sexta-feira, 25 de julho de 2008

ABBA: Chiquitita

Aqui está Chiquitita, dos ABBA, que ainda ontem ouvi, recordando melodias de sempre. Boas férias com boa música.

FÉRIAS

Uma boa leitura… Uma boa música
Dei conta, há dias, neste meu espaço, do prazer que senti ao ouvir velhos discos de vinil, encontrados no meu sótão. Por ali estavam há anos, sem ninguém os ouvir. E ao ouvi-los, levando outros, cá em casa, a ouvi-los também, dei comigo a pensar que tudo isto foi possível por estar eu de alguma forma livre de responsabilidades profissionais ou outras, que foram, para mim, sempre muito absorventes. Frequentemente dou comigo, ainda, a pegar em livros que estão arrumados e até perdidos nas estantes. Pego neles e recuo às épocas em que os adquiri e li, e não resisto, então, à força que me leva a reler algumas passagens. Gosto disto. Penso que em férias podemos muito bem viver estas pequenas ou grandes emoções sem gastar um cêntimo. Temos tudo à mão, tempo e objectos que nos fazem reviver vivências passadas, que nos ajudaram a construir o nosso futuro, que é o nosso presente. Férias não têm de ser, necessariamente, tempos de correrias, de desgaste físico e mental, de canseiras enervantes, de sacos cheios de futilidades. Férias podem ser momentos de encontro com os nossos gostos nem sempre usufruídos, com leituras repousantes. Se possível, ao som, tranquilo, de melodias que foram, porventura, abafadas, nem sabemos porquê. Boas Férias para todos.
FM

PONTES DE ENCONTRO

A verdade da fome e a mentira da fartura!
“Estamos no século XXI. Devemos e podemos alimentar o planeta e não o fazemos. A cada 30 segundos, há uma criança que morre de fome, a cada dia há 25 000 seres humanos que perdem a vida porque têm fome. E há 850 milhões que sofrem com a fome. Esta é a situação. Ninguém, seja do Norte ou do Sul, pode aceitar esta situação. Ninguém. É preciso, portanto, agir e agir imediatamente. Agir significa o quê? Significa um objectivo simples: dobrar a produção alimentar mundial até 2050. Esta é a condição. E nós devemos dobrar a produção alimentar mundial preservando ao mesmo tempo o planeta.” Já há algum tempo que não escrevia sobre a falta de alimentos e da fome que daí resulta, neste espaço do Pela Positiva. De quando em quando, na vida, há a necessidade de deixarmos assentar as coisas, para que elas se tornem mais perceptíveis e óbvias, a fim de se evitar cair num nível de incompreensão, desorientação e de saturação pessoal e colectiva, que acabam por nos tirar o discernimento necessário para compreender o que nos rodeia e torna-nos insensíveis e indiferentes, mesmo perante os mais horríveis e cruéis problemas humanos de que falamos ou ouvimos falar. Tudo passa a ser banal! O ser humano, em regra e numa primeira fase, perante os factos negativos, tende a funcionar por impulsos momentâneos, passageiros e inconsequentes, recusando, negando ou até manipulando a sua existência e realidade. Procura, assim, mesmo que o possa fazer de uma forma não programada, não se comprometer com aquilo que verdadeiramente o incomoda e aflige. Por outro lado, quando não consegue abstrair-se das situações negativas ou estas se tornam uma presença constante, tende a resignar-se e a aceitá-las como naturais e inevitáveis, pelo que deixa de lutar contra elas, ou melhor, deixa de lutar por aquilo que é ou já desistiu de ser. Já não vale a pena. A excepção passou a ser a normalidade. Basta-nos recordar quando alguém é atingido por uma doença grave, para compreender melhor este tipo de comportamentos. No caso da fome, ela contínua aí, e em força! E para que não se diga que eu sou o mensageiro das desgraças, comecei este texto com uma citação do discurso do Presidente francês, Nicolas Sarkosy, proferida em Roma, em 3 de Junho, durante a Conferência de Alto Nível Sobre Segurança Alimentar da FAO (Organização da ONU Para a Agricultura e Alimentação), onde 181 países, durante três dias, procuram encontrar respostas e soluções para o drama humanitário e civilizacional da fome. Não se está, pois, perante um perigoso pacifista, um simples idealista ou um lunático de causas perdidas, rótulos que alguns não se coíbem de colocar, muito facilmente, em quem defende e luta por algumas das causas do sofrimento humano e das injustiças que lhes estão subjacentes. Nicolas Sarkozy, durante o seu discurso, reconheceu que as políticas alimentares do passado recente fracassaram. Diz ele: “Essa estratégia [dar subsídios aos países pobres] não deu certo. Ela era generosa, mas fracassou. A segunda estratégia, a do futuro, deve repousar no desenvolvimento das agriculturas locais. Esta é a única solução.” Mas, como diz o provérbio da sabedoria popular, “de boas intenções está o inferno cheio” e esta reunião da FAO veio, mais uma vez a confirmá-lo, já que nada de concreto saiu dela, assim como foram bem visíveis os múltiplos interesses em confronto, por parte dos países desenvolvidos que estiveram representados em Roma. Nós somos assim: complicados e pouco dados a querer perceber, ou a fazer que não percebemos, a verdadeira razão das coisas, sejam as nossas ou a dos outros. Sarkozy sabe disso. Por isso, ele fez o discurso que fez: correcto nos princípios e na análise, mas sem consequências práticas. Nada disto é fruto do acaso ou do infortúnio. É, antes, próprio de uma sociedade que vai preferindo uma boa mentira do que uma má verdade e onde poucos são os que se querem incomodar com o que realmente conta para um futuro melhor para todos. Até quando, ainda, é possível manter tudo isto?
Vítor Amorim

