quinta-feira, 23 de abril de 2009

Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré pronto para nova temporada de Folclore

Podemos dizer que a temporada de actuações do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré (GEGN) está prestes a começar. Para já estão agendadas 16 saídas para outras tantas apresentações deste grupo, um pouco por toda a parte. Começa no próximo dia 26 de Abril, em Matosinhos, e termina a temporada com a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, em 20 de Setembro. Como não podia deixar de ser, daqui desejamos um excelente trabalho na divulgação dos nossos trajes antigos, bem como das nossas danças e cantares. Escusado será dizer que os ensaios não podem parar, até porque o GEGN tem muito respeito por quem o quer ver e ouvir.

Dias de Propaganda

1. A propaganda está a sair à rua. Este ano, por todas as conjunturas, tanto sociais como eleitorais, será ano (daqui em diante) repleto de slogans e pensamentos políticos, uns mais brandos outros mais fortes. Parece que a cada dia que passa a crispação típica que tanto fragmenta os possíveis consensos se vai avolumando. Diz-se mesmo que para os lados lisboetas do marquês de Pombal, cenário e personalidade propícios a grandes mensagens, a propaganda eleitoral ocupa o espaço das divulgações habituais das festas de Lisboa. Não se sabendo até onde haverá lugar para todos, o que parece certo é que o local das festas parece ficar comprometido. Em todos os escaparates se vai gizando e aplicando o cartaz no melhor espaço, naquele sítio em que quem passa tem mesmo que dar “de caras” com o candidato “x” ou “y”. 2. E o entusiasmo será tanto e tão grande que, a certa altura, a campanha e os seus materiais de divulgação – grande investimento neste ano de três eleições – vai mesmo avançando para territórios para além do espaço público. Este gosto da liberdade de partilhar a mensagem (im)pondo o slogan e a figura a todos é a nova estrada que se fortalece pelo marketing, enquanto se parece continuar a correr o perigo de empobrecer no conteúdo. É verdade que a ansiedade é um dado humano e transversal a todos os quadrantes da vida em sociedade, e que, por vezes, poderá ser mesmo difícil manter a serenidade e elegância na postura… Mas tem-se assistido a patamares de linguagem e irritação que deitam a perder toda a escola de virtudes e de bom gosto e senso nas coisas da “causa pública”. 3. Os portugueses esperam (?), como hábito (!), destas fases das campanhas esclarecimentos claros, aprofundados, com pausas para nos ouvirmos, com oportunidades de reconhecimento do bem feito, com realismo e humilde maturidade de autocrítica para saber-se que se errou aqui ou ali. Tão diferente do ruído turbo e não clarividente que parece insistir em nos acompanhar. E depois, quem arruma os cartazes? Alexandre Cruz

Próximas eleições: Nota Pastoral dos Bispos Portugueses

D. Jorge Ortiga, presidente da CEP
"É fundamental que os eleitores tenham consciência do que está em causa quando se vota. Os responsáveis políticos têm o dever de formular programas eleitorais realistas e exequíveis, que motivem os eleitores na escolha das políticas propostas e dos candidatos que apresentam. Este dever exige dos mesmos responsáveis a obrigação de visar o bem comum e o interesse de todos, como finalidade da acção política, propondo aos eleitores candidatos capazes de realizar a sua missão com competência, cultura e vivência cívica, fidelidade e honestidade, sempre mais orientados pelo interesse nacional, que pelo partidário ou pessoal. Ser apresentado como candidato não é uma promoção ou a paga de um favor, mas um serviço que se pede aos mais capazes. Os regimes democráticos, como as pessoas que neles actuam mais visivelmente, não são perfeitos. A política é acção do possível. É, porém, necessário que se vão alargando sempre mais as margens do possível, para que a esperança não dê lugar a desilusões."
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A Festa da Páscoa e as festas religiosas populares

