1. Diz o povo que «homem prevenido vale por dois». A sábia afirmação não entra numa lógica da quantidade mas procura ajudar a entender que a prevenção é o único caminho do futuro. Quantos “acidentes” provêm de descuidos, desleixos, distracção, facilitação. De quando em quando discorre-se sobre a capacidade lusitana para o improviso (grandes obras assim o demonstram), mas também de um défice de planeamento sistemático, metódico e rigoroso. No mundo que corre, onde todas as coisas estão ligadas e onde a complexidade de tudo obriga ao reconhecimento das redes de ligação entre diferentes quadrantes, planear será evitar que se ande dois passos para a frente e um para trás.
2. Aquela imagem pacata e resignada em que numa estrada pública vem um sector de cada vez (água, saneamento, gás, cabo…), e em que cada um abre e fecha a própria rua durando a obra anos a fio e sendo um interminável incómodo para os utentes… ou aquela obra de estrada realizada em pleno dia, ao calor do sol abrasador para os trabalhadores (porque não de noite?), a que se junta a incómoda paragem e confusão de trânsito, mau para os trabalhadores, mau para os utilizadores da via pública… aquela imagem… Os exemplos poderiam não terminar, num claro apresentar as desvantagens do não planear e do não assumir a equipa como o centro das decisões/acções.
3. É certo que muitas vezes tem de se apagar o fogo, correr para um SOS de urgência, mas esta terá de ser a excepção. A regra tem de ser um planeamento capaz de envolver todos os ângulos em causa... Não se fala só da obra física, mas da obra humana e comunitária. Esta aprendizagem – DA URGÊNCIA AO PLANEAMENTO – continua a ser um défice e por isso uma necessidade premente na cultura e filosofia de vida de nós, os portugueses. Quantas vantagens no planeamento estratégico e aglutinador dos vários actores em jogo! Quanta desvantagem gera a desorganização, a falta de método, o desleixo que multiplica as urgências da corrida desnorteada!
Alexandre Cruz