quinta-feira, 24 de julho de 2008

POR UM MUNDO MELHOR…

Ana Teresa Silva
O Pela Positiva nasceu com o propósito de apostar no que a vida nos oferece de bom. O projecto, embora muito simples, continua a fazer-me crer de que é possível e necessário ir por aí… Porém, nem sempre terei cumprido com rigor esse objectivo. Obviamente, por incapacidade minha. Depois de férias, quero dar mais um passo, convidando mais amigos para me ajudarem nessa tarefa de contribuir para um mundo mais harmonioso, de gente mais feliz. Hoje, contudo, fui alertado para mais uma aposta, nessa linha, de acreditar que há acções e projectos que reflectem o bom que a vida nos dá. Chama-se IM Magazine, de Ana Teresa Silva, jornalista, que se fez reunir de muitos amigos e colaboradores com ideias positivas, no sentido de oferecer “O melhor que se faz no mundo para um mundo melhor”. Aqui ao lado, em CULTURA, pode consultar o IM MAGAZINE todos os dias.

UM PROJECTO QUE PAROU OU UM PROPÓSITO ESQUECIDO?

Num documento que pretendeu marcar o ritmo da Igreja para o terceiro milénio, João Paulo II, ao falar da ne-cessidade e das exigências de uma espiritualidade de co-munhão, disse textualmente: “Depois do Vaticano II já muito se fez nomeadamente quanto à reforma da Cúria Romana, à organização dos Sínodos, ao funcionamento das Conferências Episcopais; mas certamente há ainda muito que fazer para valorizar o melhor possível as poten-cialidades destes instrumentos de comunhão, hoje parti-cularmente necessários, tendo em vista a exigência de dar resposta pronta e eficaz aos problemas que a Igreja tem de enfrentar nas rápidas mudanças do nosso tempo” (NMI 44). A justeza destas palavras parece estar a esquecer-se ou, então, o projecto parou, não se sabe se por inércia, se por interferência de quem parece não ter entendido ainda nem a razão de ser da Igreja, como serviço ao Povo de Deus e ao mundo a evangelizar, nem os sinais dos tempos, tão eloquentes e exigentes no estímulo a caminhos novos, que não se compadecem com demoras.
António Marcelino Clique aqui para ler todo o artigo

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Obra do Apostolado do Mar na Diocese de Aveiro - 4


“AINDA A OLHAR O STELLA MARIS”

Como já aludimos no último número, quedámo-nos de novo junto do Stella Maris. Observara que um dos nossos capitães, cujo nome, ainda que autorizado, omito, estava acompanhado de familiares a prestar atenção ao alçado lateral, onde uma nova varanda, de bom traço, surgiu há pouco tempo.O jornalista quer novidades, pontos de vista, opiniões divergentes, embora! E “pescar” um capitão dos mares brancos e frios da Terra Nova, ao sol da nossa verde Gafanha e a “sonhar” o Stella Maris, era estar “de quarto” em terra, era continuar de vigia…
Leia mais em Galafanha

PONTES DE ENCONTRO

E depois de Sydney?