Vão celebrar-se, nos próximos meses e em todos cantos e recantos onde haja igreja ou capela, as festas religiosas tradicionais. Não há santo que não tenha a sua festa, mesmo que a devoção por ele não seja tanta que a justifique. A tradição pesa muito na história de um povo, mesmo quando a vida dispersou a sua gente por outras terras. Se a tradição se vem da lonjura do tempo, de avós e bisavós, o respeito e a fidelidade em a cumprir não se discutem. Nada conta mais. Nem leis dos bispos, imposições dos padres, crises sociais, morte de vizinhos. É festa, é festa. O bairrismo dos lugares, a emulação dos mordomos, o que se viu noutros lados, o que a televisão mostra servem de inspiração ao programa da festividade, publicitado em cartazes de gosto duvidoso, onde se misturam santos com cantores e conjuntos musicais, missas e procissões com arraiais e tômbolas. O povo precisa da festa porque é dura a vida de todos os dias. Mas as festas, por aí fora, são cada vez menos festas do povo que as criou. Os olhos são postos agora nos forasteiros, na gente que vai de fora e se dispõe a pagar, não para honrar o santo, que muitos nem sabem quem é ele, mas para ver o artista conhecido, ouvir o conjunto de renome, encontrar clima propício a um maior gozo nem sempre honesto. Muitas festas tradicionais já pouco mais têm de religioso que o nome do santo, que ainda ali aparece como motivo para as ofertas da gente mais velha lá da terra, que é a que ainda conserva alguma devoção e faz promessas. Muita outra gente da comissão, anda mais preocupada em que não falte tempo para o leilão e para a música, porque as despesas são muitas. Até já pede que as coisas da igreja se reduzam à missa e à procissão, uma vez que esta não pode deixar de ser. Assim, não se demore muito com coisas só de alguns e, ao fazer das contas, não haja prejuízos por causa da religião… Uma ocasião de encontro de familiares e de amigos, que fazia vir à terra desde longe os que por lá andavam, foi-se tornando num momento de discutíveis misturas e barulho, que faz sair alguns dos que lá vivem à procura de terras mais sossegadas, impedindo até que venham à festa os que nunca faltavam. Afinal, deixou de ser a festa da terra com a sua mística e originalidade, para ser uma igual a todas as outras. Importa-se tudo: ornamentações, conjuntos, pessoas. O de fora é que dá lustro à festa. Porque se chegou aqui? Não faltam razões: o empobrecimento do sentido religioso nas pessoas, nas famílias e na comunidade, a invasão do profano, sempre passageiro e efémero, a publicidade aguerrida e teimosa de muitos intermediários do espectáculo… Tudo foi descentrando as pessoas do essencial da festa e debilitando os laços que, em momentos privilegiados como este, as uniam e tornavam solidárias. Qualquer festa, com sentido cristão, não pode deixar de se reportar à Festa, a Páscoa de Cristo. Dela flui, de modo natural, verdadeira alegria, abertura fraterna, partilha espontânea, vontade de prosseguir, valorização do sagrado, expressões de gratidão e confiança. Sem descobrir e viver a Páscoa, qualquer festa religiosa perde o sentido. A festa cristã repete-se em cada Domingo, dia pascal por excelência; nas celebrações sacramentais, acontecimentos pascais, por isso mesmo de Vida que nasce e cresce, se alimenta e recupera, se comunica e se compromete; na acção apostólica, gratuita e generosa; na solidariedade para com os mais pobres de todas as formas de pobreza. A ausência de sentido cristão de festas que por aí se fazem é denunciada pela sua insensibilidade às crises sociais, ao sofrimento e até ao luto que emerge em dia de festa do lugar, ao desgoverno das despesas que esquecem as necessidades do dia-a-dia da paróquia ou do lugar. Festas que atordoam e esqueceu as que pacificavam e uniam. Simples leis não invertem o processo. Quantas vezes, para não criar mais problemas, até a Igreja passa ao lado e faz o seu caminho. A festa é útil e necessária, mas não assim.
António Marcelino

Dia Mundial do Livro - O livro é um amigo



Nunca me cansarei de sublinhar a importância do livro e da leitura. Mas hoje, Dia Mundial do Livro, não posso deixar de o fazer, para ficar de bem com a minha consciência. 
A leitura é uma fonte inesgotável de saberes e um extraordinário caminho que conduz ao sonho e à magia do encontro com outros povos e culturas, com o ineditismo de tantas civilizações. Pela leitura, de livros fundamentalmente, o leitor recria o seu imaginário, dá largas à sua imaginação, ocupa tempos livres, abafa tristezas, inventa alegrias. 
O livro é, realmente, um grande amigo, sempre disponível, sempre à espera que nele peguemos, para, recatadamente, partirmos em viagens cheias de fantasias que preenchem a vida, levando-nos para longe de inquietações, situando-nos no bom que existe à nossa volta. 
Hoje, Dia Mundial do Livro, pare uns minutos, sente-se comodamente e leia. Verá que tenho razão.

Fernando Martins

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Centro de Estudos de História Religiosa investiga implantação da República

No seguimento do trabalho que tem vindo a ser realizado pelo Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) nos últimos anos, e considerando as exigências do debate historiográfico existente sobre o final da Monarquia Constitucional e a instauração do regime republicano em Portugal, estabeleceu-se uma programação de investigação, de grupos de trabalho e de iniciativas científicas. Considerou-se que esta programação se deveria articular com diversos âmbitos de carácter oficial eclesial e académico, respondendo também às necessidades de participação pública no decorrer de iniciativas das Comemorações Nacionais referentes aos 100 anos da República. Esta programação, própria do CEHR, constitui-se exclusivamente com carácter científico, no âmbito da historiografia.
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Jardim Oudinot vai ter Bar e Restaurante

O Executivo Municipal deliberou aprovar, após análise do concurso público, a adjudicação da Concepção, Instalação e Exploração do Bar/Restaurante do Jardim Oudinot à firma “Reflexo Lunar Unipessoal, Lda.” . O Apoio de Praia do Jardim Oudinot foi atribuído a Maria Isabel Cruz da Silva. 
No primeiro caso, por um período de nove anos, e no segundo, de cinco anos. Espera-se agora que tudo esteja afinado o mais depressa possível, para prazer de todos os frequentadores daquele espaço à beira-ria recriado, com muito bom gosto.

O tempo e os Valores

1. A cultura precisa de tempo. O que nos fica depois do exame ou das tarefas práticas é esse rasto de luz e de sabedoria que o tempo não apaga. A sociedade actual, embora mergulhada na pressa agitada para sempre chegar primeiro, sente a carência genuína e afectiva do saborear do tempo da vida. Saboreia quem aprecia, mas para apreciar é precisa aquela distância crítica que não se aprende só nos livros, mas que se vai construindo como fio condutor de tudo o que somos como pessoas e eco dos envolvimentos a que pertencemos na comunidade. Existem muitos prémios em Portugal dedicados à área da cultura, um deles é o «Prémio Padre Manuel Antunes», atribuição que procura fazer perdurar o homem da cultura e intuição futura que foi Manuel Antunes (1918-1985) e a escola de interpelação ética que nos legou. 2. Em edições anteriores foram reconhecidos de mérito recebendo o galardão da entidade organizadora eclesial (Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura) o poeta Fernando Echevarria (2005), o cientista padre Luís Archer (2006), o cineasta Manoel de Oliveira (2007) e a professora de Estudos Clássicos Maria Helena da Rocha Pereira (2008). Este ano a atribuição recai sobre o autor de «A Espuma do Tempo – Memórias do Tempo de Vésperas» (2008), o professor Adriano Moreira (n.1922). Da palavra do júri sublinha-se uma vida cívica intensa que teve «a preocupação por inscrever a política num horizonte axiológico, que tenha a Pessoa como valor fundamental». Acrescenta a atribuição o reconhecimento do «percurso intelectual e cívico de uma figura que tem qualificadamente contribuído para a dignificação da vida pública portuguesa». 3. Acima dos méritos pessoais, como é timbre de quem vive a generosidade como sentido de serviço comunitário, seja esta também uma oportunidade inadiável de reflexão para uma axiologia política, isto é: um conjunto de valores ou “pilares” edificadores do bem comum. Alexandre Cruz

