sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Leonard Cohen — a minha homenagem



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Poesia de Bocage para estes tempos




O Leão e o Porco

O rei dos animais, o rugidor leão,
Com o porco engraçou, não sei por que razão.
Quis empregá-lo bem para tirar-lhe a sorna
(A quem torpe nasceu nenhum enfeite adorna):
Deu-lhe alta dignidade, e rendas competentes,
Poder de despachar os brutos pretendentes,
De reprimir os maus, fazer aos bons justiça,
E assim cuidou vencer-lhe a natural preguiça;
Mas em vão, porque o porco é bom só para assar,
E a sua ocupação dormir, comer, fossar.
Notando-lhe a ignorância, o desmazelo, a incúria,
Soltavam contra ele injúria sobre injúria
Os outros animais, dizendo-lhe com ira:
«Ora o que o berço dá, somente a cova o tira!»
E ele, apenas grunhindo a vilipêndios tais,
Ficava muito enxuto. Atenção nisto, ó pais!
Dos filhos para o génio olhai com madureza;
Não há poder algum que mude a natureza:
Um porco há-de ser porco, inda que o rei dos bichos
O faça cortesão pelos seus vãos caprichos.


Bocage, in 'Fábulas'

Nota: Por sugestão do caderno Economia do EXPRESSO

Dar testemunho em nome de Jesus

Reflexão de Georgino Rocha 

Jesus aproveita um comentário que ouve na esplanada do Templo, em Jerusalém, para abrir a “ponta do véu” sobre as realidades últimas, o sentido da história, o alcance das transformações em curso, os germes do mundo novo a surgir. E sobretudo sobre a atitude dos discípulos face a esses sinais dos tempos, que suscitam perplexidade e exigem atenção e discernimento. Recorre a uma linguagem profética típica de quem fala para iniciados a fim de lhes revelar verdades consoladoras e de os exortar a não perderem a oportunidade de marcar a diferença em relação a quem vive “distraído”.
Exemplo desta atitude é dado pelo Cardeal Parolin, após a eleição do novo presidente dos Estados Unidos da América, ao expressar o voto de que de que Deus o ilumine e o ampare no serviço à pátria e ao bem-estar e à paz no mundo. “Acredito que hoje exista a necessidade de todos trabalharem para mudar a situação mundial, que é uma situação de grave dilaceração, de grave conflito”.
E o secretário de Estado do Vaticano, já havia dito: “Creio que, antes de tudo, tomamos conhecimento com respeito da vontade expressa pelo povo estadunidense neste exercício de democracia que, soube, foi caracterizado também por uma grande afluência às urnas”. Exemplo que revela a sabedoria e a prudência, fruto de contínuo discernimento.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

A democracia é isto...

 Goste-se ou não, a vitória de Trump foi limpa. Tive muita dificuldade em compreender o seu triunfo, mas logo me lembrei de que o povo tem sempre razão. É ele quem mais ordena, diz a canção que todos sabemos cantar ou trautear. E a partir daí, teremos que respeitar a decisão de uma democracia madura. 
Estamos a pensar também no que virá aí a reboque das eleições nos Estados Unidos. As forças dos milhões e milhões dos descontentes, dos famintos, dos excluídos, dos sem voz e das vítimas das políticas ultraliberais hão de tentar esbofetear quem governa esquecendo-se das pessoas... 
Na nossa Europa já há sinais do que afirmo... E estou com muita curiosidade em saber o que acontecerá nas próximas eleições na França e na Alemanha, dois países que têm servido de barómetro na comunidade europeia. Digo isto porque o exemplo dos Estados Unidos vai refletir-se em todos os quadrantes. Com a vitória de Trump, o mundo ficará diferente. Estarei enganado? Oxalá.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O prazer da pesca na ria


É notório que não falta quem goste de pescar na ria, mesmo no centro, para saborear a maresia que invade todos os poros. Tempo livre bem aproveitado. E se as águas estão calmas e o sol brilha, então aproveitam-se todas as hipóteses de pescar pelo prazer de pescar, contemplando a natureza com toda a sua pureza. 
Paciência bem à prova como desafio permanente. Pica não pica, mais isco sobre isco e de quando em vez lá vem um robalo, grande ou pequeno, tanto faz, Nem tempo há para conversas. É preciso aproveitar a maré.