O pano caiu sobre a XXIII Jornada Mundial da Juventude, realizada em Sydney, ente 15 e 20 de Julho, o que não significa que o que levou aquelas centenas de milhares de jovens a participarem nesta expressão pública de fé em Jesus Cristo tenha terminado. Bem pelo contrário: os trabalhos “a sério e a doer” começam agora. O dia seguinte, para aqueles que têm uma missão evangélica a cumprir, por norma, é sempre o mais difícil e gratificante. Se assim não for, então, as JMJ não têm qualquer razão de ser. Aliás, creio não escandalizar ninguém ao dizer que as JMJ, só por si, não são, nem pretendem ser, uma varinha mágica para os desafios com que, permanentemente, a Igreja se defronta e para os quais tem que procurar respostas e soluções, neste mundo vertiginoso, em que os jovens e os adultos vivem e devem convergir fraternalmente.
Durante estes dias da XXIII JMJ, tive a curiosidade de ir lendo testemunhos de alguns dos seus participantes e todos eles são a expressão viva e sincera, sem dúvida, de uma experiência pessoal e profunda com a Pessoa de Cristo e isto não é quantificável. Afinal, como dizia o Evangelho, do Domingo passado (dia do encerramento da XXIII JMJ): “O Reino dos Céus é semelhante, a um grão de mostarda, que um homem tomou e semeou no seu campo. É a mais pequena de todas as sementes, mas, depois de crescer, torna-se a maior planta do horto, e transforma-se numa árvore, a ponto de virem as aves do céu abrigar-se nos seus ramos”. (Mt 13,31-32). Isto, sim, é que é desconcertante e provocante e nos deve levar a querer ir mais além, por esses campos fora (o mundo), à maneira de Jesus Cristo (o semeador), que aguardam, ansiosamente, por serem cultivados pela semente (a Palavra de Deus) da esperança, caridade e do amor. É aqui que os jovens devem estar e é por isto que eles fazem tanta falta à Igreja! Eles precisam de sentir e saber do quanto são importantes!
Em 2 Novembro de 2007, a Agência Ecclesia colocava a seguinte questão a D. Jorge Ortiga, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa: “Todos os anos são crismados milhares de jovens. Como não são aproveitados, é uma espécie de “check-in” para saírem da Igreja?” Reconhecendo que esta é uma das dificuldades da Igreja, D. Jorge Ortiga acrescentou: “Temos de nos interrogar. Temos de alterar a metodologia. Pessoalmente, estou convencido de que vale a pena todo este itinerário catequético, porque é algo que se semeia. Mais tarde ou mais cedo, eles voltarão.” Não sei se estes regressos são assim tão lineares e frequentes e muito menos desconheço, com o rigor exigido, as circunstâncias em que os mesmos ocorrem, quando acontecem. A estes percursos, há que acrescentar e relevar, também, as aulas de EMRC e a Pastoral Universitária.
Seja em Sydney, Madrid ou numa outra qualquer terra situada no mais recôndito local da Terra, a Igreja tem que ser capaz de apontar e levar os jovens ao encontro do sentido e dos valores da vida autêntica, do testemunho sincero da felicidade e do compromisso de fidelidade que só Cristo oferece. Tudo isto só se faz com pessoas concretas, preparadas e maduras, fora dos grandes holofotes mediáticos, através da alegria da Boa-Nova, da segurança da mensagem que transmitem e da autoridade fraterna que exercem, enquanto educadores da fé e na fé.
Quando esta oferta de vida e de futuro sustentado na rocha é feita, aceite e compreendida, os jovens descobrem um novo entusiasmo para as suas vidas e estão dispostos a partilhá-lo e a sofrer por Aquele em quem acreditam e amam Infelizmente, isto nem sempre acontece e, quando tal assim sucede, é mais um tesouro e um semeador que se perdem e uma Igreja que fica mais pobre.

Vitor Amorim

terça-feira, 22 de julho de 2008

Zeca Afonso: um cantor das nossas emoções

Já que me referi ao Zeca Afonso, como cantor da nossa liberdade e das nossas emoções, aqui fica um cheirinho para saborearem.

Os velhos LPs

No sótão de minha casa, onde se guarda tralha, há um recanto para a malta estar descontraída a ver filmes e a ouvir CDs. Num dia de alguma nostalgia, que me fez recordar tempos idos, dei de caras com uma velha aparelhagem pouco usada. Pelo menos por mim. Dentro, estavam alguns LPs. Numa prateleira ao lado, lá estavam outros. De várias épocas e para todos os gostos. Daí a transferir a aparelhagem com alguns LPs, os que mais me interessavam, foi um ápice. Depois, seguiu-se a limpeza geral, a afinação, a reparação do gira-discos. Agora, estou na fase dos velhos discos de vinil, a que ninguém, julgo eu, dá grande importância. Mas eu dou. Enquanto não os ouvir todos, não descansarei. Hoje tenho estado a ouvir o Zeca Afonso. São três LPs, com o melhor do Zeca. A brochura de apresentação do álbum, para além dos poemas das suas canções, vem enriquecida com testemunhos eloquentes de João de Freitas Branco, Óscar Lopes, Manuel Louzã Henriques, Fernando Assis Pacheco, Bernardo Santareno e Urbano Tavares Rodrigues. Ler tudo isto e ouvir o intemporal Zeca Afonso foi um enorme prazer. Num tempo assumido como de férias, imaginem como é possível experimentar um dia diferente! Fernando Martins