A espuma do tempo

Talvez não haja muito que contar, meus filhos, porque não são muitas as coisas que aconteceram, no espaço de uma sempre breve vida, que valha a pena reter e transmitir. Ao contrário, a arte de esquecer a inutilidade em que se traduz a maior parte das inquietações que consomem o nosso tempo, reduz as recordações a tão pouco que muitas vezes se contam num gesto, e sem palavras. É assim que os que se amam, e até os que se odeiam, adoptam uma espécie de código secreto e breve que resume num instante anos de convívio. Porque quase tudo se concentra num resumo sem grande importância, depois de ter parecido que justificava canseiras demoradas, debates prolongados, vigílias de angústia, pontos finais. Nisso se gasta a maior parte daquilo que chamam o nosso tempo, e que é simplesmente a nossa vida, que é em unidades de vida que o tempo se mede. Entretanto, descura-se o essencial nos nadas a que não sabemos que nos obriga. É por isso que os livros de memórias tantas vezes parecem mais um protesto do que um testemunho, às voltas com a espuma do tempo, tempo perdido, tempo doado, unidades de vida. Páginas consagradas ao tempo perdido, repletas das anotações raivosas do que não a valia a pena ter sido dito ou feito, e que teimam em nos fazer partilhar numa espécie de vingança indiscriminada contra as gerações futuras. Não gostaria de recordar nada que se inspirasse numa fraqueza humana, nem de contar senão aquilo que anda ligado, na minha experiência, às pessoas e coisas que me pareceram tocadas pelo sopro da sobrevivência. Adriano Moreira In A Espuma do Tempo - Memórias do Tempo de Vésperas, Ed. Almedina

O CAIXILHO: Exposição de Fotografia de Carlos Mendes

FOTOGRAFIAS COM ARTE
No Galeria Virtual Caixilho.com está patente ao público uma exposição de fotografia de Carlos Mendes, que merece ser visitada. A mostra tem por tema a Arte Xávega, uma técnica de pesca bem conhecida entre nós. Carlos Mendes, pelo que já vi, é possuidor de uma sensibilidade muito grande, apresentando registos bastante expressivos. A partir das suas fotografias, é possível fazer quadros decorativos, sendo garantido que o tema é de aceitação geral, tanto na região como para além dela.

terça-feira, 21 de abril de 2009

ÍLHAVO: Santa Casa da Misericórdia comemora 90 anos



No próximo dia 24 decorre em Ílhavo a comemoração do 90.º aniversário da Santa Casa da Misericórdia, numa altura de grande azáfama com a construção do Hospital de Cuidados Continuados Integrados, a decorrer no local do antigo hospital. 
Segundo o Provedor da Santa Casa, Fernando Maria, os trabalhos decorrem em bom andamento prevendo-se o final das obras do edifício do hospital para o final do ano corrente e o hospital a funcionar em pleno, no segundo trimestre de 2010. Em relação à Capela, e devido às precárias condições das fundações da mesma que não permitem a remodelação, terá de ser demolida construindo-se nova capela com os mesmos traços arquitectónicos da anterior. Entretanto já está aberta uma nova saída que irá dar acesso à rua Ferreira Gordo. 
A obra de construção, de autoria do Arquitecto José Paradela, começou no dia 9 de Dezembro tendo sido entregue à empresa Construções José Coutinho, SA, pelo valor de 3.546.213,20 Euros mais IVA, estando já asseguradas as verbas: do Estado no valor de 750 mil Euros, da Câmara Municipal de 400 mil Euros e do empréstimo à CGD de dois milhões e 500 mil Euros, tendo a Autarquia assumido também a responsabilidade do apoio técnico à gestão do concurso, a fiscalização da obra além do investimento das infra-estruturas de acesso e sustentabilidade do Hospital. 

Programa do 90.º Aniversário 

Dia 24 Abril:

18.30 – Bênção da obra do Hospital de Cuidados Continuados Integrados, por Sua Excelência Reverendíssima o Bispo de Aveiro 
19.15 – Missa de Acção de Graças na Igreja Matriz com a assinatura do Compromisso dos novos Irmãos 
20.00 - Jantar de aniversário no Hotel de Ílhavo durante o qual se prestará homenagem aos funcionários com 15 e 20 anos de serviço na instituição

