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Arcebispo D. Tolentino Mendonça |
Alice Vieira, Carminho, Joana Carneiro, Ilda David, Luís Filipe Castro Mendes, Luís Miguel Cintra, Manuel Rosa, Nuno Júdice, Paula Moura Pinheiro, Pedro Mexia e António Marujo, entre outros, disseram versos do arcebispo madeirense na Capela do Rato
A comunidade da Capela do Rato juntou-se num serão de ‘Poesia e Oração’ para homenagear o poeta D. José Tolentino Mendonça com poemas da sua autoria, declamados por amigos, li hoje na
Ecclesia.
Diz o poeta, futuro responsável pelo Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica, que “O mais belo poema são as próprias pessoas, estes amigos que com tanta generosidade quiseram acompanhar-me aqui nesta noite”. E acrescentou: “Não só nestes dias mas ao longo de toda a minha vida. De facto, sinto-me muito uma obra dos outros”, acrescentou o agora arcebispo, que foi capelão da histórica Capela do Rato ao longo dos últimos nove anos.
Sublinha a Ecclesia que “foi precisamente a obra poética de José Tolentino Mendonça que foi ouvida por uma assembleia que lotou a capela do Patriarcado de Lisboa numa noite de ‘poesia e oração’”.
Como seu admirador e leitor assíduo, formulo votos de que o poeta Tolentino Mendonça nos possa continuar a enriquecer com os seus contributos, poéticos mas não só, em prol da cultura e da espiritualidade, que saberá colher no ambiente que passará a habitar a partir do dia 1 de setembro.
O Mistério está todo na infância
E, por fim, Deus regressa
carregado de intimidade e de imprevisto
já olhado de cima pelos séculos
humilde medida de um oral silêncio
que pensámos destinado a perder
Eis que Deus sobe a escada íngreme
mil vezes por nós repetida
e se detém à espera sem nenhuma impaciência
com a brandura de um cordeiro doente
Qual de nós dois é a sombra do outro?
Mesmo se piedade alguma conservar os mapas
desceremos quase a seguir
desmedidos e vazios
como o tronco de uma árvore
O mistério está todo na infância:
é preciso que o homem siga
o que há de mais luminoso
à maneira da criança futura
José Tolentino Mendonça
Notas:
1. Este poema, dedicado ao Papa Bento XVI, seria o meu escolhido.
2. A foto é de minha autoria.