Perceber a arte

Pintura de Jeremias Bandarra
A arte é dom de quem cria; portanto não é artista aquele que só copia as coisas que tem à vista.
António Aleixo
Quando hoje escolhi esta quadra do nosso maior poeta popular – António Aleixo –, logo me veio à lembrança a reacção de muita gente que tem dificuldades em entender certas expressões artísticas, sobretudo as que fogem do trivial. Olhar para uma pintura abstracta, ouvir uma música clássica e apreciar uma escultura que se situa longe do figurativo são, frequentemente, motivo de desinteresse. Das duas uma: ou os artistas são malucos ou os apreciadores que olham de soslaio para o que eles criam ainda não estão educados para entender o que está acima do normalíssimo. Penso que esta última asserção é que está certa. Sendo verdade que a arte não pode nem deve ser apenas uma cópia do que os nossos olhos vêem ou os nossos ouvidos escutam, há que fazer um esforço, com o intuito de educar os sentidos, para chegarmos mais longe. A arte é, essencialmente, não um retrato bruto e simples do que nos rodeia, mas o reflexo de sentimentos, emoções, perspectivas, imaginações e gosto estético do artista, que tem de ser, como diz Aleixo, um criador. Um criador é um artista que, do nada, faz obra que nos eleva, nos enriquece espiritualmente, nos sublima os instintos primários, nos suscita sentimentos do bem e do belo. FM

DECIFRAR OS JOVENS

Viajar meio mundo para enfrentar centenas de milhares de jovens não é um desafio fácil, mesmo para quem aparentemente a ele esteja habituado. Bento XVI, aos 81 anos, aparece aos nossos olhos como o completo oposto de uma estrela de rock ou uma vedeta do desporto, mas a viagem à Austrália, para a Jornada Mundial da Juventude, provou à saciedade que não é a sua natural timidez que o impede de ser uma presença marcante no meio da festa das novas gerações católicas. Octávio Carmo

FILARMÓNICA GAFANHENSE - 5

Uma página da história da Música Velha acaba de ser virada. O desinteres-se de uns e o interesse de outros, com decisões tomadas em local próprio e pelos próprios interessados, para além das circunstâncias atrás referidas, culminam nestas alterações. É então criada a Filarmónica Gafanhense, instituição que, embora sedeada na Gafanha da Nazaré, é, sem dúvida, uma entidade cultural ao serviço do povo e do Concelho de Ílhavo, que muito o dignifica.
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GAFANHA DA NAZARÉ: Centro Cultural vai ser remodelado

Centro Cultural da Gafanha da Nazaré
Li hoje, no Diário de Aveiro , que o Centro Cultural da Gafanha da Nazaré vai ser remodelado. Não é sem tempo. Mas, afinal, como diz o velho ditado, mais vale tarde do que nunca. Na verdade, nunca gostei muito do nosso Centro Cultural, fundamentalmente por notar a falta de uma sala de espectáculos condigna e de uma ampla, e também condigna, sala de exposições. Porém, quando o Centro Cultural da Gafanha da Nazaré estiver operacional, importa dotá-lo de condições para se tornar num autêntico espaço multicultural, com direcção própria e dinâmica. Ficar como está, não será solução para o povo desta cidade, o qual não pode continuar a viver como habitante de um qualquer subúrbio, obrigando-se a procurar, nas cidades vizinhas, expressões de arte e de cultura dignas desse nome.
FM

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Pedro Loureiro: Exposição em Lisboa

Muitas vezes estamos longe de saber o que fazem, por esse mundo fora, os nossos conterrâneos. Soube, por estes dias, que Pedro Loureiro, a que me referi no sábado, no meu blogue, apresentou algumas fotografias suas numa exposição, em Lisboa. Sobre esse acontecimento, ofereço aos meus leitores, e eventualmente aos amigos do Pedro Loureiro, este vídeo.

