A proximidade com o “Outro”
1. O Ano Europeu para o Diálogo Intercultural (2008) quer ampliar a consciência de que vivemos num tempo de novos desafios. As novas formas de comunicações actuais colocam-nos numa “mesa comum”, gerando as próprias crises grandes oportunidades de reajustamento (con)digno à nova realidade social. A pergunta do livro dos Génesis “onde está o teu irmão?”, actualizada há 2000 anos no episódio do samaritano sobre “quem é o meu próximo?”, tem hoje o mesmo lugar insubstituível da procura de um relacionamento humano saudável, que sabe dar primazia à Pessoa na sua situação. Não se trata de um refrão pré-definido, mas de uma aceitação incondicional do “encontro”, como abertura de espírito à diversidade...
2. No âmbito do programa Distância e Proximidade, decorre nos dias 27 e 28 de Outubro (com transmissão on-line, em directo: http://www.gulbenkian.pt/) a Conferência Gulbenkian sobre a temática: “Podemos viver sem o outro? – As possibilidades e os limites da interculturalidade.” A pergunta fundamental quer nortear a reflexão e encaminhar a acção educativa. Sublinha em entrevista o Comissário da Conferência, Arjn Appadurai, que «hoje, o “outro” chega-nos sob muitas formas», para além das formas consideradas clássicas como as mobilidades humanas. A pergunta radical da Conferência, significando a própria fronteira do debate intercultural, quererá merecer uma resposta estruturadora que se escreva não meramente numa linha de sobrevivência humana mas de apreço condigno na riqueza da diversidade pessoal e cultural.
3. Em última instância, a interculturalidade é profundamente desestabilizadora. Fomos (?), aos diversos níveis de organismos sociais, educativos, políticos e religiosos, habituados a caminhar numa uniformidade de ter tudo “certinho, direitinho”. Diante das impressionantes mobilidades, quer reais como virtuais, teremos de “rever” o nosso esquema à luz do essencial humano. Somos capazes?