sábado, 18 de abril de 2009

Para mim, VIVER É CRISTO

Acaba de me chegar às mãos o primeiro número, de uma série de oito, de para mim, VIVER É CRISTO. Trata-se de uma publicação de quatro páginas, da responsabilidade do Arciprestado de Ílhavo, para o Tempo Pascal, sobre São Paulo, precisamente por estarmos a viver o Ano Paulino, uma proposta do Papa Bento XVI. Esta publicação oferece uma catequese adaptada do Papa sobre o Apóstolo, entre outros escritos históricos, e ainda um texto do próprio Paulo, que se dirige "a todos os amados que estão nas paróquias do arciprestado de Ílhavo". Este pequeno jornal reflecte, sem dúvida, um exemplar trabalho pastoral de âmbito arciprestal, sendo uma boa aposta para, em família, todos caminharem na procura de São Paulo, tentando descobrir a sua leitura da Boa Nova de Jesus Cristo, adaptada aos tempos que correm. A distribuição, gratuita, é feita nas missas dominicais.

Crónica de um Professor…

Férias da Páscoa
Era a primeira aula do 3.º Período, logo após as férias da Páscoa. Vinha mesmo a talho de foice, o tema daquela unidade didáctica -Descrever acções no passado. Os alunos vinham ainda cheios daquela energia que se recupera e desenvolve nos períodos de interrupção lectiva. E… falar daquilo que tinham feito, nesses dias, seria para eles agradável e estimulante. A teacher aproveitava as vivências dos seus alunos, para servirem de motivação ao tema que ia tratar e também para lhes fazer crer que a aprendizagem duma língua estrangeira tem interesse e tem, na verdade, uma utilidade prática. A Pedagogia e a Didáctica, sempre de mãos dadas! Assim, inquiriu quais tinham sido as tarefas/actividades em que se tinham ocupado, durante esse período de tempo. Logo acudiram, em simultâneo, as mais díspares respostas, mas duma espontaneidade genuína. O Daniel levou uma fartura ao pai; O Miguel Ângelo foi à piscina e fartou-se de nadar; o Kevin foi à Feira de Março; o Luís foi ao hospital visitar uma tia doente; alguns não foram a lado nenhum e ficaram em casa, a saborear o aconchego do lar… a ver televisão, jogar no computador, ajudar as mães nos recados. Todo este vocabulário era um manancial precioso para a teacher, que queria ensinar-lhes o past dos verbos regulares e alguns irregulares. Sabia, pela sua larga experiência, que era um assunto árido para os discentes, que nunca acolhem muito bem as lições de gramática. Esta precisa de vestir-se de atractivas roupagens para se insinuar junto dos alunos. A teacher tinha ali, as “fantasias” com que mascarou a “intrusa”! Ir nadar, ir à Feira de Março, comer farturas e sobretudo folares, era de facto aliciante para os alunos quebrarem as barreiras da aprendizagem e falarem pelos cotovelos. A mestra dava-lhes a ajudinha de que precisavam e… foi vê-los contar com entusiasmo as suas aventuras das férias. Mas… havia ali o Coelho, não o da Páscoa, mas aquela bolinha de carne, em oposição às bolinhas de pêlo, forma ternurenta com que a teacher apelidara os seus homónimos... os coelhinhos! Aquela criaturinha, cara de lua cheia, roliço de carnes e com a impetuosidade do mar que banha a sua Costa Nova a correr-lhe nas veias, estava ali, impávido e sereno, a congeminar a sua contribuição para aquele relato de aventuras. A sua postura era de alergia à língua estrangeira; ainda não vislumbrara a vantagem, o interesse de aprender a falar outro linguajar, para um dia, num futuro próximo… vir a falar aos peixinhos, seguindo as pisadas dos progenitores! Será que estes não entenderiam a sua língua materna, aquela e única que no berço aprendera? Não, o “Caramelo”, aqui, sinónimo de Coelho, pela doçura que ambas as palavras evocam, não estava para aí virado... para falar Inglês! Mas... o Caramelo não quer dar parte de fraco, pensa e age sempre, deitando umas pitadas de humor nas suas tiradas. Assumindo um ar de superioridade adulta e dando às suas palavras um tom convincente, exclama: - Não vou estar aqui… a falar da minha vida privada!!! A teacher conteve, a custo, uma gargalhada espontânea… e a aula prosseguiu o seu ritmo normal, evocando, com nostalgia, as peripécias das Férias da Páscoa!
Mª Donzília Almeida 17.o4.09

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Cavaco duro como nunca para Governo e empresários

Na abertura do 4.º Congresso da Associação Cristã de Empresários e Gestores, o chefe de Estado apontou directamente o dedo ao Governo avisando que “seria um erro muito grave, verdadeiramente intolerável” que, “na ânsia de obter estatísticas económicas mais favoráveis e ocultar a realidade, se optasse por estratégias de combate à crise que ajudassem a perpetuar os desequilíbrios sociais já existentes”.