PONTES DE ENCONTRO

Entre o Vira do Minho e o Coral Alentejano
Provavelmente, entusiasmados por estarmos em plena época de festas e romarias, alguns políticos do nosso país têm feito referências à posição dos braços dos portugueses. Lembro-me, por exemplo, que um Vira do Minho tem que ser dançado de uma forma vigorosa, rápida e com os braços bem no ar, enquanto um cantar tradicional alentejano é cantado pausadamente, com o corpo quase imóvel e com os braços cruzados ou caídos. Seja por este espírito festivo ou por eles próprios quererem descansar os seus próprios braços e irem de férias, o certo é que basta recordarmos algumas declarações proferidas neste mês de Julho. Assim, no dia 2, o Primeiro-ministro, José Sócrates, na entrevista que deu à RTP1, dizia que, perante as crises, o que os dirigentes do PSD queriam era que o país baixasse os braços, mas que isso não vai acontecer e a crise vai ser vencida. No dia 16, durante um jantar com o Grupo Parlamentar do PSD, a Dr.ª Manuela Ferreira Leite declarava: “Parece-me que o Governo lançou os braços abaixo…” Por coincidência (ou talvez não), logo no dia seguinte, o Presidente da República, Professor Cavaco Silva, durante uma visita que fez a Celorico de Basto, apelava aos portugueses para “não baixarem os braços”, perante as dificuldades que o país atravessa. Se esta moda dos braços pega, qualquer dia, os portugueses arriscam-se a não saber como trazer ou o que fazer aos seus membros superiores. Brincadeiras à parte (tantas vezes necessárias para descomprimir, por pouco que seja, aqueles que sentem que os seus braços já não chegam para lutar contra as dificuldades diárias que enfrentam), estou em crer que as mensagens de esperança, as críticas ou os apelos feitos, ainda que ditos em, todos eles, estilo metafórico, já não bastam para retratar a situação real do país. No mesmo dia em que o Presidente da República pedia aos portugueses para “não baixarem os braços”, foi tornado público um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) que é demolidor para a economia portuguesa, logo para a vida dos portugueses, em geral. E o que é mais grave, segundo o FMI, é que a maior parte da crise que vivemos resulta de factores internos e não externos. Sendo preocupante, não é nada de novo e não há dança ou cantoria que disfarce que somos um país permanentemente atrasado. Andamos neste estado de coisas há mais de 30 anos, comandados por uns “ensaiadores” que nunca fizeram o que é verdadeiramente essencial e estrutural fazer. Em vez disso, vão-se entretendo a fazer uns biscates e uns arranjos pontuais! E o que dizer, então, dos empresários portugueses? Seremos, sempre, um país inviável enquanto o défice externo português persistir em ser o que é; enquanto dependermos do petróleo, como temos dependido até aqui; enquanto mais de metade do que comemos continuar que se importado; enquanto não tivermos uma indústria moderna e competitiva; enquanto a nossa justiça for lenta, pouco transparente, não tratando todos os cidadãos da mesma maneira; enquanto os nossos níveis de escolaridade forem baixos; enquanto a formação profissional for uma manta de retalhos, um faz de conta, para passar o tempo e receber o dinheiro dos subsídios que vêm da União Europeia. Fora disto, não existem soluções milagrosas nem países com futuro, em lado nenhum do mundo, e todos os que nos têm governado, ao longo de todos estes anos, sabem muito bem disto. Ainda por cima, todas estas medidas, mesmo que tomadas agora, demoram anos a produzirem efeitos, pelo que é um erro e desonesto fazer crer que isto se resolve com um único partido ou com um só Governo. Têm que haver compromissos de continuidade nas políticas que são estruturantes e fundamentais para o país e para os portugueses, e os factos dizem-nos que isto nunca foi feito! Ilusões para quê?! Braços acima ou braços abaixo pouco importa, até porque retórica não enche barriga. Enquanto isso, os portugueses, em regra, irão continuar a usá-los para ganharem o seu sustento e o dos seus, já que é isso que conta para eles, ainda que não dispensem – estou certo – um bom Vira do Minho ou um excelente Coral Alentejano.
Vítor Amorim

domingo, 20 de julho de 2008

Obra do Apostolado do Mar na Diocese de Aveiro - 3

Preparação do terreno para a instalação do Stella Maris pré-fabricado
“OS QUE OLHAM O STELLA MARIS”
O Stella Maris de Aveiro hoje é mais do que assunto, porque é obra erguida. Pequena ou grande, bem ou mal delineada, ali está já na Gafanha, onde tomou corpo e agora, já com cor, começa a falar por si a quantos o interrogam. Paredes levantadas, já o telhado o cobre para que depressa cubra aqueles a quem pertence. A olhá-lo como os outros, parámos a uns passos. Cruzou connosco gente curiosa, interessada. Identificámos um tripulante e quisemos ouvi-lo. Falámos e da nossa conversa guardámos das suas palavras sadias, que passamos a transcrever:
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In "Timoneiro" de Maio/Junho de 1973

PAPA EM SIDNEY

AMOR PURO E ABERTO AOS OUTROS
“Uma nova era em que o amor não seja ambicioso nem egoísta, mas puro, fiel e sinceramente livre, aberto aos outros, respeitador da sua dignidade, um amor que promova o bem de todos e irradie alegria e beleza. Uma nova era na qual a esperança nos liberte da superficialidade, apatia e egoísmo que mortificam as nossas almas e envenenam as relações humanas."

