“SIM” ou “NÃO”?
Os partidários do “SIM” e do “NÃO” estão já preparados para a partida, na defesa das ideias em que acreditam. O referendo é já em Fevereiro e urge aproveitar o tempo para fazer passar as mensagens que se propõem fazer chegar ao povo português, pouco dado a este tipo de consultas. A abstenção adivinha-se, a não ser que os partidários das duas correntes em confronto descubram a arte de sensibilizar os eleitores para se deslocarem às mesas de voto.
À partida, o povo português, que se diz católico, votará “NÃO”, porque é essa a posição da Igreja Católica. Nessa perspectiva, a cultura da vida tem de estar sempre no horizonte dos crentes, contra a cultura da morte que muitos teimam em proclamar. Em nome de direitos ou pseudodireitos, há quem aceite a ideia de pôr fim a um ser em formação e já com reflexos de quem sente e experimenta sensações, com garantias de ser pessoa daí a uns meses.
Confesso que tenho muitas dificuldades em aceitar as teorias dos que defendem o aborto. Não por ser católico, simplesmente, mas por ter a convicção de que vidas são eliminadas por vontade das mães. Dos pais e dos seus direitos, curiosamente, ninguém fala. Os filhos serão só delas?
Gostaria que, como gente civilizada, todos soubessem expor com clareza, objectividade e elevação as suas propostas. É o mínimo que se pede. Mas já se ouvem por aí palavras de ordem e acusações sem sentido. O direito à opinião e à expressão livre do que se pensa deve ser respeitado.
Mas uma coisa é certa: se o "SIM" vencer, os católicos continuarão ligados à noção de que o aborto que agora se pretende despenalizar é um mal e, por isso, um pecado.
Fernando Martins