Nós, Sri Lanka

1. Se no 11 de Setembro 2001 muito se sublinhou a consciência generalizada ocidental de que «hoje todos somos americanos», se diante do gigante Tsunami da Ásia (29-12-2004) foi um facto a solidariedade global em que todos «nós» estivemos envolvidos e que, até pelas proximidades recriadas, contribuiria para tirar as lições do que é a «condição humana» como obrigação de na terra construir a paz, se… então poderemos dizer que «nós» estamos em todo o lado. Não fisicamente (a física quântica ainda não o permite!) mas espiritualmente, pois a gestão do tempo e espaço nas novas formas de comunicação vai-nos mostrando que mesmo para os sistemas mais fechados os muros vão caindo, as barreiras físicas vão-se esbatendo ficando «nós» diante uns dos outros em ordem à convivência. 2. A noção de que somos cidadãos do mundo poderá dizer que somos «nós, europeus», «nós, portugueses», «nós, humanos» … Este sentido de se estar em comunhão universal, sofrendo com os problemas da humanidade (das pessoas) e acolhendo as suas alegrias e conquistas, poderá concretizar um dos elementos mais estudados, a designada «expansão universal da consciência». É nesta noção muito aberta e clara que, por exemplo, nunca se ouviu falar tanto de determinados assuntos ou certas localidades como após acontecimentos incontornáveis que recolocam povoações, pessoas e interesses no mapa global. Quem não se lembra de no natal de 2004 todos «estarmos» na Ásia, no rescaldo das comoventes imagens do Tsunami da Ásia e de correntes de solidariedade, de conhecermos localidades de países como a Malásia, o Sri Lanka e tantos outros. 3. Hoje, mesmo «nós, europeus» temos de nos descentralizarmos de nós próprios e especialmente «estamos» com as populações civis do Sri Lanka, em que 40 mil pessoas fugiram de zona de combates e dos guerrilheiros Tigres Tamil, apontando a Human Rights Watch, no terreno, para «um banho de sangue». Afinal, «porquê»? Já bastava o banho do mar de 2004… Falta de memória? Alexandre Cruz

Prémio Padre Manuel Antunes para Adriano Moreira

IGREJA DISTINGUE ADRIANO MOREIRA
A Igreja Católica em Portugal atribuiu a Adriano Moreira o Prémio de Cultura “Padre Manuel Antunes” 2009, premiando uma vida em que teve “a preocupação por inscrever a política num horizonte axiológico, que tenha a pessoa como valor fundamental”.
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Um ícone da radicalidade

No próximo Domingo o Papa Bento XVI presidirá à canonização do donato carmelita Nuno de Santa Maria, o Beato Nuno, D. Nuno Álvares Pereira, o Condestável, ou, como o povo há muito se habituou a tratar, com a sua consabida sabedoria, o Santo Condestável. Raramente, no percurso da comunidade lusa, uma figura alcançou resistir com tanto vigor a modas, tempos e vontades, para sobreviver com renovada presença num hoje que nos é dado testemunhar.
Nem todos vêem o mesmo quando pousam os olhos na envergadura deste Nuno. Alguns recusam-se mesmo a ver o óbvio. A busca do absoluto, nos séculos XIV e XV como no século XXI, tinge-se com as marcas da radicalidade, provada numa vida que, sem deixar de ser intensamente vivida, não raro confunde os protagonistas do convívio, em primeira ou em segunda mão. Os clamores materializados pelos contemporâneos de D. Nuno Álvares Pereira em face da sua opção religiosa foram seguramente bem mais audíveis que o não-senso de alguns dos nossos contemporâneos, incansáveis em combater tudo o que não entendem e todos os que não conseguem tolerar.
Seja como for, a vocação religiosa de Nuno de Santa Maria moldurou em definitivo a exemplaridade de uma vida. E não foi, por certo, o singular desempenho das responsabilidades públicas que trouxe a D. Nuno Álvares Pereira o afecto terno de tantas portuguesas e de tantos portugueses, vertido na confiança da sua intercessão junto d’Aquele a quem sempre procurou e a quem soube entregar-se inteiramente.
Nos dias que correm, propor como ícone de santidade um homem com o percurso de vida como o protagonizado pelo Santo Condestável é um gesto que não deixa de dar visibilidade a uma provocação: tu, leitor, já te procuraste nos trilhos do mundo e nos caminhos do coração? Que viste nas tuas deambulações em busca de ti mesmo? Acreditas que não estás sozinho neste permanente construir da tua pessoa? Arrisca questionar o teu percurso à luz do que Deus te pede, talvez descubras que a vocação, também a religiosa, é sempre um projecto de amor. João Soalheiro

2009, o ano da Astronomia

1. Este ano de 2009 é celebrado como o Ano Internacional das Astronomia. O motivo são a comemoração dos 400 anos das primeiras observações efectuadas por Galileu Galilei (1564-1642), um cientista fundamental da chamada revolução científica e cosmológica e que no ano 1632 publicou o «Diálogo dos dois sistemas, ptolomaico e copernicano». Os tempos eram difíceis e o trazer da noção de diálogo viria a ser providencial como abertura das possibilidades de propor uma nova forma de ver o mundo tão diferente da tida como habitual. Da comemoração deste ano procura-se reflectir sobre os contributos para a humanidade desta área de conhecimento que é a astronomia. Foram profundas as mudanças que há quatro séculos ocorreram neste âmbito, transformação envolta mesmo em polémicas com a forma tradicional de Ptolomeu ver o mundo (justificada pelos textos sagrados) em que o sol é que andaria à volta da terra (sistema heliocêntrico). 2. Este ano 2009, recriando o melhor da memória, quererá em todos gerar um dinamismo aberto e apreciador dos conhecimentos humanos como escola de vida ao serviço da dignidade humana. Valerá a pena destacarmos os objectivos deste ano internacional: Difundir na sociedade uma mentalidade científica; promover acesso a novos conhecimentos e experiências observacionais; promover comunidades astronómicas em países em desenvolvimento; promover e melhorar o ensino formal e informal da ciência; fornecer uma imagem moderna da ciência e do cientista; criar novas redes e fortalecer as já existentes; melhorar a inclusão social na ciência, promovendo uma distribuição mais equilibrada entre os cientistas provenientes de camadas mais pobres, de mulheres e minorias raciais e sexuais. 3. Objectivos ambiciosos que, na base do diálogo generoso, humano e científico, desejarão gerar mais proximidades pacíficas e mais desenvolvimento para todos.
Alexandre Cruz

