segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

UM ARTIGO DE ALEXANDRE CRUZ

Depois da festa,
vamos à Vida!
1. As festas de Natal e Ano Novo são sempre oportunidades (únicas) de encontros e reencontros onde os sentimentos de esperança diante de um novo ano redobram a capacidade da superação dos obstáculos permanentes. Não faltam tempos e lugares (e no fundo todos o são) onde a paz do Natal e o brilho expectante do Ano Novo terão de ser a “esperança em exercício” na construção de uma “Humanidade mais humana”. (No uso da liberdade pluralista e que é nossa convicção partilhada dizemos Natal, no seu sentido sempre novo, caloroso e aconchegante mais original, não dizemos só “Boas Festas”…) Essa Humanidade sonhada, também entre nós, onde as pessoas não serão números e os números económicos não serão tudo, nem serão os computadores que decidem o que “abre” ou o que “fecha” mas sim as pessoas na sua realidade pessoal e comum (não virtual), e em que o equilíbrio social entre ricos e pobres, litoral e interior de Portugal, seja um ideal constante, essa Humanidade (humana) continua a ser o sonho que procuramos. Até na luta pelo pão de cada dia! Uma das notícias nacionais da entrada em 2007 era que o “pão sobe 20%”; até o pão?! Que abismo de distância entre as (simpáticas e economicistas) mensagens políticas de Natal e Ano Novo e a realidade social do Portugal profundo? Não será possível um maior realismo que capte o estímulo à esperança dos mínimos para todos? O discurso cai ao lado, o saco (do pão) está roto! Fazem-se campanhas periódicas de recolha de alimentos, de quando em quando vêm os números dramáticos da pobreza em Portugal, que se agrava no interior… sabe-se que as fusões dos grandes grupos económicos quererão criar mais império para “alguns” deixando sabe-se lá como a multidão… Não, não ao menos não suba o pão!... Há gente que passa fome (por variadas circunstâncias todas as noites e dias de Natal)... 2. Alguns sinais dos tempos (perturbantes) continuam a marcar o exercício da nossa cidadania diária. Os tempos são de apreciável “liberdade”, mas esta cai se não está assente nos pilares da responsabilidade e dignidade humanas. Parece mesmo que na euforia emocionante somos dos melhores do mundo, que o digam as indústrias do telemóvel, o “investimento” no Euromilhões (que esbanja agora no Raly Dakar) ou as despesas da quadra natalícia que dariam para uma OTA (aeroporto). Entre tantas formas de formação humana sempre necessárias, uma delas será a educação para o consumo; sim, para mais em Portugal sabermos gerir a vida real, para melhor discernirmos os equilíbrios e as fronteiras entre o (saudável) bom senso e o (evitável) excesso. Talvez o equilíbrio das coisas possa ser medido pelo “depois”; há sempre um depois, e é nele que a verdade se apura (desde que haja tempo e vontade para reflectir); e “depois” das festas, o que fica mesmo para a vida como fruto de proximidade humana? Qual o “saldo” do essencial, dos motivos e valores do que festejámos? Tantas vezes excedemo-nos na emoção e, depois, torna-se-nos difícil o equilíbrio da razão das coisas e do ler a realidade do “dia seguinte”. Esse dia seguinte, se o anterior foi bem preparado e vivido, só pode ser de refrescada continuidade no caminho que constrói paz e harmonia entre todos. Eis a pergunte sempre difícil quanto essencial: de que valem as festas se não nos fizerem parar, pensar, (re)encontrar, para assim conduzirem mais esperança à vida diária? 3. A passagem de ano - para além do fogo de artifício - teve das piores fotografias que se poderia imaginar: uma corda ao pescoço de Sadam Hussein. Nessa corda mortífera, no filme de telemóvel da humilhação que agrava todos os ódios, estará o cair por terra da procura de estáveis caminhos democráticos. A morte de alguém, decretada por sistemas de justiça, acreditamos, nunca será caminho para a paz. A justiça – se o quer ser na grandeza da construção da democracia assente na dignidade da pessoa humana (é a única base de todo o futuro) – não pode “responder” com a mesma moeda de qualquer ditador. Todos os males cruéis e indignificantes que o ditador fez são ditadura; todo o ideal de um sistema de justiça em construção democrática não poderá nunca ser compatível com os mesmos usos mortíferos. Caiu a autoridade moral! Pena de morte (esta que continua a ser o sinal maior da degradação e incapacidade humanas), nunca! Só que: quem tem mesmo autoridade (parece cada vez mais que morre solteira) para defender a vida e não a morte? Como é possível vermos no Conselho de Segurança da ONU das nações que mais praticam a pena de morte nos seus sistemas de justiça? Foram inúmeras as vozes de países e organizações que se levantaram contra o crime da passagem de ano, ainda para mais filmado e exposto globalmente pelo vencedor do prémio TIME 2006 (o utilizador da Internet). 4. Desse “momento” de Sadam veio uma pergunta que nos fica para a história (pergunta como resposta à humilhação que lhe faziam): “É isto a Humanidade?” Esta pergunta volta-se para todos os lados, para ele e para o futuro das nações. Que todas organizações e países que se manifestaram (contra a morte) não esqueçam que há muitas mais vítimas e ideais de dignificação da Vida sempre a defender; dos que estão nesses tremendos “corredores” da morte aos que na solidão e sofrimento desesperam e pedem a eutanásia, das Vidas que são executadas (sem se poderem sequer defender) antes mesmo de verem a luz do dia aos que no mundo não têm pão e morrem de fome. Vamos, todos os dias de Vida!... Se se é contra a execução de Sadam então ter-se-á de ser contra todas as formas de morte. Que o ano novo traga absoluta coerência, para haver mesmo HUMANIDADE E VIDA!

