e a Filarmónica poderão contar com espaço suficiente, para o desenvolvimento das suas actividades, adiantou. Quanto à sala de exposições, que consta do projecto da Casa Gafanhoa, o autarca ilhavense não a considera fundamental, uma vez que o Centro Cultural, em fase de remodelação e ampliação, vai oferecer um espaço expositivo, com a área de 450 metros quadrados, distribuídos por dois pisos, constituindo uma nova frente, voltada para o Jardim 31 de Agosto. Aí, segundo Ribau Esteves, a Gafanha da Nazaré passará a ter um espaço condigno, o que não tem acontecido até hoje. Fernando Martins

Raízes: Um poema de Orlando Figueiredo

Raízes 

as minhas raízes são como jasmim 
não são fortes 
não são profundas 
apenas leveza 
apenas perfume 
estar aqui é apenas o ínicio 
de uma aventura 
 as minhas raízes são como jasmim 
 imaginava a vida como uma árvore 
com raízes sólidas 
com braços de abraços 
com um fim e um principio 
com amor e ódio 
descobri a beleza do efémero 
 as minhas raízes 
são apenas perfume 

Orlando Jorge Figueiredo Julho 2009

Apreciar a avaliação

1. O recente relatório apresentado pela OCDE sobre a avaliação de professores em Portugal (com 24 equilibradas recomendações) poderá sugerir uma reflexão sempre oportuna sobre a avaliação. A cultura da avaliação será um pressuposto fundamental em todos os quadrantes da vida social. Sem avaliação não se progride em ordem ao justo reconhecer do mérito. “Nem ao mar nem à serra”, mas entende-se a habitual resistência à avaliação, como a resistência à mudança de hábitos. As últimas três décadas portuguesas, também na consolidação das instituições de participação democrática, muitas vezes, geraram o “vício” da avaliação fictícia em que às antiguidades equivaleriam as progressões nas carreiras.
2. Esse hábito de avaliação quase virtual (ou até meramente administrativa), terá sido, há que dizê-lo, um lógico gerador de anticorpos à justa e rigorosa avaliação, quando ela chegasse às práticas comuns de procedimentos regulares habituais. Normalmente é assim: o mau estar instala-se na hora de aplicar critérios de avaliação, também porque ela é mais vista como punitiva que como pedagógica. Em quantas circunstâncias a avaliação, infelizmente, é quase aquele inquisidor-mor mais que uma acção normal e pedagógica em ordem ao (sempre mais) desejado progresso. Os anticorpos em relação à avaliação (outra coisa será a burocracia “do 8 ao 80”…) também demonstra que não estamos à vontade e desfocámos…
3. Sabe-se que, mesmo em tempos de crise e mesmo para além de injustiças que possam reinar em determinados sectores (dos “dois” lados da barricada…), a verdade é que ao bom trabalhador todos o querem, a quem se aplica querendo aprender mais cada dia todos o procuram, a quem alia conhecimento à inovação não faltam propostas…Ou seja, também apreciarmos a avaliação e sermos avaliadores de nós próprios poderá gerar aquela força e determinação que da crise e da tempestade sabe gerar horizontes de bonança…
Alexandre Cruz

