quinta-feira, 26 de março de 2020

SEM SAIR DE CASA



Uns telefonemas deram-nos conta de que alguém pensou em nós. 
E não poderemos  fazer o mesmo? 

Sem me sentir doente, estou obrigado por leis ditadas pelo coronavírus a ficar em casa. À partida é coisa simples: levantar, preparar para o dia, tomar as refeições, ouvir ou ver as notícias, escutar uma ou outra análise, umas catastróficas e outras animadas pela pedagogia da esperança, arejar a cabeça, estimular os sentidos e pensar no dia em que poderei sair, livremente, sem medo de contágios. 
Perante o incerto, dou comigo a pensar nos dias que se adivinham muito difíceis para os sem trabalho e sem emprego, com cortes salariais, sem recursos para uma vida digna. Empresas que suspendem a laboração, negócios de portas trancadas, escolas e instituições encerradas, famílias sem dinheiro para as compras do dia a dia. 
Os números de infetados com o COVID-19 continuam a crescer e as mortes enlutam famílias pobres e ricas, com predominância dos mais idosos, os mais fragilizados, perante a nossa incapacidade. 
Uns telefonemas deram-nos conta de que alguém pensou em nós. E não poderemos  fazer o mesmo, contactando familiares, amigos e conhecidos…? 

F. M.

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