ABORTO - 8

DEZ RAZÕES
CONTRA O ABORTO
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No Portal Evangélico, da Aliança Evangélica Portuguesa, li "Dez Razões" que justificam a sua posição contra o Aborto.
Elas aqui ficam, em síntese, mas vale a pena ler todo o texto, com as explicações sobre cada razão.
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1. O ABORTO É CONTRA A VIDA
2. O ABORTO É CONTRA A MULHER
3. O ABORTO É CONTRA O HOMEM
4. O ABORTO É CONTRA A CRIANÇA
5. O ABORTO É CONTRA A FAMÍLIA
6. O ABORTO É CONTRA A CONSCIÊNCIA
7. O ABORTO É CONTRA A DIGNIDADE HUMANA
8. O ABORTO É CONTRA O DIREITO À DIFERENÇA
9. O ABORTO É CONTRA A ÉTICA
10. O ABORTO É CONTRA DEUS
Para ler tudo,

DIA DA ALFABETIZAÇÃO

Renoir: Leitura
OFEREÇA HOJE UM LIVRO
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Se puder, ofereça hoje um livro. Se não puder, que a vida está muito cara e os livros não fogem à regra, fale aos seus familiares e amigos dos bons livros que tem lido, na esperança de que os venham a ler. O importante, no fim de contas, é contribuir para a erradicação do analfabetismo. Quando se fala de analfabetismo, logo as pessoas associam a ideia aos que não sabem ler. Mas não é correcto pensar assim. Há os analfabetos funcionais, que são os que, tendo aprendido a ler, não conseguem interpretar qualquer texto, por mais simples e acessível que ele seja. É a tal iliteracia… Eu penso que essa capacidade de interpretar o que se lê vem muito, ou essencialmente, da leitura e do esforço que ela exige para se compreender o que está escrito. Vem, pois, do treino. Quem lê muito, à partida, habitua-se a interpretar com mais facilidade. Pela minha experiência, acumulada durante a vida, vou percebendo que muita gente lê muito pouco. E lê muito pouco porque na realidade não tem tempo para isso. Com vidas cheias de tarefas profissionais, sociais, culturais e recreativas, entre outras, não será possível, realmente, encontrar uma horita por dia para ler bons livros. Quedam-se pelos jornais e revistas e não passam disso. Então, que os leitores de ocasião se comprometam hoje, Dia da Alfabetização, a ler com mais regularidade, optando por obras de qualidade. É que a leitura é mesmo uma extraordinária fonte de conhecimentos. F.M.

domingo, 7 de janeiro de 2007

ABORTO - 7

“SIM” ou “NÃO”?
Os partidários do “SIM” e do “NÃO” estão já preparados para a partida, na defesa das ideias em que acreditam. O referendo é já em Fevereiro e urge aproveitar o tempo para fazer passar as mensagens que se propõem fazer chegar ao povo português, pouco dado a este tipo de consultas. A abstenção adivinha-se, a não ser que os partidários das duas correntes em confronto descubram a arte de sensibilizar os eleitores para se deslocarem às mesas de voto. À partida, o povo português, que se diz católico, votará “NÃO”, porque é essa a posição da Igreja Católica. Nessa perspectiva, a cultura da vida tem de estar sempre no horizonte dos crentes, contra a cultura da morte que muitos teimam em proclamar. Em nome de direitos ou pseudodireitos, há quem aceite a ideia de pôr fim a um ser em formação e já com reflexos de quem sente e experimenta sensações, com garantias de ser pessoa daí a uns meses. Confesso que tenho muitas dificuldades em aceitar as teorias dos que defendem o aborto. Não por ser católico, simplesmente, mas por ter a convicção de que vidas são eliminadas por vontade das mães. Dos pais e dos seus direitos, curiosamente, ninguém fala. Os filhos serão só delas?
Gostaria que, como gente civilizada, todos soubessem expor com clareza, objectividade e elevação as suas propostas. É o mínimo que se pede. Mas já se ouvem por aí palavras de ordem e acusações sem sentido. O direito à opinião e à expressão livre do que se pensa deve ser respeitado.
Mas uma coisa é certa: se o "SIM" vencer, os católicos continuarão ligados à noção de que o aborto que agora se pretende despenalizar é um mal e, por isso, um pecado. Fernando Martins

