sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Dar testemunho em nome de Jesus

Reflexão de Georgino Rocha 

Jesus aproveita um comentário que ouve na esplanada do Templo, em Jerusalém, para abrir a “ponta do véu” sobre as realidades últimas, o sentido da história, o alcance das transformações em curso, os germes do mundo novo a surgir. E sobretudo sobre a atitude dos discípulos face a esses sinais dos tempos, que suscitam perplexidade e exigem atenção e discernimento. Recorre a uma linguagem profética típica de quem fala para iniciados a fim de lhes revelar verdades consoladoras e de os exortar a não perderem a oportunidade de marcar a diferença em relação a quem vive “distraído”.
Exemplo desta atitude é dado pelo Cardeal Parolin, após a eleição do novo presidente dos Estados Unidos da América, ao expressar o voto de que de que Deus o ilumine e o ampare no serviço à pátria e ao bem-estar e à paz no mundo. “Acredito que hoje exista a necessidade de todos trabalharem para mudar a situação mundial, que é uma situação de grave dilaceração, de grave conflito”.
E o secretário de Estado do Vaticano, já havia dito: “Creio que, antes de tudo, tomamos conhecimento com respeito da vontade expressa pelo povo estadunidense neste exercício de democracia que, soube, foi caracterizado também por uma grande afluência às urnas”. Exemplo que revela a sabedoria e a prudência, fruto de contínuo discernimento.

A conversa ia discorrendo sobre a grandiosidade do Templo, sua bela construção e conservação, sua riqueza e importância. O grupo estava deveras admirado. E com razão. Era a glória dos judeus, o centro do culto oficial, a “sede” da economia e do poder religioso. Jesus intervém com palavras “duras”, prevendo a ruína completa. “Não ficará pedra sobre pedra”, diz-lhes. De facto, assim acontece. Hoje, resta apenas um muro – o das lamentações – onde se fazem orações de saudade e súplica, na expectativa de “melhores dias”. Fica perto das célebres mesquitas muçulmanas, grandiosas e belas.
A destruição do Templo ocorre na sequência da tomada da cidade pelas tropas romanas, por volta do ano 70 da nossa era, comandadas pelo General Tito. Os ouvintes ficam perplexos e querem saber pormenores: datas e sinais. E Jesus lança o horizonte da conversa para novas dimensões, para o “fim dos tempos” que só Deus conhece. Entretanto, muitas surpresas hão-de surgir: guerras e revoltas, grandes terramotos, fomes e epidemias, perseguições de morte. Como hoje infelizmente. O cenário parece que, em certas partes do mundo, se agravou. E noutras tornou-se mais sibilino, discreto, mas triturante. Um tufão ideológico agita a natureza e a cultura e outros alicerces das sociedades ocidentais. Oxalá, prepare o “terreno” para um outro mundo que é possível, como se pode verificar no curso da história e se anuncia na conversa da esplanada.
Perante o que acontece actualmente, pergunta o Papa Francisco: “Que passa no mundo de hoje que, quando se produz a bancarrota de um banco, imediatamente aparecem somas escandalosas para salvá-lo, mas quando se produz esta bancarrota da humanidade não há nem uma milésima parte para salvar a estes irmãos que tanto sofrem? E assim o Mediterrâneo se converteu num cemitério, e não somente o Mediterrâneo...tantos cemitérios junto aos muros, muros manchados de sangue inocente”. Denúncia que se pode estender a tantos outros campos.

“Assim tereis ocasião de dar testemunho”, afirma Jesus que destaca a confiança, a paciência e a perseverança, como alicerces desta atitude, e deixa a garantia da sua presença solícita em todas as ocasiões. “Nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá”.
Que garantia reconfortante! E que proximidade no acompanhamento! A expressão é muito bela e carinhosa. Para quem tinha ideias de um Deus majestoso, adorado só no Templo, com ritos e orações oficiais, que impacto deve ter sentido com esta revelação de Jesus. É o Deus do quotidiano, dos cuidados da vida, dos afazeres familiares. É o Deus do bom relacionamento entre as pessoas, da convivência sadia, da cooperação de todos na construção de uma bela humanidade, o novo templo de Deus.

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