Reinvenção da Solidariedade

O Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Carlos Azevedo, pede a reinvenção da solidariedade, criando novas respostas para novas necessidades. A crise, que continua, exige mais atenção. Do Estado, mas também das comunidades locais. Ainda, naturalmente, das pessoas.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

De Israel para o meu blogue e para o mundo

Vamos viajar com o Comandante José Vilarinho
O Comandante José Vilarinho é um gafanhão, com raízes concretas na Gafanha da Nazaré. Há tempos desafiei-o a colaborar, enviando fotos e notícias das suas viagens pelo mundo, a bordo do paquete de cruzeiros, que dirige com bastante experiência. Que nos mostrasse o seu mundo, com tudo quanto ele tem de cultural. Contactar pessoas das mais diversas nacionalidades e conhecer diferentes maneiras de estar na vida serão sempre desafios aliciantes. Aqui fica, pois, o reflexo da primeira colaboração. Penso que por ela ficaremos mais ricos.

- Conforme prometido, aqui estou a enviar-lhe algumas notícias, de modo a que, de vez em quando, possa seguir as nossas viagens e sentir, como eu sinto, o prazer e a honra de ver a nossa bandeira desfraldada nos mais distante recantos deste mundo. - Apesar da nossa Marinha de Comércio (e de Pesca) ter desaparecido quase completamente, é de louvar o facto de alguns armadores estrangeiros manterem os seus navios registados na Bandeira Nacional, dando assim emprego àqueles que ainda gostam de fazer do Mar a sua profissão.

- Depois de alguns meses de descanso e reparações efectuadas no porto de Piraeus (Athenas) na Grécia, o pequeno ARION estava pronto de novo para iniciar a temporada 2009 no dia 10 de Abril . O ARION é um navio de passageiros, construído em 1965 em PULA na ex-Jugoslávia, com o nome Original de ISTRA . Em 1999 foi adquirido pelo armador grego, Mr. George Potamianos, que opera a sua frota a partir de Lisboa. O navio foi totalmente remodelado nos estaleiros navais da Rocha em Lisboa e renomeado de ARION. - O ARION é o mais pequeno dos navios da Frota da Classic International Cruises (www.CIC-CRUISES.com), dos quais fazem parte o FUNCHAL, PRINCESS DANAE , PRINCESS DAPHNE, ATHENA , e ARION. O ARION é chamado a PÉROLA da frota. - Segundo a mitologia grega, ARION era um músico, cantor e poeta nascido na Ilha de Lesvos, e era filho do Rei Neptuno, Rei do dos Mares. Durante uma viagem marítima, ARION foi atacado pelos piratas que o deixaram no mar sozinho para morrer afogado. ARION foi salvo por um Golfinho que o levou são e salvo à Praia de Tainaron. Daí o nome do Nosso ARION ter um golfinho como logótipo.

- O ARION é um navio considerado pequeno na escala de navios de passageiros, com 117 metros de comprimento e 16 de boca. Tem uma velocidade de cruzeiro de 16 nós e uma capacidade máxima de 340 passageiros e 135 tripulantes. - Iniciámos a temporada no dia 10 de Abril, escalando algumas das mais bonitas Ilhas Gregas, como Santorini, Mykonos e Rhodes, entre outras. Estamos esta semana a efectuar um cruzeiro de 7 dias com saída de Athenas, passando por Alexandria e Port Said, Egipto. Hoje estamos em Israel, para a sempre fantástica e tão desejada visita à Terra Santa (Jerusalém). - Amanhã estaremos em Limassol, (Chipre), depois Turquia. Voltaremos a Santorini e terminamos em Piraeus . - Sairemos no dia 24 para o mar Adriático, onde passaremos o Verão, com Cruzeiros pela costa da Croácia, Montenegro, Eslovénia e Itália. - Voltarei ao seu contacto com mais notícias do Adriático, no próximo mês, ou antes, se se justificar. Um muito obrigado pela companhia que o seu Blog me oferece, a mim e para todos os que estão longe. Um abraço José Vilarinho (Comandante)

Nota: Aspecto do navio comandado pelo José Vilarinho. Clicar nas fotos para ampliar.

Padre Miguel: Contacto do Brasil, com carinho

Do Brasil, recebi um e-mail de uma admiradora do Padre Miguel Lencastre, a propósito do texto que publiquei no meu blogue, sobre o encontro que tive com ele no sábado passado. Com a devida autorização, aqui transcrevo o comentário de Jeovana Saldanha, com os meus afectuosos cumprimentos para ela.
 FM

  "Sr. Fernando Martins, um grande prazer em escrever-te. Gostaria de parabenizar pela belíssima entrevista com o padre Miguel Lencastre em seu blog, no encontro apetecido. Sou psicóloga brasileira, admiradora da vida missionária do padre Miguel, que recentemente participei da celebração dos seus 80 anos, no santuário da Mãe Rainha em Olinda/Brasil. Muito desejo estar em junho em Portugal, para a celebração lusa. Mas, no Blog encantou-me a forma como conseguiste descrever um encontro tão querido, como qualquer um de nós, ao encontrar o querido Padre Miguel. Sinto-me sempre confortada quando reencontro aquele santo homem. Em minhas pesquisas, encontrei o seu Blog que passará a ser a minha leitura habitual. Parabéns e um grande abraço, do Brasil, com carinho. Deus nos abençoe, sempre!" 

