quarta-feira, 15 de abril de 2009

O regresso do Pai

1. Volta e meia, até para compreender alguma da casuística de deseducação actual, reaviva-se a abordagem sobre a questão da relação educativa, e nesta o procurar situar o enquadramento e o papel da autoridade. Quem não se recorda da pertinência da obra de Alain Renaut cuja designação era sintomática: O fim da autoridade (Piaget 2005), escrito em que se apresenta um diagnóstico muito lúcido sobre a grande crise transformadora que se instalou nas relações educativas em que modelos tradicionais não resistem às vanguardas modernas. Nem ao mar nem à serra! Mas o certo é que a palavra “autoridade”, viciada, continua a meter medo, este que deveria estar circunscrito às noções, sim, de autoriratismo… 2. Vem a talho de foice esta reflexão a propósito de mais uma obra destes dias que fala do “regresso do Pai”, como se desde as liberdades de Maio de 68 as sociedades ocidentais navegassem sem uma autoridade paterna que norteasse a ética do caminho a seguir. Metáfora à parte, todo este mecanismo da gestão das relações humanas e nestas das tarefas e responsabilidades de cada um no bem de todos não é missão menor, muito pelo contrário. É na informalidade diária que a autoridade situada se obriga a si mesma à maturidade da credibilidade. Os tempos que correm reclamam “regras” para conduzir o barco a bom porto, regras estas que mesmo numa certa ilusória igualitarização da sociedade ajuda a que cada um ocupe (não perdendo) o seu lugar. 3. Talvez neste campo as sociedades actuais estejam a pagar uma grande factura que se expande e se esvai como líquido que corre entre as mãos. Os medos do “dizer não” ou a ludicidade sorridente de tudo procurando gerar até ao limite a aceitação como se não fosse necessário algum esforço para aprender e crescer… foram, muitas vezes, promovendo pequenos super-homens que valorizam mais o individualismo vitorioso que a fraternidade… Não é incompatível o “regresso do Pai” com os valores criativos do indivíduo. É preciso! Alexandre Cruz

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