O Encontro

Crónica de Maria Donzília Almeida


Ser órfão! 

Não ter na vida aquilo que todos têm! 
É como a ave sem ninho... 
É qual semente perdida que, 
ao voltar do seu eirado, 
o lavrador descuidado 
deixou tombar no caminho.

Guerra Junqueiro

Estava de saída, num restaurante local, onde paro de vez em quando para satisfazer as necessidades do corpo e ao mesmo tempo apreciar a gastronomia das Gafanhas. 
Como é comum, no meu percurso docente, eu ter lecionado a meia Gafanha, inteirava-me da situação escolar do filho dos donos, meu ex-aluno. Qualquer professor gosta de saber a evolução dos seus alunos, quando são lançados no vasto mundo. 
Aquele, um native speaker, ia bem no prosseguimento de estudos. Fora uma criança dócil, para quem o cumprimento de regras não constituiu qualquer dificuldade. 
Quando me dirigia para a porta, fui intercetada de forma desabrida, por um adolescente, que me pespegou dois beijos na cara e continuou a cirandar ali, à minha volta. 
Estava naquele momento a frequentar um curso com a componente prática, numa empresa local – informou ele, com despacho. 
A imagem que guardo do T. é a de uma criança que a vida atirou para o mundo, sem um berço para o acolher. Andara ao sabor da maré, que nem sempre fora a seu favor. Denotava um abandono profundo no que toca aos laços afetivos que lhe haveriam de estruturar a personalidade. Essa carência fez dele uma criança instável, irrequieta e com poucas perspetivas de futuro. Causava dó! Qualquer migalha de afeto, que lhe dessem, era para ele sustento. Migalhas é pão…diz o refrão popular.

Dia da Mudança — 12 de novembro

 Apresentação da nova fase 
da cultura no Município


Centro Cultural da Gafanha da Nazaré
«Falta menos de uma semana. Os centros culturais do concelho de Ílhavo vêm abaixo. No seu lugar, erguer-se-ão quatro novos espaços, diferentes entre si, todos unidos no mesmo espírito: o da mudança. Ílhavo, Vista Alegre, Gafanha da Nazaré e Costa Nova, palcos de uma nova abordagem à cultura que irá muito além das paredes dos edifícios que contemplamos.
O convite é para todos e as novidades são muitas, por isso temos o dia todo. No dia 12 de novembro, o programa arranca às 11 da manhã, prolonga-se por toda a tarde e só termina depois das badaladas que assinalarão o dia 13. Gratuito, com transportes, também gratuitos, assim como regulares, a ligar os quatro espaços culturais, em 37 quilómetros de surpresas e expetativas partilhadas.
Com cinco momentos distintos que passam pela arquitetura, pelo teatro e pela música, o programa começa por “Olhar por dentro” dos edifícios culturais, cujas construções vão desde a época industrial à contemporânea. Nas primeiras horas do dia da mudança, entre as 11 e as 14 horas, olham-se os pormenores, sabe-se o que distingue cada espaço e motivou o arquiteto que o pensou. Na viagem, olham-se algumas das casas que tornam ainda mais emblemáticas as paisagens do concelho.
Às 16 horas, o encontro é no Teatro da Vista Alegre, onde o Departamento de Comunicação e Arte (DeCA) da Universidade de Aveiro apresenta um concerto com alguns dos seus grupos de formação, espetáculo que marca a nova parceria entre o novo projeto cultural de Ílhavo e a Universidade de Aveiro.»

Fonte: CMI

NOTA: Quero convictamente apostar em projetos novos ou renovados, desde que, pelas suas programações, se dirijam às pessoas, nas suas diversidades culturais e sociais. Importa, paralelamente, sensibilizar os munícipes para que participem nas várias iniciativas que venham a ser implementadas pelas autarquias e não só. 

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