Igreja altera regras nas missas para prevenir contágio da gripe

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A nossa gente: Joana Pontes

Joana Pontes
EXEMPLO DE PERSEVERANÇA
Neste mês de Julho, em que a Câmara Municipal de Ílhavo promove, entre os dias 17 e 25, mais uma edição da Semana Jovem, dedicamos a rubrica “A Nossa Gente” a Joana Raquel Rodrigues Pontes. Nascida a 6 de Abril de 1984, em São Salvador, Município de Ílhavo, esta jovem munícipe frequentou a Escola Primária da Cale da Vila e realizou o Ciclo Preparatório na EB 2,3 da Gafanha da Nazaré. No Verão de 1996, com apenas doze anos, constituiu e dirigiu o “Clube da Leitura”, projecto que teve lugar no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré e que visava uma melhor e mais saudável ocupação dos tempos livres de crianças e jovens com carências económicas. Concluído o Curso Tecnológico de Animação Sociocultural (Ensino Secundário), ingressou, em 2004, no Instituto Superior Politécnico Gaya para se licenciar em Intervenção Social e Comunitária. Por iniciativa própria e na qualidade de sócia da Associação Tampa Amiga, Joana Pontes desenvolveu o Projecto “Vamos pôr esta ideia a Andar”, alimentado pela recolha de tampas de plástico para aquisição de Ajudas Técnicas para Instituições do Município de Ílhavo. Esta notável e meritória iniciativa, à qual a Câmara Municipal de Ílhavo se associou, e na qual colaboraram dezenas de pessoas anónimas, estabelecimentos comerciais, Escolas e outras instituições do Município e também de fora dele, deu os seus primeiros frutos quando, em Janeiro de 2008, Joana Pontes, após a recolha de cinco toneladas de tampas para reciclar, conseguiu assegurar a entrega de duas cadeiras de rodas à Fundação Prior Sardo e ao CASCI. Mas, Joana Pontes abraçou ainda outras causas: em Dezembro de 2005 dinamizou uma Campanha de Recolha de Brinquedos e VHS para o Hospital Pediátrico de Coimbra e para a Pediatria do IPO do Porto e, em Dezembro de 2006, colaborou na campanha “Vamos aprender a semear sorrisinhos” em beneficência da Associação Porta Aberta (Palmela). Licenciada em Serviço Social desde Novembro de 2008, Joana Pontes encontra-se, actualmente, a realizar o Curso de Mediadora EFA no Instituto Português da Juventude de Aveiro e prepara-se para frequentar o Curso de Formadora na mesma instituição, assim como a Pós-Graduação em Psicogerontologia Social no ISCIA – Aveiro. Durante o seu percurso de vida, esta jovem enfrenta um Raquitismo Hipofosfatémico, já ultrapassou uma Tuberculose e uma Anorexia, mas a sua perseverança e o seu dinamismo nunca a impediram de concretizar os seus sonhos, fazendo dela um exemplo de coragem que a motivam para intervir no âmbito social sempre com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos que a rodeiam.
.
In Viver em... da CMI

Férias: Um poema de José Tolentino Mendonça

Oração pelas férias Dá-nos, Senhor, depois de todas as fadigas um tempo verdadeiro de paz. Dá-nos, depois de tantas palavras o dom do silêncio que purifica e recria. Dá-nos, depois das insatisfações que travam a alegria como um barco nítido. Dá-nos, a possibilidade de viver sem pressa, deslumbrados com a surpresa que os dias trazem pela mão. Dá-nos a capacidade de viver de olhos abertos, de viver intensamente. Dá-nos de novo a graça do canto, do assobio que imita a felicidade aérea dos pássaros, das imagens reencontradas, do riso partilhado. Dá-nos a força de impedir que a dura necessidade esmague em nós o desejo e a espuma branca dos sonhos se dissipe. Faz-nos peregrinos que no visível escutam a melodia secreta do invisível. José Tolentino Mendonça

Da urgência ao planeamento

1. Diz o povo que «homem prevenido vale por dois». A sábia afirmação não entra numa lógica da quantidade mas procura ajudar a entender que a prevenção é o único caminho do futuro. Quantos “acidentes” provêm de descuidos, desleixos, distracção, facilitação. De quando em quando discorre-se sobre a capacidade lusitana para o improviso (grandes obras assim o demonstram), mas também de um défice de planeamento sistemático, metódico e rigoroso. No mundo que corre, onde todas as coisas estão ligadas e onde a complexidade de tudo obriga ao reconhecimento das redes de ligação entre diferentes quadrantes, planear será evitar que se ande dois passos para a frente e um para trás.
2. Aquela imagem pacata e resignada em que numa estrada pública vem um sector de cada vez (água, saneamento, gás, cabo…), e em que cada um abre e fecha a própria rua durando a obra anos a fio e sendo um interminável incómodo para os utentes… ou aquela obra de estrada realizada em pleno dia, ao calor do sol abrasador para os trabalhadores (porque não de noite?), a que se junta a incómoda paragem e confusão de trânsito, mau para os trabalhadores, mau para os utilizadores da via pública… aquela imagem… Os exemplos poderiam não terminar, num claro apresentar as desvantagens do não planear e do não assumir a equipa como o centro das decisões/acções.
3. É certo que muitas vezes tem de se apagar o fogo, correr para um SOS de urgência, mas esta terá de ser a excepção. A regra tem de ser um planeamento capaz de envolver todos os ângulos em causa... Não se fala só da obra física, mas da obra humana e comunitária. Esta aprendizagem – DA URGÊNCIA AO PLANEAMENTO – continua a ser um défice e por isso uma necessidade premente na cultura e filosofia de vida de nós, os portugueses. Quantas vantagens no planeamento estratégico e aglutinador dos vários actores em jogo! Quanta desvantagem gera a desorganização, a falta de método, o desleixo que multiplica as urgências da corrida desnorteada!
Alexandre Cruz

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