Artistas da Gafanha da Nazaré

Ultimamente, tenho dado conta da existência, na Gafanha da Nazaré, de inúmeros artistas, de várias áreas de expressão. Folgo com isso. E só me apetecia divulgá-los todos, muito embora me pareça bastante difícil a tarefa. Gente jovem, sobretudo. Não sei explicar a razão de ser desta tão preenchida rede de artistas, mas julgo que isso será fruto de gostos refinados que as novas tecnologias da comunicação suscitam em pessoas com novos gostos e apetites por altos horizontes. É bom verificar que a arte começa, agora mais do que nunca, a ocupar mais pessoas, de quaisquer idades, num desafio constante de inovadoras expressões, capazes de convencer os mais cépticos. Gosto disso. Convencido de que vou ter muito por onde escolher, aqui prometo que, dentro do viável, poderei oferecer aos meus visitantes alguns desses artistas. Para já, não tenciono referir nomes. Seria, certamente, uma injustiça para os que ficassem de fora. FM

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A insustentável leveza do Ter

1. Mesmo após o diagnóstico da situação actual mundial, sejam multiplicadas as análises dos “porquês” para bem se discernir os “para quês”. Sem dogmatismos mas sem descompromissos, e pese embora o facto incontornável da globalização em realização, será essencial que a procura de soluções venha acompanhada da devida reflexão sobre o lugar do Ter e do Ser nas sociedades actuais. A questão é ampla e grandiosa, mas nem por isso deve ficar por ser enfrentada. Os variados quadros de formação não poderão fechar-se num “quadrado” pois que as problemáticas são plurais e “redondas”, no sentido daquela globalização boa que se quer, com a presença contínua de valores que iluminem o Ser Humano e não meramente as quantificações que seduzem o Ter Humano.
2. Se se fala hoje tanto de sustentabilidade, noção atribuída às questões ambientais de um efectivo “desenvolvimento sustentável”, deve-se falar mais daqueles que estão por trás dessa possível sempre maior garantia de sustentabilidade. Há anos o escritor Milan Kundera (n. 1929) publicou o célebre romance «A insustentável leveza do Ser» (1984), história que se passa na cidade de Praga em 1968, argumento já traduzido para a máquina do cinema. Diante da conjuntura sociopolítica de então reflecte-se sobre o lugar do Ser, como expressão do sentir existencial, ao mesmo tempo forte e ao mesmo tempo frágil; mas o Ser que, caminhando nas coordenadas históricas, vence todas as limitações do tempo e do espaço, mesmo em regimes cegos.
3. Proponhamo-nos a uma rasgada reflexão sobre a clarividente e demonstrada insustentabilidade do Ter. Poder-se-á dizer que o Ocidente avançou mais pelos paradigmas do Ter e o Oriente conseguiu preservar o Ser das sabedorias culturais ancestrais. Nunca se poderá generalizar nada neste “caldo” de expressões humanas, elas que hoje se encontram (e surpreendem) umas às outras. Viajemos aos pilares (do Ser ou do Ter?) da construção! Alexandre Cruz

GAFANHA DA NAZARÉ: Cidade há oito anos

No próximo, dia 19 de Abril de 2009, assinala-se a passagem do 8º aniversário da elevação da Gafanha da Nazaré a cidade.
Como forma de marcar e comemorar essa data, a Câmara Municipal de Ílhavo, em conjugação com a Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, vai realizar um conjunto de acções dedicadas à cidade da Gafanha da Nazaré, com visitas e reuniões a que presidirá o Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, com o seguinte programa: 09.00 h – Hastear das Bandeiras, junto à Sede da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré; 09.30 h – Visita à Fundação Prior Sardo, na Casa da Remelha 10.00 h – Visita às obras da 3ª fase da Via de Cintura Portuária e da Ligação Ferroviária ao Porto de Aveiro 11.00 h – Missa de Acção de Graças, na Igreja Matriz da Gafanha da Nazaré 12.30 h – Almoço de Trabalho com Entidades e Dirigentes Associativos, no Navio Museu Santo André 15.30 h - Encerramento

Só Europa do leste tem crianças mais pobres que Portugal

O DN diz hoje que um "Estudo revelado ontem pelo Banco de Portugal revela que existiam, em 2006, 300 mil crianças pobres. O nosso país é também o quarto da Europa com maior percentagem de crianças carenciadas (24%), apenas é ultrapassado pelos países do Leste (Roménia, Lituânia e Polónia). Ministro do Trabalho admitiu que situação pode agravar-se com a actual crise." Isto é incrível, mas não há dúvidas. Para nossa vergonha!

