sexta-feira, 21 de abril de 2006

Padre Vaz Pinto fala à Agência Ecclesia

Pe. António Vaz Pinto, o mentor dos "Leigos para o Desenvolvimento", espera uma consciência colectiva da neces-sidade de apoio aos países em vias de desenvolvimento
Portugal tem fraca
tradição de voluntariado
Movimento missionário, claramente cristão e católico, os «Leigos para o Desenvolvimento» comemoraram recentemente 20 anos de fundação. Nascido para ir ao encontro de populações e povos em vias de desenvolvimento, foi novidade no país. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o sacerdote Jesuíta António Vaz Pinto, recorda as origens e avalia o presente.
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Agência ECCLESIA – Como é que nasceram os «Leigos para o Desenvolvimento»?
Pe. António Vaz Pinto – Eu estava em Coimbra a dirigir o Centro Universitário Manuel da Nóbrega (CUMN), quando em contacto com alunos dos últimos anos, de várias faculdades, eles se questionavam: o que vamos fazer a seguir? Curiosamente, quando fui para Lisboa fundar o Centro Universitário Pe. António Vieira (CUPAV), encontrei um grupo de pessoas com a mesma preocupação. “Vamos apenas ganhar dinheiro, fazer carreira? Não poderemos nós usar os nossos talentos ao serviço de uma causa mais nobre e, provavelmente, em relação aos países de língua portuguesa?” A ideia foi germinando... começaram a fazer-se os estatutos para obter personalidade jurídica e a dar a formação adequada. Foi um processo lento. Nessa altura, em Angola e Moçambique, havia guerras tremendas, e por isso não valia a pena pensar ir para esses países. Pareceu-nos que, ideal seria partir para São Tomé e Principe, com o acordo dos bispos locais. Foi então que partiu o primeiro grupo de seis voluntários, iniciando uma longa caminhada. Hoje, vinte anos depois, já são cerca de 250, os que partiram e voltaram.
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Jovens em Taizé, na Páscoa

Onze mil jovens durante as férias da Páscoa em Taizé
Durante as férias da Páscoa, 11 000 jovens de vários países da Europa e também de outros continentes sucederam-se em Taizé para participarem nos encontros internacionais. Entre os inscritos estavam mais de 5000 jovens alemães, 2700 franceses, várias centenas de portugueses, de espanhóis, de italianos e de escandinavos.
Durante a celebração de Sábado Santo, o primeiro irmão de nacionalidade húngara fez o compromisso para toda a vida na comunidade.
Nos próximos dias, alguns irmãos de Taizé partirão para Zagreb, para prepararem o vigésimo nono encontro europeu de jovens, o primeiro na Croácia, que terá lugar de 28 de Dezembro de 2006 a 1 de Janeiro de 2007.
Outros irmãos de Taizé irão a Calcutá, para prepararem um encontro asiático que terá lugar de 5 a 9 de Outubro de 2006.
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fonte: Ecclesia

