Conta-se que uns engenheiros andavam numas aldeias serranas, que bem podia acontecer no nosso país, a proceder ao levantamento de alguns dados geográficos para estudos científicos.
Manhã cedo, lá iam eles serra acima, cruzando-se, normalmente, com um velho pastor que guiava o seu rebanho. Para meter conversa, perguntavam-lhe pelo tempo e o pastor respondia de pronto o que os esperava: Chuva, vento brando ou forte, chuviscos, trovoada, sol radioso e por aí fora, que as nuvens diziam tudo, sublinhava, antevendo ainda o tempo que faria nos dias seguintes. E o engenheiro-chefe comentava:
— Estes velhos sabem muito; com um simples olhar e com a experiência da vida sabem mais que os meteorologistas.
Ora acontece que um certo dia, depois de tantas certezas ditadas sobre o tempo, certezas que tranquilizavam os nossos engenheiros, a eterna pergunta dirigida ao pastor lá veio:
— Então que tempo teremos hoje, meu amigo?
— Hoje nada posso dizer, senhor engenheiro, acabaram as pilhas do meu rádio.
NOTA: Publiquei esta história há anos, mas quando verifiquei que hoje se celebrava o Dia Mundial da Meteorologia, não resisti à ideia de a republicar.