Canonização de Nuno Álvares é uma festa de Portugal

A propósito da canonização do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, o Cardeal José Saraiva Martins, português e radicado no Vaticano, onde desempenhou até há pouco a responsabilidade da Congregação para a Causa dos Santos, concedeu uma entrevista à Ecclesia, que vale a pena ler.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

A CADA UM, CONFORME A SUA NECESSIDADE

Era assim entre os cristãos de Jerusalém. Os bens estão ao serviço das pessoas. O gosto legítimo de ter traz consigo o desejo de partilhar. A medida da distribuição é definida pelas necessidades e não pelas possibilidades. A atenção da comunidade centra-se nas pessoas individualizadas. A angariação de bens é fruto da consciência comum, da organização solidária, da funcionalidade da rede domiciliária. O exemplo destes cristãos fica como referência para todos os tempos. A economia da comunhão tem aqui uma das suas principais fontes de inspiração: Ter em comum para chegar a cada um. De forma adequada, sem subterfúgios de qualquer espécie. Com honestidade consciente e transparente. O lucro, também legítimo eticamente, faz parte de um todo social que privilegia a pessoa na sua integralidade. . Aquele modo de proceder manifesta que todos se reconhecem membros da mesma família humana, que todos se amem com amor de doação, que todos estão dispostos a tudo em benefício de cada um. Manifesta igualmente que ninguém pensa que a posse legítima dos bens é apenas pertença privada ou serve somente para uso pessoal, mas antes que todos se consideram depositários e administradores de bens destinados a todos. Os cristãos de Jerusalém adoptam este estilo de vida e de organização económica pela sua fé em Jesus ressuscitado. Se Jesus está vivo – e está, sem dúvida alguma -, os bens fazem parte do projecto de Deus e têm uma única finalidade: servir a dignidade do ser humano para que possa fazer desabrochar todas as suas capacidades e satisfazer todas as legítimas aspirações. A fé em Cristo Jesus recria, dotando-a de uma força nova, a ética económica, seja qual for o modelo predominante, e abre horizontes de superação consistente a todas as crises. A relação com os bens está revestida desta novidade. Os cristãos são coerentemente testemunhas qualificadas dessa originalidade. De contrário, fica “congelado” o alcance da ressurreição de Jesus Cristo e hipotecada a força da esperança pascal. Georgino Rocha
Bo, o cão d’água português adoptado pelo Presidente dos EUA, Barack Obama, e a sua família, foi ontem à noite oficialmente apresentado à comunicação social presente na Casa Branca.
Texto e foto do PÚBLICO de hoje

O regresso do Pai

1. Volta e meia, até para compreender alguma da casuística de deseducação actual, reaviva-se a abordagem sobre a questão da relação educativa, e nesta o procurar situar o enquadramento e o papel da autoridade. Quem não se recorda da pertinência da obra de Alain Renaut cuja designação era sintomática: O fim da autoridade (Piaget 2005), escrito em que se apresenta um diagnóstico muito lúcido sobre a grande crise transformadora que se instalou nas relações educativas em que modelos tradicionais não resistem às vanguardas modernas. Nem ao mar nem à serra! Mas o certo é que a palavra “autoridade”, viciada, continua a meter medo, este que deveria estar circunscrito às noções, sim, de autoriratismo… 2. Vem a talho de foice esta reflexão a propósito de mais uma obra destes dias que fala do “regresso do Pai”, como se desde as liberdades de Maio de 68 as sociedades ocidentais navegassem sem uma autoridade paterna que norteasse a ética do caminho a seguir. Metáfora à parte, todo este mecanismo da gestão das relações humanas e nestas das tarefas e responsabilidades de cada um no bem de todos não é missão menor, muito pelo contrário. É na informalidade diária que a autoridade situada se obriga a si mesma à maturidade da credibilidade. Os tempos que correm reclamam “regras” para conduzir o barco a bom porto, regras estas que mesmo numa certa ilusória igualitarização da sociedade ajuda a que cada um ocupe (não perdendo) o seu lugar. 3. Talvez neste campo as sociedades actuais estejam a pagar uma grande factura que se expande e se esvai como líquido que corre entre as mãos. Os medos do “dizer não” ou a ludicidade sorridente de tudo procurando gerar até ao limite a aceitação como se não fosse necessário algum esforço para aprender e crescer… foram, muitas vezes, promovendo pequenos super-homens que valorizam mais o individualismo vitorioso que a fraternidade… Não é incompatível o “regresso do Pai” com os valores criativos do indivíduo. É preciso! Alexandre Cruz

Bombeiros salvam imagem de Nossa Senhora

Os bombeiros salvaram a imagem de Nossa Senhora da igreja de Paganica. O templo está em risco de ruína devido ao sismo e às réplicas que ocorreram na região de Abruzzo, Itália.
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Aventuras de um boxer...

