quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Câmara de Ílhavo atribui Bolsas de Estudo


Aconteceu no dia 25 de Janeiro, mas só hoje li a notícia da atribuição de Bolsas de Estudo pela Câmara Municipal de Ílhavo a estudantes do concelho.
Na presente edição foram atribuídas a jovens estudantes residentes no Município de Ílhavo 24 Bolsas (8 novas e 16 renovações), com um valor mensal que varia entre os 51,13 e os 102,25 Euros, consoante se trate do Ensino Secundário ou Superior, implicando um investimento municipal de cerca de 20.000 Euros.
Ao saber desta iniciativa da CMI, não posso deixar de sublinhar a atribuição das Bolsas de Estudo, à semelhança do que já aconteceu nos anos anteriores. Sinto que este é bom exemplo de apoio a quem terá dificuldades para prosseguir estudos. Mas é mais: é um estímulo para quem quer estudar e não tem grandes possibilidades para o fazer.

Medo, desconfiança e alegria de viver



Caem-nos cada dia no computador mensagens de pessoas amigas, com pedido de que enviemos a outras, a prevenir contra a aceitação de chamadas telefónicas de certo teor, que podem levar os incautos à sua própria ruína. O mesmo acontece em relação ao correio electrónico, infestado por interesses injustos e malévolos, de dentro e de fora, que, anunciando maravilhas escondem desgraças. Entra-se assim no que é nosso, neste mundo aberto e de todos como é o da comunicação, com intuitos de destruir ou de a outros beneficiar, pouco ou nada podendo nós fazer pata impedir, contrariar ou responsabilizar outrem pelos prejuízos sofridos.
Viver pressupõe e exige um clima de confiança, de serenidade, de paz, dentro de nós e à nossa volta. Tudo o que perturba, sem que se lhe veja a ponta, incomoda, desestabiliza, cria fantasmas, multiplica desconfianças.
Há quem goste de navegar nas águas do “quanto pior, melhor” e quem aprecie muito a política da terra queimada, que também nisso vão os seus interesses.Sempre que para uns a vida entusiasma menos, para outros ela torna-se espaço apetecível para um trabalho, onde a luz só incomoda.
Porque procuram as pessoas sem escrúpulos, que por aí vão abundando, os idosos indefesos e a viver sós, para poderem assaltar, roubar e, muitas vezes, ferir e até matar, não levando deles mais que o seu modesto pé-de-meia, bem poupado à custa de sacrifícios dispensáveis, mas na expectativa de momentos mais aflitivos? Gente como esta é sempre fácil de enganar com promessas que fazem sonhar em dias melhores. Onde se juntam os abutres? Onde há morte. A vida, com a dor e o peso que lhe tiram o sentido e a alegria de viver, já é morte.
A solução não está na abundância de polícias, porque, num contexto que se generaliza, a sua presença será mais dissuasora que correctora. Está numa séria educação de base e no apoio claro a todos os educadores, na protecção à família, primeiro e mais determinante espaço humanizador, na eliminação corajosa dos focos de contaminação, na luta contra as desigualdades sociais provocadoras e irritantes, na aceitação pública de todos, pessoas e instituições, que defendem, propõem e testemunham valores morais e religiosos que ajudam a subir os horizontes e fortalecer as vontades, na procura nunca abandonada de meios que favoreçam a paz, a segurança, a reconciliação e a confiança mútua, bem como a correcção exemplar dos prevaricadores.
Andam muitos responsáveis políticos ocupados e afadigados com os aspectos económicos e financeiros do país e com a imagem do mesmo para o exterior. Nada disso é de somenos importância. Porém, a riqueza de um país são as pessoas e a cultura que lhes deu e dá referências enraizadas, capazes de transmitir sentido à vida, participação de todos no que a todos diz respeito, capacidade de relação e convivência com todos, mesmo que sejam de outras culturas e raças e agora coabitam connosco.
Destruída a cultura que nos ajudou e ajuda a ser o que somos, nada resultará e não ficarão senão frutos espúrios, vazios de bem e perturbadores da paz e da harmonia que não dispensamos, e gente incaracterística a que os nossos valores de sempre nada dizem.
Tem-se brincado de mais com as nossas raízes, como se fossem bens e coisas de somenos. Os resultados vão-se sentindo, num país que parece alguns terem optado por ser mais babilónia que espaço lavado e despoluído de uma sã convivência plural.


