Há um velho ditado que ouvia em pequeno e que levava a sério: “Não há sábado sem sol, domingo sem missa e segunda-feira sem preguiça.” Era recordado com frequência pela minha mãe… E eu acreditava piamente.
Com o tempo, fui dando conta de que não era bem assim. Só batia certo o que dizia respeito ao domingo. Quando experimentei um sábado sem sol, com chuva torrencial e vento ciclópico, lembrei o caso à minha mãe que logo adiantou tratar-se de um sábado muito raro, mas mesmo muito raro. Deu-se o mesmo com uma segunda-feira em que eu acordei com vontade de a ajudar na lida da casa. Mas ela voltou à carga: Mas conheces algum domingo sem missa? — questionou-me a minha saudosa mãe. Realmente, o que dizia respeito ao domingo era verdade indiscutível.
Com o coronavírus (COVID-19), aconteceu, pela primeira vez na minha vida, com mais de oito décadas, a suspensão das Eucaristias e outras cerimónias comunitárias, mantendo-se as privadas, isto é, sem participação das pessoas.
A Missa é a celebração fundamental da igreja católica, tornando presente o mistério da fé dos crentes assente na paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. E «Todos participavam fielmente no ensino dos apóstolos, na união fraterna, no partir do pão e nas orações», lê-se nos Atos dos Apóstolos».
Ao longo do tempo, a celebração das missas estendeu-se aos doentes e outros via televisão e rádio, mas com o maldito vírus que está a causar estragos por todo o mundo, não se vislumbrando a sua morte nem cura para muitos dos que são atacados por ele, a Igreja alargou-as aos católicos, em geral, por diversas formas de comunicação oferecidas pelas novas tecnologias. Não é o mesmo, mas sempre é uma boa forma de manter viva a fé dos crentes. E talvez esta abertura mais alargada da Igreja aos meios de comunicação social seja um ponto de partida para novos horizontes.
Fernando Martins
NOTA: Reeditado em 1 de abril de 2020