A maratona Às vezes, até lhe visto Um fato de bailarina! De brincar eu não desisto! P’ra mim, ele é uma “menina"! A minha dona está mesmo apanhada de todo! Pensa que tem o melhor cão do mundo, quando, afinal, eu sou apenas um simples canino, sem pretensões de vir a ser um pastor alemão! Não que não ambicionasse ter esse estatuto... mas também aqui se aplica a máxima dos humanos(!?): os cães não se medem aos palmos! Sou pequeno, mas tenho tudo no sítio, como diz um colega da minha dona, acerca duma teacherzinha jovem, pequenina mas muito bem feitinha! Eu, realmente, sou muito obediente e faço muitos mimos à minha dona, mas isso é recíproco, pois ela também me estraga com mimos, como lhe dizem os amigos dela, ciumentos!!! E as mordomias que ela me faz? Se eu dissesse como ela me trata, quereriam vir alojar-se cá em casa, todos os cãezinhos abandonados e desprotegidos dos seus donos cruéis. Ela tem um tal amor aos animais, que me cheira, e eu sou apurado de olfacto, que virá mais alguém dividir as atenções comigo. Não gosto lá muito da ideia, mas tenho que aceitar, com resignação de cão, que às vezes é francamente pequena, como eu! Tem-me em tão alta reputação, que se insurge com o Alegre Manel, quando ele afirma no seu recente livro que tem um amigo do peito, a quem chama “Cão como nós!” Que não, que não pode comparar os homens a nós cães, pois nem todos têm esse privilégio. Nós superamos os homens, em muitas qualidades, que não vou aqui enumerar, pois toda a gente sabe. Eu, ... é que não entendo isso lá muito bem, mas ouço a minha dona dizer que há coisas que nem ela entende... paciência, adiante. Quando alinho com ela para uma maratona à volta da “mansão”... uff, ela cansa-se tão depressa! Corre uns metros e fica logo com os bofes na boca! Eu, como cavalheiro, assim o diz ela, olho para trás, vejo-a a distanciar-se de mim e, claro que desacelero e até paro! Ela fica derretida com este meu gesto altruísta e até já pensou em condecorar-me com uma medalha... altruísmo puro, desinteressado... o que nem sempre acontece no mundo dos humanos, diz a dona. Quase que poderia afirmar, que, para a minha dona, aquela frase lapidar - “Quanto mais conheço os homens mais gosto dos cães!” - cada vez ganha mais foros de actualidade! Mas, confesso com algum receio, que gostaria que a minha dona não tivesse só olhos para mim, pois corre o risco de se tornar possessiva e isso é mau... até para nós...cãopanheiros de jornada!
Mª Donzília Almeida 12.04.09

terça-feira, 14 de abril de 2009

Mini-Repórteres no Porto de Aveiro

O Gabinete de Comunicação da APA vai desenvolver nos próximos meses uma acção de carácter lúdico/formativo/cultural intitulada “Mini-Repórteres”. As obras da ligação ferroviária ao Porto de Aveiro, o trabalho na NAVALRIA e outros apontamentos ligados à actividade portuária, serão registados em fotografias digitais, naturalmente na perspectiva dos petizes. A iniciativa, que conta com o apoio da REFER e da NALVALRIA, terá a coordenação de Fausto Correia, fotógrafo com várias exposições no currículo e especialista na área do tratamento digital de imagem. Destinada a crianças entre os 8 e os 14 anos, desenrolar-se-á em quatro sessões de campo, sempre aos sábados à tarde. A primeira sessão terá lugar no próximo dia 9 de Maio; as restantes, em dia a designar, realizar-se-ão em Junho, Setembro e Dezembro. Para além da captação de imagens, proceder-se-á à sensibilização das crianças para a fascinante e nobre arte de fotografar, indicando-se-lhes os princípios básicos de funcionamento das máquinas fotográficas digitais, curtas viagens pela história da fotografia e rudimentos do tratamento/manipulação digital das imagens. Das fotos captadas, cujo espólio de brutos passará a integrar o acervo do Arquivo Histórico-Documental da APA, serão seleccionadas as necessárias para integrarem exposição em sala, em local a designar e, provavelmente, em data coincidente com a inauguração da ligação ferroviária. Isto para além da publicação desse conjunto de fotos no site do Arquivo Histórico-Documental da APA e em outros suportes da web (slideshow, panoramio, etc.). A possibilidade de publicação de um álbum em suporte de papel será também tida em conta, não havendo, no entanto, garantias de que tal venha a acontecer. A acção é aberta ao público em geral, podendo os pais efectuar a sua inscrição enviando um e-mail para geral@arquivodoportodeaveiro.org, indicando nome da criança participante, nome e contactos do progenitor. Aos pais incumbirá apenas o trabalho de deixarem os filhos à hora combinada no local indicado, e de mais tarde os irem buscar.
Fonte: Texto e foto do Porto de Aveiro

Continuemos a Páscoa!

