Mete-se pelos olhos dentro uma espécie de desencanto depressivo que se difunde e contagia. Copiam-se e colam-se textos e declarações de tempos idos mais próximos ou remotos que repetem até à exaustão esta fatalidade de ser português neste oeste da Europa. E sobem as comparações, raramente documentadas, com a excelência do "lá fora" para se impor a conclusão de que estamos encurralados na nossa mediocridade sem honra nem remissão. À porta do desespero. Ingovernáveis na violência, na insegurança, no desemprego, nas crises sucessivas de autoridade e autoridades que parecem conduzir-nos na justiça, saúde e educação a uma proximidade do abismo que brada por um qualquer messias, como já noutros tempos aconteceu.
Já era alegria, na romagem para Jerusalém, avistar a cidade santa. Tal como o horizonte da Terra Prometida animava o povo na sua caminhada árdua e aparentemente inglória.
O actual Papa ao propor-nos a Esperança como o grande horizonte para além dos horizontes, certeza para além das hipóteses, plenitude para lá das nossas estreitas métricas, dá-nos a chave para o entendimento da história e o ímpeto para prosseguirmos viagem. Sem esquecermos que a esperança também somos nós. Que a fazemos, alimentamos, muito para além de sentimentos ou pressentimentos ocasionais. Na certeza do nunca alcançável em pleno enquanto andarmos por cá.
Por isso se precisa mais de quem aponte caminhos e semeie a esperança do que de profetas azedos que se divertem na sua literatura de cordel semeando crispações e proclamando liberdades à sua medida.
Os cristãos são chamados a uma leitura serena e sábia da história, mas também à miragem da ressurreição em todas as mortes que vão acontecendo. Nada adianta ficar a chorar junto à pedra do túmulo. Importa rolá-la para entender que a ressurreição acontece em todo o processo redentor.
António Rego
Já era alegria, na romagem para Jerusalém, avistar a cidade santa. Tal como o horizonte da Terra Prometida animava o povo na sua caminhada árdua e aparentemente inglória.
O actual Papa ao propor-nos a Esperança como o grande horizonte para além dos horizontes, certeza para além das hipóteses, plenitude para lá das nossas estreitas métricas, dá-nos a chave para o entendimento da história e o ímpeto para prosseguirmos viagem. Sem esquecermos que a esperança também somos nós. Que a fazemos, alimentamos, muito para além de sentimentos ou pressentimentos ocasionais. Na certeza do nunca alcançável em pleno enquanto andarmos por cá.
Por isso se precisa mais de quem aponte caminhos e semeie a esperança do que de profetas azedos que se divertem na sua literatura de cordel semeando crispações e proclamando liberdades à sua medida.
Os cristãos são chamados a uma leitura serena e sábia da história, mas também à miragem da ressurreição em todas as mortes que vão acontecendo. Nada adianta ficar a chorar junto à pedra do túmulo. Importa rolá-la para entender que a ressurreição acontece em todo o processo redentor.
António Rego