Jeovanna Saldanha - Recife/PE/Brasil jeosaldanha@hotmail.com

domingo, 19 de abril de 2009

Gafanha da Nazaré: Cidade há oito anos




O passado é importante e bom, 
mas é preciso preparar e rentabilizar o futuro


Celebrou-se, hoje, o oitavo aniversário da elevação da vila da Gafanha da Nazaré a cidade, com um programa de alguma forma simbólico, já que não estamos em maré de grandes festas. Também oito anos de cidade não são um número “redondo”, como agora se diz. Contudo, o hastear das bandeiras, junto à sede da Junta de Freguesia; a visita à Fundação Prior Sardo, na casa de Remelha; a passagem pela Via de Cintura Portuária; a participação na Missa das 11 horas, na igreja matriz; e o almoço de trabalho com entidades e dirigentes associativos, no Navio-Museu Santo André, constituíram um programa comemorativo condigno, que contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, Ribau Esteves, tendo como anfitrião o presidente da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, Manuel Serra. Associaram-se autarcas, o Prior da Freguesia, Padre Francisco Melo, e diversas entidades. 
Na missa de acção de graças, o nosso prior aproveitou a oportunidade para lembrar que a freguesia e a paróquia nasceram juntas, tendo referido que as comemorações devem ser uma homenagem à “força de todos, mulheres e homens, que nesta terra trabalharam e continuam a trabalhar, para tornar esta sociedade, que vive entre a ria e o mar, de sabor a sal, cada vez mais próspera, inclusiva e justa, e onde a paz tem de ser a palavra de ordem”. 

A cultura da polivalência

Leonardo da Vinci
1. Os grandes autores da época do Renascimento primaram pelo espírito aberto de polivalência, do saber de tudo um pouco, da procura da visão de conjunto. Não, porventura, numa tentativa de explicação fixista unitária de tudo, mas na dinâmica procuradora do desenvolvimento humano integral, onde todas as faces da vida que nos envolve merecerão ter da parte do ser humano uma abordagem. Um dos maiores génios de sempre da humanidade vem desta época, Leonardo da Vinci (1452-1519). Das suas habilidades, do que nós hoje chamaríamos de polivalência, ele foi: pintor, escultor, arquitecto, matemático, engenheiro, fisiólogo, químico, botânico, geólogo, cartógrafo, físico, mecânico, escritor, poeta e músico do chamado Renascimento italiano. Teve, ainda, além de outras, intuições na área da futura aviação. 2. Claro que não vamos pedir tanto a nós próprios nem aos que hoje estudam ou ontem estudaram! Génio é génio! Mas haveremos sempre de pedir não um afunilamento demasiado na especialidade que faça perder a noção da globalidade (E. Morin). Poderemos mesmo colocar em esquema esta dúvida: o mercado de trabalho reclama polivalência adaptativa à realidade, mas, objectivamente, os circuitos dos estudos vão-se apurando sempre mais na especialização. Como articular? Por vezes perguntamo-nos a nós próprios: como pedir POLIVALÊNCIA, esta que traz consigo também a exigência e aceitação humanista e a capacidade de adaptação e recriação mediante as novas situações e mesmo as dificuldades…quando a formação aposta fortemente mais numa especialização no pormenor (?). 3. Nos tempos actuais (não dizemos se de crise, pré-crise ou pós-crise), esta capacidade de adaptabilidade generosa, na aceitação própria da gradualidade da construção da casa (seja física seja da vida), dará garantias de ser-se melhor profissional e mais cidadão na procura de cada dia (no pressuposto da ética) nos irmos moldando. Um novo renascimento! Alexandre Cruz

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 127

BACALHAU EM DATAS - 17

Júlia I

SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX - BENSAÚDE E MARIANO
Caríssimo/a:
E continuemos a nossa saga...
1857 - «…Mas em 1857, a Companhia [de Pescarias Lisbonense] viu-se forçada a suspender a sua actividade, por razões que se prenderam com o agravamento das leis fiscais.» [Creoula, 09; HPB, 27; Oc45, 79] 1865 - «O “imposto de pescado” já se elevava a 6 %.» [HPB, 26/28] 1866 - «Em 1866 voltou a ressurgir a Faina Maior com a empresa Bensaúde & C.ª, do Faial, que, por razões climatéricas, transferiu mais tarde a seca do bacalhau e as instalações principais para o Barreiro.»[Creoula, 09] «Nove anos depois da falência da Companhia das Pescarias Lisbonense (1857), em 1866, apareceram dois novos armadores “Bensaúde e C.a” e “Mariano e Irmãos” que armaram nesse ano 4 veleiros: HORTENSE, 98 t, SOCIAL, 148 t e 25 homens; JULIA I, 217 t e 41 homens; JULIA II, 145 t e 28 homens. O JULIA I e o JULIA II serão mesmo armados em lugres-patacho. De 1866 a 1903, estas duas empresas acabaram por ter praticamente o exclusivo da pesca do bacalhau.» [HPB, 28] 1875 - «A grande revolução nos métodos de pesca empregados ocorreu em 1875, ano em que se fez o primeiro ensaio com "dories", embarcações ligeiras de fundo chato, utilizadas há muito pelos pescadores americanos. As pesadas chalupas de difícil e perigosa manobra, quer no arrear, quer no içar para bordo, viram assim terminado o seu ciclo de utilização diário. Entre os franceses, cada dory era tripulado por dois homens, visto serem ligeiramente maiores que os dories usados pelos portugueses, estes ocupados por um só homem. A pesca era agora feita pelos pescadores isolados nas suas pequenas embarcações, senhores e donos do seu trabalho e do seu destino, ficando o navio fundeado no mesmo sítio durante vários dias, enquanto a abundância de pesca o justificasse.»[HDGTM, 40] 1885 - «Na Figueira da Foz, diz Rui Cascão, a pesca do bacalhau “reiniciou-se de facto em 1885, utilizando um só navio – o JÚLIA 1.º – com apenas 82 toneladas de lotação – sob o comando do capitão José da Cunha Ferreira (1856-1945).” »[Oc45, 79] 1886 - «Segundo Rui Cascão partiram para a Terra Nova dois navios – JÚLIA 1.º e JÚLIA 2.º, com a tonelagem de 270 m3.» [Oc45, 80] 1888 - «Das cerca de 21.000 toneladas que entraram no país, apenas 923 foram pescadas por navios nacionais.» [Oc45, 67] 1889 - «Segundo Rui Cascão “As campanhas [da pesca do bacalhau] foram feitas com 3 navios de 1889 a 1901, com excepção dos anos 1895/1896 e 1900”.» [Oc45, 80] 1890 - «Construção do navio ADÍLIA nos terrenos marginais da Cale da Vila, pelo pai do celebrado Mestre Mónica.» [Tim, Set/1990, “Toca a Marchar”] 1891 - «Em 1891, a empresa Bensaúde & C.ª deu origem à Parceria Geral de Pescarias que a par com a Mariano e Irmãos, da Figueira da Foz, deteve o exclusivo da pesca do bacalhau em Portugal.»[Creoula, 09]
Manuel