Infinito de Deus
1. Os dias depois da Páscoa, para muita gente que aceita celebrar e conviver com o sentido destes dias, são os dias do regresso. Após as festividades, muitos são os regressos que ocorrem depois das grandes festas que fazem com que de norte a sul, do litoral ao interior, se façam grandes viagens geradoras de encontros e reencontros, vestindo-se da tradição viva e sempre nova que a Páscoa representa. É um valor extremamente positivo o rever e o reviver de amizades, a partilha de vida, o dar asas ao convívio, valores tão positivos que refrescam a vida e ampliam horizontes às relações de vida activa que entretanto são retomadas. A festividade que se celebra tem uma origem, o encontro de todos na identificação de valores comuns, no gerar de proximidades que nos fazem sentir mais sensíveis e humanos e por isso maia abertos à poesia do infinito Absoluto pessoal de Deus. É a origem da Páscoa! 2. Não faltam terrenos sociais onde os valores estimulantes e universalistas da Páscoa quererão ser actualizados na contemporaneidade diária. Os cenários de crise multiplicam-se, sejam do mundo do ensino ou da vida empresarial, das inseguranças dos caminhos da praça pública aos valores essenciais que dão sentido às vidas. Não faltam os pessimismos típicos dos tempos de fortes mudanças sociais (sempre assim foi nas épocas de alterações de paradigmas socioculturais), ambientes estes que a Páscoa como toda sua força de valor comunitário quererá ser resposta revigoradora. O sentido existencial da Páscoa não tem medo de nada, pois que se reveste de uma dignidade superadora a toda a prova. A força da esperança pascal, dinamismo mobilizador na contínua e profunda reconstrução, não se ilude com os paraísos fáceis, antes pelo contrário: está habituada a ser resgatadora, a descer para fazer subir, a ser impulso dinâmico da reinvenção de quem investe sempre mais nas soluções que nos diagnósticos pessimistas. Por isso, continuemos a luz da Páscoa! Alexandre Cruz

Em busca de respostas

A vida em L'Aquila também deve recomeçar
"A Páscoa, com todo o seu esplendor, abre uma porta para quem busca respostas. A fé, disse o Papa, é fonte de esperança e de luz, mesmo nos tempos mais tenebrosos e, sobretudo, mesmo debaixo dos olhares cépticos ou escarnecedores de quem não entende nem quer entender como é que aquilo que não se vê pode dar um sentido a esta vida."
Octávio Carmo

Gafanha da Nazaré: Cidade há 8 anos

Fernando Martins (Filho) na condução do programa
Carlos Sarabando e Ferreira da Silva
A Gafanha da Nazaré celebra no próximo domingo, 19 de Abril, a sua elevação a cidade. Criada freguesia em 31 de Agosto de 1910 e elevada a vila em 1969, mereceu o estatuto de cidade em 2001. Hoje, houve na Rádio Terra Nova um encontro com três gafanhões para falar sobre o assunto, em jeito de conversa de café. Carlos Sarabando Bola, Alfredo Ferreira da Silva e eu próprio ali estivemos em franca cavaqueira, ao sabor da maré, desfiando recordações, para espevitar a memória de quem nos ouvia. Foi sobretudo agradável, porque é sempre bom conversar, para além das motivações político-ideológicas, tendo por painel de fundo, apenas e só, a terra que amamos e as suas gentes. A conversa foi surgindo com o jornalista da Terra Nova, Fernando Martins (filho), a atirar para a mesa algumas dicas, que serviram de ponto de partida para a intervenção de cada um. Memórias de infância, acontecimentos relevantes, pessoas que nos marcaram ao longo da vida, de tudo um pouco houve neste programa que tem por título Nos Caminhos da Região. A Terra Nova pode ser ouvida em qualquer canto do Globo, via Net, saindo, assim, dos horizontes limitados dos 105 FM. Sei que é ouvida por muitos emigrantes espalhados pelo mundo, decerto com bastantes saudades deste nossa terra que a Ria e o Mar beijam, normalmente, com carinho. Aos meus leitores, recomendo, pois, que oiçam a Terra Nova, onde quer que estejam. FM

Gafanha da Encarnação: Cruzeiro dos Centenários

Publiquei hoje, em GALAFANHA, o discurso proferido, em 1940, pelo Padre João Vieira Rezende, na inauguração do Cruzeiro da Gafanha da Encarnação. Na íntegra, porque nos oferece um conjunto de informações preciosas para o estudo do pensamento da época. Sobre o Cruzeiro da Gafanha da Encarnação, porém, há mais pormenores para divulgar, o que farei brevemente. Entretanto, fico a aguardar achegas dos meus leitores, relacionadas, naturalmente, com a história desde monumento ou doutros.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Ela é a tenaz