Um artigo de Alexandre Cruz

A força
do exemplo 1. Para o bem e para o mal, o exemplo cria laço, contagia, gera influência. O “exemplo”, que no sentido positivo contém em si a noção do “dever”, permite o passar do testemunho, a continuidade daquilo que se considera importante. Falar do “exemplo” é salientar bem alto que a força dos gestos e atitudes é muito mais forte que o volume das palavras. Em todos os contextos educativos, e a sociedade em geral é sempre a comunidade maior que capta o “sinal” do exemplo que vem de cima, se às palavras não correspondem os actos então o discurso cai por terra gerando um pesado mau estar. A célebre frase, que entrou na gíria popular, “olha para o que ele diz e não olhes para o que ele faz”, sublinha claramente que a incoerência entre as palavras e os actos, não sendo expressão de vida com autenticidade, descredibiliza cabalmente todas as boas intenções proclamadas teoricamente. Nestas coisas, como na defesa das “causas”, o “tempo”, enquanto sinal de resistência e convicção profunda, será o grande eixo de verdade pois as palavras sem os exemplos, acabarão por desabar; já ao contrário ideias com acções fazem persistir o caminho dos ideais, até no vencer das tempestades e inquietações da própria vida. 2. As coisas são simples e claras: o aluno olha para o educador professor, o filho para o exemplo do pai, o cidadão para o gestor da cidade, o eleitor olha para o deputado que elegeu. E este facto tão simples e natural não significa “criticismo”, significa natural hierarquia e noção de expectativas e dos deveres do educando em relação ao educador. Mal vai quando, porventura, o educador já se esqueceu do seu papel!… Claro que, seja qual for a dimensão do exemplo caberá à pessoa concreta (e acima de tudo) não a pura repetição (era o que faltava, cada Pessoa vai em si mesma construindo a síntese da sua vida com as referências e critérios que considera mais significativos); caberá a cada um considerar o que estará em conformidade com os ideais nobres que defende e o que, porventura, não estará em sintonia com o dever da função que representa. Ou seja: o pai não se pode esquecer do filho, o professor do aluno, o deputado do cidadão que o elegeu. No caso de esquecimento, rapidamente perdeu a sua identidade, deitando a perder, descredibilizando e desorientando aquilo que se considera o bem de todos, construído a partir da função de cada um. 3. Caso existam dúvidas, e para temperar com valor e dignidade os tempos da exacerbada liberdade, nem tudo será assim tão relativo em que cada um faça o que bem “quer” e entende. Querer, conscientemente, implicará dever (sem moralismos) em relação às responsabilidades assumidas. Caso assim não seja, então vale tudo…e nessa circunstância estaremos bem perto da desumanização, próximo do fim. A noção de “ética da responsabilidade”, para todos os quadrantes da vida pessoal e da sociedade, apresenta-se, assim, como o farol de referência para conseguirmos chegar a bom porto. Essa ética, qual tesouro que cria e apura sensibilidade e bom senso na vida em comunidade, cria imperativos de consciência, inalienáveis, que de todo jamais poderão perder a sua força. E se na vida pessoal (embora todos cidadãos do mundo!), cada um, naturalmente, fará o percurso e caminho que se sentir chamado a realizar, todavia, no que diz respeito à representatividade, ao serviço ao bem comum através da actividade política, então apura-se fortemente a noção da responsabilidade exigida, e na sua falta, a grave inquietação sobre “onde estão as referências que terão de vir de cima?!” 4. As pessoas, que vivem tempos tão difíceis e de muita exigência, e que lutam todos os dias (tendo uma grande multidão, por múltiplas causas, o salário mínimo nacional), não podem compreender o que se passou no parlamento na passada semana. E para ajudar à festa, as diversas justificações (que dão o sintoma do hábito)… O discurso está inquinado à partida, assim não vamos lá! Há muito ruído, e “sem obras” a mensagem não passa. Precisamos, e para credibilidade do “sistema”, de contributos eloquentes de espírito de serviço e de entrega exigente e abnegada, também especialmente dos que foram eleitos pelo povo. E tudo isto sem nunca generalizar (com toda a delicadeza nunca generalizamos, mas este “sinal” fruto do sentir do dia-a-dia parlamentar perturba), até porque ainda bem que em muitíssimas instituições públicas, escolas, universidades, hospitais, IPSS, empresas, entidades culturais,… não se segue esse mau exemplo (assinado e faltado) que veio de cima. Não será uma questão de mais e mais legislação para controlar as faltas no parlamento, meu Deus, como estamos tão longe…! Será uma questão essencial da consciência do imperioso dever de cada eleito, do serviço e de sofrer (um pouco mais que seja) com os sacrifícios dos portugueses. E os mínimos desta empatia com o Povo é a responsabilidade de estar presente em físico e em espírito dando palavras e acções que sejam contributo positivo para o país. Nesta realização, todas as horas e todos os dias de trabalho (como ao comum dos portugueses) são importantíssimos. Ou não será assim?!

Um artigo de Maria José Nogueira Pinto, no DN

"Todas as línguas que fazem a nossa"
Domingo de Ramos, cidade de São Paulo, meio-dia, um sol a pique, paulistas, de diversas idades, classes sociais e raças, fazem fila para comprar o bilhete de acesso ao Museu da Língua Portuguesa, recentemente inaugurado e instalado no edifício da estação da Luz.
As grandes faixas afirmam peremptoriamente que "a língua é o que nos une". Deve ser porque acreditam que assim é que ali estão disciplinados, pacientes, alegres, gastando as horas de domingo e os reais do bolso, comprando um picoli ou um guaraná que a famosa "economia paralela" põe à disposição da fila, com rápido e eficaz sentido de negócio.
Também lá estou. Unida por maioria de razão. Curiosa e interessada mais ainda, se possível, por ter lido de rajada três autores lusófonos, fascinada com a riqueza que trazem à minha (nossa) língua, que assim vai ganhando sons, cheiros, formas, uma plástica riquíssima sem nunca perder a matricial gestação: Nélida, Chico Buarque, Pepetela, Vozes do deserto, Budapest, Os Predadores.
Sei, como Auro Dicério, que a nossa matéria-prima é a palavra. Nosso som, nossa senha, nosso sentido, nossa argamassa.
Sei, como Pessoa, que a língua é a minha Pátria. Sei como Guimarães Rosa que a linguagem e a vida são uma coisa só. E que a linguagem corre através da vida, e a vida molda a linguagem. E os escritores são os que dão, a cada palavra, o seu momento de respiração, e na escolha da palavra certa, a agarram definitivamente a um sentir colectivo.
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quinta-feira, 20 de abril de 2006

