A bondade de coração
1. As encruzilhadas do passado séc. XX fizeram chegar até nós ecos de gente cuja bondade permitiu a redescoberta da esperança em caminhos tão tortuosos. Aqueles que, colocando as armas de lado, foram obreiros das “revoluções pela não-violência” deixaram atrás de rastos de luminosidade que, enquanto houver memória humana, hão-de perdurar no que de melhor a humanidade é capaz. É que diante das guerras e intolerâncias responder com as “armas” da paz é atitude que só pode provir de corações grandes, daqueles que sabem que podem perder uma ou outra “batalha” (das coisas) mas na certeza de que ganham definitivamente a “guerra” (dos valores de consciência com futuro). Podemos, entre tantos outros, lembrar os emblemáticos Luther King e Mahatma Gandhi nas suas lutas pela dignidade humana em que não responderam com as mesmas moedas de que foram vítimas.
2. A crispação de algum do inseguro tempo presente está a fazer vir ao de cima a antiga “lei de talião”, quando na menoridade existencial e social, se respondia “olho por olho, dente por dente”. Uma verificada intolerância (e mesmo o seu ridicularizar) para com as legítimas e dignas diferenças, ou um autismo superficial de poderes que cega a compreensão da complexa realidade, estão a proliferar como cogumelos. Tudo quase que numa resposta “taco a taco” como se, definitivamente, uma certa bondade humana estivesse já fora da validade. No plano da constatação, há dias no parlamento, alguém de opinião diária em grande órgão de comunicação manifestava a profunda tristeza com as actuais formas de “fazer política” (espelhadas no debate entre Sócrates e Portas); dos dois lados da intriga, uma “guerra” demonstrativa de como vamos andando… Todos falam do interesse nacional, mas a preferência prática continua na quezília...
3. Talvez fosse interessante e importante o conhecer, estudar, reconhecer e compreender mais e melhor a vida daqueles que nos precederam da vida e que foram abrindo caminhos de dignidade humana e de coesão social. Esses foram criadores de “pontes” com os tijolos que outros antes haviam usado para erguer os “muros” da divisão. Se não cuidarmos deste património essencial da humanidade, apre(e)ndendo da grandeza e da bondade generosa desses profetas, sem darmos por isso, podemos ir desumanizando a vida e as relações… Em muito das nossas sociedades, a montante, já quase custa a compreender que terão de existir valores e princípios inalienáveis; mas, simultaneamente, diante de todas as inseguranças, a jusante, reclama-se a criminalização de quase tudo o que for o passar da fronteira. À crispação e à desagregação terá de se responder com a bondade, o mesmo é dizer, com “sabedoria”. Esta, que é sempre o futuro, não segue os números ou as fórmulas pois “persegue” a pessoa toda e tudo o que existe, mesmo sem ver.
Alexandre Cruz
1. As encruzilhadas do passado séc. XX fizeram chegar até nós ecos de gente cuja bondade permitiu a redescoberta da esperança em caminhos tão tortuosos. Aqueles que, colocando as armas de lado, foram obreiros das “revoluções pela não-violência” deixaram atrás de rastos de luminosidade que, enquanto houver memória humana, hão-de perdurar no que de melhor a humanidade é capaz. É que diante das guerras e intolerâncias responder com as “armas” da paz é atitude que só pode provir de corações grandes, daqueles que sabem que podem perder uma ou outra “batalha” (das coisas) mas na certeza de que ganham definitivamente a “guerra” (dos valores de consciência com futuro). Podemos, entre tantos outros, lembrar os emblemáticos Luther King e Mahatma Gandhi nas suas lutas pela dignidade humana em que não responderam com as mesmas moedas de que foram vítimas.
2. A crispação de algum do inseguro tempo presente está a fazer vir ao de cima a antiga “lei de talião”, quando na menoridade existencial e social, se respondia “olho por olho, dente por dente”. Uma verificada intolerância (e mesmo o seu ridicularizar) para com as legítimas e dignas diferenças, ou um autismo superficial de poderes que cega a compreensão da complexa realidade, estão a proliferar como cogumelos. Tudo quase que numa resposta “taco a taco” como se, definitivamente, uma certa bondade humana estivesse já fora da validade. No plano da constatação, há dias no parlamento, alguém de opinião diária em grande órgão de comunicação manifestava a profunda tristeza com as actuais formas de “fazer política” (espelhadas no debate entre Sócrates e Portas); dos dois lados da intriga, uma “guerra” demonstrativa de como vamos andando… Todos falam do interesse nacional, mas a preferência prática continua na quezília...
3. Talvez fosse interessante e importante o conhecer, estudar, reconhecer e compreender mais e melhor a vida daqueles que nos precederam da vida e que foram abrindo caminhos de dignidade humana e de coesão social. Esses foram criadores de “pontes” com os tijolos que outros antes haviam usado para erguer os “muros” da divisão. Se não cuidarmos deste património essencial da humanidade, apre(e)ndendo da grandeza e da bondade generosa desses profetas, sem darmos por isso, podemos ir desumanizando a vida e as relações… Em muito das nossas sociedades, a montante, já quase custa a compreender que terão de existir valores e princípios inalienáveis; mas, simultaneamente, diante de todas as inseguranças, a jusante, reclama-se a criminalização de quase tudo o que for o passar da fronteira. À crispação e à desagregação terá de se responder com a bondade, o mesmo é dizer, com “sabedoria”. Esta, que é sempre o futuro, não segue os números ou as fórmulas pois “persegue” a pessoa toda e tudo o que existe, mesmo sem ver.
Alexandre Cruz