no PÚBLICO
"O sentido eclesial da palavra sínodo é muito belo: caminhar juntos. Serve para dizer que, na Igreja, o Papa não é um monarca absoluto."
1. A autenticidade dos sínodos tinha sido atraiçoada durante décadas, mesmo depois do Vaticano II. O Papa Francisco decidiu, por muito boas razões, revalorizá-los. Alguns já deram muito que falar como, por exemplo, o sínodo dos bispos sobre a família, sobre os jovens, sobre a Amazónia e agora, depois muitos debates e mal-entendidos, começou o da Igreja católica alemã.
As pessoas que abominam a democracia receiam agora a desgraça de ver a liderança da Igreja Católica meter por um caminho condenado no século XIX. Têm saudades do tempo em que tudo parecia sujeito à vontade e à voz infalível dos Papas orientados pelo Vaticano I, isto é, de alguém que resolvia tudo por uma suposta iluminação divina, sem ter de prestar contas a ninguém. Num momento em que uma onda autoritária está a ganhar força política em vários países, certos movimentos, de grande poder financeiro, alimentam a esperança militante de contrariar as iniciativas de Bergoglio, que julgam ter sido eleito num momento de distracção do Espírito Santo.