Educação sexual nas escolas
As notícias têm importância. Mas não podem ser, a partir da sua construção espectacular, o inspirador prioritário da reflexão sobre a vida, e ainda menos o guia privilegiado do comportamento social. No campo político, económico, social, religioso ou ético. Por outras palavras: um país não se pode conduzir a partir das caixas altas ou baixas que alimentam grande parte da comunicação social. Uma recente notícia, num semanário, tem gerado sucessivas polémicas e tomadas de posição sobre a educação sexual nas escolas. Nesse sentido tornou-se benéfica.
A educação sexual é uma questão séria e importante nas famílias. Em todas as famílias, seja qual for o seu credo ou referencial ético. Trata-se duma realidade vital de cada ser humano, com incidências graves no crescimento afectivo e na complexa teia de elementos ligados ao amadurecimento físico e psicológico das crianças e adolescentes.
A escola costuma apresentar-se como instrumento privilegiado de conhecimento, deixando às famílias o papel essencial de educação. Acentua, assim, o seu lugar supletivo e dá aos pais a primeira missão educativa. A Igreja antecipou-se, tanto na escola pública, como na privada, com a ousadia de uma aula de “educação” livre, dedicada a matérias de amadurecimento humano na perspectiva cristã. Sempre procurou distinguir as aulas de educação moral e religiosa, de catequese ou simples formação doutrinal. Muito mais tarde a sociedade acordou para a “educação cívica”.
A “educação sexual” nas escolas, como matéria transversal, ou seja, a passar pela intervenção aleatória de todos os professores, parece acarretar complexidades que se não resolvem com a simples necessidade de isso ser preferível à ignorância e, por consequência, mal menor. Sabe-se que, com este método, se tornam possíveis todos os métodos, mentalidades, ideologias e éticas sobre o comportamento humano. E não ficam isentos os conceitos e preconceitos, modas e oportunismos que se impõem por modelos-padrão, quantas vezes esvaziados de qualquer projecto.
Uma visão estreita e restritiva de qualquer “professor” improvisado na matéria, redundará na imposição da ideologia do mais fácil, que se traduz na licitude de todos os comportamentos desde que sejam resguardadas as consequências mais penosas. Estamos perante uma matéria em que os discursos técnicos ensinam menos que o acompanhamento próximo e discreto dos pais.
Educar, em matéria de sexualidade, não é um simples “matar tabus”, como por vezes se pensa. Implica acompanhamento personalizado sobre uma das pulsões mais sublimes e fortes do ser humano: a transmissão da vida e a plena comunhão afectiva. Trata-se dum gesto humano, primordial, que ultrapassa qualquer descrição puramente mecanicista. É o amor que está em jogo.