António Marcelino

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Na Linha Da Utopia


Mahatma Gandhi

1. Há sessenta anos, a 30 de Janeiro de 1948 (o ano da Declaração Universal dos Direitos Humanos: 10 de Dez.), em Nova Deli, Mahatma Gandhi, líder político e espiritual do movimento de independência da Índia, era assassinado por um extremista hindu. Esse extremista não aceitava os seus ideais simples de tolerância para com todos, valores pacíficos estes enraizados na crença tradicional hindu da “verdade” e da “não-violência”. A vida de Gandhi, assinalando um passo histórico da revolução pela paz, influenciou outros líderes na luta democrática e anti-racista de algumas nações, entre os quais Martin Luther Kinh (EUA) e Nélson Mandela (África do Sul).
2. É importante que não se perca a memória daqueles cuja vida foi doada generosamente por ideais que hoje são benefício de todos. Nos tempos da actualidade em que o “mundo é plano” (estamos em “ligação directa” comunicacional) e em que se proclama “o fim da distância” (o tempo on-line faz-nos ser sempre presentes), cumpre-nos apreciar esses valores universalistas, persistentes e resistentes, princípios representados por pessoas que foram edificando as sociedades democráticas na base da dignidade humana. Gandhi dá a vida por essa libertação não no alicerce da força mas da sabedoria. Talvez aqui esteja um valor essencial a preservar e actualizar em cada tempo e lugar.
3. Sobre Gandhi referiu o cientista Einstein que «as gerações por vir terão dificuldade em acreditar que um homem como este realmente existiu e caminhou sobre a Terra». Tal a força e intensidade da mensagem e, também, tal a abertura de espírito honesta intelectualmente do cientista que sabe reconhecer os lugares históricos e sociais da libertação e aperfeiçoamento do todo da humanidade. Tendo sido nomeado cinco vezes para o Nobel da Paz (entre 1937 e 1948) e não tendo recebido este símbolo de reconhecimento universal, o comité algumas décadas depois reconheceria a falta cometida. Na atribuição Nobel ao Dalai Lama em 1989 viria a prestar o tributo reconhecido a Gandhi pela sua dádiva de vida.
4. Entre tantos daqueles pensamentos e chavões que ficaram gravados para a história, talvez possamos destacar: "Nós devemos ser a revolução que queremos ver no mundo". Faz-nos pensar e consciencializar que a transformação que se deseja para mundo terá de começar nas mais pequenas coisas da vida de todos os dias. Pensamento global, acção local. Tão simples e sempre tão complexo!...

Alexandre Cruz

Dias Positivos


Ali ao lado

Dizem que a identidade portuguesa afirmou-se em oposição a Castela. E que de lá, nem bons ares, nem bons maridos ou esposas, a julgar pelo ditado. Mas saber o que se passa no país vizinho ajuda a entender o nosso, muito mais do que o que se passa na França, que durante séculos foi o ideal dos intelectuais lusos, ou na cultura de língua inglesa.
E nada melhor para saber o que se de passa para lá de Vilar Formoso do que ler jornais espanhóis, coisa que faço a um ritmo semanal, para ver se os ares mudam.
Ora, por estes dias, em vésperas de eleições legislativas, o tema do aborto anda na rua. Muito pouco, a julgar pelos manifestantes que apareceram nas rua de Madrid e Barcelona, no dia 23 de Janeiro, mas o suficiente para um jornal português atribuir à notícia uma página, enquanto atribuíra apenas umas linhas à manifestação de 2 milhões de pessoas, em Madrid, a favor da família. No jornal espanhol que leio à quinta-feira, escrevia-se: “Fracaso de la movilización apoyada por el PSOE a favor del «aborto libre y gratuito»”. O jornal português parece que viu o que não viram os espanhóis.
Já que falamos deste tema, quando se aproxima o primeiro aniversário do referendo, refira-se que em Espanha a imprensa mostrou que há clínicas a fazerem abortos de fetos de sete meses...
Convém estarmos atentos à Espanha. Os países pequenos andam sempre a reboque dos vizinhos grandes.
J.P.F.
Fonte: Correio do Vouga

HORA DA SAUDADE

Navio-museu Santo André. Quando lá vou ou o vejo, tantas recordações me saltam na memória


