A Comissão dos Episcopados da UE (COMECE) lançou um apelo aos políticos e cidadãos da União, pedindo “discernimento” sobre a responsabilidade de todos pelo “não” nos referendos sobre o Tratado Constitucional em França e na Holanda.
Esta dupla rejeição do Tratado, em menos de uma semana, é considerada pelo secretário-geral da COMECE como “um voto com múltiplos efeitos”. D. Noël Treanor rejeita, contudo, que esses resultados impliquem “a rejeição absoluta do projecto europeu”.
O Tratado já foi ratificado pelos parlamentos da Áustria, Alemanha, Grécia, Hungria, Itália, Lituânia, Eslováquia, Eslovénia e Letónia, para além da Espanha, através de referendo.
Aquilo que a COMECE já tinha classificado como perda de entusiasmo dos seus povos “pela causa europeia e pela ideia de fraternidade entre todos” foi confirmado, porém, pelos resultados negativos em dois países fundadores da UE. D. Noël Treanor observa que a vitória do “não” na França e na Holanda “traduz verdadeiras inquietações no que diz respeito a problemas sociais, económicos e de segurança no seio dos Estados-membros”.
O secretário-geral da COMECE interroga-se sobre a capacidade real das políticas comunitárias para responder a essas inquietações e alerta para as consequências negativas de um “alargamento ilimitado” da UE. “Os temores dos cidadãos exigem coragem e respostas coerentes por parte dos responsáveis políticos, a nível nacional e europeu”, declara.
Este responsável admite que uma parte dos votos negativos se ficou a dever à falta de informação e a falhas de comunicação sobre os fins e conteúdos do Tratado Constitucional, sublinhando a necessidade de desenvolver “a transparência, a legitimidade e a participação no interior do sistema de governo”. “É preciso inventar novos modos de fazer conhecer as intenções do projecto europeu e as acções dos políticos europeus”, sugere.
Os resultados do referendo serão discutidos pela COMECE na próxima reunião do comité-executivo do organismo episcopal, que decorrerá entre 9 e 10 de Junho.
Fonte: ECCLESIA