sábado, 18 de abril de 2009

Padre Miguel Lencastre: o encontro sempre apetecido

80 anos de vida ao serviço do Reino de Deus


Quando criamos afinidades com alguma pessoa, é sempre um prazer encontrá-la e estar com ela. Hoje, tive o grato prazer de conversar com o Padre Miguel Lencastre, não tanto tempo quanto desejaria, mas o suficiente para recordar um convívio são de há muitos anos, cheio de cumplicidades e de mútua estima.
Conheci o Padre Miguel numa data imprecisa, anterior a 1970. Tinha sido ordenado presbítero em 1966 e passava na altura pela Gafanha da Nazaré, julgo que a convite do Padre Domingos Rebelo dos Santos, prior da freguesia. Foi no Café Central, na hora da bica, que o Padre Domingos mo apresentou. Desde aí, fiquei a saber um pouco da sua vida e a apreciar a capacidade de diálogo e empenho apostólico que ainda cultiva.
Entre Junho de 1970 e Setembro de 1972 exerceu, entre nós, o cargo de coadjutor da paróquia, assumindo, em Abril de 1973, a paroquialidade da Gafanha da Nazaré. Deixou essa missão em Outubro de 1982, sendo substituído pelo Padre Rubens Severino.
Como sacerdote de Schoenstatt, conhece meio mundo, ao serviço dos ideais que aceitou já adulto. Um simples telefonema foi o suficiente para acertarmos a hora do encontro. E da conversa que mantivemos, ao jeito de matar saudades, que eu tanto aprecio, registei algumas notas que aqui partilho, como simples homenagem que, na minha óptica, ele bem merece.


Quando estou com o Padre Miguel, é certo e sabido que aprendo alguma coisa, marcadamente inédita. Vejam só: hoje aprendi dele que podemos, se quisermos, descobrir, por cálculos mais ou menos lógicos, o dia em que passámos a viver no ventre de nossa mãe. Pois o Padre Miguel, que completa 80 anos em 12 de Junho próximo, dia em que pela primeira vez terá sentido a luz do dia, vai lá para trás, nove meses, para assinalar a sua concepção. Regista o 12 de Setembro, altura em que começou a viver, no seio de sua mãe, em perfeita comunhão com ela e dela recebendo as bases fundamentais da própria personalidade que foi desenvolvendo ao longo de tantos anos. Iniciou, portanto, nessa data, as comemorações do seu 80.º aniversário. Porque o 12 de Junho está já reservado para outros encontros, estabeleceu o 20 de Junho para celebrar o 80.º aniversário no Mosteiro da Batalha, junto à estátua de D. Nuno Álvares Pereira, padroeiro do seu sacerdócio e por quem nutre muita devoção. Recorda, a propósito, que D. Nuno foi o grande obreiro do conceito de patriotismo, com as lutas que travou, à frente do povo português, contra as pretensões do rei de Castela, assegurando a nossa independência. Por isso, estará, se Deus quiser, na cerimónia de canonização, que ocorre em Roma, no próximo dia 26 de Abril.

Questionado sobre o que vai fazer, de significativo, a partir dos 80 anos, o Padre Miguel adiantou quatro grandes objectivos:
– Passar a escrito a sua autobiografia, o Livro da sua Vida;
– Continuar o seu trabalho com o Terço dos Homens, no Brasil, onde já há meio milhão de homens que o rezam, semanalmente, nas suas paróquias e capelas;
– Promover a unidade, cada vez mais forte, da família, através do restauro da casa onde nasceu, berço onde começou o Movimento de Schoenstatt, em Portugal;
– Por último, ou o primeiro objectivo, esforçar-se por atingir a santidade. Não sabe, concretamente, qual vai ser o mais difícil de conseguir, mas espera que todos se realizem. Resta-me desejar ao Padre Miguel Lencastre que daqui a uns tempos possamos chegar à bonita conclusão de que tudo foi alcançado.
 Fernando Martins