Ela é o abismo sem fim e sem fundo. Diante dela, todas as palavras se apagam e o silêncio é todo. Houve um tempo em que ela conviveu naturalmente com os homens e estes com ela: era quase familiar. Agora, tornou-se tabu. Até alguns amigos meus me dizem que não fale nem escreva sobre ela, porque as pessoas não gostam. É preferível ignorá-la. Cada um fará com ela, só, como puder. De qualquer forma, é dela que também nasce a filosofia, como disseram os grandes. Sem ela, talvez também não houvesse religião nem religiões. Se hoje o pensamento é débil e a religião navega em vago consolo sentimental, a razão é que ela foi afastada da meditação dos homens. De facto, em luta com ela, é-se obrigado a ir sempre mais fundo e mais longe. Porque ela é o impensável que obriga a pensar, impossibilitando a vulgaridade falaz e oca da sofreguidão da imediatidade do aqui e agora. Ela é a morte. Se já não se pensa nela, não é por já não ser problema. É o contrário: de tal modo é problema, o único problema para o qual uma sociedade que se julga omnipotente não tem solução que a única solução é não falar dela e fazer dela tabu. O filósofo Max Scheler já tinha chamado a atenção para isso, no início do século XX. Se cada vez menos o Homem europeu acredita na sobrevivência, é porque “já não vive face a face com a morte”, mas do seu recalcamento. Este Homem já não frui de Deus e a natureza também já não é a terra natal acolhedora, provocando admiração e espanto, mas apenas o espaço do seu domínio. Para o Homem moderno, pensar é calcular e dominar e, assim, como vive como se não tivesse de morrer, isto é, como já não sabe que tem de morrer a sua própria morte, quando ela aparece, só lhe pode aparecer como catástrofe. Para o Homem tradicional, a morte constituía um poder formador e director, que dava configuração e sentido à vida. Agora, vive-se no dia-a-dia, até que de repente, estranhamente, “já não há mais um novo dia”. No quadro de um mundo matematizado e calculável, as qualidades, as formas e os valores de ordem moral, porque não calculáveis, são remetidos para o domínio do subjectivo, do arbitrário e até da irrealidade. Diante da morte não há cálculo possível. Fica-se atenazado: impossível pensar que tudo acaba ali, impossível pensar um depois e um além. Mas, sem eternidade, o que vale ainda, o que tem realmente valor? Se tudo desembocar no nada, ainda há, pensando até ao fundo e ao fim, diferença real e última entre bem e mal, verdade e mentira, justiça e injustiça? Mesmo assim, nestes dias, no mundo cristão, é-se convidado a lembrar um crucificado. Jesus morreu na cruz como blasfemo religioso – pôs em causa a religião dos interesses – e subversivo social – ameaçou a ordem estabelecida da injustiça. Testemunhou até ao fim a verdade, a justiça e o amor. Com a sua morte, aparentemente foi o fim. Mas, aos poucos, os discípulos voltaram a reunir-se e testemunharam que ele, o crucificado, está vivo em Deus. E foi essa fé, testemunhada até ao martírio, que mudou o mundo. Como disse em 1964, num diálogo com Theodor Adorno, o filósofo ateu religioso Ernst Bloch - esse que esperava que a última música a ouvir não fossem as pazadas de terra na sepultura -, “o cristianismo, na concorrência com outros profetas da imortalidade e da sobrevivência, venceu em grande parte graças à proclamação de Cristo: ‘Eu sou a Ressurreição e a Vida’. Não propriamente através do Sermão da Montanha. No século primeiro depois do acontecimento do Gólgota, a ressurreição foi referida ao Gólgota de uma forma inteiramente pessoal, de tal modo que pelo baptismo na morte de Cristo se experiencia a ressurreição com ele. Imperava então um desespero apaixonado, que hoje nos parece incompreensível e representa um acentuado contraste com a nossa indiferença. Mas nada impede que dentro de cinquenta ou cem anos (porque não dentro de cinco?) volte essa neurose ou psicose de angústia da morte, de tipo metafísico, com a pergunta radical: para quê o esforço da nossa existência, se morremos completamente, vamos para a cova e, em última instância, não nos resta nada?”
Anselmo Borges

Raul Brandão: Nós não vemos a vida

Nós não vemos a vida - vemos um instante da vida
Nós não vemos a vida – vemos um instante da vida. Atrás de nós a vida é infinita, adiante de nós a vida é infinita. A primavera está aqui, mas atrás deste ramo em flor houve camadas de primaveras de oiro, imensas primaveras extasiadas, e flores desmedidas por trás desta flor minúscula. O tempo não existe. O que eu chamo a vida é um elo, e o que aí vem um tropel, um sonho desmedido que há-de realizar-se. E nenhum grito é inútil, para que o sonho vivo ande pelo seu pé. A alma que vai desesperada à procura de Deus, que erra no universo, ensanguentada e dorida, a cada grito se aproxima de Deus. Lá vamos todos a Deus… Toda a vida está por explorar: só conhecemos da vida uma pequena parte – a mais insignificante. E o erro provém de que reduzimos a vida espiritual ao mínimo, e a vida material ao máximo. (...) Deus é eterno… A alma há-de acabar por se exprimir, Deus, que olha pelos nossos olhos e fala pela nossa boca, há-de acabar por falar claro. Siga a vida seu curso esplêndido. Sabe a sonho e a ferro. É ternura e desespero. Leva-nos, arrasta-nos, impele-nos, enche-nos de ilusão, dispersa-nos pelos quatro cantos do globo. Amolga-nos. Levanta-nos. Aturde-nos. Ampara-nos. Encharca-nos no mesmo turbilhão. Mas, um momento só que seja, obriga-nos a olhar para o alto, e até ao fim ficamos com os olhos estonteados. Eu creio em Deus. Raul Brandão (1867-1930) Ver mais aqui