Um livro do jornalista António Marujo

Livro sobre Papa Bento XVI aborda diálogo inter-religioso e o maior cuidado na nomeação de bispos
«Um Papa (In)esperado»
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O livro «Um Papa (In)esperado», de António Marujo, que identifica alguns sinais do que será o pontificado de Bento XVI, tais como o diálogo inter-religioso e o maior cuidado na nomeação de bispos, é hoje lançado, em Lisboa. No prefácio, o jornalista do Público especialista em informação religiosa, explica o título da obra confessando que o inesperado começou há um ano, quando do conclave que se iniciou a 19 de Abril para a eleição do novo líder da Igreja Católica, sucessor de João Paulo II. O cardeal Joseph Ratzinger não era a opção do autor entre os 115 elegíveis, que esperava antes a escolha «mais natural» de um representante da América Latina, porque «ali vivem actualmente cerca de 500 milhões de católicos (quase metade dos 1.100 milhões do mundo inteiro)». Na obra, António Marujo ressalva que este livro não tem como objectivo fazer um balanço de um ano de exercício do Papa, nem de tentar adivinhar como será a sua continuação. Mas dos textos e discursos apresentados por Bento XVI neste período, considera possível «tentar perscrutar o que pode ser o pontificado», identificando alguns sinais mais evidentes prenunciadores do futuro da liderança da Igreja Católica.
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Refugiados e Deslocados no mundo

Menos refugiados
no mundo
e mais
deslocados
internos
O número de refugiados no mundo é hoje de 9,2 milhões, o mais baixo em 25 anos, mas a instabilidade no regresso é ainda preocupante, alerta o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), António Guterres.
Num relatório divulgado esta quarta feira, em que é analisada a evolução dos fluxos de refugiados nos últimos cinco anos, esta agência das Nações Unidas refere que o regresso de pessoas ao Afeganistão, Angola e Serra Leoa "contribuiu para a diminuição do número de refugiados".
No entanto, de acordo com o documento, a instabilidade em alguns países como a República Democrática do Congo ou o Sudão impedem que o regresso seja durável e que surja "um novo desafio" que são os deslocados internos.
No prefácio do relatório, editado em livro sob o título "Refugiados no Mundo: deslocados no Novo Milénio", o responsável pelo ACNUR, António Guterres, destaca que o facto de haver menos conflitos entre Estados "resulta num menor número de refugiados, mas provoca um aumento de deslocados internos".
O ex-primeiro-ministro português dá como exemplo a República Democrática do Congo e o Sudão, onde havia no conjunto 7,5 milhões de deslocados internos em 2005, de um total de 25 milhões, que, apesar de não estarem contemplados pela Convenção dos Refugiados, de 1951, "precisam urgentemente de ajuda".
Por decisão das Nações Unidas, o ACNUR passa agora a ter responsabilidade pela protecção de deslocados internos e Guterres considera que se trata de um período "crucial" para a organização.
O relatório refere ainda o elevado número de refugiados - 5,7 milhões dos 9,2 milhões - que vivem no exílio há mais de cinco anos "muitas vezes confinados em centros ou em condições difíceis nos centros urbanos dos países em desenvolvimento" e que "a maior parte já caiu no esquecimento".
A este propósito, António Guterres destaca o perigo que representa para os requerentes de asilo e para os refugiados serem confundidos com imigrantes ilegais, defendendo que "dissociar as duas situações necessita de intervenções de protecção no momento adequado para identificar as pessoas cujas necessidades são fundamentadas".
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Fonte: Ecclesia

LISBOA: Massacre de judeus há meio milénio

500 anos para lembrar e pedir perdão
"Sejamos honestos... Há alguém que goste de judeus?" A frase não é de um dos frades dominicanos que terão incitado as gentes lisboetas ao massacre de 4 mil cristãos-novos, em 1506, durante a "semana santa". Não tem cinco séculos, nem sequer um: é de há dias, escrita na Internet como comentário anónimo à iniciativa de Nuno Guerreiro Josué, que no seu blogue ruadajudiaria.blogspot.com propôs o assinalar da data com uma vigília no Rossio.
Mas às sete da tarde, hora para a qual a comunidade israelita de Lisboa marcou a leitura de uma oração aos mortos, as pessoas reunidas no Largo de São Domingos, junto à igreja de mesmo nome onde terá tido início o massacre, não chegam à centena, contando com vários membros da comunidade israelita, identificáveis, no caso dos homens, pelo uso da kippah (solidéu).
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