A Europa precisa voltar ao sofá e recapitular as histórias mágicas da sua infância. Sem saltos nem subterfúgios. Reconhecendo o que de glória e grandeza compôs a sua história, bem como o que marcou ao rubro os seus maiores erros. Foi uma civilização, uma cultura, uma fé, uma viagem de irradiação para o resto do planeta que alterou a configuração da terra. E um choque, quase sempre saudável, com culturas e expressões de fé que levaram ao mundo o melhor que era e tinha, e recebia uma espécie de retorno híbrido das ideias e factos mais marcantes do planeta. Oriente e Ocidente por ela se cruzaram. Sul e Norte daqui partiram e aqui reaportaram. Duas guerras no século XX puseram o mundo inteiro à bulha com os mais vergonhosos holocaustos de que há memória.
É o despertar desta letargia pós - traumática que inspira os maiores esforços de união na Europa, ainda que em princípio se tenha parecido mais com um acordo de mercado. Mas não se tratou apenas duma pura parceria económica. Foi talvez mais um rebate de consciência perante os destroços difíceis de juntar e reciclar num Continente velho, rico e complexo, cruzado com todo o mundo e com contratos assinados com meio mundo para a “construção civil” que se tornava imperiosa.
Os “trolhas” vieram, instalaram-se, primeiro em pocilgas periféricas, depois comparam casas, tiveram filhos e são hoje cidadãos de pleno direito. Tudo certo. Pura justiça, elementar direito. Só que o emigrante nunca esquece a sua terra, a sua cultura e o xadrez em que joga os seus valores. Torna-se, por vezes, um híbrido nem sempre do melhor que os pólos do longe e do perto, passado e do presente, facultam.
Os atentados de Londres não estão longe desta história. Não pertencem apenas a um longínquo vago. Podem ter eclodido a partir duma sopa de pedra mal misturada onde o melhor de cada história e cultura foi deitado fora. Quem atira a primeira ?