FÉRIAS

Ria de Aveiro: Marina da Costa Nova
HÁ UM PORTUGAL DESCONHECIDO À NOSSA ESPERA
Quando se fala de férias, em qualquer espaço da comunicação social ou mesmo entre amigos, é certo e sabido que logo vêm discrições de lugares paradisíacos, já vistos ou de que se ouviu falar. A natureza, naturalmente, está sempre ligada a recordações de excelentes férias, em Portugal ou no estrangeiro. Importa, no entanto, falar do que o nosso país nos oferece, em qualquer dos seus quadrantes. Do Norte a Sul, saltando para os Açores e Madeira, temos de tudo. Deus, talvez sabendo da nossa pouca capacidade empreendedora ou das nossas limitadas riquezas energéticas, resolveu brindar-nos com paisagens de sonho, que são um desafio para as aproveitarmos em pleno, destinando-as, também, a quem nos visita. Não o temos feito em pleno, mas parece que a tendência está a virar-se para aí. Com a crise instalada, como reflexo do que vai pelo mundo, por causa das tais fontes de riqueza que não possuímos, urge que nos viremos para Portugal, neste tempo de férias, ao jeito de quem se quer ajudar a si próprio. Vai daí, proponho que nos brindemos com o que à nossa volta podemos descobrir, embrenhando-nos em serras e vales, em mar e rios, em cidades e aldeias perdidas, degustando a variedade de comeres e saboreando os nossos vinhos, que os há para todos os gostos e bolsas. Há monumentos decerto ainda ignorados, há paisagens a perder de vista e nunca apreciadas, há gentes de usos e costumes que nunca contactámos, há história nunca descoberta, há estórias nunca ouvidas. Há, afinal, um Portugal desconhecido à nossa espera!

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 87

O ADIVINHO PEDINTE
Caríssima/o: Frequentávamos a quarta classe. O tempo estava calmo depois de dias de invernia. A vida voltou aos campos e até a passarada retomou os seus chilreios e os seus voos altos e repousantes. Éramos três vizinhos e fazíamos o percurso habitual. Pouca gente, que a maioria já andava na labuta ou para lá se dirigia a passo estugado. Na época, a sineta da Junta marcava o início da actividade às oito horas da manhã e no campo o nascer do sol era a campainha. Descontraídos e gozando a calma daquela manhã, caminhávamos com passo certo e seguro que não queríamos chegar atrasados à Escola. Eis que se aproxima um velho, com as roupas coçadas, saca às costas, mas de palavra fácil e sorriso pronto. Cumprimentou-nos e foi-nos interrogando sobre a vida da Escola. Algumas das suas observações foram surpreendentes pelo conhecimento que revelavam e pelo modo como as proferia. Olhando para nós com mais atenção e fixando os nossos olhos, num olhar que não mais esquecemos de tão intenso, o bom do velhote lança profecias ao vento e procura ler o nosso porvir nas estrelas. Momento inesquecível porque único até àquele momento! E nós ouvíamos e não queríamos acreditar que ele estava a vaticinar como seriam as nossas vidas. Olhávamos uns para os outros e, pasmados, agora parados, fomos saindo do enlevo que as palavras encantatórias do homem tinham provocado em nós. Despediu-se, seguiu caminho. Também nos vimos a correr para recuperar o tempo esquecido. Certo é que esse dia foi diferente dos outros, havia algo que mudara nas nossas mentes e a pergunta era como que martelo pertinaz: «será que o sonhador acertava mesmo?» E, voltando-nos uns para os outros, a mesma pergunta lia-se nos nossos olhos como se estivesse escrita com as luzes das árvores de Natal e sorríamos: «o pedinte, pobre diabo!». Quando nos encontramos, ainda a mesma pergunta brilha nos nossos firmamentos referindo-a ao mundo das nossas vidas e as dúvidas vão caindo: afinal o pedinte trazia na sacola a pedra que desvendava os sonhos! Manuel

sábado, 19 de julho de 2008

Um Gafanhão na Alta Roda da Fotografia

Pedro Loureiro
Pedro Loureiro: Fotógrafo da LER
Pedro Loureiro nasceu na Gafanha da Nazaré em 1969 e é o fotógrafo residente da LER, mas já publicou fotografias, reportagens e portefólios na Elle, Notícias Magazine, DNA, Volta ao Mundo, Daily Telegraph on Sunday, Le Monde, The Guardian, Libération, The New York Times e L'Express, entre outros. Estudou fotografia na MI21/École des Arts et Métiers de L’Image (Paris) e logo a seguir, de 1991 a 1998, foi fotógrafo do jornal O Independente. Depois, passou pela Grande Reportagem e foi editor de fotografia da Notícias Magazine, além de co-fundador da agência Kameraphoto e da KGaleria. Fonte: Revista LER NOTA: Conheço o Pedro Loureiro, desde sempre, e tenho acompanhado a sua paixão pela fotografia, por informações de seu pai e meu amigo, José Alberto Loureiro. Confesso, no entanto, que não sabia, ao pormenor, do seu percurso profissional. Pelo que tem feito, no domínio da fotografia, os meus parabéns.
Curiosamente, do fotógrafo não tenho nenhuma fotografia. Fica o texto, com amizade. Não tinha, mas já a tenho. E aqui fica, para todos os seus amigos e admiradores.
FM