domingo, 12 de abril de 2009

Mensagem de Páscoa de Bento XVI

"(...) a ressurreição não é uma teoria, mas uma realidade histórica revelada pelo Homem Jesus Cristo por meio da sua «páscoa», da sua «passagem», que abriu um «caminho novo» entre a terra e o Céu (cf. Heb 10, 20). Não é um mito nem um sonho, não é uma visão nem uma utopia, não é uma fábula, mas um acontecimento único e irrepetível: Jesus de Nazaré, filho de Maria, que ao pôr do sol de Sexta-feira foi descido da cruz e sepultado, deixou vitorioso o túmulo. De facto, ao alvorecer do primeiro dia depois do Sábado, Pedro e João encontraram o túmulo vazio. Madalena e as outras mulheres encontraram Jesus ressuscitado; reconheceram-No também os dois discípulos de Emaús ao partir o pão; o Ressuscitado apareceu aos Apóstolos à noite no Cenáculo e depois a muitos outros discípulos na Galileia."
Ler toda a Mensagem aqui

sábado, 11 de abril de 2009

Confissões do actor Miguel Guilherme na SÁBADO

A sua fé tem um efeito calmante? Não, é inquietante. Nunca peço nada a Deus. A fé é sempre uma angústia. Todos os dias a questiono.
Reza? Sou um péssimo católico. Umas vezes sim, outras não. Tento não olhar para Deus como se ele me fosse julgar. É um companheiro.
Vai à missa? Costumo ir. Mas não percebo como é que esta questão da fé é tão falada. É como se o catolicismo ou ser religioso fosse uma coisa estranha. Acho que muitos católicos não dizem que o são por vergonha. A minha vida não mudou grandemente por causa disso.
Fez um retiro de isolamento. Fiz, numa casa de retiros dos jesuítas. Andava à procura de uma dimensão espiritual fora do dia-a-dia.
Pensa muito no rumo da sua vida? Cada vez tenho menos medo do futuro. Talvez a fé me tenha dado mais serenidade para aceitar as coisas.
In SÁBADO

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS –126

BACALHAU EM DATAS - 16

Um escuna

MEADOS DO SÉCULO XIX: REACTIVAÇÃO DA PESCA DO BACALHAU
Caríssimo/a: E retomemos o desenrolar dos anos e ... dos séculos:
Século XIX - «A pesca do bacalhau foi apenas reactivada pelos portugueses a partir da década de trinta do século XIX, época em que se promulgou legislação especificamente destinada a promover esta actividade, nomeadamente determinando a isenção de pagamento da dízima.»[Creoula, 09] 1802 - «Em 1802 é tornada livre a pesca, tanto na costa, como no mar alto, mas só nos princípios do século seguinte, depois de algumas tentativas de certo modo infrutíferas, se sente novo impulso.»[BGEGN, 1991, 7] 1816 - «Viana do Castelo já não tem uma única embarcação na pesca do bacalhau.» [Oc45, 79] 1830.NOV.06 - «Será apenas a partir de 1830 que a situação estagnante da nossa pesca se vai modificar progressivamente. Com efeito um Decreto de 6 de Novembro de 1830 visava criar incentivos à pesca em geral e consequentemente a pesca do bacalhau também era abrangida. A pesca do bacalhau deixou de pagar a dízima; neste mesmo decreto estipula-se uma licença anual de 3$000 réis de direitos e de 480 réis de emolumentos por barco. Ao basear o novo imposto no número de barcos e não na quantidade de pescado, estava a pesca do bacalhau a receber um impulso de suma importância. Incentivada pelo ambiente favorável, a Companhia de Pescarias Lisbonense pretendeu relançar de forma organizada a pesca nos bancos da Terra Nova, e teve de recorrer à Inglaterra para adquirir seis escunas aparelhadas para este tipo de pesca, sendo a tripulação também inglesa. O objectivo desta compra parece ter resultado plenamente sob alguns pontos de vista, que mais não seja a julgar pelo vocabulário de origem inglesa utilizado até aos nossos dias pelos pescadores portugueses.» [HPB, 24/25] 1835 - «… [I]senção do pagamento da dízima. O governo adoptou ainda outras medidas de fomento piscatório, contribuindo decisivamente para que em 1835, a Companhia de Pescarias Lisbonense se propusesse explorar a pesca do bacalhau, enviando, logo nesse ano, aos bancos da Terra Nova, seis escunas.»[Creoula, 09] «Em Julho de 1835, é constituída a Companhia de Pescarias Lisbonense, cujos planos incluíam entre outras actividades (pesca da baleia, atum e sardinha), a “do bacalhau nos bancos da Terra Nova e da Islândia”. Esta companhia teve de recorrer a Inglaterra para adquirir seis escunas aparelhadas para este tipo de pesca. Também a tripulação era inglesa.» [Oc45, 78] 1842 - «É publicado um novo regulamento da pesca do bacalhau.»[HPB, 26/28] 1845 - «Publica-se a carta de Lei de 10 de Julho, onde se mandava substituir as licenças por cada barco por um imposto proporcional às pescas.»[HPB, 26/28] 1848 - «Neste ano, 19 barcos compunham a frota: 5 escunas, 12 patachos, 1 brigue e uma barca. A tonelagem destes barcos variava entre 81 t para a escuna TENTATIVA, sendo o maior de todos o brigue VESTAL com 131 t. O número de tripulantes por barco variava entre 15 e 20 pessoas. A frota largou, de um modo geral, em Maio e regressou em Setembro; levou cerca de 25 dias para atingir os bancos e pouco menos, como é natural, para regressar, tendo permanecido nos bancos à volta de 110 dias. Estes dezanove barcos pescaram 659.053 bacalhaus.» [HPB, 26 a 28] 1849 - «O estado europeu que neste século desenvolveu uma actividade de pesca mais intensa na Terra Nova foi a França. “A pesca ocupa anualmente mais de quatrocentos navios franceses; duzentas embarcações de cabotagem e de transporte são destinadas além daqueles, às operações acessórias da pesca. Assim esta indústria entretém no mar uma esquadra de 700 velas e dezoito mil marinheiros, que constituem aproximadamente a quarta parte do pessoal válido da inscrição marítima; reserva preciosa, sempre disponível e endurecida na profissão a mais rude, sobre um mar tempestuoso e sob um clima assaz rigoroso; reserva indispensável, mas ainda insuficiente para o armamento das esquadras francesas em tempo de guerra.”» [Oc45, 69]
Fica bem este raiar de novas eras na quadra festiva que atravessamos. Feliz Páscoa! Manuel