Crise e crítica na Igreja

Quem se não apercebeu ainda da crise por que passa hoje a Igreja Católica? Um grupo de 300 teólogos e responsáveis de comunidades de base espanhóis - alguns, como A. Torres Queiruga, Juan Masiá, J. A. Estrada, J. J. Tamayo, J. I. González Faus, teólogos de renome - acaba de publicar um documento intitulado Ante la crisis eclesial, no qual defende que "a causa principal da crise é a infidelidade ao Concílio Vaticano II e o medo das reformas exigidas".
Num procedimento que eles próprios consideram ser "extraordinário" - não é também extraordinária a causa que o motiva: "a perda de credibilidade da instituição católica"? -, reconhecem que "este descrédito pode servir de desculpa para muitos que não querem crer, mas é também causa de dor e desconcerto para muitos crentes".
Responsável fundamental é a Cúria Romana. O Concílio teceu-lhe críticas duríssimas, Paulo VI tentou pôr em marcha uma reforma, mas ela própria bloqueou--a. As culpas não são, pois, exclusivamente de Bento XVI, com quem aliás se solidarizam: "O erro grave de todos os pontificados anteriores foi precisamente deixar bloquear essa reforma urgente."
A primeira consequência do bloqueio é "o poder injusto da Cúria sobre o colégio episcopal", derivando daí "uma série de nomeações de bispos à margem das Igrejas locais e que busca não os pastores que cada Igreja precisa, mas peões que defendam os interesses do poder central".
Aqui assentam outras duas consequências: a mão estendida a posições da extrema-direita autoritária e ataques sem misericórdia contra quem está próximo da liberdade evangélica, da fraternidade cristã e da igualdade de todos os filhos e filhas de Deus, "tão clamorosamente negada hoje". Depois, há "a incapacidade para escutar", que faz com que "a instituição esteja a cometer ridículos maiores do que os do caso de Galileu". De facto, a ciência oferece dados que a Cúria prefere desconhecer, concretamente nos "problemas referentes ao início e ao fim da vida". A proclamada síntese entre fé e razão fica anulada.
Estas são "horas negras" para o catolicismo romano. Os autores lembram as rupturas de Fócio, que desembocou no grande cisma de 1054, e de Lutero, para sublinhar que também hoje "se não pode esticar demasiado a corda em tensão". Mas "Deus é maior do que a instituição" e "a alegria que brota do Evangelho dá forças para carregar com os pesos mortos". Por isso, os subscritores do documento, animado exclusivamente pelo amor a uma Igreja enferma, não se sentem superiores nem vão abandoná-la, mesmo que tenham de suportar as iras da hierarquia.
A quem se possa escandalizar lembram que a Igreja foi ao longo da sua história "uma plataforma de palavra livre". Assim, Santo António de Lisboa pôde pregar publicamente que Jesus tinha dito: "apascentai as minhas ovelhas", mas os bispos da altura entenderam: "ordenhai-as e tosquiai-as". O místico São Bernardo escreveu ao Papa, dizendo--lhe que não parecia sucessor de Pedro, mas de Constantino, perguntando: "Era isto que faziam São Pedro e São Paulo?" Comentando, o actual Papa escreveu, em 1962: "Se o teólogo de hoje não se atreve a falar dessa forma, é sinal de que os tempos melhoraram? Ou é, pelo contrário, sinal de que diminuiu o amor, que se tornou apático e já não se atreve a correr o risco da dor pela amada?"
Neste contexto e por ocasião da passagem dos 25 anos da sua morte, deixo aqui a minha homenagem ao antigo professor, Karl Rahner, um dos maiores teólogos católicos do século XX, que escreveu num pequeno livro que então traduzi - Liberdade e Manipulação - que a liberdade tem prioridade sobre a autoridade, que só se legitima como função de serviço; esta reinterpretação funcional da autoridade obrigará a superar "a mentalidade institucionalizada dos bispos, feudal, descortês e paternalista" e implicará a limitação temporal nos cargos eclesiásticos, incluindo o papal, que as decisões e directrizes sejam, em princípio, explicadas ao público, com razões, e que se volte a "pensar numa colaboração do povo na nomeação dos hierarcas".

Gafanha da Nazaré: Alterações de trânsito trouxeram incómodos

A Av. José Estêvão vai ser sujeita
a alterações rodoviárias e urbanísticas
:
"Manuel Serra, presidente da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, reconhece que as alterações de trânsito introduzidas na Rua Dom Manuel Trindade Salgueiro provocam transtorno aos residentes. “Não será a situação mais cómoda para a população, mas é útil em questões de segurança”, afirmou em entrevista à rádio Aveiro FM. “Alguns estabelecimentos comerciais” foram prejudicados com as correcções efectuadas no local. O autarca do PSD lembra que os automobilistas que circulavam naquela artéria eram confrontados com “ciladas” que punham em causa a sua segurança. “Só não havia mais acidentes porque as pessoas tinham muito cuidado”, declarou. A Avenida José Estêvão, principal artéria da freguesia, será igualmente sujeita a alterações rodoviárias e urbanísticas." Lê-se no Diário de Aveiro de hoje.

Misericórdia de Aveiro com "prejuízos operacionais elevados"

Lacerda Pais com o padre Lino Maia, presidente da CNIS (foto do meu arquivo)
Em longa entrevista ao semanário O Aveiro, que é distribuído com o EXPRESSO, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro, Lacerda Pais, garante que a instituição que dirige tem elevados prejuízos operacionais, da ordem dos 500 mil euros por ano. Isso tem obrigado os dirigentes a vender alguns bens. Ler a entrevista aqui.

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