UM ARTIGO DE ANSELMO BORGES, NO DN

Dois tipos de experiência
Nas sociedades tradicionais, uma das razões da valorização dos velhos estava em que eles eram os depositários da experiência acumulada. Nas nossas sociedades científico-técnicas, a experiência tem também um lugar determinante. Trata-se, porém, de duas perspectivas diversas, expressas, aliás, por dois termos diferentes, explícitos concretamente no inglês e no alemão, para traduzir a palavra portuguesa experiência: experiment e experience (inglês), Experiment e Erfahrung (alemão).
Os dois primeiros termos (experiment e Experiment) designam a experiência (experimentação) no sentido das ciências experimentais, empírico-matemáticas, predominante nas sociedades científico-técnicas.
Há, porém, um sentido diferente de experiência, expresso pelos termos experience e Erfahrung, e é aquele que se refere ao mundo dos valores e das significações propriamente humanas. Sem pôr de parte o sentido da experimentação científica, é este sentido que presentemente é necessário recuperar, para reencontrarmos uma dimensão essencial da existência. De facto, fascinados pelo domínio da experimentação objectivante, corremos o risco de esquecer o humano e até de destruí-lo.
Se se pretender captar o Homem exclusivamente segundo o paradigma das ciências positivas físico-naturais, o que resta é a sua redução a coisa, a simples objecto, pura peça de uma máquina gigantesca e anónima. Que lugar teriam então ainda a originalidade subjectiva e essas questões sempre vivas que tornam a nossa vida realmente humana e que têm a ver com o amor, a morte, a graça, o mistério, a alegria, o trágico, a transcendência, o sentido último?
Mesmo uma viagem semântica curta pela palavra experiência mostra-nos a impossibilidade da sua redução ao sentido positivo-científico.
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Lei mais em DN

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 2

AS “CRACKERS”
Caríssimo/a: São 3 horas da tarde, ou, p.m., como dizem. Aqui (na Escócia, em Aberdeen, conhecida por “the granite city” ou “the silver city” e que é considerada “the oil capital of Europe”) já é noite. Ali na carpete brincam o Daniel e a Sara, com o lego, construindo uma quinta. Recordam certamente a tia Susan que, em Gask, com Ian, seu marido, cria galinhas e pratica uma agricultura biológica. Lá estivemos, no Sábado anterior ao Natal, a cumprir um ritual: sempre que vem alguém de Portugal a primeira visita que faz é à tia Susan. Brindaram-nos com a refeição festiva da Escócia (a mesma que apreciaríamos, com ligeiras alterações, no dia de Natal e no Ano Novo). * De início, as “crackers”: imagina um rebuçado redondo aí com uns 30 centímetros de ponta a ponta. Cada pessoa tem direito à sua; constituídos os pares, cada um puxa do seu lado com toda a força que tiver, até se ouvir um estampido seco – TRECK –, é o papel rasgar-se; do cilindro sai um “toy”, uma “joke” e uma coroa de papel colorido que nos apressamos a colocar na cabeça. O “toy”, que traduzo por “brinquedeira”, tanto pode ser um corta-unhas como um sofisticado e minúsculo instrumento musical ou o último modelo de automóvel. A “joke”, anedota ou dito jocoso, é manifestação do fino humor britânico e a ilustrá-lo aí ficam duas que me saíram: “Q.-Why was the computer so tired? A.-Because it has a hard drive.” “Q.- Who is the most famous married woman in America? A. – Mrs. Sippi.” * Veio o salmão: uma delícia. Ao sermos confrontados com uma montanha de “beefdinner” – o prato já preparado e posto à nossa frente – com puré, carne picada, feijão verde, cenoura, … sei lá que mais, tivemos que reconhecer a nossa incapacidade para a trepar: andámos às voltas, pela base, e fomos subindo, libertando o interior. A sobremesa: “clootydumpling” e … “trifle”. Outros nomes, outros sabores. Ah, já me esquecia que, por deferência muito especial, bebemos vinho tinto do … Chile! * Seguiu-se a visita à quinta; a colheita dos ovos (dois) debaixo dos macios onde as galinhas fizeram a postura. Vieram então as palavras do Ian, enquanto dava a comida ao latagão do gato preto e renovava os grãos dos comedouros dos pássaros, e que ainda agora me ressoam nos ouvidos: - Aqui tudo é feliz! Veja, até o gato! * Bom dia de Reis. Manuel

sábado, 6 de janeiro de 2007

UM POEMA DE FERNANDO PESSOA

O INFANTE
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma, E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou, correndo, até ao fim do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo. Quem te sagrou criou-te português. Do mar e nós em ti nos deu sinal. Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal!

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In "Mensagem"

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