Páscoa-Ressurreição

Desde os primórdios da minha existência como ser humano racional, que me deslumbro com esta festa do calendário litúrgico. Festa sim, em toda a abrangência da palavra, pois se comemora, agora, não a natividade, mas sim a vitória da vida sobre a morte! Desde miúda que observo como a natureza, nesta Primavera farta, se associa a este cântico de louvor ao nosso Criador, e a minha alma, que por vezes se vestiu de luto, enverga agora as cores mais garridas, numa alegria esfuziante e numa candura extemporânea. É para mim a festa da Primavera! Quando desço ao jardim, sou assaltada por um espectáculo verdadeiramente sinestésico. Os amores-perfeitos, os lírios, as prímulas, os ranúnculos, os goivos... presenteiam-me com a garridice das suas cores vivas... Os beijinhos de frade ainda estão a ensaiar os primeiros passos nesta aventura da floração! Mas... quando eclodirem, aparecerão aos magotes ou enfileirados como numa qualquer filinha indiana para beijar a mão ao pontífice! Ao tacto será experimentada a textura acetinada dos amores-perfeitos, que deixam uma sensação de aveludada fragrância! E perante esta explosão dos sentidos, que me atestam toda a generosidade com que fui dotada pela herança genética... num acto de contrição, eu penitencio-me, nesta quaresma tardia, a espreitar já os laivos da libertação! Sim, prescindindo da confissão e penitência consequente, eu admito e condeno o meu pecado da ingratidão. Não para com alguns humanos, a quem já demonstrei que não sou sofro de amnésia, mas perante o Criador! Aqueles momentos de algum desalento perante as procelas da vida, aquelas dúvidas que me assaltam, sobre os desígnios que presidiram à minha peregrinação na terra, são a manifestação humana desse meu pecado da ingratidão. Deus foi muito generoso para comigo, facultando-me uma riqueza incalculável, nos dons de que me dotou e de que eu sou altamente beneficiada. Não são um dado adquirido, não são! Quantos cegos adorariam contemplar a riqueza policroma do meu jardim primaveril? Quantos surdos-mudos não rejubilariam ao sentir a beleza dos acordes melodiosos da música, em tantas formas consubstanciada? E enumeraria uma panóplia de maravilhas que não estão ao alcance de todos. E... todos somos filhos de Deus, como desde menina me habituaram a ouvir! Depois disto, fico verdadeiramente grata ao meu Senhor, pela maravilhas que em mim operou! E..são tantas, que não irei enumerar, pelo perigo de cair num narcisismo pretensioso. Mas recordo aquela saída da garotinha que, perante um espectáculo de rara beleza, para ela, saiu-se com esta: - O céu estava tão azulinho, tão azulinho que até parecia um moranguinho! E... viva a Páscoa, o Homem novo, a libertação interior e a natureza engalanada para proclamar a ressurreição de Cristo! Eu... sou fã d'Ele! Do Homem... íntegro, sábio, maduro... que não condenou a Maria Madalena, antes lhe perdoou e a mandou ir em paz... como é apanágio das almas nobres!
M.ª Donzília Almeida

Homem pobre

Em Vilamoura, quando me dirigia para a Marina (para quando a Marina da Barra?), dou de caras com uma carrinha espanhola que trazia, na retaguarda, uma legenda no mínimo curiosa e cheia de sentido. Dizia assim:
"Conheci um homem tão pobre que só tinha dinheiro."
Tem sorte este indivíduo com sentido de humor, por só conhecer um homem desses. É que eu conheço muitos!

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