HORA DA SAUDADE

“Hora da Saudade” era um programa da Emissora Nacional, destinado a emitir mensagens para os bacalhoeiros portugueses, que se encontravam nos mares da Terra Nova e da Gronelândia. Na Gafanha da Nazaré, as emissões eram à noite e saíam do Cine-Teatro Triunfo, localizado na Cale da Vila, na Rua D. Manuel Trindade Salgueiro, na esquina com a Rua D. Fernando.
Um dia destes, ao manusear O ILHAVENSE, de 10 de Setembro de 1953, encontrei a notícia que transcrevo, em jeito de recordação. Era eu, em nome da família, que participava na “Hora da Saudade”, lendo a mensagem previamente escrita e dirigida a meu pai, que foi contramestre do arrastão Santo André, um dos campeões do mundo da pesca do fiel amigo. Recordo, com que saudade, esses momentos comoventes que por vezes me bloqueavam, tremendo na leitura. Como acontecia a tantos outros familiares dos bravos lobos-do-mar. Algumas esposas e mães, ora alegres e esfusiantes, ora tristes e mais comedidas, lá iam lendo com desenvoltura ou soletrando com dificuldade as mensagens, que o locutor anunciava, pausadamente. No meu caso, era assim: “Para Armando Lourenço Martins, tripulante do navio (...), vai falar seu filho Fernando.”
Eu lia, então, e quando terminava saía feliz. O meu pai, longe, muito longe, bem avisado, como todos, tinha ouvido a minha voz e escutado e gravado na sua alma a mensagem da família.
Aqui fica a notícia que li no jornal O ILHAVENSE:

Hora da Saudade

Sob a presidência do sr. Capitão do Porto de Aveiro, comandante Carlos Pinto Basto Carreira, realizou-se em Ílhavo, no dia 30 de Agosto e na Gafanha da Nazaré, no dia 6 do corrente [Setembro], pela 2.ª vez este ano [1953], a “Hora da Saudade” dedicada aos pescadores do bacalhau, sendo lidas muitas mensagens por pessoas de família daqueles trabalhadores do mar.
Fernando Martins


Museu da Cidade: Objectos fazem história

A festa dos Ramos

Estátuas do Cortejo Cívico, 1939


Visita de D. Manuel II a Aveiro, 1908


Cerâmica Arte Nova, 1912



Olhar para o percurso de Aveiro

No Museu da Cidade, ali ao lado do Canal Central da Ria de Aveiro, está uma exposição interessante. À disposição dos visitantes está um conjunto de objectos que fazem história. Desde tempos longínquos até ao presente. Com perspectivas de futuro. Os objectos que ali se encontram mostram, à saciedade, que foram concebidos e feitos para poderem chegar até nós. E lá estão alguns. Garantindo a nossa identidade.
Aconselho uma análise ao painel cronológico da vida da região de Aveiro. Lendo as datas e o que a elas está associado ficaremos a saber mais alguma coisa. Aqui indico algumas:

- IV milénio antes de Cristo: Sítio arqueológico da Agra do Crasto;

Depois de Cristo:

- Séc. VI/VII - Forno de Eixo;

- 959 – Testamento da condessa Mumadona Dias ao Mosteiro de Guimarães, referindo terras e salinas;

- 1472 –Princesa Joana entra no Mosteiro de Jesus;

-1759, 25 de Julho – D. José eleva Aveiro a cidade;

- 1774 – Criação da Diocese de Aveiro;

-1864 – Linha Férrea e Estação de Aveiro;

- 1882 – Extinção da Diocese de Aveiro;

1959 – Festas do Milenário e do Bicentenário da elevação a cidade.

Nota: Há muitas outras datas, naturalmente.

Crescer na Caridade



“... a Quaresma convida-nos a «treinar-nos» espi-ritualmente, nomeadamente através da prática da esmola, para crescermos na caridade e nos pobres reconhecermos o próprio Cristo.”


Bento XVI, na sua Mensagem para a Quaresma


Nota: Permitam-me, os meus amigos, que sugira a leitura da Mensagem do Papa para a Quaresma que se avizinha. Sejam crentes ou não. A Mensagem de Bento XVI incide sobre a importância da caridade. Muitos, ao falarem da caridade, associam-lhe um tom depreciativo e até referem, com ar trocista, "caridadezinha". Dizem os políticos que o mais importante é a justiça a todos os níveis. É verdade que a justiça é importante, mas também é verdade que justiça e caridade não podem existir de costas voltadas uma para a outra. São, digo eu, complementares. Uma não exclui a outra.
Uma coisa, porém, acho que devo sublinhar: quando falta a justiça, a caridade aí tem um lugar especial para se manifestar. Quem há por aí que não tenha sentido já a caridade, sobretudo neste mundo de injustiças?

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