ATL - Governo e CNIS já se entenderam

Crianças numa ATL (Foto do meu arquivo)
ATLs vão receber reforço de verbas
As instituições de solidariedade chegaram a acordo com o Governo sobre os subsídios atribuídos às actividades de tempos livres (ATL), encerrando um diferendo que se prolongou durante vários meses, anunciou o presidente da confederação do sector, refere a agência Lusa. «Já há acordo. Embora não sejam suficientes, são valores aceitáveis que asseguram a sobrevivência das instituições e que mostram que o Governo quer que se mantenham em funcionamento os ATL, sobretudo na componente de apoio à família», revelou o padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS). Segundo o responsável, o acordo ficará estabelecido num protocolo a celebrar «em breve» e que prevê um reforço das verbas atribuídas às instituições que garantem o acolhimento e ocupação das crianças do primeiro ciclo.
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PAPA EM SIDNEY

Bento XVI pede perdão pelos abusos sexuais do clero na Austrália
Bento XVI apresentou hoje um pedido de desculpas a todas as vítimas de abusos sexuais por parte do clero católico na Austrália. “Peço profundas desculpas pela dor e o sofrimento que as vítimas sofreram e asseguro-lhes que, enquanto seu pastor, eu também partilho o seu sofrimento”, disse o Papa, na Catedral de Saint Mary, de Sidney, numa passagem improvisada da sua homilia. O Papa quis "confessar a vergonha que todos sentimos depois dos abusos sexuais sobre menores cometidos por alguns sacerdotes e religiosos desta nação". "Estes agravos, que constituem tão grave traição da confiança, devem ser condenados de modo inequívoco. Causaram grande sofrimento e prejudicaram o testemunho da Igreja", assinalou. Nesse sentido, pediu "a todos que apoieis e assistais os vossos bispos, colaborando com eles no combate contra este mal". "As vítimas devem receber de vós compaixão e tratamento e os responsáveis destes males devem ser levados diante da justiça", precisou Bento XVI, para quem "constitui uma urgente prioridade a promoção dum ambiente mais seguro e sadio, especialmente para os jovens". Leia mais aqui

PREDOMÍNIO DA IMAGEM E POBREZA DO SÍMBOLO

No século VIII, no quadro da ameaça militar e religiosa do islão a Bizâncio, a tradição cristã viu-se confrontada com a pureza radical do monoteísmo islâmico e a sua proibição das imagens. Os imperadores bizantinos mandaram destruir as imagens e os seus defensores foram perseguidos como idólatras. Embora esta luta dos iconoclastas tenha acabado com a vitória dos iconódulos (veneradores das imagens), pois Jesus Cristo é a imagem visível de Deus, nunca deveria esquecer-se que Deus é infinitamente transcendente e, se o Homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, Deus não é à imagem do Homem. Diz-se perante certas imagens: vale mais uma imagem que milhares de palavras. Pense-se, por exemplo, naquelas imagens televisivas das crianças esfomeadas na Etiópia -- pequenos andaimes de ossos a soçobrar, num olhar suplicante e quase morto -, e o soco que nos dão no estômago e na alma. Aqui, porém, do que se trata é da civilização da imagem, daquela civilização que quer a visualização de tudo. Trata-se daquilo para que uma aluna me chamou a atenção. Ela tinha feito um trabalho sobre A Sociedade do Espectáculo, de Guy Debord, um dos breviários da geração de 68, e disse-me: "Viu a transmissão televisiva do funeral do Papa João Paulo II? Aquilo era espectáculo, donde o mistério da morte foi arredado. Logo a seguir, em sequências vertiginosas, lá estavam imagens publicitárias e futebol: tudo o mesmo." Ah! A alienação com o futebol: "pensar com os pés" (Carlos Fiolhais)! Há perigos na civilização da imagem?
Anselmo Borges Para ler todo o artigo, clique aqui

PONTES DE ENCONTRO

Proposta indecente!
Creio que muitas poucas pessoas já terão dúvidas, presentemente, que vivemos numa sociedade de sedução e de ilusão, em que se procura passar a ideia de que tudo é fácil de alcançar e satisfazer e onde as responsabilidades e os compromissos pelas opções individuais de cada um não passam de meros circunstancialismos passageiros que, com o passar do tempo, se vão diluindo, até desaparecer, como por magia, sem que tragam quaisquer encargos para quem os assumiu. A publicidade vai-se encarregando de passar esta mensagem de felicidade gratuíta e de criar a envolvente psicológica e social propícia para que os mais desprevenidos e imprudentes acreditem que vivemos num mundo de maravilhas, onde tudo são facilidades e, se não for bem assim, no futuro, alguma coisa se há-de arranjar. Comprar um carro, ir de férias a um qualquer lugar do mundo, ter um crédito imediato, sem perguntas ou justificações, adquirir um electrodoméstico não utilitário, ter a casa dos seus sonhos e muito mais do que se queira e possa imaginar, são algumas das tentações que nos entram, das mais variadas formas, pela casa dentro e que influenciam o íntimo de muitos. Para minha surpresa, também os mais jovens já são seduzidos neste sentido. Ainda há dias, estava com um sobrinho meu, com 16 anos de idade, que, recentemente, passou para o 12º ano, a quem, há coisa de três meses, os pais abriram uma conta bancária, por questões de ordem prática, a nível familiar. Pois, recentemente, este jovem recebe uma carta da instituição bancária, onde a referida conta foi aberta, na qual era tratado por “jovem empreendedor”, com uma proposta de crédito, em seu nome, “até dez mil euros, para utilizar onde, como e quando quiser”! Mas onde é que está a sensatez de tudo isto? Será que não há ninguém, neste país, que ponha um travão neste tipo de loucura alienante, que nem sequer tem em conta estarem a fazerem uma proposta de crédito a um jovem adolescente e de menor idade? Ou será que tudo isto faz parte de uma estratégia mais ampla e malévola que pretende começar a abrir as primeiras brechas e confusão na consciência deste e de outros jovens para que, no futuro, o assalto seja mais fácil à sua pessoa? Isto para não falar nos possíveis conflitos pessoais e incompreensões que podem surgir entre estes jovens de menor idade e os seus familiares. Acabei por ir ao banco e depois de alguma insistência informara-me que tais contactos fazem parte da política geral da empresa e não comprometem ninguém. Até aí também eu sei, mas não basta esta resposta. Estes contactos deviam ser proibidos, no caso de se tratarem de jovens menores e, para este grande pormenor, não houve resposta. Tenho pena que estes bancos não façam uma publicidade pedagógica, também ela capaz de angarias novos Clientes para estes, mesmo que seja (como deveria ser) na base da verdade e não de vendilhões de ilusões, como seja: incentivá-los ao trabalho, a poupar (quando possível), gerir o seu pecúlio e orientá-los nas suas aplicações ou empréstimos. Quer se queira quer não, os bancos não são umas empresas quaisquer e a sua influência no tecido social e económico de um país é enorme, para o bem e para o mal, pelo que só o Estado pode, se quiser e tiver coragem, regulamentar este sector dos seus excessos e abusos, caso este não o queira fazer por sua própria e livre iniciativa. Seja por publicidade enganosa ou parcial, ou pela imprudência e irresponsabilidade de quem assume os empréstimos, sem ter condições para os cumprir (ainda que os bancos devessem ter o dever e a obrigação de verificar das condições dos cumprimentos assumidos), é que eles vão engordando os seus fabulosos lucros, à custa da necessidade de uns e da miséria de outros. Não quero diabolizar as instituições bancárias, até porque muitos portugueses já recorreram aos seus (caros) serviços e conseguiram não só cumprir o acordado com elas como adquiriram bens que, de outro, nunca teriam conseguido para a sua vida. Agora que estas instituições devem ter mais rigor e seriedade no seu funcionamento com os seus Clientes, lá isso devem. É inquestionável, para bem dos cidadãos e do país!
Vítor Amorim

sexta-feira, 18 de julho de 2008

AVEIRO: Feira do Sal

SALICÓRNIA

Junto ao Mercado Manuel Firmino, em Aveiro, está a decorrer a Feira do Sal, que pode ser visitada até domingo, dia 20. Assinalei a presença de Aveiro, Ovar, Figueira da Foz, Rio Maior, Alcácer do Sal, Castro Marim, Setúbal e, ainda, de um representante de Itália. Há ali sal para todos os "gostos". Como curiosidade, apresento uma entrevista com José João Rodrigues, proprietário da Salina Eiras Largas, da Figueira da Foz, que me falou sobre a Salicórnia, uma planta sazonal que cresce nas marinhas de sal